22 abril 2007

 

Africanismo: quando as celebridades adoptam


Há qualquer coisa que me incomoda nesta onda recente das celebridades adoptarem bebés em África. Será este fascínio por África genuíno ou mais uma moda? Este tipo de acção ajuda mesmo na luta contra a pobreza ou só aprofunda o mal-estar do continente?

A maior parte destas celebridades muito pouco se empenha no combate às verdadeiras causas da miséria em África. Mas mais arrepiante são os elementos de colonialismo desta história. Quando a Angelina Jolie resolve que o parto da sua filha vai ser na Namíbia, uma pequena cidade do país torna-se um campo armado, onde durante seis semanas forças de segurança ocidentais dominam a região e determinam quem entra e sai. Isto para que a Angelina possa ter essa experiência “tão especial” de dar à luz em África. Quando a Madonna adopta uma criança no Malawi, pode passar por cima das leis de adopção, porque oferece milhões aos orfanatos. Assim, compram os seus privilégios à custa da miséria dos africanos.

Outro caso grotesco de colonialismo cultural, mascarado de multiculturalismo, é o da famosa imagem de Kate Moss alterada para se parecer com uma negra, numa edição especial do Independent sobre as mulheres em África. Isto para não falar de Geldof e Bono que passeiam por África atrelados às multinacionais e por Washington em encontros com os amigos Bush e Blair.

Questiono-me sobre as verdadeiras motivações dos célebres, porque afinal de contas faz bem à consciência e ao ego (e até é “exótico”) esta cruzada pelos pobres e oprimidos. É a reabilitação da imagem dos multimilionários.

Comments:
Nao fazia ideia dessa história das forcas de seguranca no caso da Jolie ou da patética imagem da Moss.

É impressionante é nessas reportagens todas é dos Africanos que nao reza a história.
 
como no conjunto de filmes ditos "sociais" que sairam já desde 2000 sobre áfrica e que a crítica aplaude incessantemente. com as suas diferenças, eles lá vão fazendo crer que africa é um destino exótico da política social.
como bem dizes, samir, como nas reportagens, também nestes filmes, é dos povos africanos que não reza a história.

bem apanhado dolores. mas sempre fica melhor a moss pintada de negro do que a naomi cheia de pó de arroz, ehehe.
 
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