11 março 2007
Envenenar a Fatah
Numa semana em que não houve mortes israelitas, a Palestina não fez notícia. Na sombra destes dias calmos, há um perigoso jogo de impaciência a decorrer.
Israel monta acusações contra o Hamas de crimes de pensamento, de ensaio de uma ofensiva terrífica que afinal nunca chega. O Hamas tem demonstrado uma inesperada disciplina ao não atacar Israel há já dois anos, o que a cada dia embaraça a sua vilificação por Israel. Entretanto, o novo alvo dos zionistas é Abbas, que o chefe da Agência de Segurança Israelita considera um “bom negociador [mas] não sabe lidar com política interna do partido”. A apregoada única democracia do Médio Oriente sugere a Abbas que reavive a Fatah militarmente, e através desse exército pessoal/partidário ascenda a líder nacional. A sugestão parece ter agradado a alguns, que fizeram uma emboscada a um dos ministros do Hamas, nem cinco dias depois. Israel instiga a guerra civil na Palestina.
Os apelos israelitas só tem força se a instabilidade e a humilhação continuarem, fervendo ao ponto do desespero. Ainda esta semana, Israel invadiu a base dos serviços de informação da Autoridade Palestiana de onde sequestrou 18 suspeitos. Soma-se assim mais uma incursão à Cisjordânia após a invasão de Nablus a 27 de Fevereiro. Israel entende que a actual trégua entre Israel e Palestina só se aplica à Faixa de Gaza e que terá mão livre para entrar na Cisjordânia quando bem entende.
Ainda depois de tudo isto, continua-se a dizer que Israel é como “nós”, e o que os Palestinianos são os “outros”. Por muito que choque, há verdade nessa afirmação. Afinal quem invade e ocupa é esse “nós” ocidental, no Iraque, no Afeganistão. E os terroristas são por definição semântica aqueles que os opõem.
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