31 outubro 2007

 

Gone Baby Gone (2007)


Este filme mereceu duas prematuras distinções. É o primeiro filme realizado pelo popular Ben Affleck; e a narrativa coincide em inquietantes mas irrelevantes detalhes, com o desaparecimento de Madeleine McCann, pormenores que são mais interessantes para os Ingleses do que para os Americanos.

À parte dos interesses tablóides, há um filme jeitosinho que retrata uma cidade de Bóston proletária e indigente. O argumento é baseado num romance de Dennis Lehane, que originou também o elenco de Mystic River, um artesão no esburacar da moralidade burguesa. Há muito neste filme para debater, dúvidas sobre a intenção da história e do realizador. Envio um e-mail ao Affleck a exigir explicações.

Este filme tem um tema: a fragilidade das crianças, ou a ansiedade dos adultos face às crianças. Se não são vítimas dos pais, os pequenos são vítimas dos estranhos pedófilos ou assassinos, senão são vítimas daqueles que as defendem, dos padres, polícias, e media. Foram-se os tempos em que o imaginário adulto elevava a criança a guardiã de beatitude e criatividade. Agora a criança é um frágil tesouro para ser escondido do mundo.

O presente não é mais perigoso que o passado, não se morre mais, não se sofre mais, pelo menos não no ocidente onde se encena este pavor. Parece-me que as crianças não são o verdadeiro objecto de ansiedade, mas as crianças como signo do futuro. O verdadeiro receio é que amanhã seja igual ou pior do que hoje. O capitalismo perdeu-se da utopia. Poucos acreditam na possibilidade de ascensão social, mais riqueza e mais lazer. A única estratégia é ir sobrevivendo, encolhido, fechado sobre si, sufocando os putos.

 

A tabuada da justiça


Em Espanha foram lidas as sentenças dos 28 indivíduos acusados dos atentados que matam centenas numa madrugada Madrilena. Sete foram ilibados e 21 considerados culpados em vários graus.

Houve penas de 3, 9, 10, 20 anos. José Trashorras foi condenado a 4800 anos (25 anos por cada uma das 192 mortes). Otman el Ghanoui e Jamal Zougam foram condenados cada um a 42,850 anos (30 anos múltiplo das 191 mortes, e 20 anos múltiplo de 1856 tentativas de assassinato). Estes últimos foram mais ou menos condenados ao tempo que nos separa da Idade da Pedra (antes até).

Em contraste com a prática Americana de escusar processo judicial àqueles que acusa, e tortura, e encarcera em Guantánamo e no seu sistema planetário de prisões, Espanha foi exemplar no exercício da justiça. Mas nas penas há também um espectáculo forçado e aritmético de indignação que nem convence nem tranquiliza. Os juízes espanhóis marcam a excepcionalidade dos actos de uma forma tão extrema que se torna risível. A “guerra global contra o terror” permanece assim ao nível da paródia.

30 outubro 2007

 

Sobre a relação povo-governo


Culpar o povo pelas políticas do governo do seu país é injusto e até idiota. Mas quando um governo impõe sanções económicas e depois invade e bombardeia um país numa política que se alastra há décadas, e o povo não se opõe em massa, há que ficar no mínimo desiludido. Quando no país que se auto-denomina o mais democrata e livre do mundo, as pessoas votam nas mesmas duas famílias há 28 anos (e seguem-se provavelmente mais quatro) há que ficar no mínimo desiludido. Não criticar nem deixar outros criticarem esse país, sem uma cinta de “mas” e “ses”, é desculpar a inacção e o conformismo. Mas quem somos nós?! Afinal Portugal serviu de estalagem na preparação da guerra. Talvez então uma iraquiana possa expressar esta desilusão...

“Que tipo de pessoas são vocês? Sim, eu disse pessoas, não governo. Eu não sou politicamente correcta. O vosso governo é parte de vocês e vocês são parte dele. Gostem ou não. E não me venham dizer com ar envergonhado que eu sei bem: “Oh, mas eu não votei neste.” Estou-me a foder para quem é que vocês votaram ou não votaram. Esse problema não é meu. O meu problema são vocês. A vossa cultura, o vosso comportamento, a vossa mentalidade, o vosso carácter, a vossa confiança, a vossa arrogância, o vosso orgulho falso, a vossa negação, a vossa estupidez e ignorância colectiva, o vosso modo de vida que eu acho chato, vazio e sem-gosto, o vosso sotaque que é uma afronta aos meus ouvidos... e aos meus sentidos. Eu não gosto de vocês. Ponto parágrafo.

Eu sei, eu sei, alguns de vocês são boa gente... Eu sei, eu sei, a América não é um grupo homogéneo... Eu sei essa merda toda. Isso não faz a mais pequena diferença na minha vida e na dos outros iraquianos. Já não quero saber das vossas nuances, das vossas inclinações políticas, quão bons ou maus vocês são... Para mim e para tantos outros isso já não tem qualquer importância. As nossas vidas foram arruinadas, totalmente arruinadas. Estamo-nos a foder para as vossas nuances. Tudo o que sei é que vocês destruíram o meu país. Sem arranjo.” An Arab Woman Blues

 

Parabéns


Nós todos na altura dos ditos 3% de défice já sentimos na pele como o José Sócrates costuma dar os parabéns. Agora foi a vez do Luis Amado...


 

“Chamem-me Amílcar.”


É motivo de vergonha nacional. Portugal é o chão das estatísticas de educação na Europa, seja a Europa dos 12, 15, 20 ou 25, pior só Malta. Na última geração de activos entre os 25 e os 34 anos, somente 48 por cento das mulheres e 38 por cento dos homens portugueses tem educação secundária superior. A média europeia é de 76 e 72 por cento respectivamente.

O actual Ministério da Educação identifica os culpados como sendo os professores sindicalizados. Os professores reagem com caricaturas de uma escola ingovernável, indisciplinada e desmotivada. A escola, sejam os professores, as instalações, os currículos, ou os pais, não chega para explicar este grotesco atraso. A razão tem que ser mais insidiosa e abrangente, culpe-se a cultura.

A educação em Portugal não se faz pelo prazer de aprender, ou pelo o desejo de saber. A cultura e a vida social portuguesa não o exigem. Lê-se os jornais desportivos e 80% da interacção social está assegurada. Portugal tem uma das maiores taxas de abandono escolar (38.6% contra uma média europeia de 18.1%) e é revelador que se propagandeie motivos para a educação. O governo com anúncios publicita os ganhos salariais e de progressão na carreira para quem fica na escola. Porque é que o governo exprime o óbvio? Porque não é verdade. A educação em Portugal é um sistema de certificação das elites, onde primeiros-ministros compram diplomas, onde os filhos das profissões liberais seguem as profissões do clã. Para a ralé a acreditação ou é impossível ou não serve de nada. Para a elite os mil epítetos de Senhor Doutor, Senhor Professor, Vossa Excelência, um rocócó de nomeações que transforma uma má educação em título nobiliárquico.

Não me chamem de Doutor Cabral. Chamem-me Amílcar.

