31 maio 2007
Valha-me Santo Debreu
Agora, só para os economistas (1, 2):
Pessoal, imortalidade num modelo económico não é simplificação, nem é abstracção, é idealização!
Como o ministro calculou os números da greve
Exclusivo d’oBiToque:
A hora da conferência de imprensa aproximava-se e o ministro Teixeira dos Santos não tinha números sobre o absentismo na função publica. Torturado dos Santos fazia a extensão do seu gabinete a passo largo e circunspecto. O seu olhar brevemente cruza a janela e no passeio um “recibo-verde” da Securitas fuma um cigarro na companhia de um polícia. Incomodado, o ministro regressa à penumbra do gabinete onde no monitor de 19 polegadas brilha a página de internet da CGTP. Estou encurralado, pensou.
Um tremor de nervos impele-o para a acção. Dispara pela porta do gabinete, faz lanços de escadas aos saltos e dirige-se ao seu Audi de serviço, ditando: vamos a S. Bento.
Mas o Parlamento está vazio e não há quem lhe acuda. Uns poucos deputados bebem o café subsidiado da cantina, folheiam os jornais e ensaiam frases curtas sobre a greve, no caso de uma rádio, jornal ou TV os abordar a caminho de casa. Teixeira dos Santos pergunta-lhes se sabem dos números, mas ninguém os viu. Está desolado, sente-se até só, o Sócrates foi à Rússia e sai caro ligar para longe. Entra perdido na câmara parlamentar e talvez o silêncio, talvez a iconografia, afaga-o num místico conforto.
Dos Santos tem uma ideia. Se o parlamento é a representação do povo, porque não fazer do povo a representação do parlamento, diz entre dentes. Como o PCP-PEV e o BE tiveram 7.5 e 6.3% dos votos nas últimas eleições, ou seja 13.8%, porque não dizer que é essa a adesão à greve, somando ou subtraindo um porcentito, anuncia com um sorriso malandro.
Os ombros de Teixeira dos Santos libertam-se do peso quando regressa ao seu Audi. Encontrara a resolução perfeita para a sua crise. O Sócrates ficará satisfeito, e dos Santos evita ser de novo alvo das meias de jogging do primeiro-ministro. Os partidos da esquerda também não se podem queixar porque oferece-lhes um empate, ficam como estavam nas eleições de 2005. Portugal está salvo porque ficamos todos na mesma.
O maior roubo da história I
De 6 a 8 de Junho, um gang conhecido por G8 encontra-se na Alemanha para tomar importantes decisões no que concerne a todos nós. Este organismo dos capos conheceu nos últimos anos uma forte institucionalização especialmente através dos media. Não só é um dado preocupante por si só, subvertendo as já de si patéticas instituições internacionais, como o resto do mundo estremece de ansiedade do que aí vem. Este ano, para além da habitual lengalenga, destaca-se o TRIPS, um acordo sobre os direitos intelectuais de propriedade "ligados ao comércio".
Este acordo estabelece um código no que respeita aos direitos intelectuais de propriedade, garantindo patentes com duração de pelo menos 20 anos, copyright (de músicas, filmes e material impresso) pelo menos por 50 anos e direitos de marca para o mundo inteiro. Por exemplo, encontram-se pelo mundo inteiro universidades ou outros mercenários a trabalhar para empresas poderosas catalogando e tentando garantir o exclusivo de substâncias activas com propriedades curativas. Naturalmente, mais cedo ou mais tarde, será necessário efectivar a renda. Por isso, se vê Polícia de caçadeira (shotgun) em punho na Feira do Relógio ou que um terço dos polícias do Suriname já tiveram formação no assunto.
O saque do resto do mundo prossegue dentro de momentos…
Balanço da greve
O Ministro das Finanças Teixeira dos Santos fez uma conferência de imprensa conjunta com João Figueiredo, secretário de estado da Administração Pública. Assunto: a greve na blogoesfera.
“A greve ficou muito aquém dos objectivos, tendo uma paralisação limitada, que tem pouco de greve geral. Veja-se o caso do blog Ladrões de bicicletas: estiveram a trabalhar todo o dia!”
(apesar de 86 % dos ladrões terem feito greve…)
Ver aqui declarações originais do ministro e do blog.
30 maio 2007
Este blogue fez greve
29 maio 2007
Telenovela venezuelana
A história da comunicação social na Venezuela lê-se como uma árvore geneológica. Um sistema quase feudal de casamentos e alianças.
A RCTV pertence à cadeia “1 Broadcasting Caracas” (1BC), fundada por Phelps Jr., venezuelano com nome e pais americanos. O canal foi herdado pela esposa Katherine Deery de Phelps e filhas, Dorothy and Patricia. E quem são hoje os principais accionistas? Peter Bottome, filho de Deery e enteado de Phelps Jr.; Alicia Phelps de Tovar, sobrinha de Phelps Jr.; Alberto Tovar Phelps, filho de Alicia; Guillermo Tucker Arismendi, da família de Katherine e também director da Globovisión. O actual presidente da 1BC é Marcel Granier, casado com Dorothy Phelps. Para fechar o círculo, a outra filha de Phelps Jr., a Patricia, é casada com o magnata da comunicação Gustavo Cisneros, o principal “competidor” da 1BC.
Nesta promiscuidade de poder e consanguinidade, a RCTV e a Venevision de Ciscenos detêm 80% da produção de informação na Venezuela. Como é que o pessoal vem agora dizer (aqui, aqui etc) que acabar com esta oligarquia é um atentado à liberdade de imprensa? A concessão dada à RCTV reflectia unicamente o poder económico e das elites estrangeiras. Não venham mascarar isso de liberdade de expressão.
Ó faz favor...
Alguém me explique porque é que a CGTP convoca uma greve geral sem manifestação?
Bordoada na Baixa de Lisboa
"Inspecção-geral pede inquérito aos confrontos de 25 de Abril na baixa de Lisboa".
Se ainda houver dúvidas face à violência desproporcionada pela polícia veja-se o cravado no carmo.
México
Marimarieke num bom texto sugeriu que as virgens ofendidas com a situação na Venezuela deviam, ao invés, se preocupar com o México. Que não se preocupe pois Pancho Villa está a caminho!
A guerra civil chega a Portugal
Guerra civil é a espanhola. O historiador Daniel Kowalski visita o ISCTE para o Ciclo de seminários: Comunismos: História, Poética, Política e Teoria. É na próxima quinta-feira, no auditório B203 do ISCTE (edifício novo), às 17,30h., a sessão tem o título genérico de "Comunismo na guerra civil de Espanha".
O historiador é doutorado pela Universidade de Wisconsin, reputada pelos seus trabalhos de critica à esquerda, com uma tese intitulada “Stalin and the Spanish Civil War.” A tese premiada pela American Historical Society reconstrói como a guerra civil espanhola foi vista por olhos soviéticos, oficiais e voluntários, com detalhado uso de arquivos e historiografia em russo. Kowalsky conclui na introdução do seu e-livro, que está disponível através do seu site, que “em todas as facetas do envolvimento soviético nas questões espanholas durante a guerra civil, a posição de Estaline nunca foi de força, mas antes de fraqueza." Polémico? A não perder.
ManifesToon
Enquanto se caminha para mais uma greve para protestar contra os tempos difíceis da maioria, fica aqui um saborzinho do manifesto comunista em cartoons. Algumas coisas estarão desactualizadas, mas muitas infelizmente não...
roubado descaradamente de guerrilheiro.
Portugal by Mário Lino
28 maio 2007
Também quero uma mala
O governo polaco sempre ligeiro a explorar novos abismos de estupidez, pediu a opinião de psicólogos sobre o impacto de Tinky Winky na sexualidade infantil. O Teletubbie roxo que anda de mala de senhora a brincar com os amigos de cores mais convencionais, é um favorito dos extremistas religiosos ocidentais. Por conta destes senhores, e das suas influentes campanhas, ficaríamos mais normais, banais, iguais, e chatos, concordantes com a ética de repressão que lhes enche os cofres. Entre a hóstia e a mala de senhora, escolho a mala.
