27 maio 2006
Lisboa, a cidade que nunca dorme
Lisboa destronou Nova Iorque no építeto de cidade que nunca dorme. Pelo menos enquanto o Rock in Rio durar.
Já a alguns kms do Parque da Belavista fui forçado a ouvir a música do concerto, ao ponto de não se conseguir dormir. Até por volta das quatro da manhã, enquanto o concerto durou, foi particularmente difícil de adormecer. Às 7.00 da manhã já havia actividade suficiente para voltar a perturbar o sono. Outros moradores do bairro, sentiram o mesmo, bem como muitos outros lisboetas que se queixaram à câmara.
Se passado um dia o sono pesa, no final de 6 dias de concerto (este e o próximo fim-de-semana) será insuportável.
Dou-vos um relato das diligências de diversas pessoas:
- telefonar para a Câmara (já tinham um largo rol de queixas; um pelouro da CML deu uma licença especial para o som, um dos problemas legais a resolver)
- telefonar para a Polícia Municipal (sugeriram a senhor ir ficar a casa de familiares!!!)
- telefonar para a PSP (dizem que não é nada com eles, que só indo falar com a organização do evento!!! Uma senhora foi lá realmente e não a deixaram falar com ninguém). Se uma pessoa houve barulho do vizinho pode chamar a polícia, se milhares ficam sem dormir, pouco se pode fazer!
Neste país surreal, a única esperança é que a indignação de muita gente os faça emendar a mão. Só me resta parafrasear uma vez mais um amigo (isto não é como a Vanessa da Ana Sá Lopes): este páis é uma merda...
Comments:
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Eu fugi. Já tinha a experiência de há dois anos. Mas estou inteiramente contigo. É preciso fazer algo.
O problema meu caro "Machel" é que "outros valores mais altos se alevantam", és um "dano-colateral" dessa luta pelo "mundo melhor" que o festival anuncia.
Até podes ir e mais outros para a porta da SIC protestar pelo mal que vos fazem, que o "festival sim, mas olhem as horas", não terão direito a nada, e ainda vos chamarão de ingratos por contrariarem a democratização da cultura - sim, porque se os organizadores fossem elitistas fariam o festival na Quinta da Marinha. A SIC ainda te poderá mostrar uma reportagem feita com meia-dúzia de elementos do bairro a contrariar a tua tese de teres direito ao sossego.
Aqui pela outra banda acontece algo parecido desde há dois anos.
A feira de Sant'Iago de Setúbal foi mudada do centro da cidade - onde havia queixas do barulho do seu funcionamento até à meia-noita - para a periferia, para a zona das Manteigadas.
A Cãmara e mais uma sociedade privada, detentora de um parque de exposições instalado num valiossimo terreno de uma antiga fábrica cerâmica em Azeitão, decidiram "investir" num "parque" destinado a fazer a feira.
A malta do centro da cidade respirou de alívio e lá foram montadas as barracas de farturas, carrocéis e vendedores de banha da cobra (cada um com o seu sitema de som a violar todas normas sanitárias em vigor, como é de bom tom).
Como a malta das farturas e dos carrocéis se queixava do fraco negócio, apesar da feira estar à pinha (já se viu algum comerciante de feira dizer que o negócio vai bem?), a câmara e a sociedade criada para o evento anual anuiram e a feira passou a ser até à uma da madrugada. Relembro: no centro da cidade (quase deserto em resultado das políticas de urbanização das várias cores políticas que tomaram a presidência da edilidade) a feira era até à meia-noite; instalada paredes-meias com um bairro popular (a minha casa dista três(!) metros da vedação do recinto) vai até á uma da manhã...
O pior é o movimento durante a noite: camiões a recolher o vazilhame de vidro e feirantes em alegre convívio até às 5 da manhã.
Não se pense que não fiz nada. Dirigi-me várias vezes à organização da feira, "sim, sim" e tudo ficou na mesma, só consegui que retirassem uma coluna que estava a quatro metros de um quarto de uma vizinha. Fui à assembleia municipal e o vereador do ambiente teve o desplante de afirmar que à uma hora já não havia barulho.
Mais tarde mostrei um vídeo de uma jogatana de futebol com latas de cerveja efectuada por jovens feirantes à organização da feira e "iam tratar do assunto". A reclamação foi parar ao mesmo sítio da sua.
Já agora, para além do desrespeito "excepcional" pelo normas sobre o Ruído em vigor, há outra "coincidência": as zonas próximas dos eventos chamarem-se "Bela Vista" e terem bairros sociais instalados...
Perguntei ao vereador se o desrespeito se devia ao facto de ter sido instalado na zona um bairro do PER, perguntei-lhe se a coisa assim porque no centro da cidade era classe mádia e ali havia muitos "pretos", "ciganos"... o homem ficou ofendido, ao fim e ao cabo ele é o representante dos "verdes" na vereação. Não está mais ofendido que eu, que sou "vermelho".