 

Esquerda intransigente


O Tarzan decidiu presentear-nos com uns mimos a propósito de um artigo sobre Bancos Centrais. Nos tempos que correm, ser-se [o Bitoque] apelidado de esquerda intransigente é coisa boa, não é?

Cita um estudo qualquer que diz que os bancos centrais não devem intervir na taxa de juro para evitar bolhas especulativas. E sobre ex-bancos centrais darem empréstimos aos seus administradores (via Zero de Conduta), o artigo não dizia nada?

Queres crédito fácil? Fala com o Constâncio.

 

No país das escutas



Os trabalhadores manifestam-se e queixam-se que o governo não ouve. Não ouve, mas está à escuta. Baden Powell estaria orgulhoso...

29 outubro 2007

 

Cidades de lata


Em Junho de 2008, mais de metade da população mundial vai habitar em meios urbanos. Porque a urbanização dá-se essencialmente nos países pobres, isto significa que uma em cada seis pessoas do planeta vai viver em bairros de lata. A maior parte terá menos de 25 anos de idade.

A perspectiva é chocante – mil milhões de pessoas a viver no meio do lixo e dos esgotos. Mesmo assim, para a maioria vale a pena, porque as oportunidades de trabalho na cidade são mais. Para muitos esta mudança significa de facto uma melhoria de vida. O paradoxo deste mundo tão desigual.

 

Para que conste...


El Baradei diz que não tem provas contra o Irão.

«Vimos, no Irão, substâncias que possam ser usadas numa arma? Não. Vimos um programa activo de construção de armas? Não. Estamos preocupados mas temos tempo para clarificar esta preocupação. Esta é uma questão de desconfiança que dura há mais de meia década e as sanções não levam a uma solução duradoura», salientou o director da AIEA.

O vídeo da entrevista na CNN:
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28 outubro 2007

 

Aumentar o léxico


Já se conhecem os termos “anti-americano” e “anti-semita” acompanhados do acréscimo “primário” para vincar a origem patológica e regressiva do comportamento. É contudo de lamentar que outras nacionalidades, etnias e denominações, não possam ter recurso a igual floreado retórico para infantilizar os seus críticos.

Ofereço algumas sugestões: anti-lusitano, anti-europeu, anti-eslavo, anti-africano, anti-islâmico, anti-indiano, anti-chinês, e claro anti-benfiquista (para defesa da nação benfiquista).


 

Contra a guerra


Ontem passaram 5 anos que o Senado Americano votou a favor da invasão americana do Iraque. Por todos os EUA milhares de pessoas saíram à rua em protesto. Não foram manifestações centralizadas em Washington D.C. ou Nova Iorque, foram descentralizadas para que as pessoas em várias cidades pudessem participar sem terem que se deslocar àquelas duas cidades: Nova Orleães, Boston, Chicago, Los Angeles, Orlando, Filadélfia, Salt Lake City, São Francisco e Seattle.

Mas o impacte na comunicação social não podia ter sido mais modesto: na BBC a notícia mal se vê, embora depois seja informativa; na CNN é para esquecer pois nem uma palavra sobre o assunto; New York Times idem aspas aspas...

No entanto, e lendo melhor a notícia, até que não é de surpreender: as manifestações ao nível nacional reuniram pelo menos 100 mil pessoas (dados da organização).

Mas 100 mil pessoas para um país com 300 milhões de habitantes é no mínimo uma desilusão.

27 outubro 2007

 

Só as promessas é que não...

 

Sequestrados II


Eu que ia citar um artigo do Pedro Sales (do Zero de Conduta) para fazer um post, vejo-me forçado a adiá-lo após ver um seu comentário no Spectrum. Este comentário traz o pior da esquerda portuguesa ao de cima: o boato, a insinuação, o ataque pessoal.

Parece que há quem tenha ouvido até à exaustão a história da qual o Party Program parece insistir em contar. Eu por acaso apenas tinha-a ouvido vagamente. Mas enquanto o post de um traz algo, o comentário do outro não traz nada. Manda a boca, pessoal, de muito mau tom, mas não comenta, não nega, não rectifica. Reage como se fosse parte de uma matilha, os do BE, mas também dos que "dão a cara" (em oposição a todos os outros que se presume andam de saco na cabeça).

Das matilhas partidárias (dos grupos maiores aos mais pequeninos), infelizmente a história não é nova e essa sim já ninguém a pode ouvir. Já a matilha dos que dá a cara, é mais interessante de explorar. A frontalidade que Sales afirma só faz lembrar a historieta que Santana Lopes sempre conta nas suas reaparições: que "está aqui de peito aberto". Invertendo o comentário do Sales, quem fosse mauzinho podia insinuar que, se calhar, há bloggers que têm interesse em dar a cara, para as suas carreiras, para os seus egos.

Não conheço o Pedro Sales pessoalmente, mas espero que tenha sido um deslize e não um "bichinho (...) que lhe roi o estômago", como em tempos me diagnosticaram (por ser supostamente anti-PCP). É que bichinhos no estômago deve ser algo muito mau...

 

Sequestrados


Portugal é um país sequestrado pela sua história.

Por um lado, ditadura houve só uma e quaisquer considerações sobre o tema (como os ditadorzecos que nos vão passando pelos cargos) é uma afronta ao passado, um insulto a quem sofreu. Tal é dito pela esquerda, mas funciona optimamente para legitimar o podre centrão que nos governa há mais de 3 décadas.

Por outro lado, há toda uma nova geração a que é negada o direito de existir. As suas experiências de vida são-lhes vedadas pois o país já tem as suas referências imutáveis. Ignora e não aceita que a nova geração possa ter outras referências. Por exemplo, como o Tárique refere, para uma nova geração o 25 de Abril de 2007 é bem mais real do que o de 1974.

Quem tem o presente sequestrado pelo passado, não se lhe antevê grande futuro.

 

Mack the Knife...


A "Ópera dos três vinténs" levou à internacionalização do Mack the Knife. Chico Buarque fez uma adaptação na sua "Ópera do Malandro".

Lotte Lenya


Louis Armstrong (1959)


"A Ópera do Malandro"

26 outubro 2007

 

Crise de identidade


Olho para este este gráfico com sonhos de turismo? Ou de consumidor de iPhones?


Dollar contra o Euro em 1 ano.

 

99 anos atrás



Muito antes dos apelos do Cavaco para nos aproximarmos do mar ou de um célebre ministro Portas, já havia quem com extraordinária visão reconhecesse a sua importância. Infelizmente levou alguns balázios a 1 de Fevereiro de já faz muito tempo. Assim reza o documentário no 31daArmada sobre a morte do Carlos que "só fazia o seu dever". O documentário cita ainda o integralista António Sardinha.

Ora, anda para aqui um gajo a dizer que isto está mal, que tem vindo a piorar, para vir um Paulo Pinto Mascarenhas lembrar que ainda podíamos ter de aturar a Casa de Bragança. Isto não se faz, estragar um trabalho sério de anos com apenas um vídeo de 9 minutos...

