31 março 2007

 

Vira vira no CDS-PP


Em época de assalto ao poder, o CDS-PP faz drama da traição, da
facada, do virar da casaca...

 

Respostas a um passatempo


Aqui desafiei-vos a um passatempo que apontava a algumas das continuidades da história. Silva Lopes tinha preenchido originalmente os espaços com:
"republicanos,
monarquia,
Afonso Costa,
1912-13"

Cabe a nós resistir e fazer pelas discontinuidades...

30 março 2007

 

"Sondagem"



"Deve ser preservada a memória de espaços ligados à perseguição dos resistentes antifascistas?"

Deêm a vossa opinião em www.sapo.pt

 

Quando o peruano foi à cara do colombiano


No dia de São Valentim de 1976, na Cidade do México, estava Gabriel Garcia Marquez a ver um cineminha, quando irrompe em cena o Mario Vargas Llosa. Gabriel, que é generoso e terno camarada, faz um gesto para abraçar o amigo. Mário, latino hirsuto e neo-liberal, vinha para um ajuste de contas. Gabriel tinha sido generoso com mulher alheia. Não se concluiu o abraço e choveu bofetada. Dois vultos da literatura mundial enrolados à bulha.

 

Conversa de peixe


Como nadadora assídua (er...) mantenho-me a par das notícias do desporto, especialmente daquelas sobre novos recordes – só para saber o que tenho pela frente... Michael Phelps bateu esta semana uma série deles, incluindo o de 200 metros livres: 1 minuto, 43 segundos e 86 centésimas, retirando o título a Ian Thorpe que levou 1 minuto 44 segundos e 06 centésimas.

Comentário de Phelps: sabia que conseguia chegar a meio do 1 minuto e 44 segundos ou mesmo ao 1 minuto, 44 segundos e picos, mas ao 1 minuto, 43 e tal nunca pensei.

Livra, este fala em centésimas de segundo como eu falo em minutos! Eu que fico toda contente quando nado uma piscina em 1 e 44... É muita areia para o meu camiãozinho!

29 março 2007

 

Alberto João's Madeira


Alberto João Jardim continua a não deixar os seus créditos por mãos alheias. No dia da sua demissão aprovou obras e subsídios no valor de 130 milhões de euros. É o que se poderia instituir como o abono das eleições...

 

Fundamentalistas globais


O tablóide inglês The Sun (qualquer semelhança com o semanário Sol não é coincidência) iniciou uma das suas costumeiras campanhas histéricas. O jornal indignou-se com a humilhação dos soldados britânicos apreendidos pelo Irão, e exibidos num vídeo a almoçar em cadeirões de pele.

Não se entende onde é que The Sun vê o sinal de alarme - serão os talheres de plástico? A CNN que não é dada a apologias do Oriente-inimigo, considerava ontem que o Irão estava a tratar os prisioneiros com extremo cuidado, comparando com casos anteriores de detenções de Americanos. Nas vésperas de um voto decisivo no Conselho de Segurança da ONU, o Irão quer sair desta crise com a sua auto-estima intacta, quer ser respeitado.

Entre os gritos incendiários do The Sun e uma necessidade de se agarrar “só mais um bocadinho ao poder”, Blair respondeu com umas tiradas truculentas a querer imitar os dias mais parvos do belicoso Churchill. Todos sabem que as campanhas dos tablóides de nada valem, são mais papel para forrar os bancos do metropolitano, e ainda assim o New Labour de Blair entende-as como reflexo da vontade popular. É uma cansada desculpa para adicionar certeza moral à sua política internacional.

Os mesmos que se queixam de imans e mullahs vão seguindo as cruzadas histéricas, pânicas e insultuosas do The Sun e da Fox News. E jamais param para notar que os alegados arautos populares fazem parte do maior império de comunicação social do mundo, a News Corporation do senhor Rupert Murdoch. Há uma teologia para esta comunicação social, um fundamentalismo, um orientalismo – “Viva o Ocidente, Viva, Pum…”

 

A direita está de baixa*


"Manuel Monteiro monta banca na Baixa de Lisboa e declara que 'A direita está aqui'"
Público (23 de Março, 2007)


* Título sugerido por Judas.

28 março 2007

 

Para a menina e para o menino


A General Electric tem todo o que equipamento que uma família moderna precisa. Para a fada do lar tem: fogão, máquina de lavar loiça, encerador, misturadora, trituradora, máquina de lavar roupa, aquecedor de comida, secador de cabelo, secador de roupa, cafeteira, intercomunicador, frigorifico, aspirador e ferro de engomar. Para o barão da mansão oferece: relógio, lâmpada para leitura, e trinchador da carne. E a televisão e o gira-discos podem ficar para a filhita, porque a mãe para dar serviço a tanto luxo não tem tempo que lhe sobre.


[clicar nas imagens para ampliar]

 

Parabéns


É pouco usual Portugal calhar nas notícias por cá, normalmente o mediatismo só vem por intermédio dos fogos. Desta vez conseguimos simplesmente por nos fazermos passar por asnos.

P.S: a legenda do retrato lê-se "Amado até hoje: António de Oliveira Salazar".


27 março 2007

 

À nossa saúde!


As reformas da segurança social vão sendo feitas escondidas no orçamento de estado. O sentido da reforma nunca é assumido, mas nas entrelinhas o modelo preferido parece ser o americano.

A rádio pública americana (sim, há uma rádio pública nos EUA!!) tem feito várias reportagens e entrevistas sobre o sistema de saúde nos EUA. Ainda que se saiba da desigualdade do sistema privado, ao conhecer os números e os factos não deixamos de ficar chocados. Um em oito americanos não tem seguro de saúde (se falarmos de hispânicos e negros o número aumenta para 60% e 43% respectivamente). É o mesmo que dizer que 46 milhões de pessoas só podem entrar num hospital se estiverem moribundos. Pequenas empresas não providenciam seguros de saúde aos trabalhadores, e mesmo nas grandes empresas, com salários baixos, o custo mensal dos seguros é incomportável. Arranjam-se então soluções terceiro mundistas, como o doente pagar directamente ao médico, sem recibos, sem qualquer registo, o quantitativo que o médico, à margem de todas as leis, determina.

Mas até com seguro, os serviços de saúde não estão garantidos. É o caso de muitos doentes com cancro, em que o seguro deixa de contribuir para medicamentos e quimioterapias. Resultado: mesmo quando o doente morre, a família continua a receber facturas exorbitantes por tratamentos que deixaram de ser financiados. Para além de injusto e desigual, o sistema privado é ineficiente e dispendioso. Como os hospitais ganham por cada doente que vêem ou cada exame que fazem, não são raras as vezes em é recomendado um número infindável de exames e consultas. Ninguém sabe onde acaba o cuidado médico e começa o negócio.

