22 março 2007
O Inverno Iraquiano
A última tempestade deste Inverno caiu sobre a Costa Leste no final da semana, fechando aeroportos, estradas, e cobrindo com neve o Nordeste dos Estados Unidos. Quem nesse Sábado conseguiu chegar a Washington tomou as ruas contra um vento gelado para protestar a Guerra no Iraque. Milhares fizeram o caminho entre o Lincoln Memorial e o Pentágono, para convergir num comício.
Em contraste com outros protestos em que participei, este tinha uma população diversa, pessoas de todas as idades, nacionais e estrangeiros. Muitos dos presentes traziam o seu próprio cartaz, com a sua individual palavra de ordem. Os grupos mais organizados exigiam o regresso imediato das tropas e a demissão (“impeachment”) do Presidente Bush. Como que para combater o frio que tolhe movimentos, havia focos circenses de música e encenação, a cargo de membros da subcultura radical Americana (a que só conhecemos na caricatura do hippie). Ao início do percurso outra particularidade Norte Americana, uma falange de motoqueiros, alegadamente veteranos da guerra do Vietname, que ali foram para insultar os manifestantes. A polícia apontava os cavalos para a manifestação, certamente convicta nas boas intenções dos patriotas.
Ao longo desta semana outros protestos seguiram o de Washington – São Francisco e Nova Iorque tiveram também dezenas de milhares nas ruas. A par destas expressões de oposição, as sondagens indicam que o apoio à guerra e ao Presidente decrescem, e nem o mais iludido dos neo-conservadores acredita num final vitorioso ou próximo do conflito. Mas o movimento popular permanece frágil e desarticulado. As constantes evocações dos anos 60 e o desejo de reanimar a Students for Democratic Society (promotora da guerra contra a guerra do Vietname) demonstram uma falta de soluções para tornar o mal-estar politicamente produtivo. À eleição dos Democratas em maioria no Capitólio, num manifesto anti-guerra, seguiu-se uma traição imediata dessas promessas, e muitos entregaram-se ao cinismo na expectativa das próximas eleições presidenciais. Este presidente já caiu mas nada garante que o próximo dê um fim rápido à guerra.
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A RTP que eu visse só mostrou uma manif, creio que em LA, mas com apenas 5.000 pessoas. Critérios editoriais...
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