30 novembro 2007

 

Tortura


Não, não é a tortura pela polícia, ou por algum secreto serviço de segurança. Também não se trata - aparentemente! - de uma perigosa subversiva submetida a simulações de afogamento, ou queimaduras de cigarro com o intuito de extrair informações ditas essenciais para a segurança de nós todos...

Não, não é nada disto mas é igualmente chocante e atenta contra os direitos e liberdades individuais.

Às mãos de uma junta médica, uma senhora é considerada capaz para trabalhar, pela segunda vez.
Apesar de sofrer de lombalgia e de uma cervicalgia degenerativa que não têm cura. Apesar de precisar de a ajuda de outra pessoa para se deslocar lentamente para fazer o que quer que seja.
Apesar de estar quase paralisada, como muitos puderam ver no início deste mês quando a decisão da junta de a considerar apta para trabalhar levou à intervenção do próprio ministro.

Apesar destes considerandos todos, o caso foi revisto e a decisão não se alterou. E a senhora, acertadamente, decidiu não comparecer ao trabalho.

Só posso concluir: ou os membros da junta são umas grandes bestas ou a senhora disfarça muito bem!

 

Grémio Lisbonense (1842-2008?)


O Grémio Lisbonense anda com morte anunciada, já no início do próximo ano. Um dos (cada vez mais) raros sítios "livres" na cidade. Desde uma cartada a um concerto de jazz, tudo passa por aquele espaço. Se não mudar nada nos próximos dois meses, morre o poiso de uma das sociedades lisbonenses mais antigas. O "eleito maravilha" (Sá Fernandes) que até é sócio, nem tem dado resposta aos apelos (surpresa!). Resta apenas chamar gente, muita gente. Forma de acção por definir (mas vai começar em breve).

Até lá, passem para tomar um copo e apreciar uma das melhores vistas da Praça do Rossio.

 

Sem palavras




Cliquem na figura para verem melhor.

 

Com a faca e o queijo


Israel tem um problema por resolver: como manter os colonatos, determinar unilateralmente as suas fronteiras e as da Palestina sem parecer intransigente? Como permanecer no papel de vítima do terrorismo árabe, enquanto destrói cidades e mata civis? Há que, ao longo de 40 anos, participar em conferências de tempos a tempos.

Duas semanas antes de Annapolis, já Israel se preparava para o encontro, estabelecendo as seguintes condições:

* Redefinição das áreas consideradas ocupadas. Contra o que foi proposto pelo Quarteto (EUA, União Europeia, Russia e Nações Unidas), Israel determinou que as áreas ocupadas não incluem nem os colonatos de maior dimensão nem Jerusalém. Assim, o que está em negociação é conceder à Palestina 15% do território (em vez dos já inaceitáveis 22% propostos pelo Quarteto). Esses 15% de terra estão truncados e fragmentados, sem ligação entre si.

* Reconhecimento de Israel como um “estado judeu”. Depois de aceitar a existência de um estado israelita sobre território palestiniano, os palestinianos têm agora que o reconhecer como judeu. Em Israel, 20% da população é palestiniana, católica e muçulmana. Basear a constituição do estado na religião é afirmar a discriminação e xenofobia. A provar as intenções discriminatórias desta regra, Tzipi Livni, ministro dos negócios estrangeiros, afirmou que o futuro dos cidadãos árabes de Israel é na Palestina, não em Israel.

* Implementação tardia dos acordos. Israel reserva-se no direito de determinar a data de implementação de qualquer negociação que venha a ser feita, e o adiamento pode ser estendido até ao cessar completo da resistência palestiniana. Com o precedente que temos, Israel determina ao sabor dos seus interesses qualquer acto, criminal ou de resistência, como terrorismo.

Se tudo isto falhar, Israel e os EUA podem declarar um estado palestiniano “transitivo” e ditar as suas fronteiras, territórios e soberania. A soma final de toda esta farsa só tem um nome – chama-se apartheid – que se traduz em “separação” do Afrikaner. Curiosamente, ou talvez não, este é precisamente o termo usado em hebreu para designar esta política – “hafrada”.

Quem denuncia estes e outros factos, não é um árabe fanático nem nenhum esquerdista radical. É Jeff Halper, coordenador do comité israelita contra a demolição de casas, no seu artigo “Quando o roteiro para a paz é uma rua de sentido único”.

29 novembro 2007

 

Dixie Chicks


Emily Robinson, Martie Maguire e Natalie Maines. No princípio de 2003 as Dixie Chicks tinham um peso enorme no cenário musical dos EUA chegando a cantar o hino na famosa Superbowl e ganhando vários Emmies.



A 10 de Março de 2003 as suas vidas iriam mudar. Enquanto os tambores da guerra tocavam na preparação da invasão do Iraque, num concerto em Londres a vocalista Natalie afirma:
"Para que saibam, nós estamos no lado certo com vocês todos. Nós não queremos esta guerra, esta violência, e temos vergonha que o Presidente dos EUA seja do Texas".

Rapidamente, as críticas se amontoam, com boicotes aos seus concertos, à destruição dos seus CDs e até mesmo a ameaças de morte. As rádios, pressionadas por ouvintes e por ordens das direcções ou da confederação de rádios deixam de passar as suas músicas. A censura pelos grupos de direita atira-as para a lista negra.

O recomeçar da sua carreira leva o seu tempo, mas acaba por ter os seus resultados. Enquanto o Bush se afundava, as Dixie Chicks conseguiam furar o silêncio que lhes tinha sido imposto. Mais importante, mantendo o que tinha sido dito. Finalmente, em 2007 voltam aos Grammy e ganham em cinco categorias. Aqui as deixo, apresentadas pela Joan Baez.



(há um vídeo chamado "Dixie Chicks, Shut Up and Sing")

 

Uma pequena varridela


É belo o novo poiso do arrastão. As funcionalidades do wordpress recomendam-se. Os comentários coroam os títulos das postas para dar nova visibilidade aos visitantes. O cabeçalho do Irmão Lúcia dá muita graça.

Querendo ser construtivo faço uma sugestão, que o Daniel com pázinha, picareta ou pincel elimine os anúncios do google. É inquietante uma moldura de ofertas de apartamentos e quartos de hotel para textos sobre a liberdade de expressão e a comercialização dos média.

 

Pensamento do dia


A diferença entre Portugal e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e Portugal tem uma praga no governo.

28 novembro 2007

 

Afinal haviam outras...