Será que olhar para o sistema de saúde dos EUA não é ver o que se vai passar em Portugal daqui a 20 anos? É que se é mau nos EUA, em Portugal há a agravante dos hospitais não terem metade das condições dos hospitais americanos.

 

Elementary, my dear Watson


Finalmente a Fundação Champalimaud encontrou uma personagem negra à altura para presidir ao seu conselho científico. Laureado com o Prémio Nobel, o ilustre Dr. Watson deve boa parte da sua descoberta da estrutura do DNA a análises de raios-X roubados (não, nem sequer ponho aspas) de uma outra cientista, Rosalind Franklin. Esta viria a morrer de cancro em 1958, deixando o caminho livre (sem outros candidatos de relevo) para a equipa Watson-Crick.

Desde então tem vindo o Dr. Watson a presentear-nos com algumas das maiores pérolas da eugenia moderna. A prática do aborto poderia ser usada para acabar com os 10% "geneticamente estúpidos" da população mundial, as meninas poderiam ser condicionadas para serem bonitas (acabar com os narizes tortos, verrugas despropositadas ou mesmo cabelos oleosos), e se o tal malfadado gene da "homossexualidade" fosse descoberto, aí haveria um problema a menos (embora aposte que só os homens seriam considerados, porque pelo sorriso deste senhor e o seu amor por meninas bonitas, ele não iria prescindir dos seus clássicos "Lésbicas na Califórnia III" e "Donas de Casa Atrevidas - o regresso do Espanador").

Não falando dos seus comentários ocasionais contra obesos, negros, judeus, etc, etc... que eventualmente deveriam ter os seus números reduzidos...

A ciência em boas mãos.

26 março 2007

 

Nike



Antes de ser sapatilha foi um míssil.

 

Protesto o protesto


O espectáculo da RTP “Os Grandes Portugueses” elegeu Salazar como vencedor. A blogosfera ainda mal acordou para o tema, mas ouvem-se as primeiras salvas. O Blasfémias papaguiou uma entrevista de uma Rita Vaz do PNR, o partido fascista que tenta tomar de assalto a Associação de Estudantes da Faculdade de Letras, diz-nos que “há espaço para todos.” O 31 da Armada troca mimos com o Boina Frigia, os “amigos” Henrique e David (que piada que todos se conhecem) debatem a natividade do fascismo.

O que traz tanto alarme a um programazito de televisão é a sua insinuação de “eleitoral”. Se o resultado viesse em trajes de documentário ou pela boca de excelsos especialistas teria sido fácil esquecer, mas foi quase referendário.

Este foi um protesto. Um protesto daqueles que não querem saber de exercícios espectaculares, e portanto não votaram. Um protesto daqueles que escolheram Salazar para o escândalo. Globalmente, não se seguiu o exemplo doutros países onde o programa serviu para celebrar a nacionalidade, poucos portugueses se importaram em saber ou aprender historia. Só assim se explica que nas sondagens de rua, Salazar não seja primeiro, mas sexto. Quem telefonou para votar fê-lo com uma missão presentista.

E seria de esquecer esta peripécia se não fosse o queixume do “antes o Salazar” ter assumido a dimensão de uma epidemia, na boca de tantos e tantas. É uma doença, mas o vírus não é o fascistococus. O saudosismo Salazarento é um sintoma. A vida é penosa nos empregos que não existem, e nos despedimentos que se anunciam, nas rendas que vão subindo, no dia-a-dia de trânsito, mau tempo e patrão imbecil. Alienados do poder, demasiados portugueses enamoraram-se pelo messsianismo, na esperança que um líder os venha salvar. É um mal de alma imposto porque o exercício de poder popular foi sempre prontamente esmagado para manter um estável regime de corruptos e elites. Mas as condições objectivas não podem servir de desculpa.

Se não há políticos no Estado que nos representem, que ajam para nosso bem, então retira-se poder ao Estado para o devolver aos populares. Se as elites nos oprimem, não nos queixemos de como são incompetentes, ataquemos-lhes os privilégios. Se os tempos estão maus, não vamos sonhar com saudade do passado, vamos imaginar futuros. A terapia para esta doença é não ter medo de existir.

25 março 2007

 

Bush nas lonas


Os dados são da Gallup Polls que faz inquéritos frequentes à população Americana. A história que o gráfico resume é a do “grande desastre político Iraquiano.” Em 2001, Bush tinha 70% de apoio popular, está agora a bater nos 30%. A continuação da guerra afunda o Presidente em impopularidade, e pesam-lhe ainda nos ombros o escândalo em torno do despedimento e nomeação de procuradores públicos.

A continuada resistência Iraquiana destruiu esta Presidência e com ela a credibilidade da onda neo-conservadora - a sede do Project for a New American Century há quase um ano que fechou portas. Mas como Bush não se demite, e os Democratas não o “despedem” há uma herança que fica: a guerra no Iraque e Afeganistão até 2009, e a nova geopolítica do anti-terrorismo global. Hillary Clinton já anunciou que mesmo retirando tropas do Iraque, algumas permanecerão para caçar a Al Qaeda. Os partidos do poder Americano concordam no direito à intervenção unilateral para caçar fantasmas. Será que o público Americano concorda? Essa pergunta a Gallup não fez.

24 março 2007

 

Cantando pelo Iraque


Ontem uma combinação rara juntou-se para cantar pelo Iraque num São Jorge cheio: Jorge Palma, Paulo de Carvalho, José Mário Branco, Camané, Pedro Abrunhosa, Fausto e Luís Represas. Ajudaram ainda Rita Blanco e Jorge Silva Melo que também leram textos entre as actuações: contribuições de Noam Chomsky e Eduardo Lourenço para a sessão, e poemas de Mahmoud Darwish, e Harold Pinter.
Uma noite inesquecível em que tantos se juntaram para demonstrar solidariedade para com os iraquianos.

Samir & Mystique

 

O arauto do governo


Peres Metello funciona há anos como arauto dos governos, explicando "pedagogicamente" a política económica aos portugueses. Anteontem, na sua participação no Jornal Nacional da TVI raiou os seus melhores dias de cinismo.

Defendeu a Ota como a única ou a melhor alternativa, quando as evidências das suas desvantagens acumulam-se.

Já sobre os bons resultados na descida do défice público fez orelhas moucas aos protestos de toda a oposição que salientou os custos desses resultados na vida dos portugueses. Peres Metello, depois de saudar os resultados, referiu que ainda seria possível melhorá-los, dependendo da reformulação da administração pública em curso. Leia-se: despedimentos.