 

Lapidação I



Na óptica de serviço público que norteia o Bitoque, hoje damos o nosso pequeno contributo para um Portugal melhor. De uma vez por todas temos de nos livrar da canalhada que nos suga o dinheiro. Depois de o nosso bem-amado Primeiro-Ministro José Sócrates já ter tido a oportunidade de lançar as primeiras pedras, e recentemente o Viajante, o Bitoque oferece agora a oportunidade aos seus leitores. Comecemos pelos professores, afinal a educação é o princípio de tudo. De preferência pelos que tenham cancro ou outras doenças debilitantes. Assim sucumbem mais rápido.

Outros lhes seguir-se-ão.

25 outubro 2007

 

Ditadura positiva, ditadura negativa


A ditadura negativa dita o que não pode ser feito, censura, reprime, e mata.
A ditadura positiva dita o que tem de ser feito, disciplina, corrompe, e cansa.

Em ambas a liberdade foi anulada.

 

Um bocadinho mais de parolice, se faz favor


Aqui para o cu da Europa.

 

Argumento de autoridade


As doenças profissionais mais conhecidas são as tendinites e as hérnias, ocasionadas pelo esforço e repetição mecânica. Por preconceito outras doenças profissionais não recebem a atenção devida, por exemplo as que afligem os historiadores. A exposição prolongada à matéria passada e à historiografia em geral conduz a uma distinta percepção do passado e do presente (para além dos cortes de papel).

Há duas ordens de historiadores: os da continuidade e os da descontinuidade. Os primeiros esgravatam o acervo em busca das ligações, por muito ténues que sejam, que fazem do presente a projecção do passado. Os segundos separam o arquivo em partes, em incomensurabilidades, eventos, gentes e ideias que nascem e morrem. Para estes o presente é inventado contra o passado e sem o seu peso. Se não foi ainda óbvio declaro-me: sou do segundo género.

Quero manter o presente separado do passado, não os confundir. Quantos crimes nacionalistas foram justificados com as fantasias de um passado heróico? Quantos debates políticos degeneraram num jiu jitsu verbal sobre o cânon revolucionário? E entre economistas progressistas e ultra-liberais quantos argumentários se munem de referências aos Gigantes (A. Smith, J. S. Mill, F. Hayek, L. von Mises)?

Para um historiador com tendinite mental, estes passados não existem, são presentes mascarados. Argumentos do presente são investidos com referências superficiais ao passado. Não descobrimos nada sobre o que foi, como podia ter sido, ou como acabou sendo. O passado fica mais distante quando mais próximo o reclamamos.

 

Enganados!


Prometeram-nos centenas de milhar de empregos, nunca o desemprego foi tão alto. Prometeram-nos referendo, dão-nos tratado. Enganados por enganados, mais valia beijar macacos...



(vídeo retirado do jumento)

24 outubro 2007

 

A alegria do poder


Distingue-se dos políticos do passado. É diferente da bonacheirona moleza de Mário Soares. É diferente da hirta e esforçada marcha de Cavaco Silva. É diferente da oleosa conspiração de Santana Lopes. É diferente da curvada magnanimidade de António Guterres. José Sócrates personifica o entusiasmo e o amor-próprio contra tudo e todos.

Eu diria que o nosso primeiro-ministro é feliz. Ele acha que está a fazer grandes coisas para o país, talvez até para o mundo. O seu sítio da net comprova-o ao gritar os sucessos da sua liderança, com uma convicção que só pode chocar aos portugueses que vivem a depressão dos dias. Conta o plano tecnológico. Conta o três por cento do défice. Conta o Tratado de Lisboa.

Estas vitórias impressionam profundamente o político, e envenenam o homem. Sócrates espera que o país partilhe com ele estas alegrias. Porque estão os trabalhadores a protestar nas ruas, quando ele lhes oferece educação e computadores portáteis embrulhadinhos? Porque se revoltam os funcionários públicos quando a despesa do Estado foi controlada? Porque os jornalistas não louvam um primeiro-ministro que projecta o país internacionalmente com um novo tratado europeu?

Diz-se que cada país tem os líderes que merece. Porque é que os portugueses escolhem ditadores?

 

Qualificação II


Pensava que com o Novas Oportunidades já poderiamos estar qualificados para dizer algo sobre a Europa. Pelo vistos ainda não...

 

A monarquia a apodrecer


Espreitado no espreitador.

23 outubro 2007

 

Californication


Mais de 500 mil pessoas tiveram que ser evacuadas, mais de 800 km quadrados foram queimados pelos fogos no sul da Califórnia. Mas o mais importante é isto:


As mansões multi-milionárias dos célebres estão a arder. Há já quem lhe tenha chamado o "inverno nuclear", tal como o "Armageddon" parecia "o fim do mundo". Mas há boas notícias! O Governator Arnold Schwarzenegger entrou em acção: "Qualquer coisa que o mayor precise, qualquer coisa que San Diego precise, nós estamos lá."

Sabemos que Mel Gibson teve que ser evacuado, mas a sua família e animais de estimação estão bem. John Travolta: "Tudo o que sei é que as pessoas que conheço estão bem e fico contente." Quanto a Britney Spears, "Acho que não chegou à minha casa. Estou mesmo assustada." Uf, que alívio!

Por simples curiosidade, será interessante comparar a reconstrução da rica e branca Malibu com a da pobre e negra Nova Orleães.

 

Qualificação


Várias vozes bem pensantes têm-se mostrado contrárias a referendar o novo Tratado de Lisboa. Afinal, os populares pouco letrados serão incapazes de entender a complexidade do tema. Já os nossos deputados, a nata do país, está bem mais qualificada para a discussão do tema.


 

A Corajosa Armada

22 outubro 2007

 

Ausente catharsis


A meses dos Óscares os estúdios de Hollywood produzem os candidatos para 2008. A avaliar por In the Valley of Elah e Rendition escolheram a guerra no Iraque como o tema do ano. São filmes de detalhe a exibir as artes dramáticas do elenco, para agradar a críticos e render pouco nas bilheteiras. O que é que estes filmes nos dizem sobre a imaginação imperial?

Os filmes são sobre Americanos. Com reflectido provincianismo as vítimas do imperialismo são os soldados mutilados pelo medo e os espectros da sua responsabilidade (Elah) ou os cidadãos reféns da paranóia securitária (Rendition). O Oriente do conflito permanece alienígena com protagonistas não identificados. A guerra foi internalisada dentro das fronteiras dos EUA.

São histórias de homens. As mulheres estão presentes e potentes mas além ou aquém do conflito. Elas choram as mortes dos filhos e os desaparecimentos dos maridos, e movem a acção dramática, investigando, pressionando, conspirando, ainda que derradeiramente ineficazes para mudar o essencial. A guerra parece-lhes imune. A excepção é Meryl Streep que toma o papel de vilã, uma directora da CIA, a lembrar na pose empinada Hillary Clinton. No contraste, os homens estão absolutamente perdidos na engrenagem do conflito.

O sentimento que perpassa os filmes é desespero. O desenlace de ambos é inconclusivo. A guerra, a injustiça, os atropelos à liberdade escapam incólumes da narrativa. A ficção está aberta quando as luzes da sala acendem, como que a querer fundir-se ao real.

