30 abril 2007

 

30 Abril 1975: quando eles foram corridos


A infame, vergonhosa e apressada retirada dos americanos de Saigão, marca o fim de 15 anos de guerra no Vietname.

 

Em nome do poder


Ontem revimos o In the Name of the Father, um filme excepcional sobre os horrores do chamado “anti-terrorismo” e a angustiante luta pela liberdade das vítimas do estado policial. Num dos detalhes interessantes, o filme denúncia que as leis anti-terrorismo nos anos 70 permitiam suspeitos (e insuspeitos) serem presos durante sete dias, sem que nenhuma acusação fosse feita. Hoje, as mesmas leis permitem, não sete, mas 28 dias de detenção. 28 dias em que nem a família sabe onde ou o porquê da prisão. 28 dias em que simplesmente desapareces do mapa.


Nota de pé de página: O Daniel Day Lewis está cada vez melhor!

 

O sítio desaparecido II


Está em baixo há vários dias o site do Indymedia. Já noutros blogues se registou a mesma ausência. Entretanto, deambulando por sítios vários, fiquei a saber que há novo poiso para a informação recolhida sobre a carga policial de 25 de Abril.




A estratégia agora é reproduzir ao máximo na internet todo o material que exista, pois assim há menores probabilidades de os sites serem atacados.






Porque a memória não se apaga, os rostos da brutalidade não devem ser esquecidos. Porque o inquérito da Inspecção-Geral da Administração Interna deve ter informação na mão, para não poderem dizer que não sabiam, fica aqui um apelo a que todos os que tenham informação a façam chegar ao site "Cravado no Carmo" através do e-mail CravadoNoCarmo@gmail.com.

 

O sítio desaparecido


O sítio do Indy Media Portugal, que devia estar aqui. Não está. Para onde foi? Quem o levou? E porquê?

Dada a recente denúncia sobre a carga policial no 25 de Abril, fico com uma suspeitosa comichão.

 

A. Smith de bolso


A nova nota de vinte libras tem o perfil de Adão Smith, que o Banco de Inglaterra identifica como um dos fundadores da teoria económica moderna. Depois de generais, políticos, escritores, músicos, e cientistas naturais, foi a vez do primeiro cientista social. A nota tem ainda inscrita a ilustração de um ambiente fabril do século XIX e a legenda: “Divisão do trabalho na manufactura dos alfinetes: (e o grande incremento na quantidade de trabalho que dai resulta).” O exemplo da fábrica de alfinetes é o mais gasto dos argumentos económicos. Esta distinção deve-se a ser o primeiro exemplo de Smith na Riqueza das Nações, que como todos os textos canónicos, é um livro bom de se citar, mas menos engraçado de se ler.

Recitar as palavras e evocar o génio de Smith é um fetiche com demasiados adeptos: economistas de todas as tribos, liberais e libertários de direita. Há uma legião de intelectuais a especular sobre o que Smith diria sobre epistemologia, política económica, moralidade, estética e justiça. E na sua totalidade nada de novo se aprende ou acrescenta. Smith é um fantoche nas mãos de todos, a servir os mais variados interesses e paixões. A novidade é que agora cabe na carteira.

29 abril 2007

 

Castelos de areia


Uma agência federal americana confirmou o que já se sabia sobre a prometida reconstrução do Iraque. De uma amostra de oito projectos avaliados por inspectores, sete não funcionam como planeado. As causas variam desde falhas eléctricas, sistemas de esgotos ineficientes, vandalismo e falta de manutenção. Todos os projectos tinham sido oficialmente considerados pelos EUA como casos de sucesso meses antes das inspecções. Entre as reconstruções falhadas estão uma maternidade, um aeroporto e bases militares. O único que se mantém em boas condições é a esquadra da polícia de Mossul.

Nem a propósito, ainda no mês passado, o General Michael Walsh criticou os jornalistas numa conferência de imprensa por darem tanta atenção à violência no Iraque, “o que vocês não vêem são os sucessos do programa de reconstrução, como isso tem feito a diferença no dia-a-dia dos iraquianos”. Ninguém sabe a que é que o general se refere. Talvez ao muro de apartheid? Essa parece ser mesmo a única construção sólida que se faz no Iraque.

 

Epidemiologia cultural


De início era uma praga inominável que vitimava os desviantes, os homossexuais, heroinómanos, prostitutos, e promíscuos. Contra o cenário da década de 80 de refugo conservador nos média e na política, este trauma silencioso destruiu comunidades LGT mas muniu outras de consciência social e política.

E depois deram-lhe nome de retro-vírus, HIV (até lhe tiraram fotos), e a doença de comportamentos transformou-se na doença da ignorância. Campanhas públicas demonstravam como evitar a contaminação, sem por em causa identidade sexual. A SIDA tornou-se em totem do drama, representada em filmes, livros, e música. Sobre a doença somavam-se reflexões sobre a condição humana e as ansiedades ocidentais com o corpo. E era afinal fácil apropriar controlo da nossa mortalidade pela simples lembrança de usar um preservativo.

Hoje, as farmacêuticas descarregam novos anti-retrovirais todos os anos: nucleoside analogues, reverse transcriptase inhibitors, e as novas gerações de protease e fusion inhibitors. Para quem tem dinheiro a mortífera praga tornou-se uma maleita crónica, que pode ser enquartelada durante décadas. A revolução química impôs à doença nova mutação cultural. O mapa da doença inverteu-se e a SIDA é agora a doença dos pobres do terceiro e do primeiro mundo. É um objecto de caridade, esquecida como sujeito de drama.

O Lamarck é que tinha razão: o ambiente, o capitalismo dita as mutações adaptativas.

 

S.O.S. Deputado


"Registo de interesses na página da Internet da Assembleia da República preocupa deputados

Ninguém o assume claramente, mas a colocação dos registos de interesses na página da Internet do Parlamento é uma das questões que mais estão a preocupar deputados de vários partidos, em especial do PS e do PSD. Ontem, na segunda reunião da bancada do PS para discussão interna da proposta de reforma do Parlamento, este foi um dos assuntos que mereceram reparos por parte de alguns deputados, que pediram ao responsável, António José Seguro, alguma atenção sobre esta matéria na redacção final do documento.

Também na bancada do PSD a solução foi questionada por parlamentares, que, na reunião da semana passada, avisaram para a tendência de "vouyerismo" popular, dando como exemplo o que aconteceu com a "enxurrada" de acessos à página do Ministério das Finanças quando foi colocada on line a lista dos devedores ao fisco.

Apesar do registo de interesses dos deputados ser há anos obrigatório e público - qualquer pessoa pode consultá-lo, bastando solicitar por escrito ao presidente da Comissão Parlamentar de Ética -, a sua disponibilização na rede está a ser considerada uma devassa por alguns sectores. O mesmo acontece com a publicitação das faltas dos deputados e das respectivas justificações, outra das propostas para a reforma do Parlamento. (...)"

27.04.2007, Leonete Botelho

28 abril 2007

 

Comunismos no ISCTE


Todas as sessões decorrem no ISCTE às 17h30.

Organização - CEHCP


3 de Maio -- Sala C402
"A Alegria Comunista. Portugal, anos 30." com Luís Crespo de Andrade.

10 de Maio -- Sala C402
"Portugal não é um país pobre": história de uma exclamação comunista.
com José Neves.

17 de Maio -- Sala C402.
"Americanismo e Comunismo." com Ruben de Carvalho.

24 de Maio -- Sala C402.
"Comunismo e sacos de batatas." com Fernando Oliveira Baptista e Paula Godinho.

31 de Maio -- Sala C402.
"Comunismo e Guerra Civil de Espanha." com Daniel Kowalsky.

4 de Junho -- Sala a indicar
"Música Moderna ou Música Proletária? Os Debates no Meio Musical
Soviético (1917- 1932)." com Manuel Deniz Silva.

14 de Junho -- Auditório Afonso de Barros.
"Democracia e Revolução: a América Latina e o Socialismo hoje." com Diana Raby e Miguel Urbano Rodrigues.


