28 fevereiro 2007

 

* Iraque, a guerra perdida * Irão, a guerra prometida *


O que é afinal o "Novo Médio Oriente" anunciado pelos EUA?
Atolados no Iraque, estarão os EUA tentados a ganhar tempo com um ataque ao Irão?
De onde vem a ameaça nuclear? Do Irão ou dos EUA e Israel?
Tratado de Não-Proliferação Nuclear: dois pesos, duas medidas?

Sessão pública de informação e debate
Sexta-feira 2 de Março, às 21:30
Associação 25 de Abril
Rua da Misericórdia, 95, Lisboa


Intervenções:
Jorge Figueiredo, editor do site resistir.info
Domingos Lopes, CPPC
Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril
Manuel Raposo, membro do Tribunal-Iraque

Iniciativa conjunta da Associação 25 de Abril e do Tribunal-Iraque.

 

Para Victor


“My guitar is not for killers, greedy for money and power
But for the people who labor so that the future may flower
But a song takes on a meaning when its own heart beat is strong
Some by a man who will die singing, truthfully singing his song”

(retirado do Informação Alternativa, concerto em memória de Victor Jara)

27 fevereiro 2007

 

Lopes da Silva na Taça de Portugal


Em dia de Taça, os fãs do Gato fedorento vão torcer todos pelo Grupo Desportivo Bragança no seu jogo contra os Belenenses. Afinal, o seu treinador é o... Lopes da Silva!

 

A Nacionalização do Zeca


Por ocasião do aniversário da morte de Zeca Afonso assistiu-se a episódios no mínimo caricatos. Enquanto os mais reaccionários querem esquecer que Zeca alguma vez existiu, outros reclamam a sua herança como sendo nacional. Para muitos destes, Zeca, esse "artista excepcional" foi também um anti-fascista que ajudou a conquistar a presente liberdade. Denunciando o suposto aproveitamento político/partidário da sua figura, dizem que Zeca sempre esteve acima dessas coisas.

Zeca, as suas músicas e poemas não são certamente exclusivas de ninguém. Mas também não se compadecem com esta amputação grosseira do que foi a sua vida e as suas convicções. Zeca não se ficou pelo anti-fascismo. Bem pelo contrário, o seu desejo de liberdade não se extinguiu a 25 de Abril de 1974, mas sim reforçou-se. Correu o país, participou no PREC e foi um dos muitos que lutaram e sonharam um Portugal melhor. A morte veio-lhe encurtar a luta, mas não o seu compromisso com a vida.

 

Oscars ou Razzies?


Não houve nem grandes surpresas nem grandes discursos nos oscars de ontem. Os agradecimentos foram até bastante mediocres e insonsos. Nem uma dentada política, como às vezes alguém se atreve.

Dentro do esperado, destaco três dos prémios. O de melhor actriz principal foi para a raínha. De facto, pela maneira como estavam a falar, mais parecia que tinham atribuído o oscar à Elizabeth Windsor do que à Helen Mirren. Estes americanos adoram a monarquia!

O melhor director lá foi para o Scorsese. Puseram o Spielberg, o Coppola e o Lucas, os três a dar-lhe o prémio. E no fim davam-lhe palmadinhas nas costas. Aquilo parecia mesmo do género "va lá, depois destes anos todos, tu até mereces ser um dos nossos".

Mas o mais deprimente, mesmo que previsível, foi o Inconvinient Truth do Al Gore que levou não só o de melhor documentário como o de melhor música original! Nesta última categoria derrotou três canções que estavam nomeadas pelo Dream Girls – um musical! Como é que é possível? Não sei... E ganhou o documentário contra, entre outros, dois filmes sobre o Iraque. Como se não bastasse, tudo agradecia ao Al Gore, a grande inspiração que ele é e que salvar a Terra não é ser-se azul ou vermelho, mas verde, não é uma questão política é moral, blá blá blá. As crianças iraquianas que se lixem, o nosso quase presidente é que é importante.

A verdade incoveniente que se esqueceram de mencionar é a hipocrisia disto tudo. O Sr Gore esteve na Casa dos Representantes durante 8 anos e mais outros 9 no Senado e ainda foi vice-presidente dos EUA por mais 8 anos. E nessa altura, o que é que fez pelo ambiente? Escreveu um livro! E se, como gosta tanto de dizer, já anda nesta luta há 30 anos, eu pergunto o que é que ao fim deste tempo todo conseguiu? É que se foi só um filme, em slides powerpoint, e umas aulinhas aqui e ali pagas a peso de ouro, então isso mostra bem o empenho que o Sr tem tido na crise climática.

Enfim, pelos prémios da gala, aquilo foi mais razzies que oscars! Fiquei foi com vontade de ver os documentários do Iraque: Iraq in fragments e My country, my country.

25 fevereiro 2007

 

Despertado pelo invasor


A secção “No Comment” do canal Euronews, exibe jeeps militares a percorrer anónimas ruas do médio oriente. Nas esquinas curvados, jovens lançam pedras aos blindados. A legenda dispensa-se, os homens das pedras são Palestinianos e dentro da couraça à prova de bala armados com calibre pesado estão Israelitas. As ruas são de Nablus na Cisjordânia. Eu acordei com as notícias às 10 da manhã: os palestinianos foram despertados pela incursão no início da noite. Eu dormi, eles não. O terror que este povo vive é tão longe da minha afluente segurança.

O ataque faz-se com a justificação do costume: o direito israelita à auto-defesa. Israel não identifica que grupos procura nem dá provas de incriminação. Israel invade com uma arrogância moral assente no silêncio do mundo. No momento em que um governo de unidade nacional fez tréguas entre a Fatah e o Hamas, e a negociação de paz foi barrada por Israel, esta é mais uma humilhação à autoridade palestiniana. Se Israel não reconhece as fronteiras da Palestina, ou a autoridade policial do seu Estado, então porque haverá o Hamas de reconhecer Israel?

