31 agosto 2007

 

Vítimas dos tempos calmos


Dizem que Israel quer a paz, mas o seu exército mata três crianças que estavam a brincar na rua. Sobre os mortos só sabemos que eram Mahmoud Ghazal, 10 anos, Yehiya Ghazal, 12 anos e Sara Ghazal, 10 anos. Quem quer saber mais não tem onde se informar...

"Onde foi o corpo encontrado?
Quem encontrou o corpo morto?
Estava morto o corpo morto quando foi encontrado?
Como foi o corpo morto encontrado?

Quem era o corpo morto?

Quem era o pai ou filha ou irmão
Ou tio ou irmã ou mãe ou filho
Do corpo morto e abandonado?"... [Harold Pinter, Death]


Já dos soldados israelitas sabemos que lamentam o incidente, mas "os militantes palestinianos têm responsabilidade porque põem lançadores de rockets em áreas civis." O exército até já tinha avisado os habitantes de Gaza para manterem as crianças afastadas dos morteiros. Mas eles são teimosos, não têm cuidado e na semana passada foram mortas mais duas crianças num engano semelhante.

 

Indecente


George Bush é pornográfico. Porque não ter tomates para levar a expressão à letra?


Uma imagem de Bush em 100 colagens de material pornográfico. E porque os detalhes contam...

 

Ler não empasta a língua?




Tirado daqui.

 

Obviamente...




... fui mal entendido. Ali em baixo referia com certa satisfação o facto do Avante manter a lista internacional de todos os anos, independentemente dos comentários que por aí se façam. Não me insurgi de qualquer forma. Pelo contrário, venham todos provar o leitão.

De resto, quem vê com bons olhos recepções de certos chefes de Estado, na preparação de uma Guerra que já custou a vida de cerca de 4.000 soldados e centenas de milhares de civis, deveria ter um pouco mais de cuidado com as críticas que faz...

 

Lisboa de regresso à anormalidade


Aproveitem bem aqueles que vivem em Lisboa e que por aqui ficaram em Agosto. O mês está a acabar e 2.ª feira vai ser tudo diferente. Aliás, já começou a ser, pois já muita gente regressou de férias.

Lisboa está assim a entrar na anormalidade que a caracteriza o ano todo: carros estacionados em cima do passeio, carros estacionados em segunda fila, muitos carros a circular nas estradas…

Carros, carros e mais carros nas estradas de Lisboa…

Estradas, pois!, que as ruas de Lisboa não são ruas. Não são para se andar a pé, para nos perdermos, deambularmos sem corrermos o risco de ter que ir para a estrada que o passeio é estreito ou tem carros lá estacionados.
Não são para tirarmos os olhos fixos do chão – desenganem-se aqueles que acham que é o stress da capital que faz com que ande tudo macambúzio e de olhos no chão. A merda, o cocó, a trampa, as fezes dos cães e o laxismo dos seus donos obrigam-nos a isso.
Não é para ser vivida, esta cidade, mas para ser conduzida. Portanto, aqueles que andam a pé ou de transportes públicos, preparem-se.

A guerra segue dentro de momentos.

(publicado também em Plataforma de Discussão e Intervenção Ambiental)

 

Comedy, it's all about timing...


... e é pena ser o Governo Português sempre a confirmar a máxima. Criar crédito para estudantes, com juros mais altos do que os do mercado, e na possibilidade de os mesmos não terem trabalho para o pagar...

... ao mesmo tempo que os mercados se refazem da crise do crédito de risco nos EUA...

30 agosto 2007

 

Fábula do crédito "fácil" aos alunos do ensino superior


Uma centopeia tinha calos. Como sabia que as abelhas eram sábias, procurou uma para se aconselhar. A abelha depois de muito ponderar recomendou à centopeia que se transformasse numa aranha. Como uma aranha tem menos pernas, teria menos calos. A centopeia entusiasmada com a engenhosa sugestão perguntou "E como o devo fazer?". A abelha respondeu "Isso é uma questão de pormenor, eu aconselho só em matérias de fundo."

 

Da cela intelectual


Com a coreografia de um vício, esvazio chávenas de café. Duas ou três vezes ao dia, visito o quiosque colado à biblioteca e reanimo-me com química legal. Escrever e ler, ler e escrever exige pausas, e quando o corpo adopta a forma dolente da cadeira ou do sofá é aconselhável que a distracção seja da variante excitante. As viagens são curtas entre as estantes da biblioteca ou os arquivos da academia e o exercício com o peso de uns poucos livros ou resmas de papel não aquece os membros. A cafeína não sendo aeróbica, dá-me a ilusão de um corpo em movimento, um vibrar grave e engolido.

Quem serve o reanimante café é um jovem latino-americano. Soube hoje que trabalha 11 horas por jornada, começando às 6 da manhã, 6 dias por semana. Queixa-se que à noite não adormece facilmente, e por isso tem sono dia adentro. Mesmo entre o sono sorri. Prevê que o meu pedido é um denso expresso, e na ausência de testemunhas passa-me doses duplas, triplas, hoje quádrupla, ou desconta uns pennies à transacção. Não bebe café. Disse-me em inglês competente, quebrado pela interpelação "amigo", que pingou os lábios num expresso e que o deixou tonto e de peito apertado.

