13 novembro 2007

 

O post mais fútil do ano


A moda dita o que muita gente veste e calça neste mundo. Mas também dita o que não se veste e não se calça. Não porque haja declarações abertas sobre o que fica bem ou fica mal numa estação, mas porque qualquer alternativa desaparece imediatamente das prateleiras.

A busca era simples: um par de botas pelo tornozelo, sem salto e com atacadores à frente. Havia uns factores a complicar a coisa, como serem de cor preta e terem um ar desportivo. No fundo, queria-se umas botas maneirinhas que não tivessem um ar descaradamente de sapato de senhora.

Missão impossível. Não só pelas prateleiras espartanas – “o que está exposto é o que há”, pois rareiam as sapatarias com mais variedade guardada para o atendimento personalizado – mas pela pouquíssima diversidade.

Mas a pérola estava guardada: vi AS BOTAS. Estas eram AS BOTAS que me enchiam o olho. Numa sapataria com sapatos de mulher no lado esquerdo, e de homem no lado direito, as minhas BOTAS estavam... do lado direito. Eram lindas de morrer, juro-vos.

Não demovida por serem classificadas como de homem, dirigi-me a uma empregada e perguntei se tinham daquelas em 38-39 (agora o Daniel Oliveira já sabe o que calço!). A senhora fez um ar surpreso e quase ofendido, e respondeu: “mas aqueles são sapatos de homem! Só temos a partir do 40.”

Eu fiquei especada durante um longo segundo, dei meia volta, pus a bota no lugar e fui-me embora. Não triste por não ter as botas que tanto desejava (e que até podia pagar), não assim tão desiludida quanto isso com a moda e as suas imposições, não chateada com a senhora que acha uma anormalidade uma mulher ter gostado de um par de sapatos de homem. Mas tão só e simplesmente com pena dos homens que calçam abaixo de 40... É que AS BOTAS eram mesmo lindas.



   

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