 

A ameaça nuclear (americana)


No quarto aniversário da invasão do Iraque revivemos as mesmas mentiras e ameaças de há quatro anos, só com uma diferença: a palavra Iraque é substituída por Irão. O neoconservador fanático Dick Cheney reafirmou este fim de semana que se for preciso os EUA usarão a força militar contra o Irão. As “evidências sólidas” que a Casa Branca dispõe são as de que “agentes iranianos estão envolvidos em redes de apoio à insurgência iraquiana e que trabalham com indivíduos e grupos no Iraque”. Bush garante que vão encontrar e destruir essas “redes”, entenda-se o Irão.

Os fundamentalistas da Casa Branca insinuam relações obscuras entre o Irão e o terrorismo e querem fazer esquecer os factos. O Irão tem-se oposto à AlQaeda, condenou os ataques de 11 de Setembro e apoiou os EUA na guerra do Afeganistão. Segundo o NY Times, o LA Times e oficiais militares britânicos, o Irão não fornece armas a países estrangeiros. Não possui nenhuma arma nuclear nem nunca ameaçou construir uma. A CIA estima que mesmo que haja vontade política para tal só serão capazes de ter uma bomba nuclear em 2017.

Ao contrário de Israel e dos EUA, o Irão cumpre as regras do Tratado de Não Proliferação Nuclear, aliás foi um dos primeiros signatários. Permitiu livres inspecções no país até 2003, altura em que os EUA lhes impuseram medidas punitivas. Mesmo assim, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, durante os últimos três anos o Irão permitiu os seus inspectores “irem a qualquer lado, verem o que quer que seja”. Ao contrário de Israel, a quinta maior potência militar do mundo, com armas nucleares a mirar alvos no médio oriente, com o cadastro do maior número de violações das resoluções da ONU e que exerce a mais longa ocupação da história, o Irão tem obedecido às resoluções internacionais e não ocupa nenhum território que não o seu próprio.

O que se sabe, mas não se diz, é que os EUA já começaram a equipar as suas bases navais no Mediterrâneo oriental. Também se sabe que em 2004 o conselho de segurança da presidência americana redigiu a directiva 35 intitulada Autorização para o Lançamento de Armas Nucleares. É a primeira vez desde a guerra fria que Washington discute abertamente o recurso ao nuclear. O Arab Times do Kuwait, amigos bem informados de Bush, prevê que o ataque ao Irão acontecerá antes do final de Abril.

O Iraque foi só o primeiro passo para a desestabilização do médio oriente e o controlo do petróleo. Passamos agora para a segunda fase. A maior parte da humanidade foi contra a invasão do Iraque e também o será no caso do Irão. Mas, como corajosamente aponta John Pilger no artigo onde encontrei a denúncia destes factos, jornalistas, artistas, escritores e outros intelectuais, que gostam tanto de falar em “liberdade de expressão”, estão mais uma vez silenciosos. Estão à espera de quê? Que uma bomba em forma de cogumelo rebente no médio oriente?

24 fevereiro 2007

 

Mais com menos


No outro dia, enquanto movíamos imagens entre USBs e discos rígidos e cuidadosamente gravávamos tudo em duplicado para nunca se perder, pensámos – será que esta facilidade e quantidade de registos, vídeos e fotografias não desvaloriza cada uma destas imagens? As fotos, que no passado eram relíquias e tesouros, não se perdem hoje no meio de tanta abundância?

Esta foto por exemplo, não teria sido esquecida se estivesse entre dois gigabites de memória, com mais duas mil outras fotos parecidas?


Mas num desejo de registar relíquias, deixo aqui esta... A minha querida avó Graça, hoje com 91 anos, é a primeira da direita.

A foto foi retirada com muita amizade e admiração dos Olhares da minha prima Alexandra.

23 fevereiro 2007

 

José Afonso


Recordo os discos que se ouviam em casa. Sabia algumas músicas (ou uns pedaços) de cor, virtude das longas viagens para o Algarve em que se cantava para esquecer o calor e almejar o destino que nunca mais chegava.

Ao funeral, houve lá em casa quem fosse mas não me deixaram ir. Não que eu tivesse noção do que era. Fiquei a saber quando perdi a vista ao mar de gente que passava lá em baixo na rua, o caixão levado em ombros com um pano vermelho por cima. Sei agora que eram 30 mil.

Ficou também a memória do Círculo Cultural de Setúbal dos anos 80, onde soube mais tarde que também José Afonso tinha participado. Era agora o tempo dos “tempos livres” para os miúdos, e das aulas de alfabetização para os adultos.

Depois vieram outros tempos. Outras músicas se aprenderam de outros músicos, mas também as do José Afonso. Nos anos 90 reavivou-se a memória: os Filhos da Madrugada cantavam José Afonso.

E aí reaprendi. As músicas de intervenção, a música de protesto feita música tradicional portuguesa. As entrelinhas, a revolta, a senha da revolução, a esperança da independência das ex-colónias (“veio da mata, um homem novo do MPLA”). E em 1983, no concerto do Coliseu organizado para arranjar fundos para os tratamentos da doença degenerativa de que padecia, cantou de novo.



Morreu de pé, como as árvores, mas ainda faz muita falta.

22 fevereiro 2007

 

Contra a execução de três resistentes iraquianas


"As execuções dos que eles chamam 'terroristas' e 'criminosos' têm ocorrido às dúzias desde há um ano para cá. Uma execução pública teve lugar em Mossul, no norte do Iraque, há dois meses. Todavia, é a primeira vez que se ouve falar da condenação de mulheres à morte". Haifa Zangana, escritora e resistente iraquiana

Wassan Talib, de 31 anos, Zainab Fadhil, de 25 anos, e Liqa Omar Muhammad, de 26 anos, podem ser enforcadas a qualquer momento, todas condenadas por “atentado contra bens públicos” por um governo que nem sequer é capaz de fornecer energia eléctrica mas enche as ruas de cadáveres. Estão em Bagdade, na prisão de Al-Kadhimiya. Duas delas têm filhos pequenos consigo. A filha de um ano de Liqa nasceu na prisão. As três mulheres negam as acusações que lhes podem valer a forca.