23 março 2007

 

"Barraca" Obama?




Obama negou envolvimento na produção do vídeo mas o autor foi associado a sua pré-campanha Presidencial. Estes vídeos de campanha online têm o rótulo de "mashup." São munição na política das emoções e identidades. O hipnotismo do medo é sempre mais eficaz do que o debate de ideias (sobretudo quando não há ideias).

 

Deixem o Mantorras guiar!!

 

Passatempo


Desafio-os a preencherem os espaços em branco:

"Mas os ..............., que tão violentamente tinham criticado aquilo a que chamavam desregramento orçamental dos últimos anos ............, fizeram gala, depois de chegados ao governo, em manterem o aperto das despesas e em chegarem a finanças públicas equilibradas. ................. conseguiu mesmo anular o défice em ........ e obter um expressivo excedente orçamental no ano fiscal seguinte. Para isso recorreu a cortes nas despesas, por vezes violentos, que envolveram a supressão ou reforma de alguns serviços públicos (...). O saneamento das contas do Estado assim conseguido foi, porém, sol de pouca dura."

 

A combinação perfeita



Num país de pseudos-senhores-doutores, um pseudo-engenheiro como primeiro-ministo.


P.S: a investigação não me aquece nem me arrefece, muito mais importante são os carimbos, datas e assinaturas sobre milhões que alguns metem para os bolsos. Mas já serviu para mostrar que o PSD continua a fazer oposição por defeito (ou piloto-automático), com os imediatos pedidos de esclarecimento, ares graves de estado perante a história… etc…

22 março 2007

 

Um morteiro? Um morteirito! Coisa pouca…




Maliki já nem reage. Ban Ki Moon faz contas à vida.

 

O carro é do gajo




A legenda deste anúncio Americano dos anos 50 era: “Quando há discussão sobre quem usa o carro da família, o marido inteligente consegue ter a última palavra. Basta dizer: “Hertz.” Depois pode ir ao seu caminho que ela seguirá o seu num novo Chevrolet ou outro excelente carro Hertz. Engraçado que com uma pequena palavra ambas as partes conseguem o que querem.”
Concluindo: “Let HERTZ put you in the driver’s seat!”

O consumismo a serviço da guerra dos sexos.

 

O cidadão honorário


Enquanto Bad Doberan, cidade que irá receber a cimeira do G8 na Alemanha, esqueceu-se de retirar o título de cidadão honorário a Adof Hitler, «[a]s autoridades municipais [de Bitterfeld, autoproclamada "a última cidade a ter Hitler como cidadão honorário] explicaram à imprensa alemã estarem a investigar se o ditador "fez alguma coisa que justifique" retirarem-lhe o título».

(in DN, 14 de março, 2007)

 

O Inverno Iraquiano


A última tempestade deste Inverno caiu sobre a Costa Leste no final da semana, fechando aeroportos, estradas, e cobrindo com neve o Nordeste dos Estados Unidos. Quem nesse Sábado conseguiu chegar a Washington tomou as ruas contra um vento gelado para protestar a Guerra no Iraque. Milhares fizeram o caminho entre o Lincoln Memorial e o Pentágono, para convergir num comício.


Em contraste com outros protestos em que participei, este tinha uma população diversa, pessoas de todas as idades, nacionais e estrangeiros. Muitos dos presentes traziam o seu próprio cartaz, com a sua individual palavra de ordem. Os grupos mais organizados exigiam o regresso imediato das tropas e a demissão (“impeachment”) do Presidente Bush. Como que para combater o frio que tolhe movimentos, havia focos circenses de música e encenação, a cargo de membros da subcultura radical Americana (a que só conhecemos na caricatura do hippie). Ao início do percurso outra particularidade Norte Americana, uma falange de motoqueiros, alegadamente veteranos da guerra do Vietname, que ali foram para insultar os manifestantes. A polícia apontava os cavalos para a manifestação, certamente convicta nas boas intenções dos patriotas.

Ao longo desta semana outros protestos seguiram o de Washington – São Francisco e Nova Iorque tiveram também dezenas de milhares nas ruas. A par destas expressões de oposição, as sondagens indicam que o apoio à guerra e ao Presidente decrescem, e nem o mais iludido dos neo-conservadores acredita num final vitorioso ou próximo do conflito. Mas o movimento popular permanece frágil e desarticulado. As constantes evocações dos anos 60 e o desejo de reanimar a Students for Democratic Society (promotora da guerra contra a guerra do Vietname) demonstram uma falta de soluções para tornar o mal-estar politicamente produtivo. À eleição dos Democratas em maioria no Capitólio, num manifesto anti-guerra, seguiu-se uma traição imediata dessas promessas, e muitos entregaram-se ao cinismo na expectativa das próximas eleições presidenciais. Este presidente já caiu mas nada garante que o próximo dê um fim rápido à guerra.

 

Americans are NOT stupid


 

O Emplastro





Se o Emplastro existe, é para nos lembrar que o tempo de antena não é coisa de mérito. É uma questão de timing. E há algum tempo que me anda a chatear a ideia, a tentar perceber o porquê do segundo emplastro ter direito a horário nobre, a primeiras páginas de jornais, a editoriais que poderiam forrar uma casa de banho de uma ponta à outra,... e por aí fora, ad eternum, et pluribus unum...

Se no final do jogo do Sporting ele corresse a agarrar um microfone, mas não, este emplastro nem precisa disso, ele marca a hora em que vai "emplastrar". E faz-me confusão que um... possível candidato (que não é candidato pois ainda nem sequer há eleições ou congressos marcados) a líder do quarto maior partido com assento parlamentar (que nas últimas eleições se arriscou a quinto), sem representatividade a nível local, possa fazer comunicados à Nação. É que fazendo as contas aos 7% dos 60% que alguns padres de Trás-os-Montes ainda vão conseguindo arrancar aos fiéis, não vejo motivo para tanto. O PCP aparentemente precisa de pôr o Camané, da Weasel e Vitorino aos pulos durante 3 dias num palco para no último dia aparecer o discurso do líder (não do candidato) em versão redux. E isto não falando do BE, que apesar de ter ficado um ponto atrás, não é o suficiente para deixar de fazer conferências de imprensa em casas do Povo iluminadas à luz de vela.

E volto a perguntar, o que é que o alfacinha tem? Vindo de um partido cujo líder dissidente anda a apanhar votos algures entre o MRPP e o Partido da Terra, temos mesmo assim de ouvir gritar "Revolução na Política Portuguesa, vai haver cisão no CDS!". O que como toda a gente sabe, iria transformar o panorama político do país.

...

Não há timing que explique isto...

21 março 2007

 

O ecológico


"Apago sempre as luzes que encontro acesas."