A greve dos bolseiros
Já aqui se tinha falado da condição de bolseiro. De como muitos deles, mesmo não tendo um vínculo jurídico-laboral (leia-se, não são considerados trabalhadores), suprem necessidades permanentes de serviço.
Agora, e em boa hora, a ABIC – Associação dos Bolseiros de Investigação Científica vem em comunicado apelar a que os bolseiros adiram à greve geral de 4.ª feira.
Se não estivesse convencida, ficava agora.
Obrigado à virtude
A nossa higiene social faz-se de uma ensaboadela de quietude e distracção. Da congregação à espera do autocarro até à fila indiana na repartição fiscal é um colectivo pasmado com diários desportivos ou revistas de costumes. A lista de “esperas” engrossa: atrasado o salário e o subsídio, suspensas as férias e o passeio, mas perpétuo o buraco na estrada e as prestações do carro e da casa. Estamos sempre ontem, porque hoje diz-se que passa por cá amanhã.
E o garante deste estado de esclerose temporal é a nossa virtuosa paciência. Somos pacientes para "ficar mais um bocadinho" a beber a lânguida cerveja. Somos pacientes para ver o que Estado faz no novo mandato mudadas as fronhas governantes. Somos pacientes para ver o patrão fugir de BMW com o lucro. Somos espectadores a ver sempre o mesmo filme na ilusão que ele muda. Faço greve a tudo isto.
Sócrates
"O governo faz tranquilamente o que a direita no lugar dele faria. A direita agradece."
Vasco Pulido Valente (Público, 27/5)
Como diz O Tempo das Cerejas, é a "Frase do dia, frase da semana, frase do mês, frase do ano, frase do mandato".
Beijinho a la Galileu
Flexisegurança?
A solução do Presidente da República para o desemprego é a dita flexi-segurança. Embora o governo esconda o jogo, as suas políticas claramente indicam o mesmo sentido com a reforma da Administração Pública e "primeiro passo também para o sector privado": mais flexibilidade e pouca segurança. Sobre o assunto ver estudo de Eugénio Rosa. Assim, trabalhadoras trabalhadores, estudantas e estudantes apresento-vos La Banda de Francotiradores:
Vídeo de rosasdoluxemburgo:
27 maio 2007
Zeca e as praxes [II]
Outro argumento que surge com frequência em defesa do bom nome da praxe…
Nota: gostava de relembrar que a praxe para além de ter bom nome, é uma tradição ancestral em todo o país. Já há centenas de anos que se pintavam os caloiros com canetas de feltro. E mesmo nos institutos ou faculdades que apenas existem há menos de 50 anos, a mesma coisa. A praxe já se fazia mesmo antes de haver universidades em Portugal, tão antiga que é.
…continuando, outro argumento que surge com frequência em defesa do bom nome da praxe costuma ser a sua definição e „institucionalização“ através do código de praxe. O que normalmente é o mesmo que dizer „Uh, nós temos um código, isto não é tudo feito à balda“. Para quem nunca leu um destes fascinantes documentos, é só consultar algumas amostras neste link. Acho que o Direito Português teria algumas coisas a aprender de passagens como:
„De igual modo os urinóis abertos não protegem, mas ao infractor só pode ser aplicada a sanção depois de ter urinado, ainda que não tenha sido esse o motivo que aí o levou.” (sobre os sítios seguros para a vítima da praxe, retirado do código de praxe de Coimbra)
“É falta extremamente grave exercer Praxe recorrendo ao uso de produtos agro-pecuários, hidráulicos, ou outros do mesmo calibre, como, por exemplo, espuma de barbear, pasta de dentes, cal e farinha; exceptuam-se apenas dois casos,: a Praxe de um estudante que tenha usado tais produtos ao exercer a Praxe, e o caso de uma Praxe de Curso, em que tais produtos sejam necessários; porém, e apesar de ser nesse caso permitido, o seu uso é desaconselhado, por tender a estupidificar a Praxe.” (é estupidificante, mas lá que se pode, pode. Fica-me a dúvida se estão a tentar impedir alguma coisa ou apenas a dar ideias. Retirado de um código de praxe do Minho)
E por aí fora, muitas linhas sobre hierarquias, capas, grelos e o diabo a quatro, muita liberdade para quem vive no topo e nenhum direito para quem vive na base (excepto o de cumprir os seus deveres). Mas ria-se, perceba-se a piada, e deixe-se as Universidades serem geridas à lei da matrícula. Atrás da multidão de capas pretas, agressores, homicidas e violadores encontram o seu refúgio.
26 maio 2007
(In)justiça III - Os custos
Continuando na senda de alguns processos judiciais surreais (referida aqui e aqui), falta-me abordar os custos do processo. Devido à acção criminosamente zelosa de alguns juízes do tribunal de relação do Porto, o Estado arrisca-se a gastar muitos euros pela arguida ter feito prova da óbvia insuficiência económica.
O processo tem pouco mais de 30 folhas, mas só em fotocópias os custos ultrapassam os 3,99 euros em causa. O Estado paga 264 euros ao advogado por comparecência no tribunal, tendo ainda de pagar as respectivas despesas e suportar as custas judiciais.
Quer o caso do queijo fatiado quer o dos queijos de vaca já custaram ao Estado mais de 500 vezes o preço dos referidos alimentos.
A queixa do Lidl foi recebida no DIAP, um funcionário judicial teve de interrogar a arguida e um magistrado do MP deduziu a acusação, enquanto em tribunal, o processo volta a ocupar o tempo de pelo menos funcionário, procurador e juiz. Para além disso, houve ainda a intervenção de três juízes desembargadores da Relação do Porto e do procurador-geral adjunto naquele tribunal. Os quatro tiveram de se pronunciar sobre os processos que foram novamente tramitados pelos funcionários judiciais e reenviados para as respectivas comarcas. Desconhece-se se os julgamentos já se realizaram e se há novos recursos.
Porque será que nas últimas duas décadas o número de processos aumentou trinta vezes? Ou os 1,5 milhões de processos que estavam pendentes em primeira instância em 2006? Ou os 793 mil processos que entraram nos tribunais no ano passado?
Mais um governo inútil
A propósito do despedimento de 500 trabalhadoras da Delphi na Guarda até ao final do ano, o nosso inesquecível ministro Manuel Pinho assegurou que pelo menos 250 teriam um posto à espera na unidade de Castelo Branco. No entanto, a Delphi e o Sindicato dos Metalúrgicos vieram esclarecer que esses postos de trabalho já estão preenchidos.
Perante o desabar de uma vida de trabalho, perante o pesadelo para famílias inteiras, não se vislumbram alternativas. Que a culpa não é só deste governo, não é. É de Cavaco, de Guterres, de Durão, incapazes durante os consecutivos anos de resolverem o inevitável. No entanto, este governo não apresenta soluções e ainda temos que ouvir as baboseiras insultuosas de um ministro de mais um governo inútil.
Ler mais aqui e aqui.
25 maio 2007
O Dia de África
Há exactamente 44 anos foi criada a Organização de Unidade Africana. Tinha como objectivo ser a voz do Continente, promovendo a unidade e solidariedade de África e combatendo o colonialismo. Muitos sonhos ficaram para trás, outros não. Que o Dia de África sirva para relembrar aspirações passadas, mas principalmente signifique o relançamento de objectivos para o futuro.
Liberdade de imprensa
Liberdade de imprensa é um tema que vem muito à baila, mas poucas vezes se pára para reflectir. Como sobre a democracia ou a justiça, valoriza-se extremamente os aspectos formais, não se discutindo a efectiva acessibilidade a cada um desses aspectos. No actual contexto a desigualdade de meios é tal que a influência de uns e outros é avassaladoramente díspar. Sobre justiça desafio-vos a experimentar processar o Jardim Gonçalves. Sobre liberdade de imprensa, acham mesmo que um qualquer jornal do Zé Povinho pode competir com o Público do Belmiro? Ou que um apoio destes milionários vale bem mais que qualquer um de nós…
Será que o jornalismo do Status Quo representa mesmo a liberdade imprensa? Falem com qualquer jornalista e ele rapidamente vos dirá os limites do admissível pelos editores e patrões. Sobre a televisão em canal aberto lembrem-se de como foram atribuídas as licenças da televisão. No tempo do Cavaco deu uma à igreja por ser igreja e outra à SIC por ser Balsemão. E hoje bem vemos os seus resultados.