O intelectual adormecido é diferente do trabalhador adormecido. O sono no corpo intelectual é o que pede actividade. O sono no corpo trabalhador é o que pede descanso. A divisão social do trabalho é metabólica.

 

Não há festa como esta...


... hoje até tenho de dar razão. Enquanto nos "Socialismos" são desconvidados os eco-terroristas mais perigosos deste lado de Badajoz (ler 2 posts abaixo), no Avante a lista de convidados mantem-se.

tata tarere tata
tata tarere tatata ...

 

Do Zimbabué ao Panamá em apenas um salto


A demonização de Robert Mugabe (por exemplo aqui) tem o problema de ignorar a questão central do Zimbabué: a distribuição da terra. Se aqui já tínhamos abordado a questão, não há nada como ouvir da BBC.

A BBC só se "esquece" de contar que durante anos a fio, enquanto o regime se calou com o processo extremamente lento de reforma agrária, o processo foi considerado exemplar. Na altura, Mugabe era louvado como governante exemplar. Mas isso são águas passadas. Talvez se lembrem do Noriega: mal o cão se virou contra a mão do dono, o país foi invadido, o ditador preso e substituído por um fantoche.

29 agosto 2007

 

Culpado reconhecem eles



O BE desconvocou o Gualter Baptista para o "Socialismo 2007". Em sua substituição colocou Alda Macedo que, certamente, terá muito a dizer dos transgénicos... Obviamente, tal conveniência já provocou comentários jocosos da Atlântico do estilo "Ceifaram-no do Programa".

De facto, para mim não é por conhecer Gualter Baptista doutras lides e doutros tempos pessoalmente (e não de um qualquer programa justiceiro da SIC Notícias) que tal desconvocação me incomoda. Nem pela (legítima) decisão de o BE convidar ou desconvidar quem lhe bem apetece. O que a mim me mete nojo é a forma de fazer política rasteira, ao sabor dos mediatismos, sem princípios.

O BE terá convidado Gualter Baptista por alguma razão. Certamente pela mesma que convidou outros. Dos vários que conheço não tenho (tinha) dúvidas da sua competência sobre os respectivos temas. Agora fica a dúvida se não os convidou por serem bem comportadinhos. E meus amigos, com tão bom comportamento assim não há socialismo que aguente.

(soube dos escritos da Atlântico pelo cantigueiro)

 

Inocentes, dizem eles...

 

Mau Tempo 1188 - Verde Eufémia 1

 

Neuro-entusiasmo


Este post do Vasco activou o meu lobo prefrontal esquerdo...

Há os Lowensteins e os Camerers a querer vender a ideia de um cérebro monetário. Mas a culpa não é do cérebro.

Também se têm feito coisas giras em Neuroeconomia. Por exemplo, as áreas do cérebro que activam quando recebemos dinheiro também se iluminam com “recompensas” de uma natureza muito diferente. A lembrança de um bom acontecimento passado ou o prazer de ver uma imagem bonita, produz no cérebro um comportamento semelhante ao da recompensa monetária. Em jogos de grupo, as pessoas tendem a partilhar e a ter atitudes altruísticas e esse comportamento correlaciona-se com regiões neuronais ligadas à empatia, entendimento dos estados mentais do outro etc.

O cérebro social é grande e diverso e pode resistir ao oportunismo e à ideologia.

 

Tenho poupanças em fundos de acções



28 agosto 2007

 

Cabeçalhos e cabeçudos


Título do Público: “Luís Filipe Menezes exige explicações do governo para aumento da criminalidade na área do Porto.” Como "isto é tudo uma ganda máfia," é natural que se culpe o governo. Pede o Menezes que uma porção da criminalidade seja re-afectada a Sul.

 

O grande salto em frente…


Os serviços públicos subiram num ranking qualquer, temos melhores serviços públicos que a França! O plano tecnológico-quinquenal do timoneiro Sócrates já transforma a pátria. Em breve o país vai estar todo em linha. O Estado será totalmente virtual.

É o sonho realizado para um país virtual.

 

Complicómetro


A minha colega X está na Tanzânia em trabalho. Ligou-me a pedir para falar com a colega Y, que é administrativa.

A colega Y não estava mas disse-lhe que assim que ela chegasse eu lhe dava o recado.

A colega Y quando chegou ligou para a X.

A colega Y veio à minha sala dizer que a colega X tinha dito que ia enviar um fax para a colega W.

Eu divido a sala com a colega W...

 

Legislativas 2005



O Tribunal Constitucional acabou de publicar os últimos resultados sobre as eleições legislativas de 2005. Afinal, não foi o Partido Socialista que ganhou como podem ver no gráfico*. No ranking das multas, PPD-PSD e CDS-PP ficaram à frente usufruindo das benesses de três anos de governo.