Cavaco Silva
Presidente da República

 

Sessão MAYDAY: Filmes Curtos e Precários


Quinta :: 22 Março :: 21:30h :: Ateneu de Lisboa

R. Portas de Sto.Antão, n.110 (rua do Coliseu)

O PRECARIADO REBELA-SE

Serão apresentados os seguintes vídeos:

- "Amigo ou inimigo" (Coreia, extracto, 24 minutos) Temporários das telecomunicações coreanas resistem ao despedimento.
- "São Precário vai às compras" (Milão, 5 minutos) Procissão em supermercado com o santo das precariedade.
- "Dá-me uma ocupação das instalações com um McGreve" (Paris, 4 minutos) Trabalhadores de um McDonalds entram em greve e ocupam a loja por 6 meses.
- "Precárias à deriva" (Madrid, extracto, 20 minutos) Visita às vidas precárias de mulheres. Entrevista mútua.
- "A triste verdade" (EUA, extracto, 12 minutos) Michael Moore conta a história das empregadas mexicanas do Holliday Inn, que arriscaram a deportação por tentar criar um sindicato.
- "Contrato-lixo" (Barcelona, 3 minutos) Finalmente um contrato na Starbucks, mas algo cheira mal...
- "MayDay Barcelona" (Barcelona, 9 minutos) Videoclip da parada na Catalunha.


A projecção começa pontualmente (parece um filme!) às 21:30h.

 

Esquerda parlamentar em festa


Após o 86º Aniversário do PCP no dia 6 de Março, desta vez é a festa do BE:

Sábado – 24 de Março – a partir das 20h
Caixa Económica Operária
R. da Voz do Operário, 64 (à Graça – Eléctrico 28, Bus 34)

 

Isto está ruim de visitas





 

TERRAKOTA


"Os TERRAKOTA estão a acabar de misturar o seu terceiro album de originais.Trata-se de um disco de produção independente editado com o apoio da RADIO FAZUMA e de outras estruturas culturais independentes que irá ter distribuição mundial por parte da felmay – distribuidora italiana que desenvolve o seu trabalho na área da world music. O album é totalmente produzido pela banda e tem lançamento previsto para abril.

Enquanto ele não chega vai se realizar um espectáculo de TERRAKOTA no dia 22 de Março no Santiago Alquimista que funcionara já como uma janela aberta sobre o albúm, mas será também muito importante para ajudar a financiar o disco. O grupo continua no seu esforço para desenvolver um trabalho de qualidade completamente independente e apela a todos os que o valorizam para aparecerem e ajudarem na sua conclusão. Excepcionalmente nessa noite a imperial custa 1,5 e a maior parte do lucro da bilheteira (8 euros por pessoa) reverte a favor da banda.

A mestiçagem, o respeito pela mãe Natureza, a celebração de Africa e a crença num Mundo diferente em harmonia e sem fronteiras são temas recorrentes ao longo do disco e mais uma vez o grupo recorre a muitas linguas diferentes para se exprimir – português, yoruba, wollof, francês, inglês, espanhol, árabe e crioulo de guiné bissau, reflectindo a realidade socio-cultural europeia e de Lisboa."

 

Mapa da guerra


Ouve-se frequentemente dizer que o Iraque é um país dividido em etnias e seitas islâmicas. Mas de onde vêm essas divisões e como é que elas se representam no mapa? A BBC tem um artigo interessante que faz a cartografia étnica de Bagdade antes e depois de 2006.

Bagdade era uma cidade onde Sunnis e Xiitas se misturavam e viviam juntos. Hoje, a capital é uma cidade de ghettos, onde as divisões étnicas são dramáticas. De notar que a reduzida área onde Sunnis e Xiitas se misturam corresponde ao centro administrativo da cidade, onde se encontra também a “zona verde”, o enclave da força americana. Ao mesmo tempo, nesta zona de encontro entre iraquianos, governo e força ocupante é onde ocorrem a maior parte dos ataques bombistas e não, como se gosta de indicar, nos bairros de denominação étnica.

A guerra civil não reflecte o mapa deste conflito. No centro da guerra está a ocupação, a fonte de agressão e contra a qual todos os iraquianos resistem. As diferenças étnicas são periféricas ao conflito, sendo em parte fomentadas pelos americanos com o objectivo de criar novos partidos a quem possam entregar a tutela da repressão.

20 março 2007

 

O ovo ou a galinha


O novo governo de unidade nacional Palestiniano tomou posse. Representados neste executivo estão organizações que contabilizam 96% dos votos Palestinianos no último sufrágio. Esta extraordinária legitimidade democrática levou ao reconhecimento do governo pela Noruega, França, Itália e Espanha. A UE adia uma decisão, mas parece inevitável que ponha fim ao seu embargo à Ajuda para a Palestina.

Já a parceria Israel-EUA permanece imóvel, numa coincidência de posições que inquieta muitos que não discernem quem vai ao leme – são os EUA que ditam as regras a Israel, ou Israel que determina e os EUA seguem?

Israel recusa-se a negociar com o novo executivo. A posição Israelita a cada dia soa mais formal e minimalista. Israel exige a renúncia Palestiniana do terrorismo -- o novo governo comprometeu-se a respeitar todos os acordos internacionais sobre conflito e direito à resistência, que impede violência contra alvos civis. Israel exige o reconhecimento da sua existência como Estado -- o novo executivo comprometeu-se à existência de dois Estados, com a Palestina circunscrita às fronteiras de 1967.

A doutrina Sharon permanece vigente em Israel e é o motivo para o boicote das negociações. A solução pretendida é unilateral, com Israel escolhendo devolver a indigente Faixa de Gaza mas guardando férteis porções da Cisjordânia, violando as fronteiras de 1967, e impedindo o retorno de refugiados Palestinianos para Jerusalém Oriental ou para o restante de Israel. É esta prepotência colonial e não a ameaça do Hamas que move Israel.

A par, os EUA anunciam que só dialogam com os elementos moderados do novo governo, entenda-se recusa de negociação com a maioria do Hamas. Mas para os EUA esta situação não convém. Atolados no Crescente Fértil, numa guerra que não parece ter fim, os EUA podiam beneficiar de progresso na Palestina para criar apoio árabe que tanto lhes falta. Os Democratas no Capitólio não se cansam de o bradar, mesmo um resultado simbólico servia. Mas a Casa Branca não quer ouvir, e segue Israel.

 

Como conquistar os iraquianos


Se razões faltassem para os iraquianos combaterem a invasão dos EUA, veja-se:



Democracia e progresso, não é?

