08 abril 2008
oBiToque fechou.
Não, não foi a ASAE que veio trancar o tasco. Somos nós que vamos para coisas novas e com outro tempo para coisas velhas. Foi bom, gostámos e esperamos que vocês também.
07 abril 2008
Estão atentos? Nós também!
"A convocação de manifestações e acções de rua através de sms é uma nova realidade que já chamou a atenção das autoridades. "Estamos atentos", diz Dalila Araújo, governadora civil de Lisboa.(...) [C]om esta nova forma de convocar as pessoas para acções desta natureza corre-se o risco de as pessoas estarem a ser chamadas à participação em actos de reivindicação, ou não, que não têm um rosto que se identifique." Dalila Araújo alerta para os perigos. "As pessoas não sabem ao que vão, até se pode tratar de actos terroristas e elas ignoram." (in DN)
A domadora
Dalila Araújo, governadora civil de Lisboa, mostra-se aqui uma zelosa fiscal da Constituição da República. Chega a ser comovente a forma como ela se preocupa em cumprir todas as alíneas da lei. Pena fazer parte de um sistema repressivo que tem infringido sistematicamente esta ou pelo menos o seu espírito. Das polícias cada vez mais musculada às visitas à escola, parece haver fartura. Mais, recentemente soube que não são só os professores que a polícia costuma visitar na escola. Parece que agora também costumam visitar as Associações de Estudantes do Ensino Secundário. Para saber de manifs e coisas tal...
Intimidar putos dar-lhes-á mais tesão ou de pequenino é que se torce o pepino?
Peso morto
Esta notícia é uma verdadeira fonte de informação de como o nosso dinheiro é gasto. Começa por nos contar como os nossos tanques não têm a mobilidade necessária para responder à iminente invasão. Parece que as pontes mais perto não aguentam com tanto peso. Mais grave, vamos comprar 37 carros de combate Leopard 2A6 (aí é que ninguém se mete connosco) pela pechincha de 52 milhões de euros mas que ainda são mais pesados. A solução proposta aquando do reinado de Paulo Portas (devidamente fotocopiada, de certeza) era construir uma ponte em Constância. Mais ponte menos ponte...
Como o profeta dizia...
05 abril 2008
Fotografias de plástico
Os bonequinhos do Lego são muito engraçados. Consegue-se fazer tudo com eles. Tenho uns com mais de 20 anos e se eu tenho rugas (poucas!), eles não têm nenhuma. As maravilhas do plástico!
No site do Guardian há uma exposição de fotografias célebres re-encenadas com bonecos Lego a substituir os bonecos de carne. As fotos escolhidas são icónicas. De tão revistas em posters e livros ganharam um significado que nada tem a ver com a realidade (encenada ou não) que representam.
Plastificar as imagens com Lego reinforça este afastamento do real. Mas se por um lado o Lego nos afasta das pessoas e situações fotografadas, por outro, o Lego, que é algo que conhecemos e tocamos, aproxima-nos da imagem.
Mas então sinto-me mais à vontade com o que não é real?
04 abril 2008
Um país infantil?
A menina com nome de pedra preciosa está de novo nas notícias. Esmeralda é outra vez objecto de repelões retóricos e físicos. No último episódio da novela, foi a menina que não quis sair do carro enquanto o pai biológico era sujeito a insultos de populares. Neste caso reina o obstuso histerismo, os folhetins escrevem volumes com carregada convição e determinado moralismo. Portugal foi chamado a testemunhar na litigação. A decidir que pais merecem mais o afecto da crianca: os biólogicos (carnais, obreiros, incertos, sujos) ou os adoptivos (afectuosos, dedicados, seguros, puros). Tudo se mistura neste caldo: classe, religião, moralidade, justiça, romance. Todas as objeções e protestos se concentram e explodem.
Deixou de me chocar este exagerado apego à infância e a sua proteção. É parte da bagagem que Portugal herdou do catolicismo e que assumiu como obcessão hipócrita. Porque enquanto colectivamente choramos a sorte da preciosa Esmeralda, o abuso real das crianças que trabalham, das que se prostituem, continua invisível.