Foi esquecido o Hollywood de Reagan e Rambo, do militarismo heróico e puro. É uma cinematografia da incerteza e da dúvida.

 

Conversas de outros tempos


Mais precisamente há 10 milhões de euros atrás:

- Papá, papá?!
- Que é agora?
- Fui comprar uns caramelos e fiquei a dever na mercearia. Tratas disso?
- Claro, filhote.

 

Papagaios


Houve um tempo em que havia especialização de tarefas. Agora estamos no tempo da flexibilidade de funções. Deste modo, não é de admirar encontrar o comentador de cinema Eurico de Barros do DN a fazer de caceteiro de serviço. Neste caso, batia no documentário Sicko, de Michael Moore, de tal forma que até envergonharia o comentador de serviço da CNN (Para ver uma resposta indispensável de Moore às críticas deste ver aqui).

Eurico de Barros começa por colar Michael Moore ao ("ditador tropical") Castro. Continua por insinuar que ele mente no que mostra, algo que nem o papagaio da CNN se atreve a fazer. Bem pelo contrário, este último reconhece que muitos dos factos estão correctos. Acaba, finalmente, por dizer que Moore não é alternativa para Ministro de Saúde como se fosse essa a sua intenção. Em suma, fraca demagogia de papagaio que tem de mostrar serviço. Papagaio por papagaio, prefiro os inteligentes...



(Vídeo retirado do jumento)

21 outubro 2007

 

Tongue twister


Os aliados dos Americanos lá dentro andam à bulha com os aliados dos Americanos lá fora. Os aliados dos Americanos só são aliados dos Americanos para lixar outros aliados dos Americanos.

 

Terceira lição


"[P]ara meu desencanto o que era doce acabou tudo tomou seu lugar depois que a banda passou, e cada qual no seu canto, e cada canto uma dor, depois de a banda passar..."

Esperemos que depois de uma manifestação gigantesca de 200.000, não volte tudo ao mesmo. Que os sindicatos não parem a mobilização das pessoas. Que as pessoas não se desmobilizem ou se deixem ficar em seu canto. E que façamos todos por isso...



(ver uma reacção curiosa de Chico Buarque e Nara Leão, 16 anos depois)

 

Olhem para eles tão preocupados...

20 outubro 2007

 

Maré alta?


Inspirado no post da Dolores e replicando um post mais antigo, aqui fica a história pré e pós Blondie.

Pré-Blondie (1960's)


Blondie (1980)


Pós-Blondie (no novo milénio)


(Ainda há a versão latina 18 anos pós Blondie aqui)

 

Estou convencido


Com um nome como flexisegurança só pode ser coisa boa. É como venenosaudável, quem não tem vontade de o tomar? Ou chapadacarinhosa, quero uma.

 

A novidade II...

19 outubro 2007

 

Blondie, not Blonde


O que é que têm em comum Deborah Harry, aka Blondie, e Kirsten Dunst?


Ok são loiras, mas não vejo muito mais. À Dunst falta-lhe a insubmissão, a inquietação da Harry.
One way or another, Kirsten Dunst parece estar determinada a fazer o papel de Debbie Harry num filme para breve. Não sei se será possível tal transformação, mas fica a esperança de que o filme use a voz original...


 

Parceria Público-Privado


Depois de Ferreira do Amaral e Martins da Cruz, também Maria de Belém foi apanhada nas teias das "parcerias público-privadas" (1, 2).
Ex-Ministra da saúde, actual "presidente da Comissão Parlamentar de Saúde e simultaneamente avençada do BES Saúde" parece não ver nenhuma incompatibilidade. Só mesmo uma cambada de invejosos poderiam ver qualquer problema na situação.

Ontem, 200.000 invejosos reclamaram para eles e todos os outros um bocadinho da tarte que alguns glutões andam a comer sozinhos...

 

A grande família operária


A semana começou com 13 mil enfermeiras/os da Finlândia a ameaçar despedir-se colectivamente, caso lhes fossem recusadas as melhorias salariais a que têm direito. Exigem um aumento de 24% (nos próximos 28 meses), contra os 12% propostos pelo patronato. Na Alemanha, a luta dos sindicatos dos comboios está a endurecer. No início da semana foram três horas sem comboios, ontem foram nove. Pedem um aumento de 31% dos salários. Em França, a greve dos trabalhadores dos transportes públicos de ontem durou 24 horas, com uma adesão de 60% em Paris. Os portugueses juntaram-se com 200 mil trabalhadores na rua.

Do outro lado do lago, os trabalhadores da General Motors organizaram recentemente uma greve de dois dias, os da Chrysler de 6 horas. Há quem tema que se volte aos walkouts de 98, quando os trabalhadores pararam durante 54 dias, infligindo um prejuízo de mais de 2 mil milhões de dólares à GM, uma queda da qual a empresa ainda está a tentar recuperar.

18 outubro 2007

 

200.000


O governo chantageia sindicatos, faz dos trabalhadores (sector público e privado) saco de pancada. Diz ainda que as lutas dos trabalhadores não têm razão de ser, que se tem de mudar de comportamentos. Tiveram a resposta que mereceram, com 200.000 na rua a mostrar a sua repugnância pela política de Sócrates e pela forma com que certos senhores destroem as suas vidas.

 

"Basta de Socialismo Transgénico!"


Esta foi a minha palavra de ordem preferida da manifestação desta tarde.

 

A ilusão do carro


Andar de carro é viciante. Conclusão tirada de experiência própria, em que se confirma que de facto é uma extensão da nossa casa, da nossa intimidade.

Demoro menos 15 minutos a chegar ao trabalho de carro do que se fosse a pé ou de transportes (sim, demoro o mesmo tempo a pé ou de autocarro, porque tenho que contar com o tempo de espera pelo autocarro e com o trânsito).

Posso armazenar coisas no carro: mochila da natação, material do trabalho que vai vagueando entre casa e emprego, compras de supermercado que não precisam de frigorífico...

Posso ouvir rádio no carro, da clássica às notícias, passando pela música. E também posso escolher a música que quero ouvir no leitor de CDs. E o volume da música.

Posso regular a temperatura para que fique mais confortável.

Posso conduzir e falar ao telemóvel (desde que use um auricular!).

Com um carro nas mãos tenho de facto a sensação de ser mais poderosa, de que mando e controlo o ambiente à minha volta.

Mas também caio facilmente na ilusão que tendo carro tudo me vai correr melhor. Porque não corre: tenho que arranjar estacionamento para o dito; tenho que aturar condutores inexperientes, grosseiros, perigosos, distraídos...; tenho que lidar com o trânsito; tenho que pagar a gasolina; tenho que pagar a manutenção do carro; tenho que pagar o Imposto Automóvel; tive que comprar o carro e provavelmente pedi um empréstimo para o poder fazer...

No fim, acho que vou ficar aliviada quando tiver que devolver o carro que estou a usar durante umas semanas à sua dona. É verdade que vou barafustar com os carros mal estacionados em cima do passeio, com os cocós de cão em todo o lado, com os carros que não respeitam os peões nas passadeiras, etc., etc.