O parágrafo 156 do Código Penal Iraquiano, nos termos do qual foram julgadas, diz: “A pessoa que voluntariamente cometer um acto com intenção de violar a independência do país ou a sua unidade ou a segurança do seu território e que, pela sua natureza, originar essa violação é punível com pena de morte”. O governo “fantoche” acusa estas mulheres pelos crimes que ele próprio comete.

Nenhuma das três mulheres foi autorizada a comunicar com um advogado. Os julgamentos a que foram sujeitas são ilegais à luz das leis internacionais. As três mulheres são prisioneiras de guerra, cujos direitos são protegidos pela Terceira Convenção de Genebra. Executá-las seria, não apenas ilegal e sumário, mas completamente imoral. A civilização mundial reprova a pena de morte, mas os líderes feudais do Iraque fazem das suas execuções um espectáculo público.

Num país onde é evidente não existir um Estado nem um sistema judicial, a ocupação e o seu governo fantoche servem-se, como todos os regimes repressivos na história, de falsos tribunais para exterminar quem se lhes opuser. Não pode haver um julgamento legal onde não existem as condições civilizacionais para um processo justo, no mínimo com a presença e a segurança de haver advogados.

As mulheres iraquianas são o legado da vida da nação iraquiana. Ao contrário, o governo instalado pelos EUA, com o seu carácter retrógrado, apenas impõe uma cultura da morte. No Iraque, que era o país mais progressista da região quanto aos direitos das mulheres, a invasão dos EUA fez eliminar todas as protecções legais. Os EUA e os seus conspiradores locais, provocando a existência de centenas de milhares de viúvas e reduzindo a vida no Iraque a uma luta pela sobrevivência, colocaram as mulheres na sua mira e agora no cadafalso.

As mulheres são sempre as primeiras e as últimas vítimas da guerra. Nós admiramos os inumeráveis actos de resistência das mulheres iraquianas, pela sua reacção à cultura de violações, torturas e assassinatos dos EUA e das tropas iraquianas, pela força moral com que continuam a gerar a vida no meio do genocídio promovido pelo Estado, pela dignidade com que tentam assegurar alguma normalidade aos seus filhos e famílias, pela coragem com que sepultam os maridos, os filhos, as filhas ou os irmãos, ou pela acção directa com que enfrentam uma ocupação militar ilegal e falhada.

Exigimos a libertação de Wassan, de Zainab e de Liqa, e de todos os presos políticos do Iraque. Apelamos a todas as pessoas, organizações, parlamentos, trabalhadores, sindicatos e Estados para que deixem de reconhecer este governo iraquiano, sectário e favorável à ocupação. Apelamos a que se promovam de imediato protestos em todas as embaixadas do Iraque no mundo. Não há honra nenhuma no assassínio de mulheres. A ocupação é a pior das formas de ditadura. Não são estas três mulheres quem deveria ser acusado em tribunal; é, isso sim, este governo e o seu promotor estrangeiro.

Hana Albayaty
Ian Douglas
Abdul Ilah Albayaty
Iman Saadoon
Dirk Adriaensens
Ayse Berktay

É vital denunciar a condenação à morte das resistentes iraquianas. Importa repudiar mais esta barbaridade, informar o maior número de pessoas de mais este horror e compelir as autoridades iraquianas a revogar a sentença. Mais informações em Tribunal Iraque.

 

Adivinhem quem...


...,ao longo do seu curso político, recebeu as seguintes condecorações:

* Grã-Cruz da Ordem do Infante (Portugal)
* Grã-Cruz da Ordem do Libertador (Venezuela)
* Grã-Cruz da Estrela Polar (Suécia )
* Grã-Cruz da Ordem de Francisco Miranda (Venezuela)
* Comenda de Benemerência da Cruz Vermelha
* Cavaleiro Honorário da Ordem Bizantina do Santo Sepulcro
* Medalha “Pro Mérito”do Conselho da Europa
* Medalha de Honra da Cidade do Funchal;
* Medalha de Honra do Município de Santa Cruz
* Colar de Honra do Município de S. Vicente
* Orden Communidad del Municipio de Chacao
* Orden don Ricardo Montilha, Orden Juan Guilhermo Irribarren, Orden Saurau de Aragua e Orden Jacinto Lara, atribuídas pelos respectivos Estados venezuelanos .
* Medalha de Reconhecimento, Medalha de Serviços Distintos e Medalha de 20 Anos de Bons Serviços, todas da Liga dos Bombeiros Portugueses
* Medalha de Serviços Distintos do Corpo Nacional de Escutas.








resposta (invertida): midraJ oãoJ otreblA

21 fevereiro 2007

 

Jornadas da Habitação


Dia 24 de Fevereiro encerram as 1ªs Jornadas da Habitação.

Dia 25 há manifestação (15 horas na Praça da Figueira).

 

Este SIMPLEX é cá uma pedra!



20 fevereiro 2007

 

Manda e desmanda


Porque os telegramas são informativos.

Dezembro 2001: Começa a segunda Intifada STOP
Israel rejeita Arafat como líder do Estado Palestiniano STOP
Israel faz refém as receitas fiscais e bloqueia a circulação de bens com destino à Palestina STOP

Maio 2003: A autoridade Palestiniana escolhe um primeiro-ministro que agrade a Israel STOP
Chama-se Mahmoud Abbas e inicia uma batalha contra Arafat pela partilha do poder STOP

Agosto 2003: Abbas demite-se do cargo de primeiro-ministro STOP
Israel mantêm que com Arafat no poder não haverá negociação STOP

Janeiro 2005: Arafat morreu em Novembro STOP
Abbas é eleito como candidato da Fatah, e ganha as eleições Presidenciais STOP

Janeiro 2006: Um ano passado sem resultados negociais STOP
O Hamas vence as eleições legislativas e forma governo STOP
Israel com a União Europeia e os EUA congelam a ajuda internacional à Palestina e fecham as fronteiras STOP

Dezembro 2006: Há uma tentativa de assassinato ao primeiro-ministro Ismail Haniya e uma ameaça de guerra civil STOP
Fatah procura um ajuste de contas com o Hamas STOP

Fevereiro 2007: O estrangulamento da ajuda internacional agrava a miséria social STOP
Hamas concorda partilhar o poder governativo com a Fatah STOP
Abbas é nomeado chefe do governo STOP
Hamas não faz uma acção militar contra Israel há dois anos STOP
Israel continua a recusar negociação STOP?