02 abril 2008
Flavivirus e Bushivirus
O mosquito do dengue faz as notícias vindas do Brasil. Mas um problema maior preocupa Lula – a crise económica. Esta não é transmitida pelo mosquito tropical, mas pelo moscardo norte-americano. E assim, no Forúm Brasil-México, Lula enviou um recado:
"Ô Bush, o problema é o seguinte, meu filho, nós ficamos 26 anos sem crescer. Agora que a gente está crescendo vocês vêm atrapalhar, pô. Resolve a tua crise".
"Qual é o problema? Quando eles crescem, a gente cresce um pouquinho. Quando eles caem um pouquinho, nós caímos um montão. Nós estamos de olho para que o Brasil e os países que estão crescendo na América Latina não sejam vítimas da crise americana".
A ver se Lula dá conta desta mosca varejeira.
31 março 2008
Acenando ao povo
28 março 2008
Westergaard versus Wilders
O vídeo de Geert Wilders, disponível aqui e comentado aqui, já gera as primeiras reacções... de um dos cartoonistas dinamarqueses. Kurt Westergaard, o cartoonista responsável pelo desenho de Maomé com um turbante-bomba, já mostrou a intenção de processar o político holandês pelo uso do seu cartoon no filme:
"Wilders has the right to make his movie but he has not permission to use my drawing (...) . This has nothing to do with freedom of speech, (...) I will not accept my cartoon being taken out of its original context and used in a completely different one."
P.S: tentem repetir o título do post 3 vezes de seguida rapidamente...
26 março 2008
Bailarico
Parece que no fim de semana há bailarico na aldeia de Lisboa.
Para quem queira começar já hoje fica aqui com Danças Húngaras por Charles Chaplin.
O banho maria das percentagens
Passámos o início do ano a discutir os 1,8% de crescimento, ou até os apoteóticos 1,9%, com cuidado que no primeiro trimestre o crescimento poderá ser inferior em 0.4% em relação ao trimestre passado,... hoje ficamos a saber que o défice em vez de 3,0%, será de 2,6%. Continuamos em 2,4% para 2008, mas o IVA já irá baixar de 21,0% para 20,0%. Isto com a inflação a ser prevista em 2,2%, possivelmente 2,6% ou até muito mais perto dos 3,0% se os mercados continuarem como estão... não esquecendo o desemprego que poderá variar entre os 7,4-7,8%...
Qual é a conclusão possível?
Na melhor das hipóteses, 2008 há-de ser uns 0,4% diferente de 2007...*
*- estas são as minhas previsões, não sei o INE ou o Banco de Portugal têm outras expectativas...
25 março 2008
Crise faz parte do passado, pois...
"O primeiro-ministro, José Sócrates, reafirmou hoje que a crise orçamental portuguesa "está ultrapassada" e os factores que a motivaram "estão resolvidos", garantindo que pela primeira vez tal foi possível sem comprometer o crescimento económico." ["Falando em Famalicão, durante a sessão de apresentação do Plano Estratégico para a Indústria Têxtil e Vestuário 2007-2013"] (in Público)
Big Jim, já não precisamos de comer a bota!
Mudar de Vida
O Jornal Mudar de Vida continua a apostar na informação militante, marcando a diferença para a cinzenta imprensa tradicional, justificada pela dita imparcialidade dos media.
Neste número do periódico destacam-se a manifestação dos professores, a questão dos imigrantes, a política de (des)alojamento e as liquidações fraudulentas a nível nacional. Na secção internacional, o Iraque, a cumplicidade política e material de Portugal com a invasão, as eleições em Espanha e País Basco, e o Big Brother Ocidental merecem saliência.
Produzido por "jornalistas" sem carteira profissional, o jornal incentiva todos que queiram participar no seu projecto que enviem os seus contributos para o próximo número.
Número 6 do Mudar de Vida aqui.
24 março 2008
Lua de fel
Parece que a Direcção Geral de Contribuições e Impostos anda a enviar cartas a recém-casados para inquiri-los sobre os diversos serviços da sua cerimónia de forma a saber se estes foram devidamente contabilizados. Neste sector valioso a fuga aos impostos é grande e a DGCI parece querer a sua parte.
Para tal, propõe um extenso questionário aos ex-noivos e, por exemplo, incita-os a revelar quantos outros casamentos estavam a haver em simultâneo. Para além de um discurso "pedagógico", avança-se com a possibilidade de pagamento de coima (100-250 euros) caso falhem ao "dever de colaboração consagrado" na lei. Isto é, já que nós não somos capazes de fazer o nosso trabalho, façam vocês por nós. De recém-casados a delatores vai uma carta...