Mas prefiro a minha realidade dura a uma ilusão suave. Ao menos sei o que de facto controlo na minha vida.

 

O gang do costume


Neste documentário (infelizmente sem legendas em Português) analisa-se a relação entre Dick Cheney e Donald Rumsfeld. Podemos encontrar muitas caras conhecidas...


 

Generosidade sem fim


É o que se pode dizer do Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Ele entende que a proposta do governo de aumentos da função pública deve ser da ordem dos 2,1%.
Isto é, equivalente à inflação esperada.
Isto é, os funcionários públicos vão manter o seu poder de compra.

A fazer coro está obviamente o patronato, por via do seu porta-voz, João Vieira Lopes. Que aliás faz questão de realçar que acha normal que haja manutenção do poder de compra dos funcionários públicos, até pelo impacte que a tabela de vencimentos da função pública tem no sector privado (há muitas empresas que fazem equivaler a sua tabela de salários à da função pública).

Mas a verdade é que nos dois anos anteriores não só os funcionários públicos não tiveram aumentos sequer equivalentes à inflação (ou seja, perderam de facto poder de compra), como ainda por cima viram as carreiras congeladas.

Só espero que os vários sindicatos com as suas propostas variadas (Frente Comum/CGTP – 5.8%; FESAP – 3.8%; STE – 3.5%) consigam fazer pender a balança a favor de quem trabalha.

17 outubro 2007

 

Interesses poderosos

 

EMERGÊNCIA

 

O Novo Candidato




A sério? Ou Loony?

Não deveriamos confiar mais numa ficção assumida (Colbert) do que numa ficção disfarçada (todos os outros candidatos)?

16 outubro 2007

 

Honesta mentira


Um dos pesadelos que aterra escritores tem como vítima uma entidade imaterial, o significado. O exemplo emblemático é o “newspeak” de George Orwell em 1984. No romance, uma legião de funcionários da Oceânia corrige perpetuamente um dicionário que dita a lei da língua. Em cada revisão do dicionário, o significado é subvertido: guerra igualada a paz, verdade com mentira. A par com a violência disciplinar sobre o significado, perdem-se palavras. E sem palavras, os cidadãos de Oceânia estão desarmados para compreender o mundo e o mudar.

Quando ouvi pela primeira vez o refrão do programa tardio da CNN, Anderson Cooper 360º, dei uma gargalhada. Catalogar as reportagens com a frase: “Keeping them honest”, é reclamar uma credibilidade que o pobre conteúdo jornalístico não garante. A CNN que cobre as notícias como um qualquer tablóide, com ruidosa gravidade e amnésico comentário, esconde-se por detrás de uma frase com tom missionário. Achei patético.

Dias seguidos a ser martelado pelo refrão, “Keeping them honest” tornou-se uma frase de angústia. A cada uso escorre significado, perdido. A honestidade que a CNN alegadamente valoriza é diariamente banalizada, em reportagens como a que alerta para o perigo iminente de uma falha informática na rede eléctrica que pode (irá!) cobrir os EUA de breu e morte durante meses.

A mediocridade é a suprema estratégia do regime.

 

Pelo menos numa coisa estamos de acordo...

15 outubro 2007

 

Está lá?




O Nobel podia ter vindo mais cedo. Era preciso esperar pelos 90?

E o jornalista podia ter vindo mais tarde, nem deu tempo para por umas calças de jeito.

 

XXX


Sempre que aparece o logo nos telejornais para o Congresso do PSD, demoro uns quantos minutos até perceber que estão a falar do número do congresso...

14 outubro 2007

 

Diz que é uma espécie de sociólogo


Já aqui tinha falado da coisa. Tive hoje o infortúnio de ler a sua crónica no DN. De Che aos muçulmanos, dos comunistas aos imaginários perigos das alterações climáticos, a coisa destila ódio que é uma coisa parva. Não me peçam para fazer o link às suas declações de guerra.

Diz que é uma espécie de sociológo. Mas para mim é mesmo um caso de psiquiatria e de filha de putice.

 

Segunda Lección


Hoje continuamos o programa de estudos de combate ao governo. Depois de interrompida a semana passada por um filme inadiável, esta lição passa à frente das programadas.

Vem do México, mostra o descontentamento popular contra o ex-presidente Vicente Fox e o derrube da sua estátua em Boca Del Rio. Poderia ser intitulado "Música de intervenção".

13 outubro 2007

 

Dias comuns


“Salah Sultan não precisa de muito tempo para contar o que tem em inventário. Há seis latas de sardinhas, quatro garrafas de óleo vegetal, um pacote de guardanapos, nove caixas de wafers e uma lata grande de leite em pó. Grãos e sementes foram retirados do pacote original e subdivididos em porções mais baratas. Por cima da porta há um espaço vazio onde já esteve a televisão e ao nível da cintura está o Corão e o livro de contas”. Beit Lahiya, Gaza, 12 de Outubro de 2007.

“Tudo o que ficou do meu quarto foram as quatro paredes”, disse Maysa al-Sharaf, 23, que encontrou pilhas de destroços em cada divisão da sua casa. “Tinha esperança de encontrar alguma coisa – pelo menos o meu par de calças pretas favorito. Mas não havia nada”. Ficou tão deprimida que voltou à sua residência temporária noutro campo. O seu telemóvel estava cheio de imagens da destruição que ela captou, apesar da proibição do exército. “Esta é a sala da minha amiga”, disse mostrando a fotografia de mobílias e paredes partidas, viradas do avesso, e furadas por balas. “Ela ainda não a viu”. Campo de refugiados palestinianos de Nahr al Bared, Líbano, 10 de Outubro de 2007.

“Quando a escola começou este mês, as crianças de al-Akkaba no norte da Cisjordânia não tinham só as preocupações usuais do início do ano escolar. Sofriam a ansiedade acrescida de que a qualquer altura a sua escola podia ser demolida. O exército israelita diz que al-Akkaba está numa “zona militarizada” e foi construída sem permissão. Vêem portanto a vila como ilegal e já enviaram dezenas de ordens de demolição. O exército ordenou a demolição do jardim-escola – construído com a ajuda dos Britânicos, Noruegueses e Norte-Americanos – antes do início do semestre. Um dos professores da escola, Othaman al-Ghoury, disse que essa ordem, apesar de extremamente preocupante, não é nenhuma surpresa. “Todos os edifícios da vila sofrem da mesma ameaça. Já se espera que sejam demolidos. A escola, o jardim-de-infância, a mesquita, a clínica e todas as casas.” al-Akkaba, Cisjordânia, 18 de Setembro de 2007.

 

Provavelmente, o espectáculo mais estranho do Mundo


No Grémio Lisbonense, dia 19 de Outubro pelas 22 horas, Toy vai cantar Zeca Afonso. Não sei se para limpar a alma da campanha com Carmona, se para ter a oportunidade de ter alguém com dentição completa a ouvi-lo... a verdade é que na próxima semana o "Milho Verde" vai soar algo transgénico...

P.S: eu vou tentar não perder, que coisas destas só se pode ver a olho nú de 300 em 300 anos...