[excerto do texto de apresentação do seminário]
"Para além de actor político de ambição universal, o comunismo influenciou as práticas sociais e as esferas da cultura em praticamente todos os domínios. Nesse movimento, a combinação entre as suas componentes teleológicas e societais diversificou-se, daí que haja lugar a falar em comunismos no plural. Tal diversificação motiva a interrogar os comunismos nas suas raízes teóricas e históricas, na multiplicidade da suas conexões e conotações: como história, como poética, como política e como teoria.
(...)
O seminário acolhe contribuições que não se reivindicam de qualquer conceptualização marxista mas se debruçam sobre os comunismos e, também, contribuições – no âmbito da história, da antropologia, da sociologia, da filosofia, dos estudos literários e artísticos -, que convocam as tradições marxistas em domínios que excedem o âmbito da história do comunismo."

 

Ainda o 25 de Abril


Procuro incessantemente mais notícias sobre a repressão policial do passado 25 de Abril. Não sei se o problema é do meu servidor, mas por agora o site do Indymedia português não está disponível.

Volto-me para a TSF e descubro esta pérola. Se o Secretário de Estado da Administração Interna acredita que não houve abuso da força, qual a credibilidade que se dá ao inquérito instaurado pela Inspecção-Geral da Administração Interna?

Democracia, uma ova!

 

Easy Rider, 2007



"Carmona partiu para exposição de motas antigas em InglaterraO presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, escapou à crise que assola a autarquia, e da qual passou a principal protagonista ao saber-se que deverá ser ouvido como arguido pelas autoridades na quarta-feira no âmbito do processo Bragaparques, rumando para um encontro de motas antigas em Inglaterra com os amigos."

(28.04.2007 - 09h31 Ana Henriques, Público online)

27 abril 2007

 

Saudades do primeiro emprego


… saudades do primeiro emprego do Donald Rumsfeld. Antes de ser o carniceiro de Badgade e Falluja, da carreira de mentira e ocultação, o Rummy teve um emprego respeitável durante a Presidência Nixon. Em 1972, enquanto Director do Cost of Living Council competia-lhe aterrorizar as empresas com promessas de acção legal se subissem os preços ao consumidor. É uma prática de controlo económico que está em desuso. Hoje é mais respeitável conter a inflação com desemprego e salários reais em queda.

 

Simplex ataca de novo


Ah, a fantástica simplificação administrativa, o fim da burocracia, a luz ao fim do túnel...

Tudo muito giro, mas esta medida de agora os PMOT (Planos Municipais de Ordenamento do Território: Planos Directores Municipais, Planos de Urbanização, Planos de Pormenor) não precisarem de ir a Conselho de Ministros é duvidosa.

Se os PDM muitas vezes já são o que são (PU e PP idem aspas aspas), imaginem se os ministros/ministérios não tiverem todos a obrigação de os analisar antes de os aprovar.

Eu cá não sou de intrigas, mas cheira-me que isto é uma maneira de aprovar PDMs mesmo que haja um ministro a discordar dos termos em que é feito.

 

Fotos exclusivas da manifestação do 25 de Abril


A resposta policial terá resultado "em mais agressões, agora já com disparos de very-lights e a preparação de cocktais Molotov" (in DN).

P.S: curioso, deve ser das primeiras vezes que uma manifestação acaba com very-lights e cocktails de molotov e nem sequer uma fotografia aparece nos jornais... deve ter sido na altura em que os jornalistas estavam a beber uma bica na Pastelaria Suiça...

 

Louro, de bico dourado...


Anteontem, houve uma actuação inaceitável da polícia, provocando o caos na Baixa. Os relatos de agressão chovem dos mais diversos meios, sendo que vários deles nem estariam sequer na manifestação. Na bordoada “democrática”, para além das prisões, muitas nódoas negras ou até mais do que isso, ficou manchada a memória de um dia que cada vez tem um significado mais longínquo.

A forma como a imprensa tem tratado o assunto é ainda mais assustador, embora infelizmente nada de novo. O Público cita Paula Monteiro, a porta-voz policial que sabe do seu ofício (vejam Jon Stewart em The Amazing Erase de 4/16/2007) e prejudica o que nós sabemos.



Já o DN cita fontes policiais para acusações bem mais escabrosas. Obviamente que culpa os manifestantes “identificados como indivíduos antiglobalização e de extrema-esquerda” de tudo e mais alguma coisa.

A jornalista incompetente ou de má-fé chama-se Graça Henriques. Já as fontes policiais não são identificadas, dando-se ao luxo de dizer as maiores barbaridades sem ser responsabilizadas. E ficamos com um amargo de boca a lembrar outros tempos.

 

Comunicado sobre a manifestação anti-autoritária


Chegou o seguinte comunicado à redacção d'OBitoque:

"Com o intuito de protestar contra a crescente visibilidade da extrema-direita e a sua componente racista e xenófoba, contra a cada vez maior exploração capitalista, contra a precariedade social imposta pelo capitalismo, contra o crescente totalitarismo democrático, pela liberdade, solidariedade e dignidade humana, por um mundo sem fronteiras uma plataforma de grupos e indivíduos de várias tendências anti-autoritárias, anarquistas, anti-capitalistas e antifascistas convocou para o dia 25 de Abril pelas 18:00 na Praça da Figueira uma manifestação anti-autoritária.

A manifestação reuniu cerca de 400 pessoas que percorreram o Rossio, a Rua do Carmo e a Rua Garrett até ao Largo de Camões num ambiente contestatário mas festivo e sem incidentes. Muitos transeuntes aplaudiram e aderiram à manifestação. Após um breve período em que a manifestação permaneceu no Largo Camões esta continuou espontaneamente pela Rua Garrett em direcção ao Rossio.

A meio da Rua do Carmo, duas hordas de elementos do corpo de intervenção da PSP encurralaram os manifestantes na rua fechando as saídas e sem qualquer ordem ou aviso de dispersão começaram a agredir brutal e indiscriminadamente manifestantes, transeuntes e até mesmo turistas. Com isto a polícia não tentou dispersar ninguém, mas por outro lado quis bater, espancar e atacar os manifestantes. Pessoas que
caíram no chão indefesas foram ainda agredidas por vários polícias à bastonada e ao pontapé. Aqueles que tentaram fugir foram perseguidas por toda a Baixa e muitos transeuntes e lojistas somaram-se aos manifestantes no fundo da Rua do Carmo em protesto contra a brutalidade policial. As únicas agressões à polícia foram em legítima defesa, que é um direito ao qual não renunciamos.

Foram detidas doze pessoas de forma bastante violenta e é impossível contabilizar todos os feridos entre manifestantes e pessoas alheias ao protesto. Foi mobilizado um aparato policial desmedido (dezenas de carrinhas do corpo de intervenção da PSP com certamente mais de uma centena de elementos) que impôs o terror na baixa de Lisboa por várias horas. Um grupo de indivíduos que se queria juntar à manifestação e que tinha ficado para trás foi cercado e escoltado até ao Cais do Sodré (possivelmente pela sua cor de pele).

Os detidos foram levados para a esquadra da 1.ª divisão da PSP na Rua Gomes Freire onde foi negada qualquer informação aos seus amigos e durante muito tempo foi impedida a entrada aos advogados. Houve uma tentativa de levar os detidos a constituírem-se arguidos sem a presença dos advogados o que é ilegal. Em solidariedade com os detidos cerca de 50 pessoas concentraram-se em frente à esquadra aguardando a sua transferência para os calabouços do comando da PSP de Lisboa. Mesmo em frente à esquadra a polícia continuou com o abuso de poder e expulsou as pessoas aos empurrões impedindo que estas pudessem continuar a demonstrar a sua solidariedade.

O que tem vindo a ser noticiado nos variados órgãos de comunicação social está repleto de incoerências e desvios daquilo que realmente aconteceu na baixa de Lisboa. Nomeadamente, a confusão com outras manifestações, a aceitação da versão policial dos acontecimentos e a necessidade de caracterizar como ilegal uma característica natural das pessoas que é o ajuntamento e a manifestação, que a democracia diz defender. Num período em que foram muitos os ajuntamentos, manifestações, acções e encontros este era também um protesto de repúdio aos tempos que se vivem e aos ataques constantes do poder às pessoas.

Caricatamente é no dia 25 de Abril que a polícia defende cartazes de partidos fascistas e ataca manifestações antifascistas. Num momento em que já se sabia que os cravos estão murchos todos estes acontecimentos servem para o reconfirmar.

Plataforma antiautoritária contra o fascismo e o capitalismo
".