19 fevereiro 2007

 

Meta-fora


Certo dia choveu muito sobre este país. A chuva entrou nas roupas, entrou nos corpos. O porte ficou pesado, de movimentos tolhidos, sem graça e de prematuro cansaço.

O país ainda não secou. Nem se sabe de que era feita a chuva.

18 fevereiro 2007

 

Menos pão, menos circo


Festeja-se o Carnaval, Mardi Gras, na frágil cidade de Nova Orleães. Mas os destroços deixados pelo furacão Katrina, que assolou a cidade no verão de 2005, ainda estão bem presentes. Foram 1300 mortos nas cheias e mais de 300 mil deslocados que ainda hoje não voltaram para casa. Juntam-se o crime e quilómetros de devastação, excepto na zona rica do centro, que já está como era antes.

Um dos responsáveis pela reconstrução de Nova Orleães é o empresário Donald “Boysie” Bollinger, que viu o seu negócio crescer. Não está nada preocupado com as centenas de milhares de pobres que tiveram de abandonar as suas casas e ainda não voltaram. Aliás tem contribuído activamente para isso e explica que o Katrina teve um lado positivo: afastar as drogas, o crime e a pobreza endémica dos afro-americanos. Fala mesmo em “efeito de limpeza do Katrina”. Este racista, amigo de George Bush, está à frente das principais comissões de ajuda a Nova Orleães. Se os negros e pobres da cidade já tinham sido abandonados no seu próprio país, pelo seu governo aquando do furacão, são agora mal tratados uma segunda vez, impossibilitados de voltar para casa.

Antes do Katrina, a festa de Carnaval chamava à cidade mais de um milhão de visitantes. Em 2006 foram menos de 700 mil. Quanto ao Carnaval deste ano, ainda não se sabe como vai ser, mas a festa foi precedida, na quinta-feira, pelo assassinato de duas pessoas em Ninth Ward, uma das zonas mais afectadas pelo Katrina, e por um tiroteio numa discoteca na sexta-feira que deixou 6 pessoas feridas. Assim se passa na nova Nova Orleães. Assim se passa no país mais rico do mundo.

17 fevereiro 2007

 

Iraque e Irão

América muda o trunfo, mas a manha é sempre a mesma.


16 fevereiro 2007

 

A credibilidade é para os parvos


Lisboa. O Vice-Presidente Fontão de Carvalho foi indiciado. Carmona Rodrigues, num momento de febril temeridade, tinha prometido à Assembleia Municipal que se o escândalo chegasse ao topo do executivo, a demissão e eleições seriam o curso mais razoável. Repensou a sensatez e reiterou a confiança em Fontão de Carvalho.

De pouco interessa ao PSD que o país inteiro lance um olhar revoltado ao seu executivo. Uma Câmara em crise financeira, abriga uma corja de piratas a passear em Audi A8 4.2 V8 Quattro (“oferta” do Santana Lopes). Nos Paços do Conselho o PSD afinca unhas, dentes, ata-se, barrica-se no poder. A quem tanto rouba custa largar o saque.

 

O Pai Tirano


O Presidente Cavaco senta-se na poltrona de Pai da Nação, e diz às filhas e filhos a propósito da futura lei sobre a I.V.G.: "Num momento em que o país enfrenta tão grandes dificuldades, com a necessidade de combater o desemprego, bater-se pelo desenvolvimento, combater a pobreza, unidos conseguiremos melhores resultados do que se tivermos uma sociedade dividida por profundas clivagens", e insiste que os partidos aprovem uma lei "o mais consensual possível". Leia-se: "não aceito a proposta do PS que dispensa o período obrigatório de aconselhamento, e quero que o PS negoceie à direita os termos da legislação." Já se conhecia, a preferência deste pai pelo filho varão.

Se o Presidente que também é Professor, agora Pai, talvez Padre, está confortado que tem ainda cinco anos de mandato, não devia esquecer que as memórias nem sempre são curtas. E sendo que até gosta de contas, saberá que os dois milhões e duzentos mil que votaram “sim” são 40 por cento do eleitorado num sufrágio Presidencial ou Parlamentar. É soma suficiente para lhe causar, e ao PSD, e à direita em bloco, transtorno. Venha lá essa clivagem, e sente-se à mesa de jantar com a gente!

15 fevereiro 2007

 

Triste progresso


Em 1971, Margaret Thatcher era ministra da educação britânica e acabou com a distribuição gratuita de leite nas escolas primárias. Seguiram-se, no espaço de 15 dias, o aumento dos custos das propinas nas escolas e universidades e os cortes no orçamento para as refeições escolares. “Tatcher milk snatcher” marcou o início de uma política de desinvestimento nas crianças britânicas. Em 2007, o Reino Unido figura em último lugar na tabela de bem-estar infantil no conjunto dos países ocidentais.

Os dados são de um estudo recente da UNICEF que olhou para 40 indicadores de bem-estar infantil, incluindo pobreza, saúde, educação e relações familiares em 21 países, chamados de “desenvolvidos”. As crianças britânicas são as que se sentem mais infelizes e inseguras e que apresentam mais comportamentos de risco. Consideram as suas relações familiares e entre colegas pobre. Têm falta de esperança e expectativas no futuro. Logo a seguir, em penúltimo lugar estão os EUA. Resultados vergonhosos que nos obrigam a admitir que a destruição do estado de providência cresce a par do mal-estar infantil. Tirar o leite às crianças para investir em tanques tem consequências desastrosas e quem sabe irreversíveis.