19 março 2007

 

O sexo do Presidente


A National Portrait Gallery de Washington tem uma ala reservada para os retratos dos Presidentes Americanos. A lista é completa, do esquecido ao celebrado, do incapaz ao mártir, uns em molduras mais apertados, outros a imperar solitários sobre uma parede.

A maior parte dos retratos são perfis conservadores, pesados de pompa e pose e numa estética que cansa pelo cheiro a mofo. Só o especialista nota, com generosidade, subversões no estilo, nas referências ou nas coordenadas dos corpos e da sua envolvente. Já os retratos do século XX são mais experimentais. O retrato de Kennedy é uma peça com traço abstracto que esconde o pormenor do rosto do Presidente perdido, como se a memória do líder fosse a do ruído do seu tempo e se esquecesse, ou perdoasse, a sua personalidade e consequência.

E depois temos o Bill Clinton, retratado como se vê em baixo. Será intencional o projectar do baixo-ventre para representar uma Presidência de escândalos conjugais? Será o pintor um Freudiano que retrata o homem com as suas obsessões fálicas?



O culto Presidencial Americano é uma farsa de mitos, de memoriais e estátuas, de heróis de guerra e visionários constitucionais, e Clinton está demasiado vivo para ser incluído no panteão. Mas daqui a 20 anos, não será ele, como foram todos os outros criminosos na ala, absolvido e recordado com amor?

 

O descrédito


O PSD tenta fazer oposição, mas nem em bicos dos pés parece que consegue. Desesperado, lança uma cartada de risco: este partido que esteve no governo mais de 19 anos (10 anos sozinho, 6 com o CDS/CDS-PP, 2 com o PS e pelo menos mais um ano) pergunta-nos em cartazes se ainda acreditamos no PS, dando o exemplo da subida de impostos. É preciso ter lata!

Safa, de mentiras e mentirosos estamos nós fartos!

 

Enfiar o Barreto...


António Barreto numa entrevista ao Expresso (3 de Março, 2007) à pergunta de "Onde gostaria então de viver?" desabafa: "Na Itália, na Suécia ou na Inglaterra".

Para ele, eu sugeriria o Alentejo...

18 março 2007

 

Furo!


Max (Dustin Hoffman) é um jornalista disposto a tudo por um furo que o catapulte de novo para o primetime, após a sua despromoção de uma importante cadeia de televisão. Já Sam (John Travolta), desesperado por ter sido despedido, barrica-se inadvertidamente no museu onde era guarda e fazendo reféns Max e umas crianças em visita de estudo. Max aproveita a oportunidade, explorando ao máximo a sua exclusividade e garantindo que o impasse se prolongue. No entanto, acaba por ter um rebate de consciência ao antever o futuro que se reservava a Sam. Mas já era tarde demais...

"Mad City", de 1997 e realizado por Costa Gavras (também realizador de, por exemplo, Missing), mostra abundantemente o poder manipulatório dos media e a sua atitude predatória. Este filme é um remake de um bastante mais velhinho "Ace in the Hole" (A Montanha dos sete Abutres...) juntando em 1951, o realizador Billy Wilder e Kirk Douglas.

16 março 2007

 

Referendo ou representatividade


No Público:

Em Janeiro de 2006, um grupo de cidadãos, entre os quais Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto; o brigadeiro Pires Veloso; e Miguel Leão, actual candidato a bastonário da Ordem dos Médicos, enviou uma carta a todos os deputados da Assembleia da República a propor a realização de um referendo.

Depois de apresentar vários considerandos, a carta apelava aos deputados para que "assumam integralmente, por uma vez que seja, a sua indesmentível qualidade de representantes do povo português".


Ora, pensava eu que se os deputados assumirem a "sua indesmentível qualidade de representantes do povo português" NÃO TERIAM RAZÕES PARA CONVOCAR UM REFERENDO, DECIDIAM PELO POVO. Ou representavam, como se diz.


Sou só eu?

 

Futurozinho deprimente II


Confirmou-se o receio. E não é que o programa é mesmo ruim?

As “belas” lá andaram na estreia super-produzidas, para depois serem vistas na casa que partilham com os “mestres”. A diferença foi brutal. Cadê a maquilhagem, a roupa curta e decotada? Eles de ar tímido ou rebarbado, consoante os casos.

Mas antes, ainda em estúdio, foram elas sujeitas ao "grande" teste: mostravam-lhes fotografias de várias pessoas conhecidas internacionalmente (Gorbatchov, Fidel, etc.), que invariavelmente desconheciam. Ah, mas eis que há uma pequena que sabe: são os Beatles! “A rapariga acertou, valha-nos isso!”, pensei antes do tempo. Antes do tempo, pois claro. Antes do apresentador perguntar-lhe o que é que ela estaria a fazer ali. Sim, mulher com mais que um neurónio não pertence ali.

É esta a lógica: desvaloriza-se as mulheres, resumindo-as a um objecto sexual que carece de ensinamento por parte do macho. Fomenta-se o preconceito, a discriminação, o desprezo. Para o produtor, não. Que isto ajuda a desfazer os mitos, os preconceitos, pois é tudo puro divertimento, diz ele.
Entretanto, a Comissão para a Igualdade dos Direitos das Mulheres pondera apresentar uma queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Só espero que não demorem muito a fazê-lo. Sigam o exemplo das congéneres espanholas que acabaram com o anúncio de Dolce & Gabbana.

15 março 2007

 

Piratas das Caraíbas


Meses depois dos piratas das Caraíbas terem mudado as cores da América Latina, a frota imperialista Americana resolveu fingir que agia e enviou em passeio o soberano Bush.

Numa tentativa de se apropriar do que ainda pode ser apropriado, Bush teve que fazer esse frete. Prometeu ajudar os seus vizinhos como puder, mas antes de partir cortou 10% da ajuda orçamentada para a região. Comprometeu-se a reformar as racistas leis de imigração, mas continua a construir um muro de separação entre o México e o Arizona/Texas. Na Colômbia, prometeu avançar com o Acordo de Comércio Livre, mas ainda nem conseguiu o apoio dos democratas com maioria no Senado. No Brasil, assinaram-se acordos sobre bio-combustíveis, mas as taxas sobre as importações brasileiras mantêm-se. Os EUA simplesmente não têm capacidade para mais uma área de intervenção. Está tudo apostado no Oriente.

Bush esteve no Uruguai, mas não atravessou o rio para ir à Argentina, evitou o Perú, a Bolívia e a Venezuela nem pensar! Na Colômbia só esteve 6 horas. E mesmo nos sítios onde ficou foi acossado por dezenas de milhares de pessoas que se manifestaram em várias cidades.

Ficou claro que esta foi uma visita inútil. A América Latina não é o que era, nem vai voltar a sê-lo. O tempo da expropriação acabou. Os piratas das Caraíbas Chavez, Morales e Castro estão lá para impedi-lo.

