30 outubro 2007
“Chamem-me Amílcar.”
É motivo de vergonha nacional. Portugal é o chão das estatísticas de educação na Europa, seja a Europa dos 12, 15, 20 ou 25, pior só Malta. Na última geração de activos entre os 25 e os 34 anos, somente 48 por cento das mulheres e 38 por cento dos homens portugueses tem educação secundária superior. A média europeia é de 76 e 72 por cento respectivamente.
O actual Ministério da Educação identifica os culpados como sendo os professores sindicalizados. Os professores reagem com caricaturas de uma escola ingovernável, indisciplinada e desmotivada. A escola, sejam os professores, as instalações, os currículos, ou os pais, não chega para explicar este grotesco atraso. A razão tem que ser mais insidiosa e abrangente, culpe-se a cultura.
A educação em Portugal não se faz pelo prazer de aprender, ou pelo o desejo de saber. A cultura e a vida social portuguesa não o exigem. Lê-se os jornais desportivos e 80% da interacção social está assegurada. Portugal tem uma das maiores taxas de abandono escolar (38.6% contra uma média europeia de 18.1%) e é revelador que se propagandeie motivos para a educação. O governo com anúncios publicita os ganhos salariais e de progressão na carreira para quem fica na escola. Porque é que o governo exprime o óbvio? Porque não é verdade. A educação em Portugal é um sistema de certificação das elites, onde primeiros-ministros compram diplomas, onde os filhos das profissões liberais seguem as profissões do clã. Para a ralé a acreditação ou é impossível ou não serve de nada. Para a elite os mil epítetos de Senhor Doutor, Senhor Professor, Vossa Excelência, um rocócó de nomeações que transforma uma má educação em título nobiliárquico.
Não me chamem de Doutor Cabral. Chamem-me Amílcar.
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Pelo contacto que vou tendo com alguns pais com filhos em idade escolar preocupa-me a pouca importancia que dão ao estudo e ao trabalho,ou melhor á qualidade do que devem ensinar ás crianças e á necessidade de trabalhar para obter resultados e conhecimentos. É tambem verdade que não tem conhecimentos para acompanhar os trabalhos de casa,que na minha opinião deviam de acabar sobretudo para as crianças do 1º ciclo porque o horario escolar alargado é suficiente para aquelas idades.Não podemos generalizar a ideia de que a culpa é dos professores,eu tambem estudei e tive professores que conseguiam bons resultados do seu trabalho e outros que não tinham nenhum interesse por aquilo que deviam fazer.Existe na nossa sociedade uma grande falta de exigencia com aquilo que as televisões nos transmitem,basta ver os indices de audienciais dos programas da TVI.E esta situação leva muito tempo a modificar-se.
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