 

The Boondocks


... numa das melhores metáforas à Guerra no Iraque que já vi até hoje. Demora um pouco mas vale a pena.



14 fevereiro 2007

 

O julgamento (2)


A 11 de Fevereiro, o domínio da Igreja Católica sobre o Estado português foi referendado. Os votos do “sim” traçaram uma divisão no mapa cultural. De um lado ficou a sociedade civil, de direito penal, do outro a sociedade moral, a indústria religiosa. Afirmou-se que a moralidade não dita a lei.

Desde cedo, os comentadores internacionais notaram que o debate sobre a I.V.G. era um teste ao controlo que a Igreja Católica detem sobre as consciências e os corpos das mulheres. Mas para quem vivia a campanha a Igreja era: um espectro, uma sombra, um inominável. Dirigido pelos apelos à “serenidade” do PS, o “sim” engoliu a voz para não nomear o óbvio. Noticiou-se a campanha de intimidação e de medo da padralhada e das suas instituições instrumentalizadas, mas não se firmou uma denúncia.

Promete o PS com esta estratégia encerrar, passo a passo, o poder religioso em domínios cada vez menores de influência e privilégio. A política desculpa-se do confronto, ninguém tem que fazer nada, só esperar… O combate é substituído pela sedução da sociedade do consumo e do espectáculo que vai arruinando tranquilamente os valores arcaicos.

Esta retórica esconde um medo. O centro esquerda quer os votos dos católicos, e teme por pragmatismo, que enfrentando a Igreja motive votos à direita. Teme o combate com a Igreja porque ideologicamente, não sabe se desprender dessa disciplina moral. A ideologia deste país – a sacralização da família, o pudor sexual, o machismo bíblico, a apologia da moderação e do perdão, o temor à autoridade – tem uma raíz católica. A cultura nacional permanece encarcerada em óstia e água benta.

Depois de 48 anos de uma ditadura de regimento católico, e mais 32 anos de regime parlamentar, a voz anti-clerical permanece amordaçada. Não podemos aceitar a interpretação decorrente deste referendo, que a Igreja é tolerável se ficar de fora do poder legal. Não podemos deixar que esta divisão sirva para ocultar a sua importância e consequência no espaço público. Com ou sem despenalização, esses sequestradores das consciências chantageiam os seus adeptos com promessas de paraísos e ameaças de infernos. E continuam o seu negócio de sacar benefícios fiscais e propriedade imobiliária em troca de uma obra de caridade com que recrutam crentes. Esta corporação tentacular não é uma inócua vizinha, à margem da política, com quem podemos conviver.

Negligenciar o combate contra a Igreja Católica é aceitar a sua moralidade que envenena a nossa democracia. No momento em que as religiões globalmente recuperam protagonismo cultural e político, nós não podemos ser dóceis.

13 fevereiro 2007

 

Obama isn’t black


A superficialidade é uma notória característica do comentário político. O recente furor sobre a pré-candidatura (candidatura a candidato) de Barak Obama à Presidência dos EUA, comprova a regra. Bastou aos comentadores nacionais passassem os olhos por uma foto de Obama para assumirem que é negro. Se tivesse tido mais paciência e reflexão, teriam notado que não é.

Obama é filho de pai Queniano e de mãe branca Americana. Obama foi criado num lar de afluência pelos seus avos maternos, estudou advocacia em Harvard, e só com o início da sua carreira politica teve contacto com a comunidade afro-americana. Obama esteve sempre protegido das agressões da miséria económica e insulado das lutas diárias e históricas pelos direitos civis. Este filho de emigrantes negros (tal como Collin Powell, filho de Jamaicanos) não partilha da herança histórica da escravatura, uma agressão ainda enraizada no mapa social e político Americano.

Os analistas brancos aplaudem-no com um entusiasmo que foi vetado às campanhas Presidenciais de Jesse Jackson ou de Al Sharpton. Obama representa uma classe média que em tom retórico, em pose de campanha, ou em programa não tem uma política negra. Vender Obama à comunidade afro-americana é implantar uma nova ideologia onde se deslaçam as identidades do passado, as bases da violência e urgência das suas lutas. Obama é pacificação, o reclame chama-lhe modernidade.

A comunidade Afro-Americana resiste apoiar Barak Obama - 25% contra 55% de apoio a Hillary Rodham Clinton - e os lideres da comunidade desafiam-no a clarificar o seu compromisso com aqueles a quem reclama identidade. A misceginação ideológica não convence. Já ninguém se deixa enganar por “terceiras vias” que são o melhor de dois mundos. Estes apelos são a política branca a pintar-se de negra.

refs... WP; NYT; NP.

 

O julgamento


A Igreja Católica, ora como mentor, ora como instrumento, tem desempenhado um papel central neste rectângulozinho desde a sua criação. Século após século agrilhoou os portugueses à subserviência e ao medo. Apesar da sua influência decrescente, continuam a ditar a lei e a consciência em algumas regiões.

A propósito do recente referendo mobilizaram-se e clamaram do alto dos seus púlpitos. Disseram que não, que Portugal não se podia tornar num país de assassinos, que a lei dos homens não se pode sobrepor à lei de Deus (ou da Igreja?). Acusaram mulheres e homens, apontaram o dedo, como eles sabem tão bem e julgaram-nos.

No dia 11 de Fevereiro, a Igreja, com o pretexto de velar pela fé das suas ovelhas, fez em diversas paróquias campanha pelo “Não”. Não é novidade a sua tentativa de influenciar eleições, mas a sua escala e os apelos no próprio dia ao voto em pleno século XXI assumiram proporções inaceitáveis. Esta sua recusa em respeitar regras básicas e na tentativa de manipulação grosseira da democracia (já de si tão maltratada) é vergonhosa.