Nós pensámos que a nossa Maria de Belém era única (o BES Saúde também). No entanto, houve outros ministérios abordando a questão das mulheres pela Europa fora.

Numa primeira fase as mulheres são simplesmente anexadas a áreas que se considerasse ter alguma ligação com a sua função na sociedade. A Noruega é a percursora, em 1948, com o Ministério da Saúde e Assuntos Sociais. Em 1975, a Holanda apresenta o Ministério da Cultura, Tempo Livre e Trabalho Social com um departamento de Política de Emancipação. Em 1979, a Aústria introduz o Ministério Federal para os Assuntos da Mulher e Protecção do Consumidor. Em 1983, a Espanha cria o Instituto da Mulher, associado ao Ministério da Cultura, e depois para o Ministério dos Assuntos Sociais. Em 1985, chega a vez da Bélgica com o Ministério do Emprego e Igualdade de Oportunidades. Finalmente em 1986, a Alemanha segue o exemplo com o Ministério da Juventude, Família, Mulher e Saúde. Da saúde, assuntos sociais, cultura, emprego (vá lá, vá lá), juventude, família, tempo livre ou protecção do consumidor, todo o saco serve para incluir a questão da mulher.

No entanto, outros países optaram por um concepção diferente, tornando a questão independente num só ministério. Assim, a França cria em 1974 o Ministério dos Assuntos da Mulher. Em 1976, o parlamento do Reino Unido nomeia a Comissão para a Igualdade de Oportunidades. Nos 1990's a moda dissemina. Em 1993, a Irlanda introduz o Ministério da Igualdade de Oportunidade e Reformar a Lei, seguido pelo Luxemburgo em 1995, pelo Liechtenstein e a Itália (Ministério da Igualdade de Oportunidades) em 1996. Em 1999 chega finalmente a nossa vez. No mesmo ano, há ainda a Dinamarca com o inusitado Ministério da Construção e Habitação e Ministério da Igualdade de Género que não sei se pretence a este grupo ou ao anterior.

Os países que não tem indicação de Ministérios são frequentemente países onde os direitos efectivos da mulher estão mais avançados (Finlândia, Suécia, Islândia) ou mediterrânicos (Grécia).

(a comparabilidade entre países é nalguns casos duvidosa, mas são os dados que há)

 

Um detalhe...



Porquê que o Abbas é o único que não tem a bandeira do país na lapela?

 

As más explicações


(Continuando)

"Ao que apurou o DN, este desnível entre o salário médio das ofertas de emprego do IEFP e o ordenado médio praticado em Portugal [ver aqui] demonstra que os empregadores apenas recorrem aos centros de emprego como último recurso. Ou seja, só quando constatam que não conseguem encontrar, pelos seus próprios meios, trabalhadores para satisfazer as suas necessidades de mão-de-obra é que as empresas recorrem aos centros de emprego. O baixo valor salarial proposto também confirma que são sobretudo postos de trabalho pouco qualificados que estão disponíveis nos centros de emprego."(in DN)

Estas explicações não fazem grande sentido. Antes de mais, se o IEFP é o último recurso deviam estar dispostos a pagar mais e não menos. Para além disso, quem informou mal o DN devia saber que, como o jornalista refere, a diferença entre dirigentes e quadros superiores e outros cargos é muito pequena (pouco mais de cem euros). Mais, em termos de níveis o salário médio das ofertas de emprego para dirigentes e quadros superiores fica 25% aquém do salário médio em Portugal. O que demonstra é a precarização e empobrecimento de uma nova geração e de quem tenha o azar cada vez mais comum de se ver sem emprego.

27 novembro 2007

 

Obrigado, Portugueses!


Desenvolvimento humano desceu em Portugal entre 2000 e 2005.





 

O maior espectáculo do mundo


Annapolis, Maryland, é uma cidade com belas vistas para o Atlântico, um clima moderado, e luxuriante vegetação. Na serena geografia e no conforto hoteleiro é o género de local que convida a um recatado congresso de dentistas ou revisores de contas, e expele convenções de fans do Star Trek.

A administração Bush com grande fanfarra mediática, convidou diplomatas e governantes do Médio Oriente para uma discussão sem agenda. Marcam presença 46 países, entre os quais: Israel, Jordânia, Líbano, Arábia Saudita, Síria, Quatar, Iraque, Líbia, Argélia, Emirados Árabes Unidos… Dados os eventos dos últimos sete anos, podia-se prever diálogo sobre a guerra assassina que os EUA fazem no Crescente Fértil ou a catástrofe que se abateu sobre o Líbano no ano passado, ou talvez os EUA pudessem substanciar as suas ameaças à Síria e confrontar mal entendidos. Nada disso. O tema é a Palestina, com os EUA no seu moralista papel de pai experiente arbitrando as brigas da criançada. (Como se sabe os EUA escreveram o manual da democracia a que chamaram Constituição. Com significado histórico, Annapolis foi lugar conspirativo no século XVIII para a preparação do Congresso Constitucional.)

Ehud Olmert, o líder da frágil coligação no poder em Israel, vai conversar com Mahmoud Abbas, o líder imposto pelos EUA à Fatah. Serão estes os artífices da paz e democracia. Quem não tem direito aos ares balneares de Annapolis é o Hamas, o partido que os Palestinianos votaram para os representar.

 

Centros de (des)emprego


Quantidade e qualidade de emprego oferecida pelos centros de emprego é miserável. O IEFP não passa de uma empresa pública de trabalho precário.

"As ofertas de trabalho disponíveis nos centros de emprego têm uma remuneração de base média (antes de imposto e excluindo subsídios) de 516 euros. Os dados foram facultados ao DN pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e referem-se a 86% das 13 658 ofertas de trabalho a tempo inteiro existentes no final de Outubro, nas quais o nível salarial está previamente fixado (os empregadores não são obrigados a fazê-lo). Este salário pode depois ser negociado e chegar a níveis superiores. Mas, para todos os efeitos, aquela é a proposta salarial que os desempregados têm pela frente.

Se forem só tidas em conta as ofertas destinadas a dirigentes e quadros superiores, a remuneração média sobe pouco, para 635 euros. E o emprego mais bem remunerado que está disponível no IEFP tem um salário-base de 5000 euros. A oferta mais baixa corresponde ao salário mínimo, de 403 euros, sendo que em alguns sectores o patamar salarial é mais alto, fixado por convenção colectiva.

O ordenado médio das ofertas do IEFP situa-se 39% abaixo da remuneração de base média praticada em Portugal, que, segundo o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério de Trabalho, se situava, no final de 2006, nos 840 euros."