(Mais descrições e fotos em http://portugal.indymedia.org)

 

Cidade do México legaliza aborto


Já foi há uns dias, mas vale a pena assinalar a conquista de algumas mulheres mexicanas e esperar que não demore até todas as mexicanas terem o mesmo direito.

26 abril 2007

 

Guernica







 

Como foi?


O Público tem a notícia, e o Indymedia desenvolve o assunto:

"Apesar do simbolismo da data, o dia 25 de Abril ficou marcado por uma autêntica campanha de provocação e repressão, protagonizada pelas forças da PSP. A tensão iniciou-se logo pelo início da tarde, quando várias pessoas que se preparavam para percorrer a Avenida da Liberdade, tentaram exprimir o seu repúdio relativamente a um cartaz do partido nacional renovador (que apela à xenofobia). Uma simples acção simbólica (atirar tomates podres a um outdoor) foi imediatamente reprimida, tendo várias pessoas sido violentamente empurradas, agarradas e identificadas por agentes da PSP.

Mais tarde, após uma manifestação contra o fascismo (quer o “oficial”, da extrema-direita, quer o “não-oficial” do sistema social e económico) – que decorreu pacificamente, sem quaisquer incidentes –, a PSP decidiu cercar cerca de 50 pessoas, que desmobilizavam em grupo. Conforme um relato publicado “Na altura em que estavam os manifestantes a alcançar as escadas por de baixo do elevador de Sta Justa (a meio da Calçada), começaram eles -manifestantes- a fazer meia volta e a correr calçada acima. Alguém os avisou que tinham sido encurralados. E assim foi. Carrinhas com polícias de choque às largas dezenas desceram em grande velocidade o Chiado, selando o alto da rua do Carmo, enquanto outras com igual força e os referidos polícias de choque subiam a rua do Carmo. Estes últimos desceram imediatamente dos carros, ainda antes destes travarem e começaram a correr em direcção aos manifestantes, agredindo-os à bastonada enquanto estes tentavam escapar desesperadamente. Os que estavam perto, meros espectadores ou pessoas que acompanharam o cortejo de lado, ficaram também encurralados (...). Vi polícias em grupos de cinco ou mais «dar caça» na baixa a manifestantes ou outras pessoas. Uma rapariga que ia a fugir, estava diante da Pastelaria Suiça, quando foi agredida, imobilizada no chão e arrastada sob prisão a 500 metros de distância para ser encurralada nos carros celulares. O mesmo passou-se com outros (eles não fizeram nenhum gesto agressivo, a fuga era para os polícias o «motivo» para perseguirem e baterem selvaticamente nessas pessoas).

Neste preciso momento, cerca de 12 pessoas encontram-se detidas na esquadra da Rua Gomes Freire, onde permanecerão durante toda a noite. Dezenas de pessoas encontram-se frente da esquadra, em solidariedade com as vítimas de repressão policial.

Se dúvidas havia sobre o sentido de celebrar o que não existe, estas foram dissipadas pela actuação das forças policiais. A sacrosanta inviolabilidade do 25 de Abril foi quebrada, denunciado assim um estado de excepção permanente, em que supostos imperativos securitários legitimam as mais arbitrárias agressões às liberdades das pessoas."


Eu estive na Avenida e nos Restauradores mas não vi nada, além de um 25 de Abril com pouca gente. Alguém viu o que se passou?

 

Le Monde e Salazar


"O jornal francês, "Monde" dedica também um extenso artigo às eleiçöes legislativas em Portugal, "cujo resultado näo constitui surpresa", segundo o referido jornal faz notar.
O jornal salienta que o triunfo da Uniäo Nacional "constitui uma consagraçäo da obra admirável do Presidente do Conselho português e um convite ao regime para que continue pelo mesmo caminho", notando que a participaçäo do eleitorado foi maior que nas eleiçöes de 1945 e que o exito dos candidatos governamentais se obteve apesar da presença de 28 candidatos independentes oposicionistas." "


(retirado da fonte menos credível de sempre)

25 abril 2007

 

Critérios?


"A PSP esteve a proteger o cartaz do PNR no Marquês de Pombal (...).

Durante a manifestação, a polícia tentava repelir os jovens que arremessavam tomates e outros alimentos contra o cartaz e junto ao local estava parada uma carrinha da polícia de choque.
(...)
Junto ao cartaz do PNR, o grupo de humoristas Gato Fedorento tinha colocado um outro em que dava às boas vindas aos imigrantes e ridicularizava o do PNR. Este cartaz seria retirado por determinação da Câmara Municipal de Lisboa."

de Público Online

 

Imaginação ou não


A novela do “talvez, e afinal não e então a culpa é de quem” sobre a participação de Ricardo Araújo Pereira nas celebrações do 25 de Abril (vai um e dois e três e quatro), deu para umas valentes fúrias sobre o teclado. E teve como companhia o lamento de que a juventude vai mal servida nesses momentos rituais, que a comunicação social nem lhe nota a presença.

Em vez de arremessar culpa, devia-se reconhecer que a “malta” anda encolhida e se quer fazer noticia devia fazer estrago. É coisa rara mas melhores exemplos vêem da América. Refiro o Code Pink. Este grupo pequeno de mulheres sabe aproveitar a luz dos holofotes. Sempre que estes acendem no Congresso, há uma senhora de trajo cor-de-rosa a abanar um cartaz. Em prol da publicidade sugiro que o que falta não é a cara conhecida mas um pouco de imaginação.

Segue um vídeo de Lucien Perkins para o Washington Post sobre o grupo.


 

O mito da educação


A tradição de reduzir o potencial de mudança no presente ou no futuro próximo face a determinadas políticas é velha. Não sendo também fenómeno novo, está agora na moda apontar a educação como a única solução para a maior parte dos problemas. Este é o actual elixir milagroso para a economia, para os comportamentos cívicos, sexuais, etc. No entanto, não numa geração para a outra que se resolve um atraso estrutural, demora tempo e assim a panaceia encontra-se convenientemente reservada para um futuro relativamente longínquo.

Portugal há muito que se encontra atrasado face à Europa e qualquer medida a implementar parece pouca. Das primeiras leis de escolaridade durante a Monarquia aos esforços realizados durante a República. Durante o fascismo, e após um período inicial de recusa da educação, caminhou-se para o cumprimento da frequência do ensino primário. Após o 25 de Abril cumpriu-se o preparatório e avançou-se consideravelmente para a frequência dos outros níveis de ensino. Agora, discute-se o sucesso escolar, pois parece que os indicadores de aprendizagem ficam bastante aquém dos outros países europeus.

Se a comparação nos indicadores de educação na Europa a 15 era a tristeza que se conhece, na Europa a 25 pior ficou. Tudo isto aponta para a natureza relacional das medidas sobre educação (e de outras…). Quanto mais nos aproximamos, mais a meta se afasta e assim andamos sempre a persegui-la. Até a eternidade… Nos entretantos, teremos sempre o bode expiatório para o que funciona mal no país: “o povo é ignorante”, “o país atrasado” e a inevitabilidade do nosso atraso.

24 abril 2007

 

A globalização funciona para alguns


A Toyota, produtora japonesa de automóveis, ultrapassou a americana General Motors em vendas no primeiro trimestre deste ano. Segundo a BBC o sucesso é devido ao híbrido Prius, com o preço elevado da gasolina a impor nova consciência ambiental a produtores e consumidores.

Contudo, o mais interessante não é o verde do combustível, é o verde dos dólares. Com o eixo da produção industrial a tombar para oriente, não há sinais que os Americanos o possam travar. O melhor a fazer será talvez comprar a Toyota enquanto o dólar ainda tem força?!

 

Mais muros


"One fit all". É esta a lógica dos americanos. Onde há problemas sociais e políticos, toca a erguer muros. Porque se não está à vista não incomoda.

Depois do muro a separar Israel de alguns dos territórios palestinianos, veio o muro na fronteira entre os EUA e o México. Agora, o novo embaixador dos EUA no Iraque quer muros em Bagdad. No fundo, revela um pensamento de criança de 2 anos: se não se vê é porque "não há". Mas nada apaga a manifestação dos iraquianos contra a ocupação do Iraque. Os iraquianos não os querem lá e não há muro que mude isso.

