27 maio 2007

 

Zeca e as praxes [II]


Outro argumento que surge com frequência em defesa do bom nome da praxe…

Nota: gostava de relembrar que a praxe para além de ter bom nome, é uma tradição ancestral em todo o país. Já há centenas de anos que se pintavam os caloiros com canetas de feltro. E mesmo nos institutos ou faculdades que apenas existem há menos de 50 anos, a mesma coisa. A praxe já se fazia mesmo antes de haver universidades em Portugal, tão antiga que é.

…continuando, outro argumento que surge com frequência em defesa do bom nome da praxe costuma ser a sua definição e „institucionalização“ através do código de praxe. O que normalmente é o mesmo que dizer „Uh, nós temos um código, isto não é tudo feito à balda“. Para quem nunca leu um destes fascinantes documentos, é só consultar algumas amostras neste link. Acho que o Direito Português teria algumas coisas a aprender de passagens como:

„De igual modo os urinóis abertos não protegem, mas ao infractor só pode ser aplicada a sanção depois de ter urinado, ainda que não tenha sido esse o motivo que aí o levou.” (sobre os sítios seguros para a vítima da praxe, retirado do código de praxe de Coimbra)

“É falta extremamente grave exercer Praxe recorrendo ao uso de produtos agro-pecuários, hidráulicos, ou outros do mesmo calibre, como, por exemplo, espuma de barbear, pasta de dentes, cal e farinha; exceptuam-se apenas dois casos,: a Praxe de um estudante que tenha usado tais produtos ao exercer a Praxe, e o caso de uma Praxe de Curso, em que tais produtos sejam necessários; porém, e apesar de ser nesse caso permitido, o seu uso é desaconselhado, por tender a estupidificar a Praxe.” (é estupidificante, mas lá que se pode, pode. Fica-me a dúvida se estão a tentar impedir alguma coisa ou apenas a dar ideias. Retirado de um código de praxe do Minho)

E por aí fora, muitas linhas sobre hierarquias, capas, grelos e o diabo a quatro, muita liberdade para quem vive no topo e nenhum direito para quem vive na base (excepto o de cumprir os seus deveres). Mas ria-se, perceba-se a piada, e deixe-se as Universidades serem geridas à lei da matrícula. Atrás da multidão de capas pretas, agressores, homicidas e violadores encontram o seu refúgio.



   

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