No campeonato dos pequenos, o PND pela primeira vez ganha alguma coisa. Quem disse mesmo que sair do CDS-PP e fazer um novo partido era um disparate? Já o POUS desapareceu do mapa (não se livrando de uma admoestação), mas isso não é novidade.

Olhando para tudo isto, fica um sensação de um grande vazio. Na democracia de faz-de-conta fica-se com a certeza que as verdadeiras irregularidades variam muito mais do que é mostrado dos partidos de governo para os outros e que Somagues escondidas não devem faltar.

* O gráfico apresenta a percentagem da multa atribuída a cada partido relativamente ao total montante das multas.

 

O país mais liberal da Europa


Ouvindo os queixumes vindos de outras bandas, uma pessoa até se podia confundir, mas não hajam ilusões, Portugal está na proa do liberalismo Europeu. Senão vejamos:

Saúde - São os próprios profissionais (ou alguns deles), através da Ordem que controlam o Sector, juntamente com a Indústria Farmaceutica. O Estado retira-se do assunto, queixa-se de falta de verbas e oferece "o negócio mais lucrativo a seguir à industria do armamento" a privados.

Ensino - Ninguém se preocupe, os Portugueses são dos Europeus que menos pagam em impostos para financiar as Universidades. Além disso, poucos países podem orgulhar-se de um número tão elevado de Universidades privadas. Canudos a pedido, parece, também os há.

Transportes - Pagador-utilizador é a lógica reinante. As consessões das auto-estradas são oferecidas aos privados, Deus livre o Estado de ficar na posse de alguma coisa que dê lucro.

Planeamento Urbano - Eu tenho ali um amigo na Câmara.

Financiamento Partidário - Foi assim que eu conheci o meu amigo na Câmara.

Investimento Público - Em princípio, tudo o que tiver mais de 7 zeros é do Interesse Nacional, e o Planeamento é riscado. Se encomendarem um campo de golfe forrado a pelo de Lobo Ibérico, ficam é à espera umas semanas. Mas lá que se arranja, arranja-se.

Protecção do Consumidor - Só se as farmaceuticas estiverem de acordo é que um medicamento com defeito sai do Mercado, senão o Estado é obrigado a pagar a dívida. A DECO tem tanto prestígio como o Verde Eufémia, e os Bancos são das empresas com maior crescimento no país, ao mesmo tempo que os Portugueses nunca estiveram tão endividados.

Cultura - Fundação Berardo, Gulbenkian, Rivoli,...


O Estado foi privatizado. Pelo preço certo mudam-se leis, reescrevem-se planos, evita-se a Justiça, entra-se no negócio ou rouba-se o mesmo. Mais decreto menos decreto,... oh senhor Engenheiro...

27 agosto 2007

 

O nome de um bufo: António Basílio


“Venho por este meio participar a V. Exa. uma situação ocorrida no dia 19 de Abril, cerca das 12:45. O professor requisitado, Fernando Charrua, entrou no Gabinete de Apoio à Direcção e, em tom jocoso, proferiu umas palavras que mereceram reprovação imediata de quem as ouviu: ‘Estamos num país de bananas, governado por um filho da puta de um Primeiro-Ministro!...’ De imediato, repreendi a atitude dizendo que se abstivesse de tecer comentários daquela índole.”

Assinado: António Basílio.

(Retirado da Crónica de João Miguel Tavares no DN, 7-8-2007; Segundo este, Fernando Charrua nega categoricamente o uso destes termos nesta situação; Agradeço ao Sexta-feira Libertária por me ter chamado a atenção para o artigo)

26 agosto 2007

 

Quando o New York Times encontrou José Saramago


O artigo ocupa quatro páginas, que é muito para a New York Times Magazine. Não tem destaque na capa – foi preterido para uma reportagem sobre o cálculo actuarial dos tornados, e outra sobre indisciplina entre os oficiais do exército americano. E nessa companhia, a bruta intempérie e o infortúnio da guerra, o retrato do escritor vem emoldurado em suspeita.

Para começar temos com ênfase a opinião de Harold Bloom que assim denuncia Saramago: “Os romances de Saramago são infinitamente inventivos, infinitamente bem-humorados, infinitamente hábeis mas estou pasmado que o homem seja incapaz de crescer politicamente. Em 2007, ser um Estalinista Português significa não querer viver no mundo real.” O seu ateísmo e esquerdismo são sublinhados no início e no fim da peça para desconforto. Estas características seriam sinal de severo alarme para os leitores se Saramago não fosse descrito como um velho, cansado e incapaz de organizar revoltas. (Talvez porque estas convicções são dadas como acabadas, Saramago é pintado mais velho do que é.)

Se a política e a personalidade do homem são incómodos, a história da sua vida é sedutora: o pobre filho de polícia, mecânico por necessidade, jornalista por militância e escritor genial quase por acidente. A sua prosa está além da suspeita, porque diz-nos a jornalista é “fantasista.” Mas o entusiasmo pela obra e biografia é contido.