Erguem muros pelo mundo fora, mas não conseguem derrubar os que têm nas suas cabeças. às vezes a destruição também é construção.

 

Longe da vista...


É assim que a cimeira do G8 quer ficar. Pelo menos a julgar pela localização da sua reunião em 2008, no Japão. (A notícia é do DN de hoje, mas não há link disponível). Mas a tradição não é de agora. Desde Génova (2001) que têm sistematicamente escolhido localizações isoladas.

Parece que os senhores do mundo têm medo do que o resto do mundo lhes possa fazer. Razões não faltam, mas não deixa de ser ridículo e triste que as nações mais poderosas do mundo precisem de um sítio isolado e cheio de segurança para poderem reunir. Sinal de que cada vez mais há pessoas que não estão dispostas a serem governadas por esta gente.

 

“Conta-me como foi”


Fala de poder comezinho, de pobreza, de preconceito. Nada que não exista no Portugal de hoje, mas que era mais declarado em Março de 1968. É uma série nova da RTP1, copiada de um formato espanhol.

A história é simples e conta muito do Portugal da época. Uma família em Lisboa mas que veio da província vai conseguindo que o dinheiro estique, inclusive para comprar uma TV. O pai trabalha no Ministério das Finanças e também numa gráfica de um senhor engenheiro qualquer. A mãe é doméstica. A filha, cabeleireira, namora um rapaz e conseguiu a pílula que lhe deu uma amiga que a arranjou por alguém que a trouxe de França (a pílula, não a amiga).

O rapaz mais velho entusiasma-se com o ye-ye, o mais novo tenta do alto dos seus 8 anos perceber as mudanças que se vão dando à sua volta. Por entre uma conversa mal escutada, convence-se de que vai morrer de cancro do útero (!). Esclarecida a questão, que passou por uma fuga de casa da qual o pai (esse garante da ordem familiar) não chega a ter conhecimento, tudo volta ao normal.

Mas há alguns pormenores deliciosos que prometem: o miúdo explica a um amigo porque é que a mãe de outro amigo lá do prédio não pode ser chamada “mulher de vida fácil”, como ele já ouviu (explique-se: mãe solteira). “Ora se ela não tem marido, tem que trabalhar, lavar roupa, cozinhar e criar o filho sozinho, isso é lá vida fácil?”

Mostrando o efeito da ditadura nos aspectos mais pequenos do dia-a-dia (o poder do padre sobre as pessoas, os peditórios por tudo e por nada, a discriminação e os preconceitos), falta ainda a sua face mais dura. Talvez num próximo episódio?

23 abril 2007

 

Ladrões de bicicletas


Há novos ladrões de bicicletas no Bairro. Vejam bem onde gamam a bicicleta pois os tempos não estão mais fáceis...

(Recuperação d’O bitoque)

 

Ferreira Fernandes, o erógeno


Escrevinhou o dito: "Aos 20 anos as parisienses são como as russas, as indianas... Mas há uma desigualdade de distribuição de graças: aos 40, cada parisiense adquiriu um não sei o quê que a torna única. Vejo-o no olhar das americanas e japonesas pousado nas locais, na Place des Vosges, num domingo primaveril - a admiração que vai para ali!"
DN -- 23.4.2007

Os colunistas depois dos 40 ficam carentes.

 

Os donos do possível


Vários políticos, intelectuais e quejandos constantemente frustram as aspirações das pessoas através da defesa de uma dita política do possível. Ao longo dos anos, habituámo-nos a ouvir inúmeras personagens, umas mais sinistras do que outras, a estabelecer os limites do pensamento, do razoável e do aceitável. Peças-chave em constrangir esse possível são determinadas palavras como “sustentabilidade”, “credibilidade”, “competitividade”, “produtividade”, “globalização”. Autênticas caixas de Pandora, a sua ambiguidade permite que signifiquem tudo e nada.

Em determinados meios da classe media/média-alta este dito bom senso (dos bem pensantes) torna-se ele mesmo um senso comum, da forma acrítica e acéfala com que é repetido. E assim vemos os rebanhos que aplaudiram o betão do Cavaco e do Guterres, os ditos cortes da Ferreira Leite e as reformas do Sócrates. Sobre este e a recente política do possível haveria muito a dizer. Da forma como fez promessas antes das eleições e depois a surpresa ao encontrar a situação “real” das contas. Da institucionalização do roubo das pensões (aqui, aqui e aqui) baixando os seus valores e aumentando anos de contribuição, ao avaliar funcionários de organismos sem objectivos atribuídos.

Com a mesma facilidade de quem define o que é possível (e impossível), acusam os opositores de irrealistas e irresponsáveis. Pedem propostas alternativas, concretas e “possíveis” e quando lhas dão, ridicularizam-nas. No tempo de Cavaco, os que advertiram da importância da formação e da educação, no entanto, eram tratados como os velhos do Restelo. Agora é ver os fazedores a falar a boca cheia de educação e formação, enquanto vêem as empresas fechar com passividade. Outro exemplo, depois de se ouvir sucessivos governos falar sobre a corrupção, não deixa de ser caricato, vermos mais uma vez a incapacidade de se legislar sobre a mesma.

E assim, uns atrás dos outros, vão subindo, enquanto nos enterram um bocadinho mais.

22 abril 2007

 

Contrafactual


P: O que teria acontecido se Lenine não tivesse morrido em Janeiro de 1924?

R: Fazia hoje 137 anos.

 

Salazar


Este blog de 2005 indicia a reorganização e ascensão do salazarismo/fascismo em Portugal.

Em 21 de Novembro de 2005, este blogger assinou o seguinte:
“Este blog sofreu uma pausa de 5 meses, mas certamente não morreu. Essa pausa deveu-se a motivos de força maior. Só mesmo a impossibilidade física me fez parar, pois todos aqueles, que a partir de determinada altura, tentaram por variadíssimos meios impedir a continuação deste blog viram os seus "esforços" terminarem em frustração.”

E calou-se de vez. Pelo menos este.

Até nunca!

 

Africanismo: quando as celebridades adoptam


Há qualquer coisa que me incomoda nesta onda recente das celebridades adoptarem bebés em África. Será este fascínio por África genuíno ou mais uma moda? Este tipo de acção ajuda mesmo na luta contra a pobreza ou só aprofunda o mal-estar do continente?

A maior parte destas celebridades muito pouco se empenha no combate às verdadeiras causas da miséria em África. Mas mais arrepiante são os elementos de colonialismo desta história. Quando a Angelina Jolie resolve que o parto da sua filha vai ser na Namíbia, uma pequena cidade do país torna-se um campo armado, onde durante seis semanas forças de segurança ocidentais dominam a região e determinam quem entra e sai. Isto para que a Angelina possa ter essa experiência “tão especial” de dar à luz em África. Quando a Madonna adopta uma criança no Malawi, pode passar por cima das leis de adopção, porque oferece milhões aos orfanatos. Assim, compram os seus privilégios à custa da miséria dos africanos.

Outro caso grotesco de colonialismo cultural, mascarado de multiculturalismo, é o da famosa imagem de Kate Moss alterada para se parecer com uma negra, numa edição especial do Independent sobre as mulheres em África. Isto para não falar de Geldof e Bono que passeiam por África atrelados às multinacionais e por Washington em encontros com os amigos Bush e Blair.

Questiono-me sobre as verdadeiras motivações dos célebres, porque afinal de contas faz bem à consciência e ao ego (e até é “exótico”) esta cruzada pelos pobres e oprimidos. É a reabilitação da imagem dos multimilionários.

21 abril 2007

 

Rede ou Polvo


Não há melhor metáfora para descrever o poder que a espacial, seja geográfica ou arquitectónica. Portugal é refém das suas coordenadas.

 

Legally Blonde é um filme progressista


Estava a dar na TV. E sem vontade para a edificação cultural que exige arrancar-me do sofá em busca de um livro ou fazer círculos intermináveis pela rede de canais do cabo, fiquei a ver. Mas aqui acabam as desculpas, Legally Blonde não precisa.

O filme é uma rábula clássica, uma gata borralheira invertida. A menina é rica, bonitíssima, mas é lhe negado aquilo que pretende: a normalidade de uma vida de esposa com o seu apaixonado de liceu. Afinal, essa é a aspiração canónica das jovens adolescentes americanas. Como em todas as narrativas de formação de identidade, o mundo é cruel, marcado por obstáculos e provas. Aqueles que a rodeiam afirmam que sendo loura e rica é portanto burra e a escolha errada para o rapazola politicamente ambicioso.