Até podes ir e mais outros para a porta da SIC protestar pelo mal que vos fazem, que o "festival sim, mas olhem as horas", não terão direito a nada, e ainda vos chamarão de ingratos por contrariarem a democratização da cultura - sim, porque se os organizadores fossem elitistas fariam o festival na Quinta da Marinha. A SIC ainda te poderá mostrar uma reportagem feita com meia-dúzia de elementos do bairro a contrariar a tua tese de teres direito ao sossego.
Aqui pela outra banda acontece algo parecido desde há dois anos.
A feira de Sant'Iago de Setúbal foi mudada do centro da cidade - onde havia queixas do barulho do seu funcionamento até à meia-noita - para a periferia, para a zona das Manteigadas.
A Cãmara e mais uma sociedade privada, detentora de um parque de exposições instalado num valiossimo terreno de uma antiga fábrica cerâmica em Azeitão, decidiram "investir" num "parque" destinado a fazer a feira.
A malta do centro da cidade respirou de alívio e lá foram montadas as barracas de farturas, carrocéis e vendedores de banha da cobra (cada um com o seu sitema de som a violar todas normas sanitárias em vigor, como é de bom tom).
Como a malta das farturas e dos carrocéis se queixava do fraco negócio, apesar da feira estar à pinha (já se viu algum comerciante de feira dizer que o negócio vai bem?), a câmara e a sociedade criada para o evento anual anuiram e a feira passou a ser até à uma da madrugada. Relembro: no centro da cidade (quase deserto em resultado das políticas de urbanização das várias cores políticas que tomaram a presidência da edilidade) a feira era até à meia-noite; instalada paredes-meias com um bairro popular (a minha casa dista três(!) metros da vedação do recinto) vai até á uma da manhã...
O pior é o movimento durante a noite: camiões a recolher o vazilhame de vidro e feirantes em alegre convívio até às 5 da manhã.
Não se pense que não fiz nada. Dirigi-me várias vezes à organização da feira, "sim, sim" e tudo ficou na mesma, só consegui que retirassem uma coluna que estava a quatro metros de um quarto de uma vizinha. Fui à assembleia municipal e o vereador do ambiente teve o desplante de afirmar que à uma hora já não havia barulho.
Mais tarde mostrei um vídeo de uma jogatana de futebol com latas de cerveja efectuada por jovens feirantes à organização da feira e "iam tratar do assunto". A reclamação foi parar ao mesmo sítio da sua.
Já agora, para além do desrespeito "excepcional" pelo normas sobre o Ruído em vigor, há outra "coincidência": as zonas próximas dos eventos chamarem-se "Bela Vista" e terem bairros sociais instalados...
Perguntei ao vereador se o desrespeito se devia ao facto de ter sido instalado na zona um bairro do PER, perguntei-lhe se a coisa assim porque no centro da cidade era classe mádia e ali havia muitos "pretos", "ciganos"... o homem ficou ofendido, ao fim e ao cabo ele é o representante dos "verdes" na vereação. Não está mais ofendido que eu, que sou "vermelho".
Infelizmente, tenho noção dos poderes que estão em jogo. E muito provavelmente não se vai conseguir nada. Por isso mesmo não me comecei a chatear na própria noite. No entanto, depois de poucas horas e mal dormidas (pois após o concerto as raves continuavam-se a ouvir), resolvi pelo menos chateá-los. E nisto não estou sozinho pois perante o descalabro houve bastante gente a ter diferentes iniciativas.
Agora, isto só prova as ineficiências das instuições ditas democráticas. Não só lixam a vida às pessoas como dificultam o processo de queixa. Telefonei para a Divisão de Controlo Ambiental: "Queixas só por escrito...". O mail do António Prôa, vereador da CML, é tão democrático que o moderador (ele próprio ou um amigalhaço) decide o que fica. Dizias que o rock in rio era a democratização dos concertos. Permite-me discordar que nunca ouvi falar de democratização a preços daqueles (bastantes eurozitos). A única democratização que houve foi das noites sem dormir, pois a vários kms ainda se ouvia o barulho. Uma coisa seria se acabasse a horas razoáveis, mas a noite inteira!...
Quanto aos bairros mais pobres serem prejudicados, nestas "democracias" os euros têm todos o mesmo valor. O que se passa é que uns têm mais euros que os outros...
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Agora, isto só prova as ineficiências das instuições ditas democráticas. Não só lixam a vida às pessoas como dificultam o processo de queixa. Telefonei para a Divisão de Controlo Ambiental: "Queixas só por escrito...". O mail do António Prôa, vereador da CML, é tão democrático que o moderador (ele próprio ou um amigalhaço) decide o que fica. Dizias que o rock in rio era a democratização dos concertos. Permite-me discordar que nunca ouvi falar de democratização a preços daqueles (bastantes eurozitos). A única democratização que houve foi das noites sem dormir, pois a vários kms ainda se ouvia o barulho. Uma coisa seria se acabasse a horas razoáveis, mas a noite inteira!...
Quanto aos bairros mais pobres serem prejudicados, nestas "democracias" os euros têm todos o mesmo valor. O que se passa é que uns têm mais euros que os outros...
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