09 abril 2007

 

Os marinheiros aventureiros


O mundo anda um tanto maçador. Não há novidade. As mortes nos sítios do costume já não empolgam noticiários (“empolgam” conjugação do verbo empolar). É por isso que pequenos dramas fervem em copos de água: os marinheiros ingleses que regressaram a casa um par de semanas depois de detidos no Irão, continuam a ser notícia. Desta vez por causa da permissão dada pelo Ministry of Defence (afectuosamente MoD) que os marinheiros vendam as suas histórias aos media. Quem não gostou foram as patentes militares. Estas entendem que não é boa ideia permitir acesso fácil ao dia a dia do soldado, não vá alguém notar que eles são criminosos profissionais.

Esses votos de silêncio são uma herança de outros tempos. Hoje, as forcas armadas tem que ser espectaculares, de repórteres ao ombro nas cavalgadas pelo deserto oriental, ou enquanto arrasam um cidade contaminada de insurgentes. A guerra é real e ficcional, tem gráficos e banda sonora.

Para o governo trabalhista, estes marinheiros tem ainda trabalho para fazer, compondo a ficção de um estado iraniano que os aprisionou, que os interrogou e depois subitamente, para seu tremendo choque e absurdo, os libertou. Este avolumar de arbitrariedades comprovará que o Irão é um estado em que se não pode confiar, adolescente e ensandecido. É a guerra dos significados, de microfones na mão.



   

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