O retrato é clínico. A jornalista para descrever Saramago teve de o dissecar e dá-lo como acabado, fixo, morto. Na sua autópsia, o espanto e o conhecimento perderam-se. Até para escrever numa revista é preciso coragem e Saramago assustou o New York Times.

 

Sua Magnânime e Augusta Excelência o Presidente


Há um (merecido) orgulho ianque na informalidade. Se está quente calçam sandálias e põe calções, nos e-mails estudiosamente eliminam os “Dears” e “Drs” e nos encontros o olá e o adeus é curto e sem cerimónia.

Mas a espontaneidade faz sombra sobre uma insistente ritualidade nacionalista, para a bandeira e para o hino há o respeitoso pesar e a assolapada paixão, repetidos sem desvio. E na política todo o acto público é cuidadosamente coreografado. O Washington Post revelou um manual redigido pela Casa Branca que dá instruções para a encenação de uma visita Presidencial. O enfoque está em abafar vozes de protesto. A principal técnica é a de criar uma barreira de apoiantes fervorosos que gritem mais alto, tenham mais cartazes, circundem os negativos com mensagens de apoio.

Se não é paradoxo é hipocrisia dizer que esta é uma sociedade aberta. Ainda que esteja aberta horizontalmente, verticalmente, entre níveis desiguais de poder as vozes não flúem.

 

D. João Peculiar



Que me dizem da estátua de D. João Peculiar, um antigo arcebispo de Braga?

25 agosto 2007

 

A garantia de sermos roubados



O Nuno Teles já tinha dado o mote:
[Sobre a miserável acção social] "O novo esquema de empréstimos pretende cobrir este enorme vazio. Os bancos esfregam as mãos com um esquema que terá o Estado como "financiador de último recurso". A renda está assegurada para o sistema financeiro. Os jovens, por sua vez, terminarão o seu curso endividados até à medula. E já se sabe. O crédito é um formidável instrumento disciplinador. Os jovens entrarão no mercado de trabalho numa posição ainda mais vulnerável do que a actual."

Hoje, o DN garante que há bancos que oferecem taxas de empréstimo mais baixas.

A resposta do secretário de Estado do Ensino Superior, Manuel Heitor, é que "as taxas de juro não podem ser comparáveis entre sistemas com e sem fiador e que a ausência deste é a grande novidade do sistema". Então, e o fundo de garantia mútua?

24 agosto 2007

 

Golpe de Estado nos EUA


Por enquanto as ruas estão tranquilas. Os jornais e as televisões ainda não deram a notícia. Não foram decretadas lei marcial ou recolher obrigatório, os cidadãos seguem na azáfama habitual, muitos estão ausentes em férias.

A tomada do poder foi progressiva e firmada entre o partido Republicano e Democrata. Opondo-se à Presidência Bush os Democratas tiveram pudor do debate ideológico, e remeteram as suas críticas aos falhanços militares e estratégicos do Presidente. Os Republicanos ainda tentaram mascarar Bush de homem hábil e musculado, mas falharam. Portanto foi de comum acordo que o melhor seria um General, um homem da guerra, para decidir quantas tropas enviar para o Iraque, quando, como, e esquecer porquês. O novo decisor dos EUA é o General David Petraeus, o génio (tem doutoramento!) que editou o recente manual da contra-insurgência.

(Cujo receituário descobre-se que não funciona – Mosul aparentemente pacificada pelo General é de novo foco da insurgência.)

Bush é um Presidente-fantoche à espera que o General esclareça em relatório a evolução da guerra e delineie o caminho. Bush garante que o ditado pelo General será seguido. Os Democratas são também fantoches porque na sua meritocracia militarona ficam pendurados ao argumento que o General é o melhor informado. E foi assim que acordámos numa ditadura militar.

P.S. E quase me esquecia do milho. Para democratizar o Iraque, o então Governador Brenner carimbou leis que impedem a recuperação de sementes, assim garantiu contractos desesperados com a agro-indústria Americana. As sementes sempre foram propriedade privada. Agora são propriedade intelectual, por lei e genética, as sementes são arrendadas à agro-indústria. Oferecer sementes, reproduzi-las, é crime de pirataria. É preciso indemnizar os Americanos quando se dá de comer ao mundo.

 

A VER SE APRENDEM: O QUE É GOVERNAR




(Patrice Lumumba, Período Laranja - inspirado por Abrupto)

23 agosto 2007

 

Disclaimer


Nenhuma maçaroca de milho foi destruída na produção deste blog. O design foi no entanto pago pela Somague...

 

Castigo dispensa o crime


Americanos, mas Italianos de nascimento. Um sapateiro, um peixeiro, mas ambos anarquistas. Sacco e Vanzetti foram presos, julgados e condenados (electrocutados) em Massachusetts por assassinato e roubo a 23 de Agosto de 1927.