(Manuel Esteves, in DN)

26 novembro 2007

 

Dias e dias


Pelo menos uma em cada três mulheres no mundo inteiro já foi espancada, abusada sexualmente ou violentada de alguma forma. Para as mulheres entre os 15 e os 44 anos, a violência é a maior causa de morte e de incapacitação. Violações e agressões domésticas são factores de maior risco que o cancro ou acidentes de viação.

Ontem foi o dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres. Não há nenhum país no mundo em que as mulheres estejam livres de maus tratos, seja no emprego, em casa ou na rua. Dados da Organização Mundial de Saúde denunciam que mais de 50% das mulheres no Bangladesh, Etiópia, Perú e Tanzânia são sujeitas a violência física ou sexual pelos companheiros, no Reino Unido 30% e nos EUA 22%. O Japão foi o único de 10 países onde “apenas” 20% das mulheres reportaram casos de violência doméstica. Estimativas mundiais apontam que uma em cada cinco mulheres serão vítimas de violação (ou tentativa de) nalgum momento da sua vida, incluindo nos países ditos desenvolvidos. Também se sabe que sexo forçado (não somente violação) aumenta o risco de contração de sida. Mais de um quarto das pessoas infectadas são mulheres entre os 15 e os 24 anos.

Trinta e nove mulheres morreram em Portugal no ano passado vítimas de violência doméstica. Entre Novembro de 2005 e Novembro de 2006 foram registadas 43 tentativas de homicídio de mulheres em âmbito familiar. Em todo o ano de 2006 houve 15 mil queixas de agressão. As denúncias ocorrem, em média, ao fim de dez anos de sofrimento em silêncio.

Os dados são conhecidos e as campanhas de alerta são muitas. Mas não basta a consciencialização, é preciso agir!

 

Ignorância e malvadez


Que a ignorância é atrevida já se sabia... Juntemos-lhe um almoço do CDS/PP para comemorar o 25 de Novembro e é o desastre. O líder da Juventude Popular revelou os disparates que andam a ensinar pelas extremas direitas. Da participação de Bernardino Soares (então com quatro anos) às FP 25 Abril, tudo entrou à refeição, só faltou mesmo a picadinha atrás da orelha para os velhotes ou comer as criancinhas. Espero que pelo menos tenham tido um indigestão...

25 novembro 2007

 

Tanto Mar (1978 - segunda versão)


A 25 de Novembro a "normalidade" democrática seria "estabelecida". Os sonhos murcharam e a história faz um esforço por os esquecer. Para além de comentários mais antigos (sobre o golpe ver 1, 2, 3, 4; sobre o PREC e o dia de hoje:5; 6, 7, 8, 9), fica aqui a segunda versão de Tanto Mar.

Aviso: Se virem algum Soares, por favor não se engasguem. O Bitoque recusa qualquer responsabilidade...



Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

(retirado de Vinycios)

24 novembro 2007

 

Segunda mão


Primeiro, foi uma cópia no papel do grafismo do The Guardian. Onde estava um forte G vermelho ficou um P azul. A "2", suplemento diário do Guardian, passou a "P2" suplemento diário do Público.

A direcção do Público parece ter ficado contente com a roupa usada. O novo website da publicação olha para os outros, para evitar pensar por si. A escolha foi da cintura para cima saquear o site do Guardian (tirando a graça da cor), da cintura para baixo o New York Times (esquecidos os atalhos e funcionalidade). Lê-se melhor. Mas sente-se que é peça roubada, vejam-se os vídeos, cópia chapada do New York Times. Mas enquanto no original os vídeos são genuínas reportagens, no uso luso são locuções de notícias passadas, organizadas em slides que nada ganham com o formato em vídeo.

É um jornal em segunda mão, no grafismo, no texto e na opinião.

P.S. Ainda assim não consegue ser tão mau como os vídeos do DiarioEconomico.com (cujo endereço é contraditoriamente diarioeconomico.sapo.pt) produzidos concerteza numa cave escura.


 

Gente fina


"O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, rejeitou hoje a existência generalizada de comportamentos "menos próprios" das forças de segurança para com os cidadãos, considerando que a existirem são "a excepção e não a regra".

"Naturalmente que pode haver um comportamento ou outro menos próprio, mas essa é a excepção e não a regra. E quando essa excepção se verifica, o Estado tem os mecanismos necessários para reagir", disse o ministro Rui Pereira, em declarações transmitidas pela SIC Notícias." (in Público)

O país que deu origem à Amnistia Internacional e que todos os anos a sua polícia honra ao aparecer nos relatórios desta organização é um país pacato e de gente séria e as suas forças da ordem também. Estas não confiam em sucessos passados e esforçam-se diariamente para as justificar. Em 2006, é escolher entre várias mortes (Amnistia Internacional) às 276 queixas registadas de agressões
(Departamento de Estado dos EUA). Se quiserem um relato na primeira pessoa aconselho ler o jornal gueto (aqui). Se tiverem apetências por voyeurismo podem sempre escolher um vídeo (aqui). Se acham que um é pouco, podemos sempre recorrer ao espancamento em grupo (aqui).

Por cá está tudo bem, obrigado. A nossa polícia é gente fina.

 

Tanto Mar (1975 - primeira versão*)


Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

* Letra original,vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.

(retirado do Vinycios)

23 novembro 2007

 

A ASAE passou por Nova Iorque


Depois da Ginginha, o Serendipity 3!

Serendipity 3
também fica na baixa, mas de Nova Iorque. Não tem a melhor ginginha do país, mas conta com a sobremesa mais cara do mundo - 25.000 dólares por um "Frrrozen Haute Chocolate". Uma semana depois de ter entrado para o Guinness por causa do preço da dita sobremesa, o restaurante Serendipity 3 foi fechado pela inspecção de saúde. Ė que para além de chocolate, a cozinha também exibia "um rato vivo, excrementos de rato em várias áreas do restaurante, moscas da fruta e mais de 100 baratas".

 

Dança das cadeiras...



...dos homens de mão. Era para ser, mas não foi.

 

Momento interactivo


Sobre a agenda carregada de ontem há alguém que queira partilhar novidades, opiniões?

Escrevam aqui como comentário ou enviem para o mail do bitoque.

22 novembro 2007

 

I love my taser II


Depois de a polícia da Universidade da Flórida ter usado um taser num estudante durante uma sessão com John Kerry, e de um estudante na Califórnia ter tido a mesma sorte por se recusar identificar na biblioteca da universidade, surgem mais dois casos:





- no Canadá um imigrante polaco que tinha combinado encontrar-se com a mãe na zona de bagagens, e após ter sido retido por 10 horas, é imobilizado por um taser. A descarga de 50000 volts matou-o.