Exemplo contrário, é a a blogoesfera, um projecto de algo que pelo menos aspira a ser mais democrático que os actuais media. No entanto, o seu acesso ainda é caro e não acessível a todos.
Repito a cena de "Um Rei em Nova Iorque" recentemente postada pela sua pertinência (e humor).
Dos bufos da greve
Parece que os piores receios descritos aqui, são mais que ultrapassados. Ver aqui no amigo jumento.
É agora que se deve lutar:
"Primeiro,
levaram os judeus.
Mas não falei,
por não ser judeu.
Depois,
perseguiram os comunistas.
Nada disse então,
por não ser comunista.
Em seguida,
castigaram os sindicalistas.
Decidi não falar,
por não ser sindicalista.
Mais tarde,
foi a vez dos católicos.
Também me calei,
por ser protestante.
Então, um dia,
vieram buscar-me.
Mas, por essa altura,
já não restava nenhuma voz
que, em meu nome,
se fizesse ouvir."
(Martin Niemöller, pastor protestante anti-nazi; retirado de Jornal mudar de vida)
Os economistas de hospital
A Saúde em Portugal chegou a um estado terminal. Incapaz de se fazer as reformas necessárias (como se livrar dos parasitas da Associação Nacional de Farmácias ou das facturas inaceitáveis das farmacêuticas) faz-se as reformas no que diz respeito ao elo mais fraco. Põe-se o "utente" a pagar dos menores aos totalmente incapacitados e chega-se ao insuportável. A estes economistas de hospitais oferecemos-lhes "La banda francoatiradores"":
Vídeo roubado de rosasdoluxemburgo
A guerra infinita...
M.A.T.A. - 15 anos a não resistir só e a não só resistir
Uma breve história do M.A.T.A. , desde o seu inicio à festa realizada em Dezembro na Faculdade de Letras de Lisboa
24 maio 2007
Milagre!
1917 - Aparição de Nossa Senhora empoleirada numa azinheira a três pastorinhos.
2007 – Aparição de Liberdade de Imprensa a ladrão de bicicleta. Não se sabem ainda mais pormenores.
Só peço ao Zé Guilherme para não divulgar o caso. Caso contrário, daqui a 90 anos ainda se estará a falar disto…
A caminho da greve geral
São poucos os que escapam à depressão. Há os desempregados, os emigrados, os de salários reprimidos. As falências e os despedimentos compulsivos trazem à TV rostos de confusa revolta. Só o itinerário das localidades e empresas muda de dia para dia, porque as gentes parecem sempre as mesmas. Nos empregos há o terrorismo da corrida pelo lucro ou pela dieta do Estado. Por todo o lado se exigem horas extraordinárias e o fim de benefícios adquiridos.
Portugal é um país imoralmente desigual nos rendimentos e nas oportunidades. É uma simples relação de poder. Soma zero. O que uns têm é à custa dos outros. Ignorando as vítimas do saque económico, fazem-se editoriais sobre a “visão estratégica” dos grupos económicos. Não faltam aplausos às obscenas OPAs com que os muito ricos jogam xadrez financeiro.
A greve geral de 30 de Maio vai ser a medida da nossa revolta.
O jornal popular Mudar de Vida publicou uma folha dupla com notícias breves e um forte apelo à greve geral pode ser sacado daqui.
23 maio 2007
De pequenino se torce o pepino
A marcha contra os pinguins (gays)
Quando estreou o filme A Marcha dos Pinguins, pesado em reaccionária fantasia e moralismo, ninguém o proibiu, aliás foi exibido em quase todas as salas de cinema e propagandeado até à exaustão. Desde que os pinguins acasalem e sejam fieis, que as mães sofram para ter a cria e o pai quase morra de fome para alimentar os seus, está tudo bem.
Agora, um livro escrito por dois autores desconhecidos, perdido nas estantes das bibliotecas, sobre dois pinguins machos que adoptam uma cria – isso já merece muitas queixas (concretamente 546) e até é caso para o retirar de alguns mercados. O livro ao que parece, e ao contrário do "documentário", até foi baseado numa estória verdadeira que se passou no zoo de Nova Iorque. Mas isso é irrelevante, porque os pinguins enquanto forem queridos e fofinhos só podem ser "straight".
Os golpistas
Continuando a discussão de ontem, apresentamos uma parte de um vídeo sobre o golpe na Venezuela contra Chavez e o envolvimento das televisões privadas. O documentário todo pode ser visto aqui.
roubado do ladrão Zé Guilherme
Valha-me alguém...
O "respeitável" Independent publica que Portugal viveu sobre um regime comunista até à revolução de 1974. Ignorância ou reescrever a história?
Ver mais aqui.
O Mundo do Medo
Hoje, a Amnistia Internacional apresenta mais um relatório. Desta vez, elege a política do medo como alvo, o qual é “instigado, encorajado e sustentado por líderes sem princípios” como o primeiro-ministro australiano, John Howard, o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o do Sudão, Omar al-Bashir. Estes recorrem ao medo (de imigrantes, do terrorismo ou de invasões estrangeiras) para reforçarem o seu poder. Mais algumas pérolas:
- "Quando encaramos os outros como uma ameaça e estamos dispostos a negociar os seus direitos humanos em troca da nossa segurança, estamos a jogar um jogo sem vencedores".
- "O mundo encontra-se tão polarizado como no auge da guerra fria, e em muitos aspectos mais perigoso. Os princípios universais que nos deviam unir estão a ser desbaratados em nome da segurança. A agenda é ditada pelo medo - instigado, encorajado e sustentado por líderes sem princípios".
- "As políticas do medo tornaram-se mais complexas com o aparecimento de grupos armados e grandes grupos empresariais que cometem ou permitem abusos dos direitos humanos. Governos fracos e instituições internacionais ineficazes são incapazes de os fazer responder pelos seus actos, deixando as pessoas vulneráveis".
(ver mais aqui)
22 maio 2007
Bilhete de identidade (Mahmud Darwish)
Escreve!
Sou árabe
e o meu bilhete de identidade é o cinquenta mil;
tenho oito filhos
e o nono chegará no final do Verão.
Vais zangar-te?
Escreve!
Sou árabe.
Trabalho na pedreira
com os meus companheiros de infortúnio.
Arranco das rochas o pão,
as roupas e os livros
para os meus oito filhos.
Não mendigo caridade à tua porta,
nem me humilho nas tuas antecâmaras.
Vais zangar-te?
Escreve!
Sou árabe.
Sou um homem sem título.
Espero, paciente, num país
em que tudo o que há existe em raiva.
As minhas raízes,
foram enterradas antes do início dos tempos
antes da abertura das eras,
antes dos pinheiros e das oliveiras,
antes que tivesse nascido a erva.
O meu pai descende do arado,
e não de senhores poderosos.
O meu avô foi lavrador,
sem honras nem títulos,
e ensinou-me o orgulho do sol
antes de me ensinar a ler.
A minha casa é uma cabana,
feita de ramos e de canas.
Estás feliz com o meu estatuto?
Tenho um nome, não tenho título.
Escreve!
Sou árabe.
Roubaste os pomares dos meus antepassados
e a terra que eu cultivava com os meus filhos;
não me deixaste nada,
apenas estas rochas;
O governo vai tirar-me as rochas,
como me disseram?
Escreve, então,
no cimo da primeira página:
a ninguém odeio, a ninguém roubo.
Mas, se tiver fome,
devorarei a carne do usurpador.
Tem cuidado!
Cuidado com a minha fome,
Cuidado com a minha ira!