* Título emprestado do último livro do Tariq Ali

 

A mesma asneira de sempre


Desde os 14 anos, altura em que me filei na JP, que Amigos e Colegas me perguntam porque decidi participar activamente na vida político-partidária. A minha resposta sempre foi: “acredito em valores e num melhor projecto para Portugal, que o CDS personaliza”.

Eu até que queria fazer uma apreciação séria do novo blog de apoio a José Ribeiro e Castro (Geração 2009), mas depois de ver este primeiro post, lá se foram as minhas boas intenções. Isto é que é Política com "P" grande, aos 14 anos "filar-se" na JP. "Agarrar, segurar com os dentes" traduz o dicionário. Sim, senhor, isto explica a expressão na fotografia ao lado, com tantos jovens a "filarem-se" nele não há ... que aguente.


14 março 2007

 

A menina e a bala


Nas décadas de 50 e 60 era comum que a publicidade se mascarasse de notícia como neste anúncio na revista Business Week, 5 de Maio de 1962.

É um testemunho à criatividade que consegue colocar uma mulher a disparar uma caçadeira enquanto a mantém como signo de ineptidão e fragilidade.



 

Há festa na aldeia


Para quem goste de bailar em Lisboa...

 

A Cidade é de tod@s: Democracia, Integração, Urbanismo e Cultura


Sob o epíteto "A Cidade é de tod@s" o BE (pelo menos presumo eu) apresenta o seguinte programa dias 16 e 17 de Março na Sala de Conferências Afonso de Barros, ISCTE, Lisboa

"* Sexta, 16 Março
17:00 Abertura da Sessão - Miguel Portas
17:30 - Painel I: Exclusão e Planeamento Urbano
Introdução: Isabel Guerra
Debate com:
Maria João Freitas
Mónica Frechaut
Silvia Ferreira

* Sábado, 17 Março
10:00 - Painel II: Sustentabilidade ambiental das cidades
Introdução: Léon Krier
Debate com:
Manuela Raposo Magalhães
Nuno Portas
Pedro Soares
12:30 - Almoço
14:00 - Painel III: Democracia e Serviços Públicos
Introdução: Jordi Borja
Debate com:
João Seixas
João Semedo
Giovanni Allegretti
15:30 - Pausa para café
16:00 - Painel IV: Migração, discriminação e identidades urbanas
Introdução: Tarik Ramadan
Debate com:
Giusto Catania
Sara Silvestri
João Teixeira Lopes
17:30 - Sessão de encerramento
José Sá Fernandes
Francisco Louçã
"

 

O evangelho segundo S. Pedro


Pedro Arroja tinha um problema: como acasalar o seu fascínio pelo liberalismo anglo-saxónico com uma preferência pelo conservadorismo luso. O Blasfémias é um blog dito liberal, mas Arroja tem feito nome a defender o Salazarismo como o regime que melhor assentou à cultura e ao povo português.

Pedro Arroja teve uma ideia. A solução está em manter um namoro platónico com o liberalismo enquanto vai para a cama com o Estatismo paternal e repressivo. Para tal, precisa encontrar uma justificação fatal, que impeça geneticamente o povo português de ascender aos píncaros do ideal liberal. E o factor de demarcação cultural é para Arroja a religião – a Norte estão liberalismo e protestantismo, a Sul estão o paternalismo e o catolicismo.

A cada novo post cresce o entusiasmo (sobretudo desde que descobriu que a América Latina também se pode catalogar de Estatista e católica). No último post anuncia até que: “A democracia, tal como hoje a conhecemos, é um regime de governação que emana do protestantismo.”

Pela urgência com que Pedro Arroja insiste no argumento dir-se-ia que era nova a ligação do religioso e do político. E talvez até seja novidade para Arroja. Não houve ainda uma palavra sobre Marx e a “Questão Judaica” nem sobre Weber e a “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, dois textos canónicos na sociologia politica da religião. O que temos com fartura são erros de omissão ou de intencional enrolanço dos factos. A Revolução Francesa (já que ele ignore a Russa não surpreende tanto) foi esquecida da discussão. O Oriente é como se nem estivesse no mapa. A Magna Carta é evocada como início do movimento democrático na Inglaterra, mas sem notar que foi três séculos antes da Reforma Protestante (talvez seja um caso de retroactivos). A cobrir o descuido histórico estão camadas densas de sociologia barata, e uma tese de doutoramento do Padre Peter Golding editada pela Christian Focus para seminaristas e homens do hábito.

Contra todos os argumentos, incluindo os dos seus companheiros de blog, Arroja avança cego e surdo, no que dado o tema, é passo penitente. É uma angústia que fica bem na direita que não sabendo aonde quer chegar, decide andar para trás.

 

Exterminador implacável 3


E se um robot do futuro tivesse como missão proteger Jesus?

(agradeço ao Judas ter-me chamado a atenção para o dito)


13 março 2007

 

Bolseiros


São biólogos, geólogos, oceanógrafos, físicos e químicos. Mas também são sociólogos, economistas, historiadores, psicólogos. Mas perante a lei não são peixe nem carne. Não são bem estudantes mas também não são trabalhadores. São um misto de mão-de-obra qualificada mas precários até à medula. Suprem necessidades permanentes dos serviços, por exemplo de Laboratórios de Estado e Centros de Investigação, desfalcados de pessoas com formação mas que também não abrem os quadros.
São pau para toda a obra, mas fazem obra de qualidade. Quer se queira quer não, são o mais forte pilar do sistema científico nacional.

Mas, como seria de esperar, não têm contrato de trabalho, são mal pagos, não têm direito a subsídio de desemprego, e não pagam impostos pois a bolsa que recebem é considerada um subsídio e não um vencimento. Mas muitos querem pagar, contribuir para o Estado como qualquer cidadão. As suas contribuições para a Segurança Social são em regime voluntário (como as empregadas domésticas ou os bombeiros), e sempre indexadas ao Salário Mínimo Nacional.

Perante esta situação, e um universo de bolseiros no país desconhecido mas estimado acima dos 10.000, a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) resolveu por sua iniciativa propor um novo estatuto pois o actual é desajustado, injusto e vai contra as recomendações da União Europeia.

A principal exigência é uma coisa tão simples como um contrato de trabalho, a que têm direito como qualquer trabalhador. Fica aqui a Proposta de Alteração do Estatuto dos Bolseiros de Investigação documento e aqui a petição online para quem quiser subscrever a proposta.