- no Utah, um condutor leva com uma descarga de taser por recusar assinar a multa que lhe ia ser passada.


 

Escrever para ler


Tenho tido grande prazer em ler as “dentadas” neste blogue. Anda por aí gente com opinião inteligente.

 

Township Jive



 

Aquilo que os pais de vários Zé Maneis se esqueceram


"Esqueça-se os filtros na Internet. Deixe-se de sonhar com a multiplicação de 'Ronaldos'. Recorde-se antes que todas as crianças devem crescer num ambiente que lhes dê referências, estabeleça limites e forme valores".
José Manuel Fernandes, PÚBLICO, 22-11-2007

21 novembro 2007

 

Agenda sobrecarregada


Para além do debate do Mudar de Vida (ver uns posts abaixo), amanhã há ainda mais um seminário do ciclo sobre a história da União Soviética e da Rússia no ISCTE (17.30)* e uma apresentação e debate sobre transgénicos (22.00), organização do GAIA (ver aqui)

*Amanhã "A Rússia Soviética entre o Ocidente e o Oriente: Geopolítica de uma Ambivalência Identitária" Com Mário Machaqueiros, no auditório B 203 do ISCTE (edifício novo)

 

Ano 3207


A esperança no microcrédito promete muito. À taxa de mil empregos em oito anos (ver aqui) vamos longe...

Por exemplo, para chegar à criação dos 150 mil empregos propostos por Sócrates quer dizer, heeeee, 150 mil a dividir por mil, heeee, vezes oito, heeee, é fazer as contas.

 

Os óculos do poder


Nos últimos dias temos assistido a lutas extraordinárias. Desde a greve dos trabalhadores da Valorsul, que rejeitam negociar os salários em troca da perda de direitos laborais, à greve dos comboios na Alemanha, a maior luta laboral desse país nos últimos anos, passando pelas gigantescas greves do sector público francês – empregados dos transportes, professores, estudantes, médicos, enfermeiros, bombeiros.

A cobertura que as TVs e jornais “de referência” têm feito é vergonhosa. A propósito da Valorsul a SIC explica que “a polícia teve de intervir”, culpando aqueles que foram empurrados, arrastados ou esmurrados pela GNR. Sobre a greve em França, os jornais internacionais preferem discutir se Sarkozy conseguirá ser um líder tão forte como foi Margaret Thatcher. De forma mais ou menos extrema, as notícias focam-se inteiramente na “determinação da polícia e governo” ou então, nas dificuldades de quem é prejudicado com a greve. Ninguém reporta sobre a luta dos trabalhadores, sobre as suas causas e as suas conquistas.

Para encher texto, os jornalistas telefonam aos ministros e aos polícias, mas são incapazes de ir para a rua e entrevistar o outro lado. Esta miopia ilustra a necessidade dos movimentos políticos e laborais criarem os seus próprios meios de comunicação independente. Vale a pena mudar de leituras...

 

A propósito de muros...


é interessante falar sobre a cosmética aplicada a uns murozitos do outro lado do Atlântico:

"Como se ergue um muro entre os Estados Unidos e o México que seja aos mesmo tempo forte e pouco agressivo? (...) É um dos problemas mais vexatórios para os EUA: encontrar a barreira ideal que detenha a entrada de um dos maiores fluxos migratórios da História vindo de um país com quem se estabeleceram boas relações. E o Governo não poupou nos requisitos. O muro tem de ser impressionante, mas não letal; visualmente impositivo, sem ser feio; duradouro, mas amigo do ambiente; económico, mas robusto. A lista continua: tem de ter entre 4,5 e 5,4 metros de altura, ser capaz de aguentar com o impacto de um veículo a 64 quilómetros/hora e ser suficientemente forte para não poder ser atravessado em menos de 15 minutos. Para além disso, terá de ser "esteticamente agradável". (...) "Outros países investem muito mais na intimidação. Esta é a única barreira fronteiriça humana que está a ser construída".
O maior muro da história dos EUA, no Sudoeste do país, já conta com mais de 112 quilómetros erguidos este ano e mais 360 planeados para 2008.
"(in P2, Público)

A não perder as imagens e extensão do muro aqui.

 

Generosidade


A generosidade do Estado de Israel não pára de surpreender o mundo. Agora "aprovou o carregamento de veículos armados e armas para ajudar o Presidente Palestiniano
Mahmoud Abbas combater grupos de militantes na Cisjordânia
". "Numa outra demonstração de apoio aos palestinianos, Israel permitirá exportações de morangos e flores da Faixa de Gaza, na esperança de melhorar a situação económicados 1,5 milhões de Palestinianos a viver ali". Só possível no mundo Yahoo.

 

Amanhã: "O que é um jornal político popular?"


Sessão de apresentação e debate
"O que é um jornal político popular?"
com redactores e apoiantes do Mudar de Vida.

O debate será seguido de um convívio musical com

L.B.C. Soldjah (a.k.a. Blacksunt Zureu)
Hezbollah Abugarim
SDD
Kromo di Guetto
R. O. (a.k.a. Kapeta)
Pedro e Clara Branco
José Mário Branco

nesta quinta-feira, dia 22 Nov, às 21h30
no Grémio Lisbonense, Lisboa, Rossio (entrada pela Rua dos Sapateiros, 226 - 1º)

20 novembro 2007

 

“Este aqui tem por nome Liberty. E o outro peru, o substituto, o seu nome é Freedom.”


São 14 perus que George W. Bush salvou da refeição certeira. É uma tradição da época do Thanksgiving, os Presidentes perdoam um casal de perus que são o repasto das familias reunidas.

Enquanto Governador do Texas, este clemente suserano assinou as ordens de execução de 152 seres humanos, incluindo a primeira mulher em 100 anos a ser morta pelo Estado do Texas. Enquanto Presidente, é responsável pela vida de 4957 soldados americanos tombados na Guerra contra o Médio Oriente. A aritmética torna-se grotesca se incluirmos os mortos afegãos e iraquianos.

Há quem dê graças pelos perus salvos. Olhando a balança onde estão os perdoados e os desprezados, o meu estômago dá umas voltas. Esta tradição, como tantas outras, cobre com uma fachada de normalidade e bondade e simpatia, um poder vil e assassino.

