25 abril 2007
O mito da educação
A tradição de reduzir o potencial de mudança no presente ou no futuro próximo face a determinadas políticas é velha. Não sendo também fenómeno novo, está agora na moda apontar a educação como a única solução para a maior parte dos problemas. Este é o actual elixir milagroso para a economia, para os comportamentos cívicos, sexuais, etc. No entanto, não numa geração para a outra que se resolve um atraso estrutural, demora tempo e assim a panaceia encontra-se convenientemente reservada para um futuro relativamente longínquo.
Portugal há muito que se encontra atrasado face à Europa e qualquer medida a implementar parece pouca. Das primeiras leis de escolaridade durante a Monarquia aos esforços realizados durante a República. Durante o fascismo, e após um período inicial de recusa da educação, caminhou-se para o cumprimento da frequência do ensino primário. Após o 25 de Abril cumpriu-se o preparatório e avançou-se consideravelmente para a frequência dos outros níveis de ensino. Agora, discute-se o sucesso escolar, pois parece que os indicadores de aprendizagem ficam bastante aquém dos outros países europeus.
Se a comparação nos indicadores de educação na Europa a 15 era a tristeza que se conhece, na Europa a 25 pior ficou. Tudo isto aponta para a natureza relacional das medidas sobre educação (e de outras…). Quanto mais nos aproximamos, mais a meta se afasta e assim andamos sempre a persegui-la. Até a eternidade… Nos entretantos, teremos sempre o bode expiatório para o que funciona mal no país: “o povo é ignorante”, “o país atrasado” e a inevitabilidade do nosso atraso.
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