Revelação
… e estava a beber um café com leite quando pela minha fronte cintilou a seguinte máxima: “em Portugal confia-se na economia, mas ninguém confia nos economistas.”
Alvos fáceis, alvos difíceis
A alguns incomoda a decisão de Hugo Chavez de recusar renovação da licença da cadeia televisiva que mente e conspira para derrubar o governo eleito.
A mim incomoda-me a tentativa do Parlamento italiano de intimidar a RAI para não transmitir um documentário sobre os crimes sexuais da Igreja Católica.
Se a primeira decisão preocupa pelas vítimas de papel e tinteiro derramado, a segunda notícia revela a impunidade imposta de que goza uma religião, que não só corrompe a moralidade mas também os corpos.
Cavalgadas urbanas
Quem passa pela zona do Parque das Nações de manhã já encontrou certamente, num dia ou noutro, um desfile de umas dezenas de cavalos brancos nas ruas agitadas pela hora de ponta. Um qualquer regimento de cavalaria da GNR ganhou o hábito de vir passear os garanhões todas as manhãs numa zona de tráfego intenso. Já se atreveram até a trancar a Avenida Marechal Gomes da Costa, aquela pequenina de três faixas de rodagem que vai até à Rotunda do Relógio passando pela RTP e pela Independente (!), por volta das 9h30 da manhã... Vai um jipe à frente, a cortar intersecções e a sobrepôr-se à autoridade dos semáforos vermelhos, e a cavalaria toda, a montada e a montadora, atrás em passo de desfile heróico. No fim de tudo vai a populaça, nos carros e autocarros a tentar chegar ao trabalho, a mirar ordeiramente a bela traseira dos equídeos, não vá o Sr. Guarda perder a cabeça com algum protesto.
Que a GNR é um corpo antiquado, conservador e frequentemente reaccionário, já era sabido. Que a ideia de manter umas dezenas de animais sem qualquer função real de segurança é ridícula, sobretudo quando considerados os custos envolvidos, também já era óbvio. Mas andar a mostrar os dotes dos garanhões (os brancos por baixo e os verdes por cima) à hora de ponta numa zona movimentada de uma grande cidade, onde ainda por cima nem têm jurisdição real, acaba por ser a cereja podre no topo de um bolo já por si indigesto.
Ó Sôr Guarda, não quer antes ir passear ali para o quintal do Palácio de Belém? O inquilino era capaz de gostar da vista e já não chateava a populaça com o barulho das ferraduras no alcatrão...
Lisnave, 1983
Emprestado de pimenta negra, uma recordação dos anos Thatcher em Portugal. Desde ai, estudantes, trabalhadores e activistas tem ocasionalmente sido reprimidos de forma brutal.
Nestes tempos difíceis é importante lembrar o longo historial de luta e sofrimento dos trabalhadores. Perdem-se umas batalhas, ganham-se outras. Há mais uma que se aproxima a 30 de Maio.
21 maio 2007
Do palácio para a fortaleza
A par do muro de apartheid, há um outro projecto de construção no Iraque que cumpre os prazos e está dentro do orçamento previsto – a nova embaixada dos EUA em Bagdade. É um daqueles casos em que a grandiosidade do objecto é inversamente proporcional ao desempenho.
Com vista sobre o Tigre, será a maior e mais cara embaixada americana no mundo. O custo: 592 milhões de dólares; a dimensão: 42 hectares, mais ou menos o tamanho do Vaticano. Terá piscina, ginásio, mas mais importante, beneficiará de um sistema próprio de fornecimento de energia e água.
É realmente preciso acelerar a construção da nova fortaleza. É que a actual embaixada (no, por comparação, simplório palácio de Saddam) tem sido alvo de róquetes. E é chato quando o pessoal tem que andar dentro de casa de capacete e colete anti-balas, como aconteceu este mês, depois de quatro investidores estrangeiros terem sido mortos mesmo à porta do palácio.
Não quero confiar
Sou de uma geração que suspeita do poder. Estou entre autonomistas e ultra-liberais – libertários dividindo-se em esquerda e direita. O que nos distingue é a justificação da autoridade. Os da direita aceitam a autoridade mercantil de combate individualista. Os da esquerda aceitam a autoridade dos colectivos em que se participa sem comando totalitário. O cinismo e o niilismo em diferentes combinações são a nova condição humana. Acabaram-se os mitos, ficaram os corpos.
É politicamente que rejeito as classes profissionais, e com particular convicção a parelha advogados e médicos (aos últimos também não os suporto visceralmente). O discurso especialista justifica com a simples evocação de um interesse público as maiores atrocidades aos corpos e às mentes. A história da medicina é um periódico exercício de amnésia. Cada geração “corrige” os erros do passado, e convence-nos que avançou porque diligentemente assassinou a sua paternidade. Não me chega que a medicina hoje seja marginalmente melhor que a anterior, porque melhor que péssimo pode ainda ser demasiado mau. Por exemplo, estamos convencidos que a medicina hoje é avançada porque acabou com as lobotomias, ou seja suspendeu a medicina de há quarenta anos. Daqui a outros quarenta, estaremos a falar do fim das lobotomias químicas dos anti-psicoticos actuais. Os esquizofrénicos deste mundo não são nem curados nem são felizes, são controlados.
Sobretudo as profissões tecem véus e intrigas sobre o que fazem e o que sabem. Afinal que certeza têm nos diagnósticos, o que conhecem das doenças, da inflação, do aquecimento global, da justiça do processo, da erosão da dunas? Fingem saber para decidir por nós.
Israel ameaça matar primeiro-ministro palestiniano
O Gabinete de Segurança de Israel elevou o tom de ameaça contra Ismail Haniyeh [primeiro-ministro palestiniano] e Khaled Mechaal, líder do Hamas a viver no exílio em Damasco.
"Se Haniyeh der ordens para a realização de atentados, torna-se num alvo legítimo", disse o ministro da Segurança israelita em declarações à rádio militar do país. Avi Dichter qualificou mesmo Khaled Mechaal como "um alvo mais do que legítimo". "Acredito que na primeira oportunidade acabaremos com ele", disse Dichter, em declarações à rádio militar israelita. A Mossad tentou matar Khaled Mechaal em 1997, em Amã, mas a operação falhou.
E se se aplicar esta lógica ao Estado de Israel, será este Gabinete de (in)Segurança de Israel um alvo legítimo?
[Com este dois ataques são já 36 os palestinianos mortos em ataques israelitas desde a última quarta-feira na Faixa de Gaza, 25 combatentes e onze civis, enquanto os lançamentos de rockets do Hamas terão já provocado vários feridos].”
(adaptação livre de Público Online)
Conversa na Faculdade de Letras
Um Rei em Nova Iorque
(In)justiça II - A queijaria
O julgamento de uma mulher com 70 anos por um furto de um creme de 3,99€ é elucidativo da justiça em Portugal. Já em 2006 juízes do Tribunal da Relação do Porto consideraram o furto de uma embalagem de queijo fatiado no valor de 1,29 euros digna de ir a julgamento. Na altura alegaram que um valor desprezível era apenas o furto de “um palito, um alfinete, um botão, uma folha de papel, um grão de milho ou um bago de uva”, obviamente não um queijo fatiado.
Também de 2006 o mesmo tribunal decidiu julgar uma mulher que roubara quatro queijos de vaca num supermercado. Após uma primeira decisão sensata pelo valor irrelevante em causa e o perdão do supermercado, o Ministério Público recorreu. Naturalmente, os juízes desembargadores inverteram a decisão anterior: “Não se percebe como é possível afirmar que quatro queijos de vaca se destinassem a satisfazer uma necessidade imediata do agente, pois o número é perfeitamente desadequado, o que afasta o imediatismo da necessidade”.