Depois vem a insurreição destas identidades. Na Universidade de elite onde persegue o seu namorado, a menina desprende-se do preconceito. No esforço para o reconquistar afirma-se como inteligente e independente. A beleza de loira ou a carteira de Californiana são irrelevantes para o seu sucesso feito de uma cómica sensibilidade, coragem feminina, e ética de trabalho. E para a inversão definitiva, a nova mulher recusa o papel que lhe foi destinado como a metade menor do rapazola. A loira quer uma vida sua, ao seu comando e mérito.

E as espectadoras adolescentes pela América fora, sorriem à ideia de que as escolhas dos seus pais ou a imagem que vêem ao espelho não é o fim da história - Girl Power!

 

Asneiras como as cerejas


O Presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, conselheiro de George Bush e teórico neo-conservador saltita de escândalo em escândalo. Foi primeira a acusação de favorecer a sua namorada com um emprego generosamente remunerado. Soma-se agora evidências de que Wolfowitz tentou bloquear iniciativas de planeamento familiar e de política ambiental financiadas pela organização.

O Donald Rumsfeld foi a primeira baixa do desgaste e do fracasso, seguiu-se Lewis Libby, Alberto Gonzales é o próximo e o Wolfowitz bem se esforça para os imitar. É a derrocada neo-conservadora.

20 abril 2007

 

Chelas continua em luta


A vergonha a propósito da Fundação D. Pedro V continua e o Bitoque associa-se aos protestos. Desta vez foram 500 a 2000 manifestantes no dia 10 de Abril denunciando pelas ruas de Chelas o saque a que estão sujeitos pela dita fundação através de aumentos nas rendas de mais de mil por cento.

Não só os aumentos são incomportáveis para a maioria das famílias, como todo o processo de transferência dos imóveis do IGAPHE para esta fundação assumem contornos nebulosos. Mais um fruto da fugaz presença de Durão, perdão, José Manuel Barroso pelo governo Português.

Enquanto uns andam por Bruxelas a passear o bumbum, outros são chantageados no dia a dia por gente sem escrúpulos. E assim vai a vida por Lisboa…

(mais aqui)

 

Desaparecidos!


«A publicação em português de "A Verdadeira História dos Voos da CIA – Os táxis da tortura", de Trevor Panglen e A. C. Thompson, não podia ser mais oportuna e relevante. É que este livro fornece uma introdução detalhada, mas de fácil leitura e apreensão, sobre o esquema tenebroso, complexo e dissimulado do programa de deslocalização da tortura, designado nos EUA por "entregas extraordinárias" ("extraordinary renditions").

Estamos a falar de um programa que consiste na transferência, através do globo, entre "prisões secretas" (que tantos negaram, mas foram entretanto admitidas pelo próprio Presidente americano) e a prisão ostensiva de Guantánamo, de suspeitos de terrorismo subtraídos a qualquer processo judicial, vítimas de rapto, sequestro, tortura, detenção arbitrária e "desaparecimento".

Um programa de "desaparecimento forçado" operado não por uma qualquer anacrónica ditadura sul-americana ou regime torcionário africano ou asiático, mas pelo governo de uma das maiores e mais antigas democracias no mundo: pela Administração de George W. Bush, envolvendo a CIA e outras agências de segurança americanas, incluindo militares. (…)»

Ana Gomes, do Prefácio

Lançamento hoje pela Campo das Letras.

(Pedi "emprestado" o título do post a "Missing", um grande filme de 1982. O pai e a mulher de um desaparecido procuram-no no Chile após o golpe do Pinochet)

19 abril 2007

 

Agenda para os dias de Abril


Divulgamos algumas actividades interessantes, que nos vão chegando por vários meios...

* Manifestação Anti Autoritária, Contra o Capitalismo, Contra o Fascismo. 25 de Abril , 18 horas, Praça da Figueira, Lisboa (depois da manifestação do 25 de Abril ter terminado). Iremos manifestar-nos em repúdio de toda a farsa “NAZIonalista”, bem como da ideia de que o capitalismo continue a controlar as nossas vidas. Manifestação proposta por grupos libertários e autónomos, aberta à participação de todas as pessoas e ideias que, de uma forma não partidária, desejam expressar a sua revolta e determinação, numa manifestação popular e unitária. Mais informações no Indymedia.

* Sessão de solidariedade com a Revolução Venezuelana. 28 de Abril, 17 horas, Biblioteca-Museu República e Resistência, Lisboa (Rua Alberto de Sousa, 10).

* Ciclo de cinema dedicado à temática do Médio Oriente, a partir da questão iraquiana. 23 de Março - 11 de Maio, Casa Viva, Porto (Praça Marquês de Pombal, 167). Programa completo aqui.

 

Perda terrível para a Nação...



Pina Moura abandona o Parlamento e vai administrar a Media Capital


"Estive na luta clandestina contra a ditadura em nome dos mesmos valores com que estive no governo de Portugal e no seu Parlamento: com espírito de missão e de serviço público, contribuindo para a construção de um Portugal democrático mais justo e moderno, mais europeu e desenvolvido."

18 abril 2007

 

Zimbabué


Faz hoje 27 anos que o Zimbabué tornou-se independente, após a derrota do regime branco liderado por Ian Smith e poderoso aliado do Portugal colonial. O "celeiro" de África finalmente estaria na mãos da maioria dos seus habitantes que poderiam aspirar a um futuro melhor. Infelizmente, a história não foi benévola. Robert Mugabe, em tempos um dos audazes líderes da revolta, perdeu há muito a legitimidade.

No entanto, a história nos media europeus, particularmente britânicos, de que Mugabe é o único responsável pela situação de impasse é menos do que meia verdade. Afinal, os grandes responsáveis pela condenação a miséria da maioria do povo do Zimbabué são os seus antigos colonizadores. A Inglaterra, aquando da independência, forçou a assinatura de um acordo pelos novos líderes que a única realocação de terra agrícola possível seria com base na compra destes terrenos a preços de mercado.

Tal não seria nada de extraordinário caso 80 por cento da terra arável não estivesse nas mãos de 300 famílias (naturalmente brancas)!!! Mais a mais, o alto nível de desenvolvimento capitalista destas empresas levava os preços de mercado upa upa (a la gato fedorento). Se lhe juntarem milhões de pessoas acumuladas em áreas ditas "comunais" encontrarão a vossa fórmula para a tragédia.

É neste cerco que (sobre)vive o povo do Zimbabué.

 

O crime...


... já não está na lei!

17 abril 2007

 

I love my gun


Foram trinta mortos em meia hora. Um jovem percorreu o campus da Virgina Tech University, ordenou aos colegas que se encostassem à parede e executou-os. Houve quem, entre o pânico, contasse mais de cem disparos.

Não é a primeira vez que em escolas e universidades americanas ocorre uma chacina de arma automática. As autoridades reagem com um calendário de missas, vigílias, e emotivos discursos. As televisões oferecem as previsíveis narrativas saturadas de cores e gráficos dinâmicos, relatando segundo a segundo o terror, com testemunhos de estudantes de olhos arregalados. Estas operetas enfartam a ilusão de que estamos a ser informados, que estamos a conhecer o problema, que assim o vamos resolver.

Entretanto, nem uma palavra proferida pelo controlo e proibição das armas automáticas. O culto do pistoleiro, do autonómico chefe de família que protege a sua descendência e a sua propriedade com a lei da pólvora, permanece incólume. O sitio da National Rifle Association está rubro de indignação e fúria mas pelas violações do direito constitucional ao porte de arma. Os trinta mil mortos ao ano por armas de fogo são um custo que a NRA aceita “pagar” por esta estranha forma de liberdade e segurança.

A par com os milhões do lobby da indústria de armamento, o que preserva a cultura do balázio privado é a cultura do balázio público. O culto do pistoleiro é o culto da tropa. É o culto do Rambo que ontem à noite era exibido num canal adjacente à CNN. É também a convicção que todos tem de amar a América como os americanos a amam, e que se não o fazem são seus inimigos. Este pais julga-se isolado pelo ódio do mundo e alvo de todos os perigos. Entende que a sua única possibilidade de sobrevivência é disparar primeiro.

