29 março 2007

 

Fundamentalistas globais


O tablóide inglês The Sun (qualquer semelhança com o semanário Sol não é coincidência) iniciou uma das suas costumeiras campanhas histéricas. O jornal indignou-se com a humilhação dos soldados britânicos apreendidos pelo Irão, e exibidos num vídeo a almoçar em cadeirões de pele.

Não se entende onde é que The Sun vê o sinal de alarme - serão os talheres de plástico? A CNN que não é dada a apologias do Oriente-inimigo, considerava ontem que o Irão estava a tratar os prisioneiros com extremo cuidado, comparando com casos anteriores de detenções de Americanos. Nas vésperas de um voto decisivo no Conselho de Segurança da ONU, o Irão quer sair desta crise com a sua auto-estima intacta, quer ser respeitado.

Entre os gritos incendiários do The Sun e uma necessidade de se agarrar “só mais um bocadinho ao poder”, Blair respondeu com umas tiradas truculentas a querer imitar os dias mais parvos do belicoso Churchill. Todos sabem que as campanhas dos tablóides de nada valem, são mais papel para forrar os bancos do metropolitano, e ainda assim o New Labour de Blair entende-as como reflexo da vontade popular. É uma cansada desculpa para adicionar certeza moral à sua política internacional.

Os mesmos que se queixam de imans e mullahs vão seguindo as cruzadas histéricas, pânicas e insultuosas do The Sun e da Fox News. E jamais param para notar que os alegados arautos populares fazem parte do maior império de comunicação social do mundo, a News Corporation do senhor Rupert Murdoch. Há uma teologia para esta comunicação social, um fundamentalismo, um orientalismo – “Viva o Ocidente, Viva, Pum…”



   

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