O caso contra Sacco and Vanzetti – que sempre se disseram inocentes e que durante o julgamento foram obrigados a sentar-se dentro de uma jaula de metal – espelha o racismo e a perseguição política da justiça Americana, infelizmente ainda tão actual.

"Este homem [Vanzetti], embora possa não ter cometido o crime que lhe é atribuído, é no entanto culpado, porque é inimigo das nossas instituições", concluiu o juíz do caso.

 

O Rei vai nú



Já no Zero de Conduta se tinha admirado o trabalho técnico de airbrushing em Tony Blair. Agora, no L'Express, surgiu o mesmo faux-pas, desta vez com Sarkozy.



Quem parece desfilar sem grandes airbrushings é o Czar, perdão, o Presidente Russo, cujas fotos em tronco nú andam a causar furor na Pátria,... eis uma de passerele retirada do Herald Tribune.


22 agosto 2007

 

De quem é o bastardo?


É um chavalo abrutalhado que invade, destrói e pilha. É um tipinho de poucas palavras e ideias mal concebidas. O neo-conservadorismo é filho de pai incógnito. Sabe-se que foi adoptado pelo Grande Dragão Reagan e a sua revolução conservadora, no contraditório arranjo de mercado ultra-liberal e faraonismo militar. Só que morto o pai adoptivo, o bruto quis ser mais, intervencionista e evangélico. E por ter feito guerra ao Afeganistão, ao Iraque, à ONU, a Quioto, a todos os que não o amassem sem reservas, queremos perceber de onde veio esta monomaníaca América. Afinal quem pariu o neo-conservadorismo?

A escritora e jornalista Naomi Klein diz que foi a Universidade de Chicago, le-se no teaser para o seu novo livro à venda em Setembro que: "the University of Chicago under Milton Friedman, which produced many of the leading neo-conservative and neo-liberal thinkers whose influence is still profound in Washington today." (a Universidade de Chicago tutelada por Milton Friedman, produziu muitos dos lideres intelectuais do movimento neo-conservador e neo-liberal que até hoje detêm uma influência profunda em Washington.)

É quase banal que a origem das ideias são homens de ideias e fábricas de ideias. Mas como contar a história do tráfico ideológico, da sua sedução e poder? Afinal, livros geram livros, bibliotecas que procriam, mas quem os le? A maioria dos livros que uso na biblioteca estão por abrir, ninguém os leu. (Com receio de que a última frase possa soar pedante garanto que eu também não os iria ler se não fosse por encargo profissional.) Será que os intelectuais e suas obras são assim tão influentes?

Duvidando que livros e autores contem para muito, vou ler a Klein, porque na ausência de testes de ADN para movimentos políticos, livros é tudo o que temos.

21 agosto 2007

 

Notícias do Dia


O Furacão Dean atingiu a costa do México. Nenhuma cultura de milho foi ainda afectada.

Financiamentos ilícitos do PSD encontram-se sob investigação. A quantia em causa poderá ascender a mais de 233 mil Euro, cerca de 60 hectares de milho.

Lula apresenta plano de combate à violência. Escusou-se no entanto a comentar o incidente na herdade em Silves.

 

Portugal dos Pequeninos




Pequeno resumo só para manter um nível de sanidade mínimo, ok?

1- ambientalistas destroem um hectare de milho em protesto contra o uso de transgénicos.

2- os estragos são calculados em 3900 Euro.*

3- não houve acção policial, ninguém foi ferido.

e agora começa a Silly Season:

4 - no dia seguinte, o Presidente da República pronuncia-se sobre a acção, prometendo uma investigação (reler o ponto 1 e 2).

5 - o Estado promete apoio jurídico ao agricultor (reler ponto 2).

6 - O Ministro da Agricultura visita o local (reler o ponto 1 no mínimo 10 vezes).

7 - os relatos, até no mesmo jornal, variam entre a destruição de um hectare, e a destruição da Herdade da Lameira.


P.S: eu pessoalmente tenho andado a olhar para a BBC News a ver se aparece a notícia. Os ingleses ainda não devem ter dado por isso. Aposto como se alguém se chegar à frente eles pagam bem por um furo jornalístico destes...

* - os ambientalistas discordam,... acham que é muita maçaroca...

 

Estaline para Agricultores


"Um único hectare é uma tragédia; um milhão de hectares é uma estatística."

 

O Bitoque está de luto





O Milho morreu! Viva o Milho!

20 agosto 2007

 

O elixir do eterno esquecimento


Quando o filme Eternal Sunshine of the Spotless Mind apareceu em 2004, a ideia de apagar da mente as memórias indesejáveis era ficção científica. Mas no último número da Science uma equipa de cientistas reclama a descoberta do “elixir do esquecimento”. Uma injecção da enzima inibidora ZIP bloqueia a proteína PKMzeta e faz com que os ratinhos esqueçam o passado, mesmo as memórias mais antigas e consolidadas. O incurável sofrimento dos eternos apaixonados é afinal tratável.

