27 março 2007
À nossa saúde!
As reformas da segurança social vão sendo feitas escondidas no orçamento de estado. O sentido da reforma nunca é assumido, mas nas entrelinhas o modelo preferido parece ser o americano.
A rádio pública americana (sim, há uma rádio pública nos EUA!!) tem feito várias reportagens e entrevistas sobre o sistema de saúde nos EUA. Ainda que se saiba da desigualdade do sistema privado, ao conhecer os números e os factos não deixamos de ficar chocados. Um em oito americanos não tem seguro de saúde (se falarmos de hispânicos e negros o número aumenta para 60% e 43% respectivamente). É o mesmo que dizer que 46 milhões de pessoas só podem entrar num hospital se estiverem moribundos. Pequenas empresas não providenciam seguros de saúde aos trabalhadores, e mesmo nas grandes empresas, com salários baixos, o custo mensal dos seguros é incomportável. Arranjam-se então soluções terceiro mundistas, como o doente pagar directamente ao médico, sem recibos, sem qualquer registo, o quantitativo que o médico, à margem de todas as leis, determina.
Mas até com seguro, os serviços de saúde não estão garantidos. É o caso de muitos doentes com cancro, em que o seguro deixa de contribuir para medicamentos e quimioterapias. Resultado: mesmo quando o doente morre, a família continua a receber facturas exorbitantes por tratamentos que deixaram de ser financiados. Para além de injusto e desigual, o sistema privado é ineficiente e dispendioso. Como os hospitais ganham por cada doente que vêem ou cada exame que fazem, não são raras as vezes em é recomendado um número infindável de exames e consultas. Ninguém sabe onde acaba o cuidado médico e começa o negócio.
Será que olhar para o sistema de saúde dos EUA não é ver o que se vai passar em Portugal daqui a 20 anos? É que se é mau nos EUA, em Portugal há a agravante dos hospitais não terem metade das condições dos hospitais americanos.
Comments:
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Dolores,
Sem deixar de defender que é necessária maior eficiência no sector da saúde em Portugal também concordo que o modelo dos EUA não deve ser implementado aqui. Aliás, até julgo que, se ganhar um dos candidatos Democratas, e com controlo legislativo pelos Democratas, que o modelo americano é que se vai aproximar do nosso.
Um beijo,
Sem deixar de defender que é necessária maior eficiência no sector da saúde em Portugal também concordo que o modelo dos EUA não deve ser implementado aqui. Aliás, até julgo que, se ganhar um dos candidatos Democratas, e com controlo legislativo pelos Democratas, que o modelo americano é que se vai aproximar do nosso.
Um beijo,
Talvez tenhas razao e seja o modelo americano que se vai aproximar do europeu, em vez do contrario. Mas acho pouco provavel. A saude nos EUA e' tao cara, que isso exigiria um investimento enorme e reformas muito profundas. Nao me parece que os democratas estejam dispostos a ir tao longe.
Não acredito que o modelo de saúde americano se venha a aproximar do Europeu, apesar da Comunidade Europeia parecer uma referência a nível global. Talvez por desconhecimento. Cá dentro não acreditamos muito nisso. Na memória estão todos os grandes conflitos mundiais e as maiores atrocidades já mais praticadas pela humanidade. Nesse sentido os EUA são apenas crianças que brincam com essa herança. Na saúde, Correia de Campos avança com a ideia de concorrência do serviço público com o privado e introduz taxas a que chama moderadoras, o equivalente à franquia do seguro. Se pagas no privado porque não pagas no público ? Evidentemente que ninguém nega a assistência a ninguém nos hospitais públicos. Alguns não pagam, os que já não têm dinheiro para uma vida digna, ou os grupos étnicos. Isto é bom o que é mau é que as pessoas não tenham vida em condições. Esperemos que as taxas na aúde se fiquem pelas franquias...
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