 

Novo Reality Show


Um grupo de amigos, todos politicamente envolvidos no lado esquerdo da Força, mas desde sempre apartidários, vão-se submeter a uma experiência única. Divididos em dois grupos, vão-se juntar às estruturas do PCP e do BE (cada grupo, um partido). Chamemos-lhe um Pepsi Challenge político. Vou tentar manter-me informado...

 

Cruzada!

 

Pidesco


A tentativa de branquear a pressão inaceitável sobre todo e qualquer movimento que contrarie o governo continua. Hoje, é o editorial do DN que se insurge contra as críticas dos sindicatos e aproveita para atacá-los. Curioso e contraditório é a própria admissão de um comportamento inaceitável: "a inspecção é clara e concreta quando também adverte as forças de segurança de que, apesar de não haver ilícito, devem evitar ir aos sindicatos quando precisarem de informação sobre uma manifestação." Porquê modificar algo aceitável?

Deixo-vos um resumo do relatório (A totalidade do documento aqui, via Arrastão):

1 - "o comandante (...) da esquadra da Covilhã da PSP recebeu um telefonema, do Comissário Ribeiro, oficial operacional do Comando da PSP de Castelo Branco, pedindo que recolhesse as informações necessárias para a providenciar pela segurança do Primeiro Ministro, o qual no dia seguinte se deslocaria à cidade da Covilhã.(...) Era, pois, necessário colher e prestar, com urgência, informação ao Corpo de Segurança Pessoal informação sobre «factos com significado para a segurança desta entidade, nesta deslocação»."

2- "havia rumores na cidade de que teria lugar uma manifestação pública por ocasião da visita de S. Exa. o Primeiro-Ministro, organizada por sindicatos locais, mas não estava confirmada a autorização administrativa para o efeito, pelo que também era necessário obter informação sobre a manifestação, para efeitos de adequar o dispositivo policial ao caso, para garantir que o exercício do direito de manifestação decorreria de acordo com a lei, em ordem e tranquilidade. (...) O conteúdo da dita ordem emitida pelo Comandante da PSP da Covilhã foi o de «pesquisar informações» para o dito efeito, sem mais."

3 - "É de todos conhecido, nomeadamente das polícias, que as acções de rua na Covilhã são geralmente organizadas pelos sindicatos ou pelas associações de estudantes do ensino superior. Como corria o rumor, ainda não confirmado, de que seriam os sindicatos a organizar a acção de protesto, a intenção era percorrerem todos os sindicatos, independentemente da sua filiação partidária, tentando obter a confirmação, sendo certo que logo na primeira visita ao SPRC obtiveram as informações que pretendiam. (...) O dito funcionário afirma que o chefe Pereira lhe terá dito “é preciso ter cuidado com o tipo de palavras que colocam nas faixas, pois pode constituir ofensa à honra e dignidade das pessoas, designadamente do Primeiro-Ministro”"

4 - "Ainda durante a tarde, os ditos elementos policias deslocaram-se à sede da Câmara Municipal da Covilhã, onde foram recebidos pelo respectivo Vice-presidente, que só então, na presença deles, deferiu o pedido de autorização da acção (...)"

5 - "Regressaram então para a Esquadra, onde o chefe (...) redigiu a informação de serviço respectiva, a qual continha o seguinte: confirmação da realização do “cordão humano”, cópia dos dois panfletos para distribuição pública recebidos na visita ao SPRC, identificação e contacto do funcionário e da dirigente sindical e bem assim a informação de que a acção de rua já tinha sido autorizada pela Câmara Municipal da Covilhã."

Conclusão: "Os dois elementos policiais negam terem sido proferidas advertências quanto às expressões que seria utilizadas na acção de rua, mas de todo o modo a expressão que é assacada ao chefe Pereira é uma reprodução do conteúdo da lei, pelo que por definição não constitui ilegalidade. (...) Porém, dado que se trata de uma matéria sensível, que interfere com o exercício do direito fundamental da liberdade de reunião e manifestação (CRP, art. 45.º), conveniente seria que a Direcção da Polícia de Segurança Pública emitisse instruções para regular os procedimentos de colheita de informação policial para efeitos de assegurar a ordem e tranquilidade no exercício desse direito, de modo a prevenir situações sensíveis."

12 outubro 2007

 

O fim dos dias


Investigadores da Universidade do Utah descobriram erros na tradução do Novo Testamento do texto original em Grego Cóptico para Latim. A versão latina da Bíblia serviu de base para todas as traduções posteriores.

Entre os erros, os estudiosos indicam que os 7 selos referidos no livro da Revelação, também conhecido como livro do Apocalipse, referem-se de facto a 7 medalhas. Recorrendo a trabalho arqueológico, financiado pela Heritage Foundation, os estudiosos referem que no capítulo 6, versículo 1, do livro do Apocalipse, uma oração inteira foi ignorada pelos tradutores latinos. Onde se lê: "Observei quando o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos;" deve-se ler: "Observei quando o Cordeiro entregou a primeira das sete medalhas" seguida do texto perdido: "a Al Gore, filho de Albert Gore, filho de Allen Gore." A profecia bíblica continua com o aparecimento do "cavalo branco da Conquista," e o advento do Anti-Cristo.

Esta descoberta foi noticiada há dois meses sem gerar grande interesse. Hoje com a nomeação de Al Gore para Prémio Nobel da Paz, a redacção d'oBiToque contactou os investigadores de Utah para solicitar o seu comentário. Estes indicaram que a escolha de Al Gore para Nobel da Paz, um vice-presidente que apoiou o bombardeamento dos balcãs e inúmeras outras intervenções desumanas mundo fora, e que actualmente confunde uma campanha de consciencialização ambiental com a sua promoção pessoal, só pode ser explicada como um "um acto e sinal divino."

Deus nos perdoe.

 

Regresso ao futuro


Cavaco Silva quer que o País regresse ao pelotão da frente.

E eu que nunca dei por lá termos estado...

 

Pão e circo


"Pão já subiu 30% este ano".

Parece que nos vamos ter de contentar apenas com o circo...

11 outubro 2007

 

A frase da década


"Tudo faremos para que os funcionários públicos não percam poder de compra no próximo ano."

José Sócrates, 11 de Outubro.

 

Bola de cristal


Não é de estranhar que Rudy Giuliani, que já disse estar contra a criação de um estado palestiniano, tenha como conselheiros para o médio oriente neoconservadores, pró-israelitas. Destaca-se Norman Podhoretz, sogro do actual conselheiro de Bush, e que recentemente escreveu o mentiroso e alucinado The Case for Bombing Iran: “Ahmadinejad, tal como Hitler, é um revolucionário que pretende desmantelar o actual sistema internacional e eventualmente substituí-lo por uma nova ordem global dominada pelo Irão e regida pela cultura religioso-política do Islamofascismo.”

E não se iludam os optimistas. Os conselheiros dos pré-candidatos democratas também são dignos do posto. Hillary Clinton prefere o experiente esposo Bill, aquele que bombardeou a Jugoslávia, o Sudão, o Iraque e o Afeganistão, enquanto as televisões estavam distraídas com o que se passava nas camas da Casa Branca. Na conselhia também está a veterana Madeleine Albright para quem a morte de meio milhão de crianças pelas sanções impostas ao Iraque era “um preço que estava disposta a pagar”.