Os autores do artigo são cientistas israelitas e americanos. Sabendo que a ciência aí é financiada por interesses económicos e militares, a descoberta perde a dimensão romântica e sugere usos bem mais perversos e ameaçadores. Inevitavelmente suspeito das intenções, uso e abuso da nova droga. Aos palestinianos já lhes tiraram a terra, a água, os empregos e as escolas. Porque não apagar-lhes também a memória? Só há uma coisa que os palestinianos ainda têm de sobra – dignidade. Será este o tema do próximo artigo da Science?

17 agosto 2007

 

Ruínas de Lisboa


O raro momento em que considero a história de Portugal é quando faço de guia turístico a um amigo estrangeiro. Então imito entusiasmo e solenidade pelo passado nacional. pelas meias glórias romanescas dos “descobrimentos” e do “império” desembocando no país adiado da modernidade. Até já tenho reportório de histórias miniatura com apartes e pausas para envolver a audiência. E concluída a performance fica-me uma réstea de pensamento. Dou por mim interessado por história nacional.

O que me interessa é a mestiçagem. Na geopolítica e na geoeconomia a fusão e a adaptação cultural são os estados ideias. Pouco importa a paternidade das ideias, interessa sim quem as reproduz, altera, potencia e com elas lucra. Portugal já foi mestiço?

O Portugal cinquentista devia ser um país aberto. A sua abertura de feira com os produtos exóticos do além mar a chocar com os costumes. Mas a certa suspeita é que não seria mestiço, porque a Igreja Católica e o Eurocentrismo não o podia permitir. Fechado ou aberto na Primeira República, o Portugal fascista explicitamente quis-se fechar. Contra as convulsões internas e externas um país que se curvou em posição fetal, mas com a garra extendida a domínios africanos que queria fazer iguais a Lisboa.

Quando passeio por Lisboa com um amigo às costas, mas com gosto, só vejo esse Portugal fascista. Um país obcecado pela geneologia de si mesmo, a procurar-se. Um país de mar aberto virado ao avesso. Ao próximo amigo que visite não lhe falo de história mas de historiografia.

 

Nós não esquecemos


Mais um mentiroso: Azliar?






14 agosto 2007

 

8,2 vezes mais ricos que os mais pobres


É este o fosso que separa os 20% mais ricos dos 20% mais pobres de Portugal. (E não 8,2% como a TSF publicitou grosseiramente).

Portugal é assim não só o país mais desigual da União Europeia mas também o país onde as desigualdades mais se acentuaram nos últimos anos.

Este é mesmo um país bom para se viver, não é?

13 agosto 2007

 

Gayniggers from Outer Space


Em resposta às teorias do Blasfémias, apresento um pedaço de ficção científica alternativa, o filme de culto: "Gayniggers from Outer Space". Uma civilização superior extra-terrestre (composta de gays negros, sim, adivinharam) liberta a Terra da população feminina, e guia os terrestres para um futuro totalmente gay. Eu não disse que o filme era bom, apenas alternativo...


12 agosto 2007

 

Torre Bela


"Torre Bela" é um documentário sobre a ocupação em 1975 da maior terra privada murada de Portugal. Os luxos do duque contrastavam com a miséria e desemprego dos locais.

É um relato dos tempos em que as pessoas tinham a capacidade e a coragem de ir tentando resolver os seus problemas. A solidariedade veio dos mais diversos lados, dos militares progressistas aos artistas (Zeca Afonso, Francisco Fanhais, Vitorino passaram por lá).

A ver no cinema King (Lisboa).

(Deixo-vos duas cenas postas na internet por um parvalhões...)




10 agosto 2007

 

Salvem as criancinhas



das más influências dos lobbies gays (via o Insurgente):



Levem-nas para a igreja



para os escuteiros



e para escolas onde elas possam ser acolhida com amor pelo próximo


09 agosto 2007

 

Liberal geral



Finalmente, um post realmente liberal no Blasfémias: Legalize it.

P.S: na verdade o post chama-se "Diálogos de Verão", mas assim ninguém percebe o que o autor está a tentar transmitir.

2 P.S: era isso que ele queria transmitir, não era?

3 P.S: bem, se não era, agora passou a ser.

 

IVG minuto a minuto


Nas últimas semanas fiquei a saber quantos hospitais estão preparados para realizar IVGs, o orçamento de cada IVG, os soluços da Madeira e a intrigante notícia de hoje que afinal vai haver orçamento para IVGs na ilha (ninguém ainda disse que as iam fazer, mas que vai haver dinheiro, vai). Fetiche jornalístico ou o arrepiante chiar de engrenagens católicas anti-contraceptivas? Ou será que a coisa ainda mexe?

