21 abril 2007
Legally Blonde é um filme progressista
Estava a dar na TV. E sem vontade para a edificação cultural que exige arrancar-me do sofá em busca de um livro ou fazer círculos intermináveis pela rede de canais do cabo, fiquei a ver. Mas aqui acabam as desculpas, Legally Blonde não precisa.
O filme é uma rábula clássica, uma gata borralheira invertida. A menina é rica, bonitíssima, mas é lhe negado aquilo que pretende: a normalidade de uma vida de esposa com o seu apaixonado de liceu. Afinal, essa é a aspiração canónica das jovens adolescentes americanas. Como em todas as narrativas de formação de identidade, o mundo é cruel, marcado por obstáculos e provas. Aqueles que a rodeiam afirmam que sendo loura e rica é portanto burra e a escolha errada para o rapazola politicamente ambicioso.
Depois vem a insurreição destas identidades. Na Universidade de elite onde persegue o seu namorado, a menina desprende-se do preconceito. No esforço para o reconquistar afirma-se como inteligente e independente. A beleza de loira ou a carteira de Californiana são irrelevantes para o seu sucesso feito de uma cómica sensibilidade, coragem feminina, e ética de trabalho. E para a inversão definitiva, a nova mulher recusa o papel que lhe foi destinado como a metade menor do rapazola. A loira quer uma vida sua, ao seu comando e mérito.
E as espectadoras adolescentes pela América fora, sorriem à ideia de que as escolhas dos seus pais ou a imagem que vêem ao espelho não é o fim da história - Girl Power!
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