08 outubro 2007

 

A modernidade nunca aconteceu


Os inquéritos de opinião têm uma função perversa na vida pública. Alguns servem de pseudo plebiscito da liderança política - se o ministro sobe ou desce, outros são um espelho sujo dos hábitos e convicções do público - a maioria que ignora os perigos das doenças sexualmente transmissíveis. As estatísticas substituem com uma presença simbólica, a participação directa da massa popular na política e na cultura.

O público das sondagens é-me irreconhecível. Uma sondagem do Financial Times e do Harris Poll revelou em 2006 que 70% dos Americanos e 60% dos Italianos são devotos crentes. Os ateus só ultrapassam os 20% em França. O meu espanto talvez denote que pertenço a uma minoria, habitando e conversando com outros minoritários em urbanos confortos. Nos interstícios das nações, a maioria de desdentados camponeses permanecem de terço na mão sem notícias da modernidade.

Em alternativa, os inquéritos são uma forma elevada de superstição. Será que estas categorias descrevem a vida prática? Será que as igrejas podem contar com 70% dos votos americanos para o seu programa social e político? Se a resposta for sim, este mundo é ainda mais tenebroso do que julgava.

Comments:
Nos EUA, só recentemente terá havido um congressista a declarar-se ateu... http://arrastao.weblog.com.pt/arquivo/2007/10/sair_do_armario

Mas nem todas as sondagens são de fiar, e até faz sentido qual é a causa ou o efeito (a opinião das pessoas ou o "resultado" das sondagens...)
 
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