02 novembro 2007

 

Dinastia

Há quem declare Hillary Clinton a indiscutível vencedora das primárias Democratas à Presidência. A CNN dá 51% dos votos democratas para Clinton, o dobro de Obama que segue em segundo. Clinton tem ainda vantagem sobre Giuliani o provável vencedor do campo Republicano. Assim se adivinha a continuação dinástica.

Bush-pai foi eleito Vice-Presidente em 1980, depois foi Presidente, depois veio Clinton-esposo por dois mandatos, depois Bush-filho por outros dois, e agora Clinton-esposa. Quarenta por cento dos Americanos nunca conheceram a Casa Branca sem um Bush ou Clinton em residência.

A dinastia politica não é inovação recente. É um prezado artefacto do capitalismo e democracia ianque e de todas as sociedades onde a ascensão social e o mérito são um spot publicitário, jamais uma realidade. A dinastia é um instrumento do status quo para controlar incerteza. É eficiente para quem tem poder e interesses investidos na gestão do governo federal, criar relações duradoiras. Um Clinton não vai atentar contra a paz dos negócios e do lucro, nem revolucionar a política externa, vai manter tudo como está. Não haverá surpresas ou sublevações.

O que também não há é visão e programa político. O último debate das primárias Democratas viu os primeiros ataques dos candidatos a Hillary, a que ela não soube responder. Talvez a arte prezada pelo sistema dinástico seja a capacidade de sobreviver ao ataque, a sua inviolabilidade. Afinal o seu papel é o de democraticamente violar a democracia.

Comments:
mas tb há dinastias em regimes ditos progressistas
 
ditos e desditos...
 
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