31 maio 2007

 

Como o ministro calculou os números da greve


Exclusivo d’oBiToque:

A hora da conferência de imprensa aproximava-se e o ministro Teixeira dos Santos não tinha números sobre o absentismo na função publica. Torturado dos Santos fazia a extensão do seu gabinete a passo largo e circunspecto. O seu olhar brevemente cruza a janela e no passeio um “recibo-verde” da Securitas fuma um cigarro na companhia de um polícia. Incomodado, o ministro regressa à penumbra do gabinete onde no monitor de 19 polegadas brilha a página de internet da CGTP. Estou encurralado, pensou.

Um tremor de nervos impele-o para a acção. Dispara pela porta do gabinete, faz lanços de escadas aos saltos e dirige-se ao seu Audi de serviço, ditando: vamos a S. Bento.

Mas o Parlamento está vazio e não há quem lhe acuda. Uns poucos deputados bebem o café subsidiado da cantina, folheiam os jornais e ensaiam frases curtas sobre a greve, no caso de uma rádio, jornal ou TV os abordar a caminho de casa. Teixeira dos Santos pergunta-lhes se sabem dos números, mas ninguém os viu. Está desolado, sente-se até só, o Sócrates foi à Rússia e sai caro ligar para longe. Entra perdido na câmara parlamentar e talvez o silêncio, talvez a iconografia, afaga-o num místico conforto.

Dos Santos tem uma ideia. Se o parlamento é a representação do povo, porque não fazer do povo a representação do parlamento, diz entre dentes. Como o PCP-PEV e o BE tiveram 7.5 e 6.3% dos votos nas últimas eleições, ou seja 13.8%, porque não dizer que é essa a adesão à greve, somando ou subtraindo um porcentito, anuncia com um sorriso malandro.

Os ombros de Teixeira dos Santos libertam-se do peso quando regressa ao seu Audi. Encontrara a resolução perfeita para a sua crise. O Sócrates ficará satisfeito, e dos Santos evita ser de novo alvo das meias de jogging do primeiro-ministro. Os partidos da esquerda também não se podem queixar porque oferece-lhes um empate, ficam como estavam nas eleições de 2005. Portugal está salvo porque ficamos todos na mesma.



   

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