20 maio 2007
Receita de Bitoque
Finalmente, para todos os internautas que aqui aterram no blog por engano, à procura de uma receita para bitoque, ei-la:
Ingredientes (para 4 pessoas)
4 febras de porco
4 ovos
louro
alho
vinho branco
sal e pimenta q.b.
margarina/azeite
Tempere as febras com o alho, vinho branco, sal e pimenta, junte as folhas de louro e deixe marinar algum tempo. Frite as febras com a margarina/azeite, reservando a marinada. Quando as peças estiverem alouradas, junte a marinada. À parte, estrele os ovos. Por fim, coloque cada febra num prato, um ovo estrelado por cima e regue com o resto do molho. Sirva quente com arroz e batata frita.
Pirata do pirata do pirata
Na semana em que estreia mais um filme da série Piratas das Caraíbas, a empresa Odissey Marine Exploration anunciou ter localizado o navio afundado Merchant Royal. A empresa de aventureiros da Flórida faz da caça ao tesouro uma ciência (com tecnologia de cartografia e detecção marinha, equipas de arqueólogos e mergulhadores profissionais) e uma indústria (restaurando as moedas, vendendo-as a coleccionadores e produzindo documentários da aventura para entreter no Discovery Channel). Afundado em 1641, no porão do Merchant Royal repousam 500 milhões de dólares em ouro, prata e jóias do Novo Mundo. O nome simpático e comercial do navio confunde a sua função de nave pirata. A carga em questão foi saqueada aos Espanhóis, curiosamente depositada nos Açores antes de embarcar para os cofres britânicos. Entre a ganância e o mau tempo, ficou refém do mar.
Neste episódio, numa narrativa de mais de 400 anos, esconde-se uma feliz metáfora para a propriedade. Os índios do Novo Mundo foram saqueados pelos Espanhóis, que enquanto transportavam a riqueza para a segurança dos seus cofres, foram saqueados pelos Ingleses, a quem agora os Americanos retiram o tesouro para o levar para novo esconderijo. Afinal toda a propriedade é um rasto de piratarias.
19 maio 2007
O insistente Blair
Blair, reafirmando o seu não arrependimento do apoio à invasão do Iraque, acrescenta que
“[o] futuro do país [Iraque] deve ser decidido pelos iraquianos, de acordo com a sua vontade, e é importante que todos os países vizinhos percebam e respeitem isso”. Esperemos que, de uma vez por todas, o Reino Unido e os Estados Unidos da América também o compreendam!
Zeca e as praxes [I]
Defender que os "veteranos"* até que são bons-rapazes, só porque o Zeca já vestiu a mesma capa preta, é tão ridículo como defender que os jogadores do Benfica até sabem jogar à bola, só porque o Eusébio já vestiu de encarnado.
* - leia-se tunos, duxes, pinguins, batmans, praxadores,...
O sistema
Em resposta a umas perguntas de baldassare (aqui): Se existem professores desempregados, porque é que se aumentaram as horas de trabalho dos professores empregados? Melhor: porque é que se aumentou a idade da reforma?
O sistema capitalista não está construído de forma a ser socialmente eficiente. Não está interessado em dividir o trabalho (nem as regalias) por todos. Neste contexto, o desemprego tem um papel importante ao diminuir a exigência dos trabalhadores, facilitando piores salários e condições de trabalho.
Concretamente no ensino, o Estado poupa ainda mais com esta situação porque não paga subsídios de desemprego a muitos dos candidatos a professores (pelo menos antes muitos deles não eram elegíveis) e quando paga será por períodos relativamente curtos (pois passado algum tempo perde-se a elegibilidade).
O aumento das horas semanais dos professores permite ao ME poupar em trabalhadores extraordinários que, em alternativa, teriam de ser contratados para algumas das funções (aulas de substituição, etc). Já o aumento da idade permite aumentar as contribuições para a Segurança Social enquanto diminui as pensões que estes irão eventualmente receber (se algum dia os deixarem reformar…).
Direito à greve?
O governo anunciou “a contabilização obrigatória, e no momento, do número de grevistas em cada serviço através de uma base de dados electrónica”. “[O] secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, afirmou que a base de dados é um mecanismo que pretende apenas fazer uma contabilização mais “transparente, rápida e normalizada” (…) “E assim poderemos saber, num concreto serviço, quantas pessoas é que fizeram greve, num Ministério quantas pessoas é que fizeram greve, no total da administração quantas pessoas é que fizeram greve, é isso que se pretende”, explicou.” (in Público)
Os protestos dos sindicatos não se fizeram esperar, denunciando pressões sobre os trabalhadores. Apesar de o governo dizer que é apenas uma medida de gestão normal, não deixa de ser uma forma de condicionar o direito à greve de pelo menos duas formas:
i) Com a futura criação do quadro de disponíveis obviamente que em caso de dúvida os contestatários serão os primeiros porta fora e a base de dados um elemento muito útil para os excluir.
ii) Outra consequência mais persistente está relacionada com os dirigentes intermédios passarem a ter poderes (e deveres) alargados como definir quantas pessoas são precisas para o trabalho a realizar. Como “serão tornados públicos os mapas por serviços, os mapas por Ministério e os mapas globais”, os dirigentes intermédios poderão ter um forte incentivo a livrar-se sistematicamente dos que mancham a honra do departamento.
E lá vai mais um passo para uma liberdade meramente formal.
Os protestos dos sindicatos não se fizeram esperar, denunciando pressões sobre os trabalhadores. Apesar de o governo dizer que é apenas uma medida de gestão normal, não deixa de ser uma forma de condicionar o direito à greve de pelo menos duas formas:
i) Com a futura criação do quadro de disponíveis obviamente que em caso de dúvida os contestatários serão os primeiros porta fora e a base de dados um elemento muito útil para os excluir.
ii) Outra consequência mais persistente está relacionada com os dirigentes intermédios passarem a ter poderes (e deveres) alargados como definir quantas pessoas são precisas para o trabalho a realizar. Como “serão tornados públicos os mapas por serviços, os mapas por Ministério e os mapas globais”, os dirigentes intermédios poderão ter um forte incentivo a livrar-se sistematicamente dos que mancham a honra do departamento.
E lá vai mais um passo para uma liberdade meramente formal.
18 maio 2007
Não foi por falta de aviso
Declínio
Após semanas de negociações Paul Wolfowitz apresentou a demissão de Presidente do Banco Mundial.
É histórico que o Banco sirva de ferro-velho para os indesejáveis da política Americana. Robert MacNamara que apadrinhou a guerra do Vietname também dirigiu o Banco após ter assumido culpas sobre o fracasso militar da Presidência Johnson. (Há poucos anos foi produzido um extraordinário documentário sobre o McNamara que merece ser visto e revisto, com qualidade fanhosa: aqui.) Nesta história é sem precedentes a breve estadia de Wolfowitz no Banco, de imediato envolto em escândalo e forçado a abandonar o cargo.
Será que estes neo-conservadores são a pior espécie de autocratas e que irremediavelmente o seu destino é o humilhante exílio? Esta resposta só nos serve se eliminarmos o contexto e se assumirmos que cada escândalo é individual, feito das paixões e interesses dos seus protagonistas. Colectivamente Wolfowitz é mais uma peça que cai no jogo de dominó neo-conservador. O impulso não é a personalidade dos líderes mas o projecto imperial de expansão, o New American Century que foi derrotado no Iraque. Assiste-se a momentos tortuosos em que já não se almejam combates políticos ou governativos mas meramente salvar reputações para que a vida não acabe com as Presidências de 2008.
Entretanto, os olhos dos conservadores Americanos viram-se com fascínio para Sarkozy, a ver se em França se inventa um novo programa que possam adoptar.
Erro de palmatória
«Ouvi hoje na rádio um spot publicitário que me deixou com os cabelos em pé. O anúncio, a uma empresa de aluguer de automóveis, partia da fórmula da energia de Einstein para sugerir uma nova fórmula: A=M.T^3 (...). De acordo com esta magnífica fórmula, ao alugar um carro da referida empresa, uma pessoa recebe três vezes mais milhas, ou seja, em vez de receber 500 milhas receberá 1500. E acabava o referido spot com a pérola "assim a matemática fica mais simples".» Jaime Ramos in Público 13/5/2007
Eu ouvi o mesmo spot da Avis no passado fim-de-semana e também achei inacreditável. Embora este leitor do Público ponha a tónica mais na questão da publicidade enganosa, reclamando que lhe sejam creditadas 125.000.000 milhas pelo aluguer de um carro na Avis, a questão mais grave é mesmo a da matemática. É que isto de confundir o elevar ao cubo pelo multiplicar por três só pode ser duas coisas: ignorância chapada ou publicidade enganosa.