Um assunto que desde a altura do referendo deveria sair do domínio político e entrar no domínio da saúde, continua a ser arraial de praça pública e mesmo arma política. Porque na política ninguém parece ter interesse em fechar o caso. De um lado, alguns querem justificar a derrota no referendo com alguma prova de que "as coisas vão para pior". Que a política de silêncio e vai lá para Espanha tratar disso resolvia muito mais do que organizar um sistema de saúde. Um presidente que nunca se reveu na vitória e que alegremente instituiria protocolos e pré-aconselhamentos matrimoniais até à pessoa em causa começar a escolher infantários. Um governo que tão alegremente desperdiça um dos mais fortes momentos de crescimento da União Europeia para acertar défices e ainda ter margem de manobra para distribuir benesses antes das eleições. Para compensar, quer agradar a gregos e troianos e coloca-se na simples posição de executor da lei. A sua consciência, ninguém a conhece bem...

Se alguém se convenceu que era o fim do Circo depois do referendo, lá está, chapadão na cara que é para ver se aprendes. Agora está calado e deixa o pai conduzir.

08 agosto 2007

 

E o golpe continua



Dia 1 do governo de Banana Gusmão.

 

Já ninguém se importa...


Vi a notícia. Fui à cozinha, bebi um copo de água, de caminho fui ver onde tinha deixado as chaves. Voltei, as gordas ainda eram as mesmas. O que até podia ser uma gralha infeliz era uma visita ao confessionário político no meio da Praça Central. E eu ali a beber o meu copo de água:

O antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga reconheceu hoje que não existem ainda condições para reduzir os impostos, argumentando que só no final da actual legislatura deverá ser dado "um sinal de alívio da carga fiscal".

Tipo, já nem merecemos o respeito de nos darem conversa...? Assim, uns numerozinhos de Bruxelas... uns défice e tal projectado, culpar a China por alguma coisa? Teem de nos chapar nas trombas que se estão nas tintas para que alguém perceba que vão cortar nos impostos antes das eleições? Por favor, mintam, que isto assim fica ainda mais triste...

07 agosto 2007

 

Aqui vai uma reacção...


... ao acordo Costa-Fernandes:


06 agosto 2007

 

Os responsáveis


"[O governo] é o herdeiro dos que facilitaram o divórcio, promoveram uniões de facto, promiscuidade, homossexualidade."

João César das Neves citado na Visão (2 de Agosto)

05 agosto 2007

 

O meu TOP5 de Conspirações


„Conspiracy Theory“ é o nome quase-técnico dado às mil-e-uma teorias desenvolvidas por computer geeks, curisosos, ou simplesmente vítimas de overdoses de açúcar contido em refrigerantes que decidem colocar pontos de interrogação em alguns dos mais significantes eventos da Humanidade. Terá sido o Governo, o lobby …, aliens? Aqui fica o meu top5. A ordem é naturalmente pessoal, e compreendo que talvez hajam teorias bem mais interessantes que deixei de fora.

Número 5 – „Paul is dead“



Começamos num tom ligeiro, no mundo musical. De entre muitas teorias de conspiração vivas no mundo da música (Elvis, Liberace,…), esta é talvez a mais importante (e talvez até mesmo a mais descabida de todas). Com base em registos fotográficos e em gravações dos próprios Beatles, surgiu a dúvida sobre se Paul McCartney teria morrido num acidente de automóvel a 9 de Novembro de 1966, e posteriormente substituído por um sósia. Apesar de muitas vezes surgir como uma piada, o rumor ganhou tais dimensões que viria a ser gozado por Lennon no álbum Imagine, nas letras de „How do You Sleep“: "Those freaks was right when they said you was dead.".

Número 4 – Assassinato de JFK



O assassinato De John F. Kennedy a 22 de Novembro de 1963 é terreno fértil para um número invulgar de teorias. A falha dos serviços de segurança, as diferentes versões sobre o número e a direcção dos tiros, bem como as motivações por trás do acto levaram ao surgimento de uma dúzia de teorias. Os possíveis responsáveis contam nas suas fileiras com a CIA, Máfia, FBI, participantes na operação „Bay of Pigs“, o exército em geral e mesmo a Reserva Federal.

O número de anos que levaram a condenar o possível culpado, bem como as muitas contradições nas provas levam a que esta talvez seja a mais sólida de todas as teorias. Mas eu nunca fui um grande fã dos Kennedys…

Número 3 – 9/11



Quem atacou as Torres e o Pentágono? Terroristas ou o próprio Governo Americano? É talvez uma das mais recentes Teorias a ver a luz do dia. Um jovem de 21 anos concebeu com a ajuda de alguns amigos um vídeo em que desfila um rol de provas apontando o dedo ao Governo dos EUA. Desde peças desaparecidas a padrões de vôos suspeitos, passageiros extraviados e acções da Bolsa, por mais de uma hora „Loose Change“ aponta o dedo à mais perigosa conspiração de sempre.

O filme chega a ser um testemunho dos novos tempos, um jovem com uma ligação à Internet e alguns registos de Televisão consegue reunir provas suficientes para colocar meio mundo a pensar duas vezes sobre o que terá acontecido a 11 de Setembro. Provas em contrário e a favor florescem na Internet. Demasiado „geeky“ para o meu gosto, por isso lugar 3.