Barack Obama já tinha mostrado a sua posição quando propôs ameaçar o Paquistão caso Musharaff não actuasse contra os terroristas. Na sua lista de conselheiros encontramos Zbigniev Brzezinski, antigo conselheiro de Jimmy Carter, famoso por armar os mujahedins, primeiro na luta contra o partido comunista do Afeganistão, depois contra a União Soviética.

Olhar para o futuro é olhar para o passado.


 

A festa


Em inédita expedição de campo, os jornalistas do Público cobrem o Segundo Congresso Nacional dos Economistas.

É o melhor jornalismo que o "ele disse, ela disse" permite. Percorrem os corredores e os beberetes, a recolher três linhas de opinião aos notáveis sobre os discursos de outros notáveis. Chamam-lhe "à margem do congresso" e já ouviram Patinha Antão, Murteira Nabo, Ernâni Lopes e João Salgueiro.

Revela este trabalho de campo que os economistas gostam de falar sobretudo de política económica e seus orçamentos: fiscalidade, fiscalidade, fiscalidade. Revela este trabalho de campo que os economistas são uns velhos retintos com compromissos partidários. Só chateia que o jornalismo económico seja em preconceito e prática tão ou mais senil que os economistas. Deixam escapar uma oportunidade unica para um pouco de gonzo.

(A Ordem dos Economistas transmite em directo no Sapo o congresso. Porquê? Porque não? Porque sim.)

 

Zé-Ninguéns


Um extracto da entrevista de Jon Stewart à mulher de Dick Cheney, vice-presidente dos EUA, mostra bem o que se pensa dos ditos aliados europeus e do lamaçal para que os lacaios Blair, Aznar ou Durão Barroso nos arrastaram, contra nossa vontade.

"Lynne Cheney - [Sobre a política bem sucedida do marido e de George W. Bush] Antes os terroristas não estavam relutantes em danificar interesses americanos e matar americanos.

Jon Stewart - Mas sabe que eles têm feito isso [continuado os ataques], nestes últimos seis anos, as bombas em Espanha e no Reino Unido.

Lynne Chenney - Mas estávamos a falar de interesses americanos..."

(Mais aqui)

 

Música de cavaquinho...


Segundo me contaram, Sua Excelência, o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva por terras de Açores terá elogiado o modelo de desenvolvimento regional. Especificamente, terá referido a baixa taxa de desemprego como exemplo a seguir. Ora, tal equivale a subscrever a forte intervenção estatal da região, a única força que inverte as usuais dificuldades económicas insulares. Ali, até as vacas não mexem o rabo se o Estado não mandar...

Certamente terá tido o conselho de um professor universitário reformado de seu nome Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. Uns dizem que era bom (macro-)economista. Outros sempre denunciaram a sua miopia para além da inflação. Talvez com a idade tenha passado a ver melhor...

Pena que o outrora Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva não possuisse de tal perspicácia. Num momento de raras oportunidades, em que teve dez anos para fazer de Portugal o que bem lhe apetecesse e com amplos recursos financeiros, apenas indicou o caminho do abismo. Muitas das sementes do actual desastre residem nesse período. Privatizou propositadamente às cegas, não investiu nas pessoas ou nas máquinas, não reformulou a organização do trabalho, tudo isto num contexto de crescente competitividade. Em suma, lançou-se a destruição do aparelho produtivo português.

Os portugueses, esses, continuam entregues à sua sorte, à sorte do que cada um consiga fazer por si.

10 outubro 2007

 

Aceitam-se apostas...


Os Prémios Nobéis da chatice já foram anunciados: Medicina, Física e Química. A rainha das ciências, a economia, está agendada para segunda feira e o furor de antecipação é palpável.

A corretora de apostas britânica Ladbrokes antecipa vencedores. A lista inclui:
Elhanan Helpman (4/1), Gene M Grossman (4/1); Paul Romer (5/1); Chris Pissarides (6/1); Dale T Mortensen (6/1); Peter A Diamond (6/1); Paul Krugman (7/1); Eugene Fama (8/1); Robert Barro (9/1); Gordon Tullock (12/1), e muito pouco favoritos (20/1) Avinash Dixit, Edward P. Lazear, Jean Tirole, Thomas J. Sargent, William Baumol.
Ou seja, a expectativa é de premiar a macroeconomia do crescimento endógeno e as teorias da troca internacional.

Há um risco muito elevado que o planeta saia de órbita se este prémio for atribuído a alguém que o público em geral desconheça ou não respeite. Vamos esperar mais uma vez pelo bom senso da Fundação Nobel.

 

Juris imprudente


O liberalismo narco-fundamentalista (porque é uma droga e um acto de fé) elege o regime de jurisprudência para estado perfeito da lei. F. Hayek deu a jurisprudência como um fenómeno de "ordem espontânea". A desempedida actividade dos indivíduos, em igualdade de poder, alegadamente gerava um arranjo perfeito de regras e comportamentos. As decisões judiciais do passado, acumulando sedimentos históricos, seriam a base da vida social.

É transparente como esta concepção é atavista e reaccionária: o estado ideal é o da "ordem" e o definitivo juiz é a reprodução do passado. A ironia é que este mecanismo conservador é a última defesa para a legalidade progressista nos EUA.

Nos EUA o Supremo Tribunal é o definitivo recurso para disputas sobre a leitura da lei e da jurisprudência. O Tribunal é constituído por 9 membros que são nomeados pelo Presidente e confirmados pelo Congresso. O cargo é vitalicio e só reforma tardia e compulsiva, ou morte, faz vagar um posto. Durante o New Deal dos anos 30, o Presidente Roosevelt fez eleger um painel de progressistas que ajudaram a transformar a sociedade americana, combatendo a segregação racial, garantindo a igualdade das mulheres na lei, e até legalizando o aborto. Desde os anos 70, só conservadores têm sido escolhidos para o Supremo Tribunal. Em 2006, com a nomeação Samuel Alito o tribunal ficou dividido 5 para 4 a favor da regressão a valores conservadores. De quando em vez, o tribunal divide-se 5 para 4 a favor da agenda progressista, e o voto pendular é o de Anthony Kennedy.

O interessante é que o programa da ala progressista no Supremo Tribunal não pretende a transformação social da América como nos anos 50 ou 60. O grupo é designado de "judicial conservatives," tal como Hayek eles querem preservar o sentido das decisões históricas do Supremo Tribunal. O líder desta ala é John Stevens, com 87 anos e escolhido para o Supremo pelo Presidente Republicano Ford. A ala ultra-conservadora por seu lado quer honrar a Constituição Americana interpretando o sentido com que foi escrita, ou seja ressuscitando a mentalidade dos pais da nação no séc. XVIII. O resultado é um programa de violência social, anti-aborto, anti-afirmação positiva, pró-pena de morte, pró-proteccionista, que se justifica por um amor mitológico pelo nacionalismo.