No dia 11, não votámos apenas a despenalização do aborto e o reconhecimento do direito à saúde reprodutiva por todas as mulheres. Nem a campanha vergonhosa nos telejornais ou a campanha voluntariosa, mas tanta vez desorientada do “Sim”. Porque este resultado também é a recusa dos argumentos crápulas e medievais do “Não, obrigada”, “Assim, não” ou mesmo o “porque não”. A maioria dos Portugueses votou que nem a Igreja nem o Estado por imposição dela tinham o direito de proibir o aborto nem de atirar as mulheres para a clandestinidade.

No dia 11, finalmente chegou a nossa vez de julgá-los.

12 fevereiro 2007

 

Graças a Deus...


... eles admitem que doeu.

 

Apartheides


São quase 60 anos desde a expulsão de milhares de palestinianos dos seus lares, depois arrumados e por tanto tempo esquecidos em campos de refugiados. São essas cidades de miséria que Israel agora quer sitiar com um “muro de segurança” a lembrar a insanidade do Apartheid Afrikaner.

A política social da divisão contamina Israel. Os israelitas árabes de Jerusalém são encurralados em guetos, sob suspeita, com direitos económicos e políticos inferiores aos dos israelitas judeus. Mesmo entre os judeus há quem note diferenças de tribo e linhagem a justificar privilégios para uns (Ashkenazis) e penalidades para outros (Cefarditas). Uma nova expressão desta política social de Apartheid escolhe agora a divisão pelo género.

Exercitando uma das mais grotescas expressões de segregação, célebre nos estados do Sul dos E.U.A., regulamenta-se que nos autocarros as mulheres se sentem atrás e reservem os lugares da frente para os homens. A segregação dos autocarros tem sido acompanhada com insultos e agressões a mulheres, e as carreiras onde esta divisão é exercitada ascende já às quatro dezenas. A justificação desta violência é oferecida pela seita ultra-ortodoxa judaica Haredi. Segundo o seu código, o “contacto físico” entre homens e mulheres só é permitido entre marido e mulher ou entre familiares próximos. A seita prescreve ainda que as mulheres devem se vestir com “modéstia” e que devem cobrir as suas cabeças com perucas, lenços ou chapéus. Membros da seita atacaram lojas regando roupas em exposição com lixívia, para manchar os insultos da cor e revelar a “modéstia” (Times, 8 Fevereiro, 2007).

A loucura religiosa que justifica e alimenta o estado de guerra racista, não se auto-contem, é como um veneno que se espalha pelo corpo social.

 

Exaltações geológicas


O sim ganhou o referendo de 11 de Fevereiro.

A lei vai ser aplicada até 2008.

A terra tremeu de emoção.

11 fevereiro 2007

 

Há imagens bonitas



09 fevereiro 2007

 

José Mário Branco na web


Para quem queira ouvir José Mário Branco em "Ao vivo em 1997", enquanto se prepara para votar sim...

O site dispõe ainda de outros artistas de grande qualidade.

 

Aznar e a informação desconhecida...


«O ex-primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar, um dos maiores apoiantes da invasão do Iraque, admitiu na quarta-feira que não havia armas de destruição maciça no país, salientando que a informação era desconhecida em 2003» (DN, 9 de Fev, 2007)

Então, e as ditas provas apresentadas que ele bem como o nosso Zé Manel juraram a pés juntos serem verdadeiras?

PS - Recentemente, o Amílcar repescou uma foto de uma outra reunião dos Açores.

08 fevereiro 2007

 

auto-crítica estilistica...


Mais abaixo, num outro post, ficou a fotografia de Cristiano Ronaldo de tronco nú, e a possibilidade de dar uma dentada... ainda não houve ninguém que se aventurasse...

 

Obrigado gripe!


Ele lutava contra uma voz rouca, no limite do seu cansaço. Não estava bem. José Rodrigues dos Santos estava engripado, mas com ética de capitão de navio, não abandonava o posto de pivot do Telejornal. Finalmente, a gripe venceu e nós, espectadores, tivemos pausa daqueles seus ares de rapazola brejeiro em avançada e enrugada idade.

O senhor que se seguiu foi o solene José Alberto Carvalho. E com ele deu-se uma mudança na cobertura da campanha para o referendo. Nos telejornais do José dos Santos, o caso da menina Esmeralda ou reportagens encomendadas sobre a ciência intra-uterina, com muitas fotos e cor, prefaciavam a cobertura da campanha do “não”. Nos telejornais do José Alberto o paradigma é outro. Ontem, vimos o Ricardo Carriço em indignada e absurda afirmação que as mulheres farão abortos como quem lava os dentes, acompanhado pelo hip hop dos pueris “Força Suprema.” Seguiu-se uma rápida entrevista ao desarticulado José Ribeiro e Castro na companhia de uns painéis de letra grossa, que pela luz da filmagem estarão hospedados numa sub-cave. Depois, foi a vez da campanha do “sim” e a voz tranquila e firme de Maria José Alves falou das vítimas do aborto clandestino e da urgência de que os médicos zelem pela saúde das mulheres. Em igual tom de factual denúncia, ainda uma reportagem com o Bloco de Esquerda numa clínica de planeamento familiar numa periferia de Lisboa, onde a médica de serviço, apertada pela massa de doentes, revela que a maioria das gravidezes que acompanha é indesejada e difícil.

Não tenhamos medo da gripe, afinal é o melhor remédio para curar o Telejornal.

07 fevereiro 2007

 

O outro negócio obscuro


O aborto clandestino alimenta um negócio obscuro: o que envolve pessoas sem formação médica e que fazem abortos, sem condições, e o dos médicos que fazem umas horas extra nas suas clínicas privadas.

O que nós não sabíamos é que há um outro negócio obscuro. Pelo menos, a julgar pelas declarações de Castro Caldas no último Prós e Contras. Fala ele de se correr o risco de ter as mulheres a abortar por negócio (!), sendo o negócio a posterior utilização das “matérias fetais” resultantes do aborto.