Já é mau que em Portugal se saiba e compreenda pouco de Matemática, mas ao menos que não se perpetue a ignorância através da publicidade.
A invenção da roda
Caiu o Carmo e a Trindade
Eu hoje nem queria escrever nada, mas ao folhear o Público, deparei com um comentário sublime (sobre a lei do aborto) que não posso deixar de reproduzir:
Vai começar a matança dos desprotegidos
Deus castigue os autores, materiais e morais. Li num artigo que alguns bebés são atirados para o balde vivos e a chorar. Deus tenha piedade de nós. Podem alegar todos e mais algum motivo para abortar, mas nenhum justifica semelhante crime.
Por Trindade, Ermesinde
Numa coisa tenho de concordar com a senhora Trindade, nada justifica o crime de atirar bebés para um balde vivos e a chorar. Agora gostava de saber era que bebés são esses que andam por aí a ser abortados que já conseguem chorar. Pelo que me disseram, eu só o consegui com 9 meses e depois de levar um enxerto de porrada.
Continuamos à espera...
"O ministro do Trabalho afirmou hoje que há dados que contrariam a tendência de aumento do desemprego mostrada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e considera que, mantendo-se a aceleração do crescimento económico, Portugal está em condições de conter e começar a reduzir o desemprego.
A taxa de desemprego aumentou 0,7 pontos percentuais em Portugal, no primeiro trimestre deste ano, face a igual período do ano passado, para 8,4 por cento, segundo os dados hoje divulgados pelo INE. " (Público Online) [Adenda: A "taxa de desemprego subiu para o valor mais alto dos últimos 21 anos" e "para encontrar um valor superior ao anunciado ontem é preciso recuar 21 anos, mais precisamente, até ao segundo trimestre de 1986"!]
A isto chama-se trabalhar com os dados. Quando desce é porque desce. Quando sobe há informações contraditórias. Ainda por cima, o chato dos dados do INE (ao contrário dos dados do Instituto do Emprego) é que se pode calcular os desempregados que não procuraram emprego ou alguns inactivos desincentivados que não entram nas contas do INE. Ver, por exemplo, os trabalhos do Eugénio Rosa.
Entretanto, o país continua à espera de mais e melhor emprego.
17 maio 2007
Inauguração do Laboratorio Chimico
O Laboratório Chimico da Escola Politécnica foi hoje reaberto, depois de 4 anos em obras de aturada recuperação com o patrocínio da indústria farmacêutica. Sendo um exemplar raro dos laboratórios típicos do século XIX, as bancadas continuam a mostrar as marcas dos anos e das experiências nelas feitas por conhecidos químicos e, mais raramente, por alunos. Apesar de nos seus últimos anos de funcionamento ter sido utilizado por alunos da Faculdade de Ciências de Lisboa, ao passar pelo hoje espaço museológico percebe-se bem a estruturação social da altura. No anfiteatro o mestre fazia as demonstrações práticas perante uma multidão de alunos obedientes, mantidos à distância por uma cerca para todos os efeitos intransponível. No laboratório, os alunos podiam observar as actividades dos investigadores do segundo piso, sendo dada a oportunidade de descer e ajudar o mestre apenas aos melhores alunos. Nos primórdios do liberalismo português, cada um no seu lugar. Pergunta: será que o paradigma político e social mudou desde então?
Colecção de cartazes antigos
"Estávamos nos primórdios do cinema. Os filmes eram mudos e o tempo de duração da película sabia-se pela quantidade de metros anunciada nos enormes cartazes. Alguns destes "anúncios publicitários" circulavam por Lisboa em carroças, ou decoravam a frontaria dos cinemas de então. No interior, as sessões não eram pacíficas nem votadas ao silêncio. Além do pianista, que tocava a música de fundo, a plateia manifestava-se sobre o enredo: gritava, insultava...
Dezenas destes cartazes, que contam a história dos primeiros filmes estrangeiros exibidos em Portugal (entre 1904 e 1915), podem ser vistos na exposição Cinema em Cartaz que é amanhã inaugurada, pelas 19.30, na Cordoaria Nacional e se mantém até 24 de Junho, podendo ser visitada entre as 10.00 e as 19.00 de terça a sexta e aos sábados e domingos, das 14.00 às 19.00, com entrada gratuita.
A colecção possui autênticas relíquias, que ficaram guardadas durante décadas e hoje têm, segundo avaliações internacionais, um valor inestimável. "Temos exemplares da grande distribuidora Léon Gaumont que desconheciam no seu próprio museu", revela, ao DN, a comissária científica da exposição, Adelaide Ginga. A casa Gaumont e a do irmão Charles Pathé, no fim do século XIX, que ainda existem, foram as primeiras empresas criadoras, produtoras, realizadoras e distribuidoras dos filmes de então."
Enterrem-no bem fundo
À exaustão o tema da semana nos Estados Unidos tem sido a morte do Reverendo fundamentalista Jerry Falwell. A fama do senhor deve-se à sua liderança em 1979 do movimento “Moral Majority” que com uma campanha de recenseamento colheu milhões de votos no devoto Midwest para eleger Ronald Reagan. De Reagan, a Bush I e II, a mobilização dos extremistas e evangélicos garantiu eleições e sustentou os esforços de demitir as conquistas dos anos 60 e 70 em liberdades civis e sexuais. (Em coligação com os libertários de direita.)
Esta morte física é interessante porque é a sombra de uma morte simbólica. O descalabro da Presidência Bush arrasta consigo a credibilidade do conservadorismo social: anti-aborto, anti-homosexualidade, anti-semítico ainda que apologistas de Israel. E não há melhor cangalheiro que Christopher Hitchens, inglês emigrado, autor do incendiário: God is Not Great. Talvez porque escândalo venda livros, o homem é sublime no comentário, mas também não é má política.
Imigração
Felizmente que já lá vai...
"Should I stay or should I go" dos The Clash cantado por Tony Blair...
16 maio 2007
Universidade de Coimbra: mais violências das praxes!
Deixo aqui o comunicado que o MATA (Movimento Anti-Tradição Académica) enviou à imprensa sobre alguns dos acontecimentos em Coimbra
Começou por ser mais um caso público de praxe violenta. No dia seguinte passou a dois. No primeiro caso, um jovem estudante viu-se "imobilizado por colegas mais velhos e alguns começaram a rapar-lhe os pêlos púbicos com uma lâmina de barbear" do que "resultou o rompimento de parte do escroto do caloiro", segundo conta um jornal diário. O outro "para além de unhas negras, resultantes de apanhar com uma colher de pau" sofreu cortes no couro cabeludo com uma tesoura enquanto lhe cortavam o cabelo, segundo outro jornal diário regional. Um apresentou queixa ao Conselho de Veteranos (CV), o outro, junto das autoridades policiais.
José Luís Jesus, dotado do "nobre título" dux veteranorum da Universidade de Coimbra, garante-nos que os agressores "estão devidamente identificados"; que ainda "esta semana serão feitas todas as averiguações"; e que caso tenha havido abusos "o CV vai até às últimas consequências". Além de se fazer passar por uma autoridade para tratar o que as leis normais, iguais para toda a gente, deveriam resolver, este estudante acrescentou ainda, em declarações mais recentes: "já sabemos que é tudo mentira! Se o estudante tem um rompimento no escroto, foi porque fez outra coisa qualquer!" Parece incrível, mas é verdade: as "leis" da praxe são feitas para proteger e fomentar a barbaridade e não precisam de grandes averiguações para "julgar" e tomar as suas "decisões".