 

Pedagogia policial

 

Guerra de propriedade


A guerra sobre os direitos intelectuais de propriedade está ao rubro. Uma cidadã Estado-Unidense acaba de ser condenada "por disponibilizar música de forma ilegal num servidor de peer-2-peer."

 

Canonizem este!

 

Malta indisciplinada

09 outubro 2007

 

O homem mais rico


O Wall Street Journal é impresso em papel amarelo. O Financial Times é impresso em papel cor de rosa. Porque é que os diários financeiros se querem distinguir dos diários generalistas?

Além do distinto papel, as notícias vêem minadas por uma linguaragem críptica: derivatives, futures, venture capitals, investment capitals, hedge funds, trust funds, pension funds, mutual funds... Com prolífico recurso a estas arcanas invenções financeiras, os jornalistas escrevem narrativas sobre o capitalismo no seu dia-a-dia. A notícia aparenta ser o sobe e desce dos títulos mas quem foi iniciado na profana giria sabe ler homéricos épicos de fortunas ganhas e perdidas.

Há ainda as revistas de negócios: Business Week, Fortune, e Forbes. Essas elevam os heróis a fotográfica capa. Os mais frequentes são o pirata Bill Gates e o especulador Warren Buffett. Sobre eles cai o manto de arautos do capitalismo. Eles são a personificação da riqueza acumulada por genial mérito. Lendo estas revistas mal se notaria que o capitalismo actual é desprovido de gigantes. O tempo do grande empreendedor passou. O capitalismo de hoje segue as regras que os diários registam na intricada manipulação dos títulos, com um drama que só comove uma raça de tristes especialistas.

Na lista dos mais ricos de sempre, Gates é só o número 5, Buffett só o número 16. O mais rico foi o falecido John D. Rockefeller, com duas vezes e meia a riqueza do Gates. Ora isso é genuinamente obsceno. Esta classe burguesa de hoje é tudo cadetes, foram-se os generais.

 

The return of the PIDE


"Ontem, dois polícias "à civil" entraram na sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) na Covilhã e levaram dois documentos de informação referentes à acção de protesto marcada para hoje naquela cidade, onde estará o primeiro-ministro, no âmbito de uma visita à Escola Secundária Frei Heitor Pinto."

Mais uma demonstração inaceitável do conceito particular de democracia por José Sócrates. Este diz que só o soube pelos jornais. Se calhar até estará a falar verdade. No entanto, ele é no mínimo um dos principais responsáveis pelo clima de crescente "securitismo" em que vive o país. Só assim se percebe o à vontade com que se reprime acções divergentes com o governo. E há sempre vários lacaios diligentes prontos a ajudar o chefe...

 

Arrendar


O Público Online noticia hoje que a "Lei das Rendas não dinamizou reabilitação urbana". E continua a lengalenga habitual para dizer que o processo não é ágil o suficiente, bláblábá... No entanto, nem uma explicação porque é que a "relativa juventude do parque habitacional português não impede uma forte degradação do edificado" (talvez uns patos bravos demasiado gananciosos...), ou os inúmeros fogos por vender, mas que não entram no mercado de arrendamento, ou os inúmeros fogos por alugar que insistem em rendas altíssimas.

Uma vez mais, fala-se da habitação como se fosse mais um mercado qualquer, como se fosse uma questão de escolha. As pessoas são forçados a viver em matilhas, enquanto fogos vazios é coisa que não falta. E ainda se queixam que os jovens são egoístas.
Felizmente que neste país moderno que investe tanto em pontes e viadutos temos sempre por onde escolher...(Com o nosso fado a Lusoponte também terá direito a comissão...)

08 outubro 2007

 

Derrota no deserto e nas montanhas


A 7 de Outubro de 2001, as tropas americanas e britânicas invadiram o Afeganistão. Seis anos mais tarde, apesar da carnificina, os Talibans, partidos islâmicos e nacionalistas, militantes da Al Qaeda, traficantes de ópio, civis e grupos de esquerda, resistem com crescente determinação. Das zonas declaradas como “sucesso” pelos EUA e NATO, cerca de metade foram re-ocupadas pela resistência. As áreas de “perigo” e “hostis” crescem no sul do Afeganistão.

Em Maio, o parlamento Afegão passou uma moção que apelava ao cessar-fogo e a negociações com os Talibans, e exigia a marcação de uma data para a retirada das tropas estrangeiras. Até o regime fantoche acha que as negociações serão mais eficientes que a guerra.

Mas a administração americana, numa estratégia de fuga para a frente, pediu mais 198 mil milhões de dólares para que as guerras no Afeganistão e Iraque possam continuar em 2008. Não é dinheiro para a reconstrução, nem para promover instituições democráticas, nem para as Orwellianas forças de segurança. É para que se possam manter nas guerras até agora perdidas.

 

No país que se afunda...

 

A modernidade nunca aconteceu


Os inquéritos de opinião têm uma função perversa na vida pública. Alguns servem de pseudo plebiscito da liderança política - se o ministro sobe ou desce, outros são um espelho sujo dos hábitos e convicções do público - a maioria que ignora os perigos das doenças sexualmente transmissíveis. As estatísticas substituem com uma presença simbólica, a participação directa da massa popular na política e na cultura.

O público das sondagens é-me irreconhecível. Uma sondagem do Financial Times e do Harris Poll revelou em 2006 que 70% dos Americanos e 60% dos Italianos são devotos crentes. Os ateus só ultrapassam os 20% em França. O meu espanto talvez denote que pertenço a uma minoria, habitando e conversando com outros minoritários em urbanos confortos. Nos interstícios das nações, a maioria de desdentados camponeses permanecem de terço na mão sem notícias da modernidade.

Em alternativa, os inquéritos são uma forma elevada de superstição. Será que estas categorias descrevem a vida prática? Será que as igrejas podem contar com 70% dos votos americanos para o seu programa social e político? Se a resposta for sim, este mundo é ainda mais tenebroso do que julgava.

 

Agenda Cultural





É só uma festa, um debate, uma reunião, um jogo de cintura. É só um treino para a luta contra a precariedade e os seus abusos.

É a Noite Precária, organizada pelos precári@s-inflexíveis.
A 12 de Outubro, em Lisboa, no Grémio Lisbonense (ao Rossio).
A partir das 21:30.

Com música de Pedro e Diana e outros relatos e sons do precariado. Com debate aberto e a presença de artistas convidados do FERVE, ABIC, Sinttav, Intermitentes do Espectáculo e Move, entre outros.
E os ministros e patrões que quiserem aparecer.

07 outubro 2007

 

Uma questão de confiança


Rever Trust fez-me adiar um post que tinha preparado para hoje. O filme, já velhinho (1990), de Hal Hartley vale cada minuto. O filme saiu recentemente com o jornal público, mas também se encontra na totalidade no youtube. Destaco uma das cenas.

06 outubro 2007

 

Leitura de fim de semana




Caminhando para o sitio, vou pela esquerda, por aqui...

 

Endoutrinar


A guerra chegou aos Estados Unidos da América e o recrutamento chegou às crianças. Vejam como os livros de crianças participam nela.




   

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