 

4 anos de ocupação, 4 anos de resistência


Os meios de comunicação social têm retratado a ocupação do Iraque como um mero conflito de seitas islâmicas, enquanto fazem a contabilidade dos ataques bombistas. A par, e em pequenas (outras maiores) salas emprestadas por todo o país, a organização Tribunal-Iraque tem trazido a Portugal protagonistas e informação sobre a situação política e humanitária no Iraque, renovando a denúncia da ocupação e as suas perversas consequências. Estas iniciativas, e a solidariedade de muitos que não querem esquecer o sofrimento do povo iraquiano, têm sustentado o debate e o protesto contra a ocupação. No marco dos 4 anos do início da guerra contra o Iraque preparam-se várias actividades de militância por um Iraque livre:

* Terça-feira, 20 Março. Concentração no Rossio, Lisboa, às 17:30.
* Sexta-feira, 23 Março. Canções pelo Iraque. Concerto no São Jorge, Lisboa, às 21:30. Ver cartaz para mais detalhes.
* Sábado, 24 Março. Sessão pública de informação e debate na Casa do Alentejo, Lisboa, às 18:30.


Participa e divulga! Em solidariedade com o povo e a resistência iraquiana.

 

Da imprensa de referência


Ontem, a nova Direcção do Diário de Notícias, importada na sua maioria do Correio da Manhã, já deixou claro ao que vem no seu dia de estreia. A sua posição e terminologia sobre a recente libertação de Inaki de Juana coloca-os ao lado do PP espanhol, herdeiro em muito (e não só nas famílias) da Espanha Franquista.

No mesmo dia, José Manuel Fernandes esclarecia-nos sobre o porquê das diferenças entre uma América Latina, historicamente contra a liberdade e a iniciativa, e uma América do Norte, democrática e liberal. Talvez se refira às palavras de Nixon ao saber da vitória de Allende ("Esse filho da mãe. Derrubem-no já", DN, também de ontem) ou às bombas liberais de Bush. Certamente que já lhe passou o enfartamento de engolir os seus escritos de apoio à invasão do Iraque após o atoleiro em que o seu farol se atolou.

Com impressa séria desta, safa...

 

O título dispensável?


"Pelo 13.º ano consecutivo, Bill Gates, o fundador da Microsoft onde se mantém como presidente, surge como o multimilionário com a maior fortuna, avaliada em 56 mil milhões de dólares e sempre a crescer. Este ano aumentou-a em seis mil milhões de dólares. Bill Gates (ou William Gates III) não gosta desta distinção. "Não há nada de bom que possa sair daí", terá dito."

 

Belmiro


"Belmiro de Azevedo diz ser um homem frugal, tendo colocado essa característica como essencial no "homem" Sonae. Frugalidade à parte, Belmiro de Azevedo amealha fortuna."
Alexandra Machado in DN, 10 de Março, 2007

 

Do protesto à resistência


Passam-se quatro anos do início da guerra no Iraque; são quatro anos também de luta do povo iraquiano contra a ocupação. No próximo sábado os americanos juntam-se em solidariedade contra a guerra, numa marcha no pentágono que promete ser bastante participada.

O descontentamento com a guerra nota-se a cada dia que passa e tem crescido nos últimos tempos com o acumular das mentiras e escândalos. A percentagem de americanos contra a guerra aumentou de 23% em 2003 para 62% em 2007. Os democratas têm a boca cheia de promessas, mas não querem uma retirada imediata, que é o que a maior parte dos americanos defende. Há um mês atrás, em Washington, realizou-se uma grande manif que juntou dezenas de milhares de pessoas. Há muitas razões e expectativas para que o protesto deste sábado seja grande e combativo.

Para além dos quatro anos de ocupação, celebram-se 40 anos da famosa marcha no pentágono contra a guerra do Vietname, que mudou o rumo dos protestos e da guerra. Em 1967, gritava-se “Do protesto à resistência”, uma palavra de ordem que se vai repetir este sábado. É um importante sinal dos tempos... Pode ser que daqui a um ano, tal como em 1968, se grite “Da resistência à revolução”. Nós lá estaremos.

12 março 2007

 

Money, money, money...


"O que o dinheiro faz por nós não compensa o que fazemos por ele."
Gustave Flaubert

Podendo também ser apelidada de conversa de "ricos", não deixa de adquirir um novo significado com o actual consumismo.

 

E uma vez mais a Fundação D. Pedro IV


Já aqui tínhamos falado por duas vezes da luta contra os actos da Fundação D. Pedro IV (a primeira e a segunda).

Agora pede-se a cabeça dos responsáveis pelas trapalhadas recentes num abaixo-assinado. Esperemos que à terceira seja de vez!

 

Cansaço


É uma rábula de fila de autocarro. Entre ombros expectantes, um desconhecido resmunga que noutros tempos havia mais respeito. E se para bom entendedor meia palavra bastaria, pode ser que haja maus entendedores na companhia, pois o homem acrescenta “o que faz falta são dois ou três Salazares.” O comentário cai como uma pedra incómoda entre aquele congresso, e dá-se uma instintiva rotação de troncos, gestos de moderado nojo. Há sempre, se o grupo for grande, quem olhe o sujeito de frente com uma expressão de inseguro apoio.

É a saudade do passado, essa terra lendária onde as nascentes brotavam leite, o pão era de mel, e o vinho era rubro quente... Ou não. Não é tanto a saudade que vibra nestas vozes, é uma revolta cansada. Este sujeito quer menos voltar aos dias da tutela ditatorial, quer mais regressar aos seus 20 anos e à força nos braços para combater quem o agride - a rapina constante pelo poder público e privado que o atinge em longas esperas pelo autocarro.

Esta é a sociedade da alienação. Somos todos formalmente livres mas continuamos materialmente sem poder. Depois de desfeitos os nós com que a ditadura enlaçou o povo, o desenvolvimento social continuou congelado, regressivo, adiado. A única forma de viver as esperas pelo autocarro é sentir força no corpo para o combate (talvez ir a pé?). Quem cansou essa raiva resmunga rosários para o tempo voltar atrás.

 

Video killed the radio star


A Biblioteca do Congresso (equivalente a Biblioteca Nacional nos EUA) iniciou um arquivo de jogos de vídeo com o argumento de que estes têm significância cultural e que a sua história tem de ser escrita. Os especialistas anunciaram uma lista dos 10 mais importantes jogos:

Spacewar! (1962); Star Raiders (1979); Zorg (1980); Tetris (1985); SimCity (1989); Super Mário Bros 3 (1990); Civilization I/II (1991); Doom (1993); Warcraft Séries (começando em 1994); Sensible World of Soccer (1994)

É um estranho estado de vida em que a história avança sobre nós a passo furioso. Não temos ainda numa gaveta, não muito esquecida, um ou dois destes jogos? Será que a nossa mobília é já baú de relíquias? Talvez no século XXI toda a história seja presente.