 

As manobras


Numa espécie de pacto de regime estabeleceu-se regras da forma de fazer greve. No entanto, desde há muito governos e patrões têm adoptado inúmeras manobras de forma a subverter estas regras, tudo ao arrepio literal ou do espírito da lei:

i) contratação ou uso temporário de trabalhadores ou serviços externos, os ditos fura-greves;
ii) requisição de serviços mínimos para tudo e mais alguma coisa;
iii) intimidação nos postos de trabalho, de listas de grevistas a...;
iv) precarização do trabalho, o que promove o medo pelos trabalhadores; não é por acaso que se ataca o contrato colectivo de trabalho, os vínculos duradouros...

Uma outra manobra, já bem velhinha, mas gerida com maior convicção no governo Sócrates é a de colar os manifestantes/opositores ao Partido Comunista, numa atitude a la caça às bruxas do pós-segunda guerra. Não é que o PCP se importe, afinal há muito que se reclama como o (único/principal) defensor da classe operária. No entanto, qual a legitimidade de um qualquer Junqueiro (1;2) de criticar a participação política de um outro deputado. Cada um escolhe a companhia dos que quer, já que a maioria do PS parece ter escolhido a dos patrões (não esquecer que a Valorsul é empresa pública, etc, etc), não me parece mal que pelo menos alguns deputados deêm a cara pelos trabalhadores. Pela actuação da polícia nos últimos tempos, até poderão ter mesmo de dar o corpo ao manifesto...

 

Onde já ouvi isto?


2007
"Olmert promete libertar 440 prisioneiros e congelar construção de novos colonatos"

2005
"Ao abrigo do Roteiro para a Paz os israelitas haviam prometido congelar a expansão dos seus colonatos em territórios palestinianos."

2003
"O aumento, no que é conhecido na região como "atividade de colonização", confirma o que todo mundo já sabe: que nesta área particular, Israel ignorou as suas obrigações como estão estabelecidas no plano internacional de paz.

O plano pedia que Israel congelasse toda atividade de colonização. Mas durante muitos meses, ninguém prestou muita atenção às exigências do plano de paz."

...

19 novembro 2007

 

O nojo


Para quem é de esquerda e pense ainda que vale a pena votar PS aconselho que leia isto. Ano após ano, as desculpas deixam de ser válidas. A retórica podre e mesquinha do PS é insuportável e não se distingue do PSD. Nalgumas coisas será melhor, noutras será pior, mas no cômputo geral os efeitos anulam-se.

 

Reportagem Mudar de Vida


Os relatos do Mudar de Vida sobre a luta dos operários da Valorsul desmentem a versão das ditas autoridades:
- "cerca das 22h, fomos informados de que a GNR, às 20h, dispersara o piquete e abrira caminho à entrada dos camiões."
- "às 22h30, o piquete - (...) reforçado com (...) muitas dezenas de populares - conseguiu interromper a entrada de camiões";
- "2h30 da madrugada, chegou o Corpo de Intervenção, (...) com grande aparato (...). O oficial que os comandava dirigiu-se aos trabalhadores intimando-os a “desobstruir a via pública”";
- "Os trabalhadores deslocaram-se, com os seus apoiantes, para a linha do portão da empresa e responderam ao oficial: “Já não estamos a obstruir a via pública, somos trabalhadores desta empresa e estamos a exercer o nosso direito constitucional à greve. Além disso, os camionistas do lixo não são empregados desta empresa".
- "alguns dos camionistas gritaram para a GNR: “Estamos aqui a trabalhar e os grevistas estão no seu direito e têm o nosso apoio”";
- "Às 4 horas retirou-se um carro da CM Lisboa que ali estava discretamente estacionado. E, coincidência ou não, todos os camiões deram meia volta e foram-se embora (...). Retirou-se a seguir o último carro da GNR";
- "manhã de (...) dia 17, uma força da GNR voltou ao local, já na ausência dos populares que acompanharam a luta durante a madrugada, e forçaram o piquete de greve a retirar-se da frente dos portões. A passagem aos camiões do lixo - que regressaram em grande número (...) voltou assim a ser franqueada à força."

Depois deste relato de sábado, ontem parece que a coisa foi mais "animada". E assim se continua uma política sistemática de esvaziar o direito à greve.

 

Ser conciso


Fui ver o filme Lions for Lambs. A minha apreciação crítica é: "It is shit!"

18 novembro 2007

 

O terceiro campo de batalha: Paquistão


Há meses que os EUA tentam orquestrar uma transição no Paquistão que, por um lado, mantivesse Musharraf no poder, e por outro, não ridicularizasse o objectivo de Bush de promover a democracia no mundo islâmico. O general Musharraf, que tomou poder através de um golpe militar e mantém-se com uma base de apoio limitada ao exército, é o favorito do Ocidente no Paquistão. O retorno de Benazir Bhutto, uma das líderes mais corruptas dos últimos tempos, ajudaria a criar a ilusão de eleições livres no Paquistão.

Mas nas últimas semanas o cuidadoso plano tornou-se um total fiasco: Musharraf suspendeu a constituição por receio de não poder candidatar-se, o regresso de Bhutto foi acompanhado do assassinato de quase 200 dos seus apoiantes, foi imposto o estado de emergência, as emissoras de televisão não-estatais foram fechadas, advogados que exigem o cumprimento da constituição foram presos e todo o tipo de opositores ao regime de Musharraf estão a ser perseguidos.

No final do Verão, uma sondagem indicava que Bin Laden tinha o apoio de 46% dos paquistaneses, Musharraf de 38% e Bush de apenas 9%. Como estarão agora os resultados?

 

Assinado: mentiroso fugitivo


"Não posso entrar neste debate interno que sei que está a haver em Portugal sobre a questão do referendo. Às vezes apetece-me, mas tenho de me conter pelas minhas funções. Mas é tão legítimo, de um ponto de vista democrático, termos uma decisão por referendo como por voto parlamentar. Pode haver debates com ou sem referendo.