Com toda a minha pose de Old Europe, acho que a América é adolescente.

 

Furo do dia


Músicas das bandas de reunião nacionalista têm letras com referências nazis. (in Público)


... deviam estar à espera que fosse o "Grândola Vila Morena".


16 abril 2007

 

Jantar Vegano


Caso alguém queira provar uma refeição isenta de produtos de origem animal sugere-se um jantar, dia 20 de abril (20.00), organizado pela Associação Vegetariana Portuguesa.

As delícias incluem Paté de beringela e pão integral, Sopa de aipo rico, Quinoa à moda dos Incas, Estufadinho de lentilhas, Primavera de legumes, Salada solar (com alface, tomate, pepino, cenoura, beterraba, rúcula, feijão mung germinado), Sortido vegano irresistivel (vários deliciosos bolos veganos sem açúcar), Sumo de laranja e gengibre, Chá Príncipe e de anis.

Prazo para inscrição até 18 de Abril, inclusivé.
email: avp@infonature.org telefone: 96 436 22 23 / 93 346 89 86
Contribuição para o jantar (buffet): 12€

Local: Sociedade Portuguesa de Naturalogia Rua do Alecrim, nº38, 3º - Lisboa
Nota: A Rua do Alecrim liga o Largo Camões ao Cais do Sodré Acessos: Cais do Sodré (barcos, comboio linha de Cascais) Metro Baixa-Chiado Rossio - comboios linha de Sintra

 

Quando não há notícias


A inflação desceu para 2,3 por cento! Ênfase no DESCEU! A política económica do governo está finalmente a dar frutos e é mais uma bofetada aos críticos do Engenheiro Sócrates. Vamos todos juntos, em uníssono: Engenheiro! Engenheiro! Engenheiro!

Desceu quanto? Uma décima de por cento.

O pais já era pequeno e está obviamente a mirrar. Já contamos decréscimos em décimas. E para efeitos de simetria saiba-se que notamos acréscimos em décimas também. Há uns dias queria o governo aplausos porque o FMI previu um aumento do crescimento da economia portuguesa em 3 décimas de por cento, de 1.3% para 1.6%.

15 abril 2007

 

Quem tem medo de Hugo Chávez?


Ouvem-se muitos mitos e preconceitos (para não dizer mentiras) sobre a Venezuela e o governo de Chávez. São muitos os nomes que lhe chamam e as acusações que lhe dirigem, mas Hugo Chávez, na frente da revolução bolivariana, tem um apoio tremendo dos venezuelanos (já ganhou nove eleições e referendos em nove anos, cada vez com maior participação e votos a favor). Porque esta “revolução não vai ser televisionada” deixo aqui as minhas notas sobre o impacto da nova política venezuelana.

Sob a liderança de Chávez, a Venezuela é o primeiro grande produtor de petróleo a usar os lucros a favor dos mais pobres. Um dos países mais pobres da América do Sul, estima-se que tivesse 65% da população na pobreza em 1995, três anos antes da eleição de Chávez. Hoje, praticamente todos sabem ler e escrever e têm acesso a cuidados de saúde. Em cada bairro há um supermercado financiado pelo estado onde os preços são metade dos praticados pelos privados. O índice de pobreza foi reduzido para 38%, valores de 2005 da CIA.

O melhoramento da vida e a independência das mulheres foi um dos grandes alcances da nova Venezuela. Mães solteiras, com filhos pequenos, têm o direito a salário (são consideradas educadoras de infância) e podem pedir empréstimos a juros baixos em instituições que lhes são dedicadas. As donas de casa mais pobres recebem um salário correspondente a 170 euros. Apesar do que se diz, a maior parte dos meios de comunicação na Venezuela são contra Chávez. Estão nas mãos de Gustavo Cisneros, o Rupert Murdoch da América Latina, que apoiou e falhou na tentativa de derrubar o presidente em 2002. Foi o povo que salvou Chávez.

A revolução bolivariana corresponde à tentativa de estabelecer um poder regional contra o imperialismo estado-unidense na América Latina. E o “truque” do seu sucesso é simples: dar saúde, cultura e auto-estima às pessoas. Um novo mundo é possível, uma nova América Latina é necessária e merece o nosso apoio.

* O filme “The revolution will not be televised” dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain pode ser visto aqui.

 

Os terrores do Irão



 

American dream?


Ferreira Fernandes na sua coluna de opinião no DN (ver discussão no arrastão da vergonhosa limpeza dos comentaristas neste jornal) discursa sobre os EUA, “A terra prometida de todos nós”.

João Rodrigues (aqui) desconstrói o mito da terra prometida. Pelo menos para 40% dos Americanos (ou Estado-Unidenses) no período de 1983-98.

14 abril 2007

 

O buraco


Sá Fernandes que representou a oposição dos lisboetas à obra babilónica – o túnel do Marquês - foi acossado na Câmara até ao compromisso sobre a construção da via. A ser inaugurado no 25 de Abril, Sá Fernandes reiterou que “o túnel é muito perigoso” e que os condutores devem circular “muito devagarinho”, não mais de “30 quilómetros por hora”.

Os portugueses que nunca têm pressa para nada, só têm pressa na estrada, hão-de cumprir os limites de velocidade!? Vai ser bonito!...

 

Políticas de esquerda???


"O secretário-geral do PS, José Sócrates, rejeitou sexta-feira as acusações de dirigir um Governo de direita, apontando as leis do aborto, da procriação médica assistida e da paridade como exemplos de políticas de esquerda."
(Público Online)

Se o primeiro-ministro e secretário-geral do PS consegue nomear as ditas políticas de esquerda, acho que estamos conversados. Mais a mais, até as 3 (!!!) medidas dadas como exemplo de Esquerda são medidas de avanços civilizacionais que qualquer centrão noutras áreas da Europa defenderia. Eu gostava de saber era onde estão as medidas que melhoram a vida das pessoas. Essas nem se vislumbram...

13 abril 2007

 

Esse céu que nos cai em cima




Mais de Jeff Wall em slideshow, aqui no MoMA.

 

Wall Street é moral?


A cotação da empresa Wal-Mart tem tido um comportamento depressivo, desceu 25%. O que não seria interessante se o Wal-Mart não fosse a maior empresa de distribuição do mundo, a bater recordes de lucros – 11 milhares de milhões (billions) de dólares este último ano passado.

A explicação para este paradoxo é Orwelliana. O Wal-Mart gasta milhões de dólares em sistemas de vigilância e de litigação dirigidos aos seus trabalhadores. O objectivo é impedir qualquer coligação sindical entre empregados ou denúncias a jornalistas das prácticas laborais. Estes “crimes legais” que convém ocultar incluem além de horas extraordinárias por remunerar, e arbitrariedade de funções, a recusa em fornecer seguro de saúde, aconselhando activamente os funcionários a inscrever-se no programa de seguro mínimo oferecido pelo governo federal Americano aos indigentes.

É danoso à imagem de uma companhia que este regime policial seja público. Mais desagradável aos investidores é que a paranóia se tenha estendido ao Conselho de administração, com alegações de que o C.E.O. H. Lee Scott Jr. tinha os seus colaboradores sobre escuta. Eis a justificação para a moralidade em Wall Street: que os trabalhadores, imigrantes, negros e idosos sejam aterrorizados pelo Big Brother, tudo bem, mas que a polícia se vire contra os nossos não pode ser, não é económico.

 

Democracias


"Sob a forma de um "convite", a mensagem do presidente da República é clara: Cavaco Silva quer que os partidos repensem a realização de um referendo sobre a próxima revisão dos tratados da União Europeia (UE). Acrescente-se que o chefe de Estado é contra uma consulta popular a esta matéria e está dado o "recado" - repensem e recuem.
(...)
Para Cavaco Silva, a melhor opção, por agora, é aguardar(...). A pensar numa fase posterior, Cavaco Silva disse esperar "que os partidos políticos meditem, seriamente e com cuidado, sobre se deve haver um referendo, ou não, sobre o Tratado".