11 março 2007

 

Envenenar a Fatah


Numa semana em que não houve mortes israelitas, a Palestina não fez notícia. Na sombra destes dias calmos, há um perigoso jogo de impaciência a decorrer.

Israel monta acusações contra o Hamas de crimes de pensamento, de ensaio de uma ofensiva terrífica que afinal nunca chega. O Hamas tem demonstrado uma inesperada disciplina ao não atacar Israel há já dois anos, o que a cada dia embaraça a sua vilificação por Israel. Entretanto, o novo alvo dos zionistas é Abbas, que o chefe da Agência de Segurança Israelita considera um “bom negociador [mas] não sabe lidar com política interna do partido”. A apregoada única democracia do Médio Oriente sugere a Abbas que reavive a Fatah militarmente, e através desse exército pessoal/partidário ascenda a líder nacional. A sugestão parece ter agradado a alguns, que fizeram uma emboscada a um dos ministros do Hamas, nem cinco dias depois. Israel instiga a guerra civil na Palestina.

Os apelos israelitas só tem força se a instabilidade e a humilhação continuarem, fervendo ao ponto do desespero. Ainda esta semana, Israel invadiu a base dos serviços de informação da Autoridade Palestiana de onde sequestrou 18 suspeitos. Soma-se assim mais uma incursão à Cisjordânia após a invasão de Nablus a 27 de Fevereiro. Israel entende que a actual trégua entre Israel e Palestina só se aplica à Faixa de Gaza e que terá mão livre para entrar na Cisjordânia quando bem entende.

Ainda depois de tudo isto, continua-se a dizer que Israel é como “nós”, e o que os Palestinianos são os “outros”. Por muito que choque, há verdade nessa afirmação. Afinal quem invade e ocupa é esse “nós” ocidental, no Iraque, no Afeganistão. E os terroristas são por definição semântica aqueles que os opõem.

 

A crise


Esta semana a Forbes publicou o seu relatório anual. Num país em divergência com o crescimento mundial, a crise chegou aos portugueses mais ricos: Belmiro de Azevedo só aumentou o seu parco património (de 1,7 mil milhões de euros) em 76 milhões de euros, caindo do 350º lugar para o 407º.

 

Fascismo nunca mais!


Um dos assuntos da semana foi a manifestação contra a criação do Museu Salazar em Santa Comba Dão. Alguém quer abrir a discussão no Bitoque?

10 março 2007

 

Curiosidade


O Clube de Imprensa veio substituir (pelo menos em parte) o Clube de Jornalistas, ocupando um espaço de debate na RTP2 (vulgo 2). Apresentado por Teresa de Sousa, este espaço tem um cunho mais direitista que o anterior. Curiosa é a morada para um Clube de Imprensa:
Rua António Maria Cardoso, 68.

PS - "Recorde-se que o Clube Português de Imprensa (...) é uma Associação fundada por jornalistas e gestores de empresas jornalísticas..."

 

Como se defende o fascismo...


Luciano Amaral não engana, é como o algodão. Já aqui se falou da besta. Não muito para não se dar mais relevância do que tem. Mas por vicissitudes várias deparei-me com trabalho dele (que não a coluna no DN) e tinha de desabafar.

Em 2005 preparava um livro intitulado: "Como se Desenvolve um País: Crescimento Económico em Portugal durante o Estado Novo (1950-1973)". Para além deste esclarecedor título, deixo-vos um excerto de outro dos seus trabalhos que antevê o que o livro oferecerá:

[Sobre a emigração] "As oportunidades para a emigração foram grandes quando a economia mundial esteve em expansão e o país foi capaz de participar nos movimentos internacionais de trabalho graças ao comportamento da sua população. Isto é, enquanto a natalidade continuou a ser relativamente elevada em Portugal (comparada com os países de destino dos emigrantes) e enquanto os portugueses abandonaram muitas das suas actividades económicas tradicionais, Portugal participou nesses movimentos. Mas, à medida que o país se aproximou do comportamento demográfico e da estrutura de emprego característicos dos países mais desenvolvidos, deixou de poder participar da mesma maneira naqueles fluxos internacionais."

(Informação útil - Emigrantes: -133.315 em 1940-50
-685.304 em 1950-60
-1.302.524 em 1960-70)

09 março 2007

 

Imprensa


Da outra imprensa que raras vezes é vista ou lida.

- Política Operária(Janeiro/Fevereiro) - Com algumas páginas sobre o referendo do aborto, dá manchete aos outros assuntos que ficaram esquecidos durante a campanha: "Salários mínimos, lucros máximos" e a situação internacional. Destacam-se as habituais ferroadas cirúrgicas, as desenterradas Comissões de Conciliação, as denúncias às constantes vigarices da actual Repúblicadas e às amizades entre Autoeuropa e Comissão de Trabalhadores. Do Internacional sobressãem depoimentos sobre os massacres da guerra colonial e a situação no Iraque.

- Ruptura (Março, 2007) - Apresenta-nos uma visão da actualidade, com algumas ideias interessantes mas nem sempre consistentes. Figura sempre presente são os debates internos do BE sobre assuntos sindicais, etc. Destaque para a cobertura internacional, especialmente para a situação de Itália: Qual o preço para os partidos mais à esquerda de se sentarem no governo?

- Combate (Outono, 2006) - Referência ainda para um artigo de António Louçã sobre "Israel e Inquisição" numa comparação deveras interessante e actual.

 

Mulheres na Igreja


E no dia da Mulher, no qual também foi aprovada a nova lei de interrupção voluntária da gravidez, veja-se qual foi o tema escolhido no programa da 2, Sociedade Civil: Mulheres na Igreja

 

Cine-Incrível vs. incrível Club


"O Cine-Incrível era o mais importante cinema de Almada, rivalizando em construção e dimensão com os mais emblemáticos cinemas de Lisboa, como o Condes, o Império, o Éden ou mesmo o S. Jorge. A diferença é que, em vez de um tinha dois balcões!, e ficava do outro lado, da outra margem, num contexto sub-urbano. Com a proliferação dos centros comerciais e as salas multiplex o Cine-Incrível, desde sempre um cinema feito pelos seus associados, deixou de ser rentável. Fechou as portas em 1993.

Um pouco mais de dez anos depois o Cine-incrível reabre as portas, agora com o nome de incrível Club, através da Associação Piajio. Neste momento é muito mais do que uma sala de cinema, é uma sala de espectáculos. A questão que nos colocamos é: como re-apresentar o cinema numa sala com tanta história?"

E prometem programa dia 9 e 10. Ver mais aqui



   

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