(...)Normalmente as pessoas dizem todas que preferem o referendo, como é natural, e depois, curiosamente, não vão votar... Aliás, em Portugal, tanto quanto sei, os referendo não têm tido sequer a maioria necessária para serem vinculativos... Bom, o debate é interessante, mas sinceramente não quero que das minhas palavras depreendam qualquer orientação. Para a comissão europeia é tão legítimo um como o outro modo de aprovação do Tratado. O que eu não posso aceitar, como democrata que sou, é que se desvalorizem os parlamentos. Se não teríamos um populismo permanente
." (in DN)

"Durão Barroso afirma que o Tratado de Lisboa “não é nenhuma revolução” e que, de um ponto de vista democrático, é tão legítimo aprová-lo “por referendo como por voto parlamentar”. (...) Questionado sobre se houve um acordo tácito entre os 27 para que não haja referendos na generalidade países da UE, Durão Barroso garante não ter dado por nada. “Se houve, não dei por esses acordos”, garante, afirmando que, como todos os países vão assinar o tratado, a Comissão Europeia espera “naturalmente” que eles venham a ratificá-lo. “Um Governo quando assina um tratado internacional está a assumir uma responsabilidade”, frisa." (in Público)

 

Quinta Lição, Fifth Lesson...


E agora, para algo completamente diferente, que tal um abraço?

Lisboa:


Amesterdão; Moscovo; Coreia; Brasil; México; Nova Iorque; e muitos mais...

Se um/a desconhecido/a lhes oferecer um abraço, não faz mal aceitar...
Se quiserem dar um, porque não?

17 novembro 2007

 

Os terroristas

 

Ministério da (In)Justiça

16 novembro 2007

 

Macho




O meu pé é maior que 40...

 

Noticiário


Falha por pouco...


15 novembro 2007

 

Dizem que são uma espécie de genéricos...


"Os consumidores portugueses poupariam 12,7% nas suas despesas com medicamentos se os genéricos atingissem uma quota do mercado total de 50%, segundo um estudo ontem divulgado em Lisboa."

Numa tentativa de dourar a pílula, a Espírito Santo Research Sectorial (pelo nome certamente uma instituição de beneficiência, ainda por cima com Miguel Frasquilho como responsável, pelo menos dos três primeiros nomes) publicou um estudo sobre as poupanças da introdução dos ditos genéricos. Da actual quota de 18% para os ditos 50,0%, os supostos hiperbaratos genéricos poupavam aos consumidores uns míseros 13%. Só podiam mesmo ser genéricos de marca...

É altura de relembrar o que outro ramo de investimento do grupo disse em tempos (roubado do ladrão Nuno Teles):



"Melhor negócio que o da saúde só mesmo a indústria armamento."

Isabel Vaz, Espírito Santo Saúde (donos do novo Hospital da Luz) ao Telejornal (18-4-2007)

14 novembro 2007

 

Não há mãozinha invisível

 

Muitas greves




Nos EUA não são os assalariados dos transportes, a paragem é mediática. Os argumentistas estão de greve com o apoio de alguns dos protagonistas dos programas. Na última greve que durou 5 meses em 1988, os argumentistas perderam. Desta vez com reality shows e muitos concursos em oferta a perspectiva não é melhor. Os grevistas exigem receber pelo uso dos seus textos nos novos media, como a internet. Veja-se a totalidade do Daily Show online!

13 novembro 2007

 

Não há espaço para todos


O mundo é pequeno. Se o mundo estivesse em expansão haveria lugar para todos, para a diferença e para a aventura. Mas como o mundo é conhecido e finito seguem-se atropelos e incómodos. Não estou a falar da explosão demográfica, estou a falar da esquerda.

A esquerda portuguesa preocupa-se hoje com a esquerda Venezuelana. Chama-se ao Chavez palhaço, pretendente a ditador (quando há cuidado), ou simplesmente ditador (quando não há). Porquê este anseio? Acontece que a esquerda é uma palavra singular e roça o paradoxo que hajam muitas esquerdas. É portanto preciso arbitrar quem é dono da esquerda e expulsar para os baldios todos os intrusos à definição preferida.

O Chavez desagrada à esquerda portuguesa. Usa o petróleo, esse inimigo carbónico do planeta, para financiar os partidos populares da América do Sul e Centro. Usa a religião e o mito bolivariano para romantizar a sua obra social. Usa o carisma para se fazer ouvir sobre as vozes dos média e dos interesses económicos que o combatem. Dinheiro, romance e carisma são elementos ausentes na esquerda portuguesa. Mas a principal perturbante característica é que a esquerda Chavista funciona. A América está a mudar por conta dos Venezuelanos e do seu barulhento anti-imperialismo.

É perigoso, perigosíssimo, que a social-democracia parlamentar seja substituída pelo presidencialismo populista. A mim não me preocupa, mas entendo que tudo isto incomode por causa da falta de espaço.


 

Desejos depois dos 65


No passado dia 28 de Outubro assinalou-se o Dia Mundial da Terceira Idade. O Público falou com 65 pessoas com mais de 65 anos para saber o que mudariam à sua volta. Aqui ficam algumas das ideias:

“A primeira coisa que fazia era aumentar as pensões. E depois dava muito carinho, muito amor... Porque os idosos são como as crianças: precisam que olhem para eles com amor”
“Eu gostaria que houvesse um espaço reservado, com um tracejado, à entrada do centro de dia, para a nossa carrinha poder estacionar e os outros carros não”
“Um 25 de Abril para o povo. E ter médico quando preciso”
“Vou morrer com o desgosto de não ter ido para a escola. Mas o que eu gostava mesmo era de ter um emprego. Continuo a trabalhar muito mas já ninguém me dá emprego”
“Era bom que não pagássemos alguns medicamentos, pelo menos os da diabetes. Metade do ordenado do meu marido vai para medicamentos para os dois”
“O que faz falta é um lar para a terceira idade. Moro sozinha. Quando estiver doente, não tenho quem trate de mim”
“Há muitos velhos que estão abandonados. Devia haver quem os visitasse em casa uma ou duas vezes por semana, quem os levasse a passear ou a beber um chazinho no café”
“Moro num quarto andar. O prédio não tem elevador. Vou pelas escadas e nem corrimão para me agarrar tenho”
“Eu já não espero grande coisa, mas ainda queria ver a estrada para a minha terra arranjada. Como está, nem passam dois carros ao mesmo tempo”
“Adoro a minha casa, está é quase toda a cair. A senhoria quer vender o prédio, mas ninguém lhe pega. Queria ao menos que me deixassem lá estar até morrer”
“Uma pessoa que me fizesse companhia, porque eu sou sozinha dia e noite”
“Quando tenho de ir a algum lado, tenho de chamar o meu sobrinho. Devia haver transportes reservados aos mais velhos”
“Receber uma melhor reforma que os 14 contos que recebo”
“Nunca ser velha e nunca estar doente”
“Gostava que me arranjassem a rua que está indecente. Até aqueles que andam bem têm medo de cair, quanto mais eu”
“Algum dia ter governantes sérios que olhem pelos pobres”
“Queria que arranjassem a minha escada. Os carros estão em cima do passeio, a carroça do lixo tem de passar e dá cabo da escada. Está toda escavacada”
“Alguém que fizesse as compras ou pudesse ajudar os mais velhos a fazer as compras. Gratuitamente ou mesmo pagando. Isso era fantástico, porque os sacos são uma coisa muito pesada”
“Há idosos que não saem de casa, nem de cadeira de rodas, porque não há uma rampa no bairro”
“Companhia. Era isso que eu desejava: não sobrecarregar os filhos e saber que estava acompanhada”
“O meu posto médico é num descampado e a paragem de autocarro fica longe. Quando está calor ou chuva, é um martírio lá chegar”
“Se pudesse, trocava o quinto andar onde moro por um rés-do-chão. Custa-me muito subir e não posso levar pesos”
“Uma pessoa que me desse apoio em casa. Sou viúvo há 17 anos. Já viu o que é não ter ninguém que diga assim: deixa lá ver se esta alma está morta... ou precisa de uma camisa lavada?”

