18 outubro 2007

 

A ilusão do carro


Andar de carro é viciante. Conclusão tirada de experiência própria, em que se confirma que de facto é uma extensão da nossa casa, da nossa intimidade.

Demoro menos 15 minutos a chegar ao trabalho de carro do que se fosse a pé ou de transportes (sim, demoro o mesmo tempo a pé ou de autocarro, porque tenho que contar com o tempo de espera pelo autocarro e com o trânsito).

Posso armazenar coisas no carro: mochila da natação, material do trabalho que vai vagueando entre casa e emprego, compras de supermercado que não precisam de frigorífico...

Posso ouvir rádio no carro, da clássica às notícias, passando pela música. E também posso escolher a música que quero ouvir no leitor de CDs. E o volume da música.

Posso regular a temperatura para que fique mais confortável.

Posso conduzir e falar ao telemóvel (desde que use um auricular!).

Com um carro nas mãos tenho de facto a sensação de ser mais poderosa, de que mando e controlo o ambiente à minha volta.

Mas também caio facilmente na ilusão que tendo carro tudo me vai correr melhor. Porque não corre: tenho que arranjar estacionamento para o dito; tenho que aturar condutores inexperientes, grosseiros, perigosos, distraídos...; tenho que lidar com o trânsito; tenho que pagar a gasolina; tenho que pagar a manutenção do carro; tenho que pagar o Imposto Automóvel; tive que comprar o carro e provavelmente pedi um empréstimo para o poder fazer...

No fim, acho que vou ficar aliviada quando tiver que devolver o carro que estou a usar durante umas semanas à sua dona. É verdade que vou barafustar com os carros mal estacionados em cima do passeio, com os cocós de cão em todo o lado, com os carros que não respeitam os peões nas passadeiras, etc., etc.

Mas prefiro a minha realidade dura a uma ilusão suave. Ao menos sei o que de facto controlo na minha vida.

Comments:
De bicicleta sinto-me livre e rápido!

e feliz :)
 
Há um episódio do Seinfeld delicioso, em que este tem de decidir se pertence ao grupo dos peões ou aos automobilizados...
 
ora aqui esta um tema q me é barato: desde q voltei a portugal que o melhor que faço para nao perder a cabeça é nem sequer pensar nisso. Sou partidário de uma revisoa do codigo da estrada que dê prioridade a todos os transportes públicos em meio urbano. Essa maltinha do pópó tem que aprender o que custa aos outros levar o dobro do tempo a chegar aos sítios por causa dela. mas nem quero pensar muito nisso que fico logo nervoso.

Renegade
 
Foi e continua a ser do interesse das grandes companhias a utilização do carro em vez do transporte público. Quantas leis foram promulgadas a fim de eliminar o transporte público e promover o carrinho? Não tem conta.
Deppois temos o desenvolvimento do individualismo e a falsa noção d se possuir alguma coisa.
 
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