Surge então uma pergunta: Que entidade é esta, o "CV", e as pessoas que o constituem, os "duces", que se auto reveste do poder de identificar, averiguar, julgar e condenar situações nas quais não esteve directamente envolvida? O Estado reconhece-lhe esse direito?
É inaceitável que se pense que as pessoas que praticam as praxes podem ser as mesmas a fiscalizar os actos por si praticados, e ainda para mais consideradas idóneas. Como se pertencessem a uma instituição à parte, numa proposta de mundo à parte – a Universidade. É exactamente essa proposta de Universidade-fortaleza, fechada ao mundo, que recusamos.
A sociedade vai perdendo a ilusão de que as praxes não passam de um conjunto de brincadeiras menores e que até é normal que tenham instituições próprias que a regulem. Mas se por algum motivo não tivessem acontecido cortes no escroto ou no couro cabeludo, nódoas negras e hematomas, estes casos teriam sido notícia? O CV consideraria aquela praxe admissível?
O Conselho de Veteranos talvez responda sim a esta pergunta alegando, em defesa dos agressores, que o aluno aceitou ser praxado. E novas questões se colocam: em que condições aceitou ser praxado? Foi de livre e espontânea vontade que avançou para a praxe, com o conhecimento prévio do que lhe poderia acontecer? Não foi persuadido sob nenhuma forma, física ou psicológica (e o motivo da integração adapta-se perfeitamente a este tipo de persuasão) para se submeter à vontade dos praxantes?
Infelizmente, sabemos que a coragem de não aceitar e denunciar estas violências é quase sempre "premiada" com o abandono e a hostilização das vítimas e a cumplicidade com os agressores: o passado recente mostra-nos que os responsáveis pelas escolas e pelo ministério são os primeiros a contribuir para o clima do medo e da impunidade.
O Movimento Anti "Tradição Académica" não aceita esses poderes obscuros e sem qualquer legitimidade e considera que estes casos não são acontecimentos isolados mas que acontecem devido à própria natureza da praxe. Condenamos as violências inerentes às praxes quer se tornem em casos públicos ou não. Apelamos aos estudantes que rejeitem qualquer forma de praxe, bem como todas as imposições e os poderes absurdos de estudantes sobre estudantes disfarçadas de brincadeiras e "tradição". A lei da praxe não vale nada, nem pode sobrepor-se às leis do país e ao convívio entre estudantes sem imposições, sem chefes e sem violências.
Por último, mantemos a expectativa de que o Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Mariano Gago, mantenha o perfil de indignação que já demonstrou relativamente a situações semelhantes, esperando ainda pelo momento em que verdadeiramente coloque na agenda a reflexão e acção sobre este tema. Para ele, como para toda a comunidade escolar e sociedade em geral, desistir e abreviar responsabilidades seria uma atitude inaceitável. E speremos que, à semelhança do que aconteceu noutros casos como o de Ana Sofia Damião, não seja a própria instituição escolar a querer ocultar o que se passou para manter o bom nome da casa.
Menino de Ouro
O neto da Rainha Isabel II afinal já não vai para o Iraque. O tio do rapaz, e filho da rainha, guerreou os Argentinos nas Maldivas mas combatia num jacto contra uma nação sem forca área. Enviar o tenro e naturalmente inteligente neto para a arena Iraquiana não inspira a mesma confiança. Já os filhos dos outros, que morram anónimos.
A realidade segundo o partido republicano
Até agora são dez os pré-candidatos republicanos para as próximas presidenciais. E são do melhor:
John McCain, numa visita relâmpago ao Iraque, enchouriçado em coletes anti-bala, foi visitar um mercado em Badgade. E achou os mercados iraquianos parecidos com os americanos.
Num debate com todos os candidatos, Tommy Thompson concordou com a afirmação do entrevistador que os empregadores devem ter o direito de despedir trabalhadores que se conheça serem homossexuais.
Sam Brownback, Tom Tancredo e Mike Huckabee levantaram o braço quando lhes foi perguntado: há alguém no palco que não acredita na evolução?
Podia ser pior. Ainda ninguém disse que é o Sol que gira em torno da Terra. Mas sejamos pacientes, porque ainda há muita campanha pela frente.
Ocupação em Coimbra
Dar sangue
"Ser homossexual não é critério automático de exclusão, de acordo com as directivas existentes. A exclusão depende do resto da entrevista. Mas dar sangue não é um direito. O que interessa é a tranquilidade e a segurança de quem vai receber o sangue. E os portugueses têm preconceitos." [ao comentar a exclusão sistemática de homossexuais que queiram dar sangue]
Gabriel Olim, presidente do Instituto Português do Sangue (IPS).
(para a desmontagem dos disparates deste senhor ver aqui e aqui)
15 maio 2007
De mal a pior...
Saúde?
"Melhor negócio que o da saúde só mesmo a indústria armamento."
Isabel Vaz, Espírito Santo Saúde (donos do novo Hospital da Luz) ao Telejornal (18-4-2007)
Cartas de amor
Se há boa história na televisão não é no canal História. A produção do canal é formatada em encenações estridentes, banhos de gráficos digitais e cruzadas entrevistas a protagonistas. O resultado são narrativas enviesadas pelas opiniões dos intervenientes, por exemplo, os membros da Administração Nixon a comentar a Guerra do Vietname e a acusar o eleitorado de impor um fim prematuro da guerra, que nos asseguram era vencível. Um arquivo não escreve história, e sem o comentário do historiador, sem distanciamento crítico e análise não se pode fazer sentido do passado.
Quando o objecto e o objectivo são mais modestos, o canal Historia até tem qualquer coisa a oferecer, veja-se este “slide show” sobre a bizarra relação entre o Nixon e o Elvis.
Cuidado com as quedas...
A construção europeia faz-se aos mais diversos níveis e a passo forte. Com algumas excepções, as áreas que têm tido prioridade são na repressão, mas também em milhentas actividades burocráticas ou menores actividades. Mesmo quando se aborda assuntos sérios, resume-se a história a aspectos que roçam o ridículo.
No entanto, a presidência alemã da UE trouxe outra seriedade (certamente com a contribuição do nosso Zé Manel). Referendos e outras coisas que tais certamente que contribuíram para a seguinte preocupação:
"No âmbito da presidência alemã da União Europeia, irá realizar-se no dia 12 de Junho em Berlim, o Simpósio “Prevenção de Quedas – Próximos passos a tomar”.
O Simpósio é organizado pela Rede Europeia de Prevenção de Quedas em cooperação com o Ministério de Saúde Alemão."
Buu??
14 maio 2007
A pureza do comentador
Um peixe é peixe, bicho é bicho e um comentador é um comentador. E aí do audaz que sugira que as baleias são quase peixes, ou que um comentador pode acumular identidades contra o princípio da sua exclusividade.
Daniel Oliveira, aka Arrastão, cometia a transgressão de ser comentador e dirigente do Bloco de Esquerda. Agora que Daniel abandona funções dirigentes no Bloco, explica que:
“Fui gerindo como pude este duplo estatuto, nem sempre fácil e nem sempre justo. Injusto para o Bloco, muitas vezes conotado com as minhas posições públicas, para o qual nunca foi tido nem achado. Injusto para quem me leia, que nem sempre consegue descortinar onde começa a minha opinião e acaba a posição do dirigente político. E até, se me permitem, injusto para mim, tendo que responder enquanto dirigente a polémicas que começo enquanto comentador, e vice-versa.”
Daniel promete que vai “enriquecer” a sua opinião com mais autonomia. Acabou-se a caldeirada de peixe, vai-nos oferecer só peixinho grelhado.
E com esta metáfora de restauração, quero sugerir que visitamos os tascos pelo prato da casa. Visitamos o Arrastão pela iguaria de misturar o compromisso partidário com o convencional exercício do comentário político. É o caldo que nos agrada, com a mistura de identidades, e a incerteza do que se segue. Nessa receita e naquilo que engendra, está muito significado político (e espectáculo, entretém). Escorrido isso temos somente convencionais variações do cânon do comentário político: o indignado alarme, a convicção moralizante, a dramática farpa trocada entre protagonistas da comunicação social, a intriga das liberdades de expressão reprimidas ou libertadas. Há casos em que mais é mesmo melhor.