 

O post mais fútil do ano


A moda dita o que muita gente veste e calça neste mundo. Mas também dita o que não se veste e não se calça. Não porque haja declarações abertas sobre o que fica bem ou fica mal numa estação, mas porque qualquer alternativa desaparece imediatamente das prateleiras.

A busca era simples: um par de botas pelo tornozelo, sem salto e com atacadores à frente. Havia uns factores a complicar a coisa, como serem de cor preta e terem um ar desportivo. No fundo, queria-se umas botas maneirinhas que não tivessem um ar descaradamente de sapato de senhora.

Missão impossível. Não só pelas prateleiras espartanas – “o que está exposto é o que há”, pois rareiam as sapatarias com mais variedade guardada para o atendimento personalizado – mas pela pouquíssima diversidade.

Mas a pérola estava guardada: vi AS BOTAS. Estas eram AS BOTAS que me enchiam o olho. Numa sapataria com sapatos de mulher no lado esquerdo, e de homem no lado direito, as minhas BOTAS estavam... do lado direito. Eram lindas de morrer, juro-vos.

Não demovida por serem classificadas como de homem, dirigi-me a uma empregada e perguntei se tinham daquelas em 38-39 (agora o Daniel Oliveira já sabe o que calço!). A senhora fez um ar surpreso e quase ofendido, e respondeu: “mas aqueles são sapatos de homem! Só temos a partir do 40.”

Eu fiquei especada durante um longo segundo, dei meia volta, pus a bota no lugar e fui-me embora. Não triste por não ter as botas que tanto desejava (e que até podia pagar), não assim tão desiludida quanto isso com a moda e as suas imposições, não chateada com a senhora que acha uma anormalidade uma mulher ter gostado de um par de sapatos de homem. Mas tão só e simplesmente com pena dos homens que calçam abaixo de 40... É que AS BOTAS eram mesmo lindas.

 

Pequena pergunta


O insulto é sempre anti-democrático?

12 novembro 2007

 

Qual é coisa qual é ela...


... que está esta noite a debate no Prós e Contras, na televisão pública e em horário nobre?

 

Celebrar ao contrário


Já vai tarde o anúncio. Temos novo Doutor aqui no blogue.

Em vez de foguetes e espumante que já estalaram e já verteram, fica uma breve nota subversiva: não conta para nada o canudo, canudinho ou canudão, mas é bom ter nota máxima após quatro anos de buliço. Parabéns para o cromo!

 

Antigo, antigo testamento


Um idoso ex-presidente da Paramount Pictures, filho de um taxista de Brooklyn, Frank Yablans lidera uma nova produtora cinematográfica: a Promenade. O seu explícito mandato é o de disparar filmes com um conteúdo judaico-cristão. O primeio da prevista série de doze não podia ser mais propício para a época. São os Dez Mandamentos a antecipar os 60 anos do estado de Israel em 2008.

Em 2008 contam-se 40 anos desde 1968, mas não se prevêem épicos sobre o tema nas salas de cinema.

 

Incubadora - Versão Russa


A brilhante tirada de "os murros na incubadora" não poderia ser de Pedro Santana Lopes. Ele, como Luis Filipe Menezes, tende a usar liberalmente as ideias dos outros. Neste caso, foi-se inspirar em Eisenstein e a famosa cena do carrinho de bebé e a escadaria...


 

"Lenin Is Young Again!"


Com uma dedicatória para a costela leninista que trazemos todos dentro de nós e em especial para o José Teles (o das aparições na Av. da Liberdade).



retirado do guerrilheiro (já o tinha visto por outras bandas, mas não me recordo onde; se por acaso for no vosso site deixem ai indicado que eu adiciono)

11 novembro 2007

 

Estudantes na Venezuela


O Daniel Oliveira chama a atenção que:

Quando os estudantes se manifestam contra um governo revolucionário, percebemos que não lhe espera grande futuro.

Independentemente de outros relatos preocupantes da Venezuela, a ideia de contestação estudantil como generalizada é falsa. É preciso compreender esta contestação no quadro do confronto entre os velhos poderes, que resistem às mudanças implementadas, e os novos, que reclamam o seu papel.

As Universidades na Venezuela estavam dominadas pelo antiga nomenclatura, natural numa sociedade tão desigual como aquela. Estas têm sido uma tal fonte de resistência a Chavez, que este viu-se forçado a criar Universidades paralelas, para que mais acedessem a um sistema de ensino que simplesmente não pregue o anterior status quo.

Tal como houve os sindicatos do petróleo na rua pela protecção de uma aristocracia "operária" cúmplice com o anterior regime, vemos agora "estudantes" contra Chavez. Não devemos engolir a história que nos vendem, precisamos desconstrui-la...

 

Quarta lección


Os dois seguintes vídeos mostram a determinação dos metalúrgicos de Vigo aquando da renovação do convénio do sector metalúrgico entre patrões e trabalhadores em 2006. Afinal, a vida das pessoas não é business as usual.




(música interpretada por Puagh)

Obrigado Sexta-feira Libertário!

10 novembro 2007

 

O milagre da Avenida da Liberdade

 

Spanish Bombs


The Clash e o seu 'Spanish Bombs' com imagens da guerra civil espanhola.



PS - Com fotografia de Garcia Lorca e imagens de Dolores Ibarruri.