Número 2 – Saddam/Al Qaeda



Se ainda alguém se recorda da razão pelo qual se invadiu o Iraque, também se há-de lembrar dos rumores sobre a ligação do regime iraquiano aos atentados de 11 de Setembro. Um homem que esteve no Iraque, de passagem pela Alemanha que teve contacto com um dos terroristas do 9/11, ou os resíduos nucleares que estavam a caminho do Iraque vindos de África (perdão, já teriam sido comprados), os camiões biológicos ao serviço da Al Qaeda,… a confusão que inundou quase todos os meios de comunicação e a Internet a seguir aos atentados foram suficientes para levar a cabo a invasão. Anos passados, nenhuma „smoking gun“ foi vista, mas 70 por cento dos americanos continuam a pensar que Saddam esteve envolvido directamente nos eventos de 11 de Setembro.

Desta vez, não temos que agradecer a nenhum geek escondido numa cave, BBC, FoxNews, e uma grande fatia dos media fizeram o papel de conspiradores. Lugar 2 para um dos maiores barretes que alguma vez nos enfiaram.

Número 1 – Apollo Moon Landing



O passeio lunar a 20 de Julho de 1969 é um dos maiores ex-libris da conquista do espaço, e foi uma das maiores demonstrações de força do lado americano na corrida espacial. Porém, todo o programa Apollo é ainda hoje posto em causa, sendo por muitos visto como uma encenação num estúdio de Hollywood. Os EUA não teriam capacidade na altura para levar a cabo tal proeza, e para se antecipar aos russos teriam encenado todo o projecto. Provas? Desde o estranho comportamento dos astronautas, à qualidade das imagens, focos de luz fora de sítio, pegadas estranhas, rapidez de comunicação, quase tudo é colocado em causa, como um filme B de sábado à noite. Outro ponto que é normalmente levantado é a simples interrogação: „se já o fizeram uma vez, porque é que não voltam a repetir“? As provas científicas em apoio da missão são no entanto igualmente respeitáveis.

Este é o meu número 1 por ser a Teoria que mais me tem suscitado dúvidas. Experimentem falar com um russo sobre o assunto. Para além disso, pelo seu símbolo icónico de avô das Conspirações, acho que não merecia outro lugar.

04 agosto 2007

 

Especulação




Os construtores civis parecem estar preocupados com o não funcionamento da lei das rendas. Com o não funcionamento leia-se que as rendas não têm aumentado o suficiente para atirar as pessoas para a rua e pondo-as à mercê das ditas rendas de mercado, mais caras que as prestações de empréstimos para habitação (para quem as consiga). Entretanto, os oitenta mil fogos vagos em Lisboa continuam por encontrar quem tenha dinheiro para os habitar...

03 agosto 2007

 

Grande momento de bola




 

A explicação


Marques Mendes tem tido uma série de comportamentos face a Alberto João Jardim que ainda cobrem mais de descrédito o status quo. A Visão avança que "a Madeira vale quase um terço dos votos das directas do PSD."

01 agosto 2007

 

Há monstros


Só que em vez de se esconderem debaixo da cama, ou nos recantos do armário, estão os monstros do lado de lá da janela da cozinha. Estes sortudos quartos andares no Lumiar têm uma paisagem e uma concertina admirável no novo viaduto do Eixo Norte-Sul.



A Lisboa acrescentam-se artérias mas faltam-lhe vasos e capilares. O derrame entra na cidade com fúria matinal, e sai ansioso e esgotado ao fim do dia. E sem espanto todos os dias temos acidentes vasculares graves.

 

Paixoneta de Verão


Num aeroporto indistinto, a um canto esquecido, uma televisão pisca imagens da CNN. A torrente suada de gente que vai e vem entre casa e férias permanece indiferente às imagens. O barulho e o atropelo é intenso, os poucos que sossegam vêem filmes nos computadores portáteis ou nos leitores de DVD de colo.

Privado do luxo de um entretenimento que afirme a minha individualidade, um filme só para mim no meio da algazarra, olho para as notícias. Sob um vídeo de George Bush e Gordon Brown (novo primeiro ministro inglês) estão as gordas escritas: “They get along.” (Eles dão-se bem.) É um genuíno comentário político de verão: sorridente, descomprometido e erógeno. Alem do eco sazonal é também um reflexo da “special relationship” que é como os ingleses honorificam o seu seguidismo dos EUA. Ainda tenho gravadas na memória as filmagens enamoradas do Blair e Bush no relvado da Casa Branca. O Blair corado do primeiro amor, de sorriso tímido para os jornalistas como quem é levado a conhecer a família do namorado. E com ele o Bush de casaco de cabedal, a tentar impressionar a sua conquista com passada musculada e gesto largo.

Entre chefes de estado é assim que se conversa, num jogo de fascínio e sedução como entre Bush e Blair e Brown, ou numa corrida ao vodka como entre Sarko e Putin.



   

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