1 + 1 = estão-nos a ir ao %#!
O que é que se pode concluir quando no país as ditas "políticas de austeridade" não levam
nem a um desenvolvimento real da economia, um défice controlado ou maior competitividade,
mas a um aumento salarial monstruoso dos gestores das maiores empresas nacionais?
Water
Water é um filme indiano que narra a dificuldade da vida das viúvas neste país. Embora se passe há várias décadas, a condição destas mulheres não mudou radicalmente. Muitas vezes casando com homens bastante mais velhos e especialmente em tempos de maior mortalidade, as jovens ex-esposas ficavam numa espécie de limbo, vivas, mas sem poder viver. Alegria, recasamento ou outras coisas que tais eram socialmente proibidas, o direito à herança negado e a única certeza era a miséria e solidão. As viúvas tinham idades a partir dos oito anos.
A razão do nome, água, é que esta lavaria a impureza...
A não perder.
Repressão
Os Estados capitalistas aumentam a repressão sobre qualquer movimento de protesto. Na Holanda houve 105 detidos a propósito de uma manifestação de bicicletas. A própria manifestação anti-G8 corre o risco de se tornar ilegal. Nesta nova Europa, há cada vez menor espaço para a dissidência.
13 maio 2007
Marxismo
"Acho a televisão muito educativa. Sempre que alguém liga um televisor, eu vou para outro quarto ler um livro."
- Groucho Marx
Dançar
Por ocasião dos 90 anos da aparição de Fátima não vos apetece simplesmente começar a dançar?
12 maio 2007
Fórum de Comércio Justo
(In)Segurança Social?
Sérgio Aníbal no Público de hoje refere que "Reforma faz o Estado poupar 6,9 por cento do PIB em 2050". Segundo Vítor Constâncio, Portugal pode, "[a]penas com a concretização de uma reforma [Segurança Social], (...) garantir a sustentabilidade das contas durante as décadas seguintes." Como tal será conseguido? "Pela aplicação do novo sistema de pensões, que é menos generoso para os beneficiários." Leia-se pensões mais baixas.
"Constâncio lembrou, no entanto, que (...) é necessário (...) que Portugal complete até 2010 o que está planeado em termos de redução do défice público no PEC entregue pelo Governo a Bruxelas. Ou seja, o executivo tem de conseguir reduzir o desequilíbrio anual das contas públicas para 0,5 por cento do PIB nos próximos três anos. O governador mostra-se confiante no cumprimento deste cenário e voltou a não poupar elogios à política orçamental seguida pelo Governo. "No ano passado, tivemos um desempenho extraordinário e, portanto, isso torna mais credível a possibilidade de continuação deste caminho nos próximos anos", disse."
Portanto, já sabemos o que nos espera. Os mesmos que nos roubam, são os que para ainda andam a insultar-nos com o luxo pago por nós.
(para uma discussão da política d o possível ver aqui)
FAGTL
"A Frente pela Antecipação do Grande Terramoto de Lisboa [FAGTL]
vai ao Lisboa Ideal.
Conferência Pública > Sábado > 12 de Maio > 23h45
Átrio da Escola Superior de Dança > Rua da Academia das Ciências, 5 (à Rua do Século)
A já reconhecida FAGTL (Frente pela Antecipação do Grande Terramoto de Lisboa) tem levado a cabo nos últimos dias uma série de acções de sensibilização pela capital. Contando já com o apoio de alguns milhares de habitantes da Área Metropolitana de Lisboa, a FAGTL pretende que o "esperado" terramoto ocorra o mais rápido possível. "Precisamos de fazer reset neste sítio" afirma, em tom de brincadeira, João Silva, engenheiro informático e um dos grandes impulsionadores da Frente.
"Lisboa é hoje uma acumulação de destroços. Não tendo sido devastada por nenhuma Grande Guerra, Lisboa é hoje uma cidade urbanística e humanamente destroçada: do Estado Novo à economia liberal, a urbe tem sido sistematicamente esvaziada por um paradoxal preenchimento." "
A escolha de Bliar
11 maio 2007
PELO DIREITO À HABITAÇÃO
"ACÇÃO SIMBÓLICA
CONTRA A ESPECULAÇÃO PELO DIREITO À HABITAÇÃO
EM LISBOA E VÁRIAS CAPITAIS DA EUROPA
Sábado, 12 de Maio, 15h30 Rua do Alecrim, junto ao Cais do Sodré.
Pela primeira vez na Europa, os movimentos de luta pela habitação realizam uma acção conjunta com o objectivo de denunciar a especulação imobiliária e a violação do direito à habitação. Desde Lisboa até Paris, passando por Bruxelas, Roma e Sevilha, entre o dia 11 e dia 12, várias iniciativas acontecerão em defesa de um direito fundamental e básico de cada cidadão : o direito à habitação.
Em Portugal, e particularmente em Lisboa, existem situações escandalosas e alarmantes, desde demolições de bairros completos colocando os moradores na rua até prédios camarários vazios há dezenas de anos.
Os compromissos assumidos pelo governo com os moradores após as demolições continuam por cumprir, e os actuais programas de habitação revelam-se limitados e não constituem uma solução estrutural que permita que o cidadão se torne autônomo no acesso à habitação.(...)
Por uma verdadeira política de habitação, que não pode fugir ao combate claro e firme da especulação imobiliária, que deixa milhares de imóveis devolutos e promove a subida artificial e imoral dos preços a uma dimensão fora da realidade, convocamos uma acção de denúncia com os moradores de bairros periféricos da Cidade de Lisboa(..)
Colectivo de moradores de bairros periféricos da Cidade de Lisboa
Grupo Direito à Habitação da Associação Solidariedade Imigrante
Rua da Madalena, 8º- 2ºandar, 1100-321 Lisboa
direito.a.habitacao@gmail.com"
Bastonadas democráticas
Memória curta
Manuela Ferreira Leite lembrou-nos todos ontem que "o Estado não devia fazer investimentos em infra-estruturas que depois não são utilizadas por ninguém". Falava a ex-ministra das Finanças a propósito do Metro da Margem Sul, cujo primeiro troço foi recentemente inaugurado.
Manuela Ferreira Leite conseguiu com uma única frase revelar mais dois aspectos da sua personalidade, depois dos erros passados sobre anatomia (ver imagem): a de vigarista e a de ignorante.
Vigarista, porque conforme a TSF relatou ontem, foi Manuela Ferreira Leite que assinou o contrato de concessão do Metro da Margem Sul, juntamente com Valente de Oliveira e a presidente da Câmara Municipal de Almada.
Ignorante, pois este primeiro troço serve pouquíssima gente, e só com a rede completa é que se terá uma utilização plena do metro.
O "eleito"
10 maio 2007
A décima nação mais rica do mundo é o Pentágono
A "mãe de todas as guerras" foi como lhe chamou Rumsfeld, para colar a guerra no Iraque às memórias heróicas da Segunda Guerra Mundial. Ninguém se convenceu: faltava a ameaça global para justificar a ofensiva, faltavam os aliados para a combater, e os caninos dentes do imperialismo estavam bem à mostra para sugerir outros paralelos históricos.
Mas Rumsfeld afinal tinha razão porque em despesa as duas guerras são comparáveis. O seu substituto no Departamento da Defesa (mais da Guerra do que da Defesa), Robert Gates, pediu ao Congresso 700 biliões de dólares (ou milhares de milhões) de orçamento. O valor coloca o Pentágono como a 10º a 15º maior "economia" do mundo, dependendo dos ajustes monetários. E a guerra do Iraque fica logo atrás da Segunda Guerra como a mais cara da história. Dêem-lhe mais uns anitos e até lhe passa a perna.
O senhor Bush e o senhor Blair garantem inscrição nos livros de história.
A premente questão salarial
Bye, bye, Bliar!
|
|
|
|