Isto não lembra nem ao Diabo! Mas como todos sabemos que o Diabo também está nos pormenores, que dizer a esta utilização da expressão “matérias fetais” para nomear o feto abortado, ainda por cima quando vindo do “não” que se escandalizou uma semana antes com o facto de Lídia Jorge ter chamado de “coisa humana” ao embrião/feto.


 

no dia 3 de Abril de 1982...


... pediu a palavra o deputado do CDS João Morgado, para debitar as despalavras: "O acto sexual é para ter filhos.".

A resposta de Natália Correia, em poema, obrigou à interrupção dos trabalhos nesse mesmo dia:


Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;


e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.


Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -


uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.


( Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )

 

Eu não sou leviana!


Independentemente do resultado de domingo, este debate deixou a nú o que se tem tentado esconder e evitado dizer – é que em Portugal julga-se que as mulheres são menos capazes que os homens e como tal devem ter menos direitos.

Isto é verdade para aqueles que vão votar não, mas o que doi é ver que também o é para alguns do sim. Ainda ontem ouvimos médicos e juristas na TV a dizer que com a despenalização do aborto não haverá mulheres a abortar por capricho, porque estarão lá os médicos para o impedir. A essas irresponsáveis eles dirão que não podem abortar. Quero que me digam quem são essas mulheres que decidem "porque sim"? Onde é que elas estão? É que eu não conheço nem uma.

Às vezes o machismo vem em formas mais encapotadas. Por exemplo, "aborto por uma questão de saúde, condições de vida, sim, mas por outra razão qualquer, isso não; porque o corpo é meu, a barriga é minha, nem pensar!". Nem pensar?! Porque não? É a reflexão dela, contra a opinião de outra pessoa qualquer. Porque haverá esse outro, normalmente ele, de decidir sobre um assunto dela? Desenganem-se! Sejam os abortos realizados no dia 12, já legais ou ainda clandestinos, uma coisa é certa: é a mulher que os decide. Tem sido assim na maior parte dos casos e vai continuar a ser.

Não quero com isto dizer que o resultado no referendo é indiferente. Claro que é importantissimo que o sim ganhe. Razões de saúde pública, direito de decisão sobre a sua vida e o seu futuro, acompanhamento físico e psicológico da mulher que interrompe a gravidez são fundamentais. Mas há que exigir mais. Há que exigir que elas sejam tratadas com respeito, como capazes e inteligentes e não como crianças, estúpidas e fúteis como tem vindo a ser feito há séculos e que nestes dias se tornou tão óbvio. Isto implica reconhecer que as razões que a mulher evoca são tão válidas como outro motivo qualquer e que nesta questão em particular, ela é capaz de decidir melhor do que ninguém. Este direito é nosso. E nem juízes, nem padres, médicos ou maridos se podem sobrepor.

06 fevereiro 2007

 

Encerramento da campanha do SIM


LISBOA = JANTAR DE ENCERRAMENTO DA CAMPANHA DO SIM =


Sexta-feira, 9 de Fev
Estufa Fria de Lisboa
19h (às 19h45 temos de estar todos sentados!)
Preço máximo por pessoa 15€ (estamos a tentar baixar!)



Inscreve-te rapidamente!
Mail: jantar@jovenspelosim.org (com nome e contacto)
Tel: 964 150 115 ou 969 826 374

A campanha oficial já está prestes a terminar! É o sprint final!

Para acabarmos em força, todos os movimentos do SIM vão unir-se numa iniciativa de encerramento de campanha (a convocar pelo Movimento Médicos pela Escolha).

Onde fica e como chegar?
A Estufa Fria de Lx situa-se no Parque Eduardo VII, junto à rotunda do Marquês de Pombal.
Metro Parque [linha azul] Saída: Parque Eduardo VII | Av Fontes Pereira de Melo | Av António Augusto de Aguiar | Av Sidónio Paes
Metro Maquês de Pombal [linhas amarela | azul] Saída: Av António Augusto de Aguiar | Parque Eduardo VII | Praça Marquês de Pombal | Rua Braamcamp

PORTO = ENCONTRO PELO SIM =


Os Movimentos Cidadania e Responsabilidade pelo SIM, Em Movimento pelo SIM, Jovens pelo SIM, Médicos pela Escolha, e Vota SIM

Convidam-te a comparecer na quinta-feira dia 08/02, pelas 21h, no Cinema Batalha – Porto.
Presenças já confirmadas de Ana Deus, Adolfo Luxúria Canibal, João Loio entre outras pessoas.



A seguir ao Encontro pelo SIM estás convidado/a para a festa dos/as Jovens Pelo SIM no Bar do Batalha!

A TUA PRESENÇA E DIVULGAÇÃO DESTES EVENTOS SÃO IMPORTANTES!

APARECE :: DIVULGA :: APARECE :: DIVULGA :: APARECE :: DIVULGA

05 fevereiro 2007

 

O esperma também é vida…


Criminalizar a masturbação, já!

 

Medalha para a troca?


Souto-Moura foi condecorado hoje por Cavaco Silva, PR, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Esta condecoração é concedida "pelos destacados serviços no exercício das funções em cargos de soberania ou Administração Pública, e na magistratura e diplomacia". Só falta saber se Cavaco quer recompensá-lo, ou apenas se inclui no rol de milhares dos institucionalmente condecorados (género os sabonetes nos hoteis...).

De qualquer das formas, estas condecorações contribuem certamente para que neste momento de crise se ajude a credibizar o regime...

 

O referendo por Luís Delgado


Luís Delgado já nos habituou à sua visão particular do mundo. Desta vez, elucida-nos sobre o "problema fundamental" do referendo: "será [o referendo] vinculativo (mais de 50 por cento) ou não?

Para Intestino Delgado, "qualquer extrapolação dos resultados para uma maioria substancial e definitiva que legitime uma alteração legislativa, sem que o referendo tenha força formal e vinculativa, é um abuso inaceitável". [É] necessário obter os tais 50 por cento (...) porque só assim podem mexer na actual lei. Tudo o resto será um truque inadmissível, ultrapassar "na secretaria" o que constitucionalmente está determinado. E não há argumentos que valham: dizer que a hipotética vitória do "sim", mesmo sem essa maioria de votos expressos, é a representação da vontade nacional é excessivo, absurdo, inaceitável e "ilegal"." Em suma, uma "golpada".

