26 março 2007

 

Protesto o protesto


O espectáculo da RTP “Os Grandes Portugueses” elegeu Salazar como vencedor. A blogosfera ainda mal acordou para o tema, mas ouvem-se as primeiras salvas. O Blasfémias papaguiou uma entrevista de uma Rita Vaz do PNR, o partido fascista que tenta tomar de assalto a Associação de Estudantes da Faculdade de Letras, diz-nos que “há espaço para todos.” O 31 da Armada troca mimos com o Boina Frigia, os “amigos” Henrique e David (que piada que todos se conhecem) debatem a natividade do fascismo.

O que traz tanto alarme a um programazito de televisão é a sua insinuação de “eleitoral”. Se o resultado viesse em trajes de documentário ou pela boca de excelsos especialistas teria sido fácil esquecer, mas foi quase referendário.

Este foi um protesto. Um protesto daqueles que não querem saber de exercícios espectaculares, e portanto não votaram. Um protesto daqueles que escolheram Salazar para o escândalo. Globalmente, não se seguiu o exemplo doutros países onde o programa serviu para celebrar a nacionalidade, poucos portugueses se importaram em saber ou aprender historia. Só assim se explica que nas sondagens de rua, Salazar não seja primeiro, mas sexto. Quem telefonou para votar fê-lo com uma missão presentista.

E seria de esquecer esta peripécia se não fosse o queixume do “antes o Salazar” ter assumido a dimensão de uma epidemia, na boca de tantos e tantas. É uma doença, mas o vírus não é o fascistococus. O saudosismo Salazarento é um sintoma. A vida é penosa nos empregos que não existem, e nos despedimentos que se anunciam, nas rendas que vão subindo, no dia-a-dia de trânsito, mau tempo e patrão imbecil. Alienados do poder, demasiados portugueses enamoraram-se pelo messsianismo, na esperança que um líder os venha salvar. É um mal de alma imposto porque o exercício de poder popular foi sempre prontamente esmagado para manter um estável regime de corruptos e elites. Mas as condições objectivas não podem servir de desculpa.

Se não há políticos no Estado que nos representem, que ajam para nosso bem, então retira-se poder ao Estado para o devolver aos populares. Se as elites nos oprimem, não nos queixemos de como são incompetentes, ataquemos-lhes os privilégios. Se os tempos estão maus, não vamos sonhar com saudade do passado, vamos imaginar futuros. A terapia para esta doença é não ter medo de existir.

Comments:
que saudades dos narizes vermelhos...
 
fascistococus não seria, a existir, uma bactéria?
 
bem visto, tantos cientistas naturais neste blog e ninguem corrigia o economista...
 
Não me diga que o A. Cabral é economista?
 
economista, historiador e palerma...
 
Er... Passei só para dizer que na Fac da Letras os tipos levaram uma senhora cabazada, 800/80, pouco mais ou menos.

Abraço.
 
Boas novas! So falta limpar o bar da faculdade que ao que soube se tornou antro de skins e semelhante fauna.
 
Temos duas coisas em comum então A. Cabral... Também eu sou economista e palerma
 
Bem, nesse caso, só tenho uma coisa em comum convosco: não sou economista, mas sou palerma

PS - Em relação ao bar novo e aos gajos do PNR, eu e uns amigos amantes do fumo de ervas aromáticas já nos encarregá-mos de lhes tornar o ambiente no bar, literalmente, irrespirável. Sim, foi isso e a declamação em voz alta das partes mais caústicas do FMI do JMB. Coitados, com essa acabaram por se eclipsar, os pobres rapazes iludidos.
 
E' fazer da cultura (horticula e musical) uma arma.
 
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