O chefe de Estado recordou também posições assumidas antes de ser eleito para Belém. "Antes de ter sido nomeado Presidente da República, nunca manifestei entusiasmo em relação aos referendos", sublinhou. Antes de se mostrar convicto que "hoje, muitos países europeus gostariam de não fazer referendos"."
(Fernando de Sousa e Susete Francisco, DN, 12 de Abril)


Os conceitos democráticos de Cavaco Silva já antes tinham dado que falar na maneira de governar como primeiro-ministro. Como presidente a experiência também promete ser deveras enriquecedora. Que ele nunca foi a favor de referendos, não é novidade. Tudo quanto não seja eleições de cheque em branco para ele fazer o que quiser o deixa incomodado.

Já que “muitos países gostariam de não fazer referendos” é um conceito novo. Não gostam de referendos porque não obteem os resultados que queriam? Se não discordam dos resultados os votantes, discorda quem? Só podem ser os governantes que segundo Cavaco Silva devem ser os legítimos "representantes” dos eleitores, mesmo contrariando as suas opiniões. Cá para o nosso rectangulozinho, Cavaco é Portugal!

Por cá, o DN afiança que o PS que o que tinha prometido nas eleições (um referendo sobre a Europa) parece que é mais uma viola que quer pôr no saco.

12 abril 2007

 

Finalmente


No “happy side” do racismo americano, temos a Disney, que ao fim de 80 anos de produção animada, desenha a primeira princesa negra – Maddy, the Frog Princess. Num país onde um em cada sete são negros, foram precisas quatro princesas brancas, mais uma índia, outra asiática e outra com rabo de peixe, para aparecer a negra. Nem na trampa do Rei Leão que se passava em África havia uma única personagem negra!

 

Domesticar o corpo das negras


Três alunos da universidade de elite Duke nos EUA viram levantadas as queixas de abuso sexual e sequestro de uma jovem negra. Foi há mais de um ano quando a equipa de lacrosse organizou uma festa e pagou a jovens strippers para divertir a manada. Os rapazes afinal não são violadores nem raptores. Sobre a festa, idiota e nojenta, promovida pela equipa e paga pela universidade, todos cumprem silêncio.

No mesmo dia, o locutor de rádio Don Imus foi despedido, porque chamou de “nappy-headed hos”, literamente prostitutas de cabeça de fralda (entre outros assédios), as jovens da equipa de basketball de Rutgers. O locutor revoltou-se com o aspecto das jovens: tatuadas e, segundo ele, com ar agressivo. Os comentários, entenda-se, foram dirigidos não só às jogadoras, mas a todas as mulheres negras e aos seus corpos. O problema é que a coisa acontece, repete-se, mas é sempre vista da mesma maneira: há este ou aquele homem indecente, que depois de cometida a imoralidade, vem com pedidos de desculpa, para a seguir re-emergir aparentemente reabilitado.

Racismo, abuso sexual e discriminação de classe, intrínsecos à história e à política social americana, é do que se trata. São inúmeras, por exemplo, as políticas de promoção do casamento como forma de reduzir a pobreza, que almeijam directa ou indirectamente as mães solteiras negras. Não é um problema de estereótipo, imoralidade ou indecência. É uma guerra ideológica que constantemente humilha e regula as mulheres negras, os seus corpos e as suas sexualidades.

 

Faz o que eu digo…

Não faças o que eu faço.


 

Aldeia da Meia-Praia


É uma história bonita feita canção pela voz de José Afonso. A história de dezenas de pescadores pobres e das suas famílias que, dando o mar de Monte Gordo pouco peixe, rumaram desde os anos 50 para o pé de Lagos. Foram de bicicleta, a pé ou de automotora.

O nome de “índios” foi baptismo dos pescadores de Lagos. Viviam em casas de colmo, e depois de tijolo erguidas depois do 25 de Abril pelo SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local). A história foi contada por Cunha Telles num filme da altura, com a canção de José Afonso.

Depois houve mais lutas para conseguir infra-estruturas como esgotos, luz e água canalizada. Muitas vezes se tem dito que estão ilegais, mas essa ilegalidade é só dos anexos que se foram construindo para terem espaço para os filhos que iam nascendo.

Agora, o Plano de Urbanização daquela zona prevê quase uma dezena de hotéis de quatro e cinco estrelas e apartamentos turísticos, além do aumento de um campo de golfe de 18 para 27 buracos e um centro de congressos.

As pessoas da Meia Praia é que não estão contentes com a situação: viveram ali toda a vida, e construíram as suas casas com as próprias mãos. E não querem ver a sua conquista transformada numa Copacabana.

11 abril 2007

 

Que chaga de homem


Ontem, fez peito para declarar os termos da nova lei sobre a IVG. Quer fazer valer dos seus poderes presidenciais para que o seu voto “não” ao aborto valha mais que os 59.25% dos votantes que disseram “sim”.

Hoje, lembrou-se de comentar que a produção de energia nuclear tem que ser debatida em Portugal. E quer assim forçar uma opção que o Governo tem posto de parte.

Alguém lhe recorde que foi eleito sem programa governativo! Alguém lhe dê uma fatia de bolo a ver se o homem se cala.

 

À espera


Estaremos esta noite todos a acompanhar a entrevista de Sócrates. Porque queremos naturalmente saber se aldrabou nas referências à sua formação e/ou na forma como a obteve. Particularmente, mais do que saber se é ou não engenheiro de direito – aspecto que o Público tem promovido em particular – quero saber se a pessoa com maiores responsabilidades governativas no país está ou não moralmente habilitada para desempenhar essas funções.

O que me tem espantado neste processo todo, e ele já dura há algumas semanas, é o silêncio da oposição. Marques Mendes reserva qualquer declaração para depois desta noite, enquanto Louçã foi o primeiro a falar do assunto e só porque “se misturou” com o encerramento da Universidade Independente.

Se à partida tanta cautela se pode dever a ninguém querer ficar com a responsabilidade política de fazer cair um primeiro-ministro (e com ele o governo) depois dos últimos anos de jogo de cadeiras, também me parece que poderá haver algumas implicações da oposição no caso.

Mas há outro aspecto a considerar: em finais de Junho Portugal assume a presidência da União Europeia. Talvez aquilo a que muitos gostam de chamar “sentido de Estado” explique o silêncio.

Eu, por mim, estou farta de paz podre. Como o Amílcar gosta de invocar: caia o ministro! Caia, pim!

 

Creamfields II - A integridade dos moradores


"(...)A proposta para a celebração de um protocolo de entendimento entre a autarquia e a promotora do festival é do vereador dos Espaços Verdes, que em comunicado explica que este documento "define os termos e as regras de utilização" do Parque da Bela Vista, de forma a salvaguardar a sua "integridade" durante o evento, marcado para dia 19 de Maio.

(...)O protocolo de entendimento que vai ser votado prevê ainda a criação de uma comissão de acompanhamento, "que irá fiscalizar o uso adequado do parque durante todas as fases de produção do festival Creamfields", evento que promete trazer a Lisboa mais de 50 artistas portugueses e internacionais, numa maratona de 16 horas ininterruptas de música.

A escolha do espaço verde da freguesia de Marvila para a realização deste festival, que nasceu no final dos anos 90 numa discoteca inglesa e já viajou por países como México, Rússia, Polónia e Turquia, tem merecido algumas críticas, nomeadamente por parte dos autores do blogue Observatório Parque da Bela Vista. Numa carta dirigida a António Prôa, transcrita na Internet, quatro cidadãos manifestam a sua preocupação com o impacto que o evento terá no parque e sublinham que 2007 "é ano de interregno entre edições do Rock in Rio e, por isso, de recuperação do coberto vegetal".

No blogue, os seus fundadores dizem entender que eventos como o Rock in Rio "podem ser um factor de dinamização da cidade de Lisboa, desde que organizados em local apropriado e efectivamente monitorizados por quem de direito, da Câmara Municipal de Lisboa aos cidadãos em geral". Como exemplo positivo a seguir, referem que a primeira edição deste festival na região de Madrid "não será num jardim da cidade, mas antes num parque temático criado de raiz para o efeito"."

(Inês Boaventura in Público)

António Prôa (dono de um suposto blog) preocupa-se muito com a integridade do Parque.
Falta saber quem é que salvaguarda a integridade dos moradores "numa maratona de 16 horas ininterruptas de música". É que durante o Rock in Rio, sobre o qual já escrevemos, metade de Lisboa (e até em Foros de Amora) ouvia o concerto e na Câmara houve quem se atrevesse a sugerir se eu não conhecia alguém que vivesse mais longe e pudesse mudar para lá durante o evento...