Caso fosse coerente, Delgado certamente não compreenderia o passo atrás de Guterres no anterior referendo. Apoiado no parlamento, voltou atrás na lei e prefere o referendo (em acordo com Marcelo). O resultado do referendo não vinculativo, sem força formal, manteve a situação de então por mais anos a fio, atirando a decisão para um novo milénio. Para Delgado, tal não seria apenas cobardia política de Guterres ou um católico a fugir da excomungação. Seria uma excessiva, absurda, inaceitável e ilegal golpada que na prática privou milhares de mulheres dos cuidados de saúde que podiam ter tido.

Mas tal, ser coerente, não está na natureza dos camaleões...

(imagem retirada de nãovouporai, blog no sapo)

04 fevereiro 2007

 

O sabor inesquecível do tofu


"Recomendações de utilização:
Tem uma grande flexibilidade culinária, o seu sabor quase neutro e a sua textura maleável permite absorver formas muito diferentes, consoante os condimentos e ingredientes adicionados. Pode ser confeccionado cozido, grelhado, no forno, mexido, frito, em sopas, empadões, saladas, patés, omeletes, etc. Bom apetite."

Não é carne, não é peixe. É tofu.

 

Amor à camisola


O primeiro-ministro José Sócrates, em visita à China, tem presenteado os oficiais chineses com a camisola 17 do Cristiano Ronaldo. A oferta é oportuna. Ronaldo é um português com nome de presidente americano, que trabalha em Inglaterra sem saber falar inglês. É um herói nessa actividade que mais interessa: o futebol. E a sua camisola, de marca Nike e made in China, só sublinha a cómica tragédia de ser português.

03 fevereiro 2007

 

O argumento feminista do não


A maioria dos activistas do não é contra o planeamento familiar, o uso do preservativo e de outros contraceptivos. Há inclusivamente quem diga abertamente que é contra a possibilidade de outros (as mulheres) abortarem em casos de violação.

No entanto, e apesar do seu monolitismo, o seu argumentário é fértil em imaginação. Argumentos para todo o gosto tentam atingir grupos e sensibilidades diferentes com o objectivo de causar uma dúvida razoável de forma a que, pelo menos, se não se votar "não", também não se vote sim.

Um dos mais curiosos refere-se ao aspecto feminista da coisa. A mulher sujeita à opressão masculina do patrão, do pai e do empregador para abortar, refugia-se no seio protector da lei que diz que o aborto é proibido. Com a liberalização, esse último recurso protector caduca e esta encontra-se indefesa perante o mundo.

Porque neste Portugal do aborto-crime não há mulheres que sejam despedidas por estarem grávidas, por saírem a horas, ou simplesmente por serem mulheres. Conhece-se a solução do BCP pré-Milennium que simplesmente não contratava mulheres para resolver o problema.

Como se a regulamentação actual do aborto fosse a solução e não o capitalismo e o patriarcado o problema.

02 fevereiro 2007

 

Direito a habitar!


"Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar."

Dia 3 e 4 de Fevereiro continuam as 1ª jornadas da habitação no Prior Velho, com exposições, filmes e debates. O programa, abaixo, pode ser visto com mais detalhe aqui.

Sábado, 3
21h00 Inauguração da exposição itinerante “Direito a Habitar”
21h30 Exibição do filme «O Salto»(1968), de Christian de Chalonge, 88′: França
23h00 Debate

Domingo, 4
13h00 Almoço
15h00 Visita ao bairro e Associação Sócio Cultural da Quinta da Serra
17h00 Exibição do filme “O arquitecto e a cidade velha” (2004), de Catarina Alves Costa , 72′:Portugal
18h00 Debate

Morada: Paróquia de S.pedro do Prior Velho
R.Maestro Lopes Graça, 111
2685-346 Prior Velho LOURES
217 220 201/ valentim.g@verbodivino.pt

Igreja e Centro Comunitário da Paróquia de S. Pedro do Prior Velho, Loures
De carro: Segunda Circular…Saida Moscavide…Desvio Prior Velho…Junto Escola Primária

 

Até onde estão dispostos a ir?


São imagens de fetos despedaçados, são cartas para as crianças dos infantários entregarem aos pais, são filmes de ecografias em que se ouve o coração do feto a bater apresentados num debate.

Vale tudo para conseguir convencer as pessoas a votar não no referendo:
- Vale a demagogia de ameaçar com o aborto livre, quando este será limitado aos estabelecimentos de saúde legalmente autorizados e só até às 10 semanas.
- Vale ameaçar com a proliferação do aborto que será tão banal como os telemóveis, como se o corpo das mulheres fosse um objecto.
- Vale o insulto que é escandalizarem-se com o facto de poder ser feito por opção da mulher, sem saberem apontar quem acham que deveria decidir em vez dela.
- Vale o desprezo pela vida da mulher e pela sua capacidade de decisão quando se diz que se aborta sem motivo.
- Vale a hipocrisia de agora contestarem a pergunta que vai a referendo quando ainda há dois meses a votaram no parlamento enquanto deputados.
- Vale a incongruência de perguntarem qual o papel do homem na decisão de abortar, ao mesmo tempo que dizem que as mulheres que abortam são coagidas pelos companheiros.
- Vale dizer que a pergunta do referendo é a lei do PS, enquanto se nega ser este referendo uma questão partidária.
- Vale trazer questões acessórias (se irá existir acompanhamento da mulher na tomada de decisão ou não) quando o que está em questão é uma coisa tão fundamental como não ser humilhada publicamente por um crime de que no fundo se é vítima.

Só não vale a dignidade no debate e o respeito por mais de metade da população portuguesa – as mulheres.

01 fevereiro 2007

 

sábado, 21 horas, fórum lisboa




mais agenda...



   

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