09 novembro 2007

 

Ser amigo



Eanes, ao contrário dos deputados e dos outros ex-governantes, não pode acumular as suas reformas. Lembre-se , por exemplo, Cavaco Silva acumulava duas ou três antes de ir para PR. Jorge Sampaio afirma que “situação de Eanes é injusta e deve ser revista”. A isto eu chamo ser amigo. Pena é que Jorge Sampaio, 10 anos "Presidente de todos os portugueses" não sinta o apelo de abrir a boca pelas injustiças que por aqui reinam. A "injustiça" de quase 4000 euros de Eanes há-de ser das menores. Pelo menos, que verta uma lagrimazita, pelos bons velhos tempos...

 

Notícia de última hora


EXCLUSIVO O BITOQUE

Torres Couto e João Proença, relembrando os pergaminhos da actuação da UGT, apelam ao adiamento da greve para dia 31 de Novembro.

08 novembro 2007

 

A luta continua


O ano passado houve uma greve conjunta da função pública, este ano uma greve geral convocada pela CGTP a 30 de Maio (e à qual a UGT não aderiu), o mês passado contra a política do Governo e agora a 30 de Novembro greve geral da função pública também com a UGT.

Por uma coisa tão simples e essencial como melhor salário e pensão, com o Governo a recusar subir a sua proposta de 2,1% mantendo 10 anos de perca de poder de compra.

07 novembro 2007

 

Os nomes deviam ser proibidos em Portugal


Por mim chamávamos-nos todos Zé e Manel (e um Amílcar). Dois nomes chegam: um para o preto, outro para o branco; um para o sonolento, outro para o inquieto. Eliminavam-se os apelidos e cortava-se à tesoura as linhas das castas. Com a borracha iam os senhores doutores, os senhores professores, e os senhores engenheiros. Por decreto proibiam-se os apelidos do Espírito Santo, os Bobones, e os Burnays.

Haveria confusão, da boa. O senhor Oliveira e o senhor Sales, a GNR e o Diário de Notícias, não tinham como catalogar e arquivar o fulano. Será amigo ou inimigo, alinhado ou inconsequente? Talvez assim se ouvissem argumentos em vez de procurar caras e apelidos.

Parva esquerda esta que se conhece toda sem se querer conhecer.

 

Serviço Público

 

Sr. Contente e Sr. Feliz

06 novembro 2007

 

Ainda o dar a cara


Parece que revelar ou não a identidade dá ainda que falar.

"O anonimato não promove apenas a irresponsabilidade (no que o termo tem de mais profundo), ou a inconsequência, ou tráfico de opinião impossível de identificar. Promove a desonestidade no debate" (Daniel Oliveira em comentário no Spectrum)

A mim continua a soar a "estou aqui de peito aberto" a la Santana Lopes...

 

Fazer a notícia


Ao ler a notícia do Público de hoje, sobre o pseudo-confronto no Parlamento entre Sócrates e Santana Lopes, fico com a dúvida se colocaram um artigo de opinião no lugar de uma notícia. Fico a lembrar a não-notícia que tanto ofendeu Santana Lopes (chegada de Mourinho ao aeroporto) e o facto de Santana ser provavelmente o maior gerador de não-notícias do país. O problema é que a nós não nos é dada a hipótese de questionar a jornalista, levantar e sair porta fora.

Algumas pérolas:

"O perigo, segundo alguns, será que Santana toque nalgum ponto sensível que leve o primeiro-ministro a perder a cabeça e a tornar-se irascível. E o conselho que lhe é dado é que faça como Ulisses no mar de sereias: que se amarre ao mastro."

(quem são estes alguns? Os amigos que se encontraram ontem na Cervejaria Trindade para discutir política nacional e literatura grega antiga?)

"Já Santana Lopes criou um núcleo de aconselhamento com deputados como Patinha Antão, Hugo Velosa e Rosário Águas, além de fazer contactos com professores de economia."

(bem, se o Patinha está metido nisto, tudo para as trincheiras - depois de naturalmente se amarrar o Sócrates ao mastro...)


05 novembro 2007

 

Pequeninos...


Com a guerra civil nas estradas, já era tempo de se fazer o mesmo por cá...



(retirado do jumento)

02 novembro 2007

 

O perigo da comédia


Ele só pediu para ser candidato numa das primárias. Ele só pediu para se candidatar no seu estado berço da Carolina do Sul. Mas não o deixaram, treze contra três. Stephen Colbert afinal não vai debater Clinton ou Obama, não vai humilhar os pequenos e grandes candidatos com uma boa votação junto dos militantes.

A liderança do partido Democrata da Carolina do Sul, justificou-se dizendo que: "He's really trying to use South Carolina Democrats as suckers so he can further a comedy routine", que é mais ou menos “este gajo queria abusar de nós para fazer comédia.” Com o gesto determinado, os Democratas querem garantir à audiência que o seu partido é a sério. A piada é que essa rábula não engana ninguém.

 

Dinastia

Há quem declare Hillary Clinton a indiscutível vencedora das primárias Democratas à Presidência. A CNN dá 51% dos votos democratas para Clinton, o dobro de Obama que segue em segundo. Clinton tem ainda vantagem sobre Giuliani o provável vencedor do campo Republicano. Assim se adivinha a continuação dinástica.

Bush-pai foi eleito Vice-Presidente em 1980, depois foi Presidente, depois veio Clinton-esposo por dois mandatos, depois Bush-filho por outros dois, e agora Clinton-esposa. Quarenta por cento dos Americanos nunca conheceram a Casa Branca sem um Bush ou Clinton em residência.

A dinastia politica não é inovação recente. É um prezado artefacto do capitalismo e democracia ianque e de todas as sociedades onde a ascensão social e o mérito são um spot publicitário, jamais uma realidade. A dinastia é um instrumento do status quo para controlar incerteza. É eficiente para quem tem poder e interesses investidos na gestão do governo federal, criar relações duradoiras. Um Clinton não vai atentar contra a paz dos negócios e do lucro, nem revolucionar a política externa, vai manter tudo como está. Não haverá surpresas ou sublevações.

O que também não há é visão e programa político. O último debate das primárias Democratas viu os primeiros ataques dos candidatos a Hillary, a que ela não soube responder. Talvez a arte prezada pelo sistema dinástico seja a capacidade de sobreviver ao ataque, a sua inviolabilidade. Afinal o seu papel é o de democraticamente violar a democracia.

01 novembro 2007

 

Dizem-me que sou abstracto...



 

Humor com slides




Demetri Martin é o mais curioso dos correspondentes do Daily Show.

 

Quem é amigo quem é?



   

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