10 abril 2007

 

Promulgação


A lei sobre a IVG foi promulgada pelo presidente da República. Sem ter entendido haver necessidade de a enviar para o Tribunal Constitucional, não deixou no entanto o Acabado Silva de enviar uma mensagem à Assembleia da República.

Parece que o que o senhor disse é mais ou menos assim: a pergunta era constitucional, o “sim” ganhou no referendo, a lei foi aprovada na Assembleia por “larga maioria”. Mas como esta não está “juridicamente vinculada” pelos resultados do referendo, têm que ouvir a arengada a bem dos “interesses em presença”.

Vamos então rever algumas das pérolas da mensagem do presidente de todos nós:

Deve “a mulher (…) [ser] informada, nomeadamente sobre o nível de desenvolvimento do embrião, mostrando-se-lhe a respectiva ecografia, sobre os métodos utilizados para a interrupção da gravidez e sobre as possíveis consequências desta para a sua saúde física e psíquica”.
Pois acho muito bem! Como se já não bastasse toda a violência do acto, e da qual as mulheres estão bem cientes, é acenar-lhe com o filho que decidiram não ter. É de um humanismo inigualável, para não dizer mais!

O médico “que terá de ajuizar sobre a capacidade de a mulher emitir consentimento informado” deverá poder questionar a mulher “sobre o motivo pelo qual decidiu interromper a gravidez, sem que daí resulte um qualquer constrangimento da sua liberdade de decisão.”
Ora eu pensava que tinha votado sim para que as mulheres não tivessem que explicar a ninguém as razões que as levam a fazer um aborto. Para que a sua privacidade não fosse violada, para que não fosse exposto o seu íntimo. Mas diz uma vozinha ao longe: perguntar não ofende, a mulher pode decidir não responder. Claro que pode, mas também não é alheia a ligação feita pelo PR entre a capacidade do médico para dizer se a mulher é ou não capaz de decidir sobre a IVG e o motivo que possa vir a ser dado pela mulher para realizar a mesma.

É “aconselhável que à mulher seja dado conhecimento sobre a possibilidade de encaminhamento da criança para adopção”.
É o que se chama chover sobre o molhado. É óbvio que as mulheres sabem que podem dar um filho para adopção. Para evitar isso mesmo, para evitar uma gravidez que não desejam e uma criança que só poderá vir a ser mais uma entre tantas nas instituições, que as mulheres decidem abortar.

Estas são só algumas das brilhantes sugestões do PR, pois recuso-me a reproduzir outras maravilhas da prosa, principalmente o seu ponto 9, onde se implica que as mulheres poderão vir a fazer IVG porque o sexo do embrião não lhes agrada.

Mostrando uma arrogância de pai da nação, de pai de nós todos que pretende ser, Cavaco Silva mostra assim a pureza do seu humanismo. Só lhe pode vir do fundo do coração, realmente!

 

Universidade dos Intendentes


Curriculum de Sócrates já incluía licenciatura em Engenharia antes do curso na Independente. [do PUBLICO que quer derrubar o governo pelo canudo]

Assim se comprava que Sócrates é um homem com visão (e fantasia), capaz de antever o desfecho da história. A biografia por pouco não incluia: “Primeiro-Ministro 2005 - 2010”, “Presidente da República 2016-2021”…

 

"Fiel servidor"



"9 de Abril de 2007

Eis, no aniversário da ocupação de Bagdade, alguns títulos colhidos "on-line":
- "Mega-protesto em Najaf contra ocupação aliada" (TVI),
- "Milhares contra EUA no Iraque" (Portugal Diário),
- "Milhares protestam contra presença norte-americana" (TSF),
- "Papa Bento XVI denuncia 'os massacres no Iraque'" (DN),
- "Iraque: Protestos contra EUA" (Correio da Manhã),
- "Iraquianos protestam contra os EUA no 4o aniversário da invasão" (Globo Online),
- "Milhares de xiitas exigem em Najaf a retirada das tropas dos EUA do Iraque" (El Pais),
- "Manifestação anti-americana no 4º aniversário da queda de Bagdade" (Le Monde),
- "Iraque, a cólera xiita contra os EUA" (La Stampa),
- "Iraquianos protestam contra ocupação do Iraque pelos EUA" (New York Times).
- etc.
Título do Público de Belmiro e José Manuel Fernandes: "Iraque assinala a queda do regime"."

(retirado de Tribunal Iraque)

 

Bola e política



"Benfica e Beira-Mar empatam (2-2) em Aveiro (...) num encontro em que os lisboetas foram salvos da derrota por uma grande penalidade controversa (...) aos 93 minutos." Fala-se de uma folha de rosto governamental com cabeçalho referente a José Sócrates encontrada na cabine do árbitro. Quando o Benfica perde, a nação fica perturbada, e uma nação perturbada não aceita bem notícias de políticos a usarem dos seus cargos para actuações no mínimo reprováveis.

(uso em grande parte dos excertos do Público online)

09 abril 2007

 

Os marinheiros aventureiros


O mundo anda um tanto maçador. Não há novidade. As mortes nos sítios do costume já não empolgam noticiários (“empolgam” conjugação do verbo empolar). É por isso que pequenos dramas fervem em copos de água: os marinheiros ingleses que regressaram a casa um par de semanas depois de detidos no Irão, continuam a ser notícia. Desta vez por causa da permissão dada pelo Ministry of Defence (afectuosamente MoD) que os marinheiros vendam as suas histórias aos media. Quem não gostou foram as patentes militares. Estas entendem que não é boa ideia permitir acesso fácil ao dia a dia do soldado, não vá alguém notar que eles são criminosos profissionais.

Esses votos de silêncio são uma herança de outros tempos. Hoje, as forcas armadas tem que ser espectaculares, de repórteres ao ombro nas cavalgadas pelo deserto oriental, ou enquanto arrasam um cidade contaminada de insurgentes. A guerra é real e ficcional, tem gráficos e banda sonora.

Para o governo trabalhista, estes marinheiros tem ainda trabalho para fazer, compondo a ficção de um estado iraniano que os aprisionou, que os interrogou e depois subitamente, para seu tremendo choque e absurdo, os libertou. Este avolumar de arbitrariedades comprovará que o Irão é um estado em que se não pode confiar, adolescente e ensandecido. É a guerra dos significados, de microfones na mão.

 

Creamfields I - A gestão da coisa pública



"A Câmara Municipal de Lisboa vai votar na quarta-feira uma proposta no sentido de a organização do festival Creamfields (...) ficar isenta do pagamento de taxas municipais no valor de 3,5 milhões de euros, mas contribuir com 175 mil euros para a requalificação daquele espaço verde e para pagar custos logísticos da iniciativa.(...)Esta medida, segundo um comunicado do gabinete do vereador, "é sustentada pelos dividendos que a realização do evento na cidade de Lisboa trará em termos de animação da capital, bem como para a divulgação do nome e da imagem da cidade em Portugal e no mundo."

A proposta subscrita por António Prôa pressupõe no entanto que a promotora do festival contribua com contrapartidas, no valor de cerca de 175 mil euros, que de acordo com o comunicado "serão aplicadas na execução do projecto de requalificação do Parque da Bela Vista, já apresentado pela Câmara Municipal de Lisboa". A construção de um skate parque no espaço verde com mais de 70 hectares é o projecto que a autarquia prevê desenvolver com estas verbas, que se destinam também a suportar custos os logísticos da iniciativa.

A exigência destas contrapartidas, sublinha o gabinete do vereador, "vem na linha de uma política da autarquia que preconiza que as entidades que utilizam o espaço público para a promoção de eventos devem não só garantir a correcta utilização dos mesmos, como participar na sua requalificação.(...) O protocolo de entendimento que vai ser votado prevê ainda a criação de uma comissão de acompanhamento, "que irá fiscalizar o uso adequado do parque durante todas as fases de produção do festival Creamfields"."

(Inês Boaventura in Público)

Isenção de taxas, contrapartidas ridículas e uma comissão. São três elementos fundamentais na gestão da coisa pública em Portugal e, em particular, em Lisboa. A ver o que faz a oposição na Câmara e na Assembleia Municipal.



   

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