22 março 2008
Verbas para um dia
"Os Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) vai disponibilizar verbas para as comemorações do Dia Internacional dos Museus, a 18 de Maio, mas o montante está "ainda a ser definido" com o Ministério da Cultura, disse ao DN o director daquele organismo, Manuel Bairrão Oleiro." (in DN)
Os museus (e a cultura em geral) lutam pela sobrevivência. Alas encerradas, exposições por mostrar, e más condições para quem trabalha. Mas felizmente há dinheiro pelo menos para um dia...
Privações na Quaresma
""Renunciar é um exercício de liberdade." A frase, provocadora, é de Luís, católico de 54 anos, que escolheu privar-se do álcool e dos jogos de futebol na televisão."
"Ao lado, Maria, mulher de Luís, vai enumerando as suas renúncias (...). A tentação foi sempre vencida, diz, mesmo quando da loja onde habitualmente compra roupa ligaram a perguntar porque não tem aparecido. "Primeiro não expliquei. Mas a senhora insistiu e lá respondi: desculpe mas na Quaresma não faço compras!", relata."
(a Quaresma abrange 40 dias que antecedem a Páscoa; retirado de DN)
21 março 2008
Help!
Todos conhecem o Help dos Beatles.
Houve outras versões conhecidas, nomeadamente a das Bananarama. Recomendo vivamente um videoclip peculiar com umas participantes especiais: as cómicas Dawn French e Jennifer Saunders.
20 março 2008
All together now
Como é comum nos aniversários, a entrada no sexto ano da Guerra no Iraque foi marcada por discursos solenes.
Apesar de todos os estudos concluírem aquilo que já sabíamos – que não havia ligação entre o governo de Saddam e os “terroristas islâmicos” – Bush não se retraiu em usar a palavra “terrorista” 20 vezes e fazer 15 referências à Al Qaeda no seu discurso de 25 minutos de ontem. Ainda se atreveu a falar na “libertação do povo iraquiano”, da “democracia no coração do Médio Oriente” que “servirá de exemplo a outros”.
Obama escolheu a base militar da Carolina do Norte (que tem as primárias em Maio) para a celebração. Relembrou-nos do seu comprometimento com a “guerra ao terrorismo”, dizendo que “precisamos de uma estratégia pragmática que se foque nos nossos inimigos reais”.
Dias antes, Clinton fez saber que reduzirá o número de tropas presentes no Iraque “de forma responsável e cuidadosa”. Elogiou o exército norte-americano que ofereceu aos iraquianos “o precioso presente da liberdade”. Cínica, como é costume, ainda disse que os EUA não podem “ganhar a guerra civil” iraquiana.
McCain balbuciou que “a América e os nossos aliados estão à beira de conseguir uma grande vitória contra o extremismo radical islâmico”.
Já não importa o encobrimento, as mentiras ou o tamanho do crime. O Iraque tornou-se um desastre para o governo norte-americano, totalmente desacreditado aos olhos da humanidade.
5 anos
3 000 tonelas de urânio lançadas
60 000 presos políticos
1 000 000 de mortos
4 000 000 de refugiados
11 000 000 de desempregados
1 000 000 000 000 de dólares gastos
0 razões para a ocupação
19 março 2008
O sucesso por George W. Bush
"Êxito que está a ser vivido no Iraque é inegável" (George W. Bush)
"Deslocados no Iraque ou refugiados nos países vizinhos estão hoje milhões de iraquianos - quase um em 5 ou 5,1 milhões de uma população estimada em 27 milhões." (in Público)
18 março 2008
Murteira ... Nabo e Genial
Ele tem um dedo no pulso dos economistas como Bastonário da Ordem dos Economistas. Ele tem a mão no bolso dos portugueses enquanto Presidente do Conselho de Administração da Galp. Ele tem o braço na porta do poder político, ex-vereador, secretário e ministro de Estado, emissário ao oriente macaense.
Ontem nos Prós e Contras, ai pelo minuto 11 ou 12, os ânimos começaram a mover-se numa espiral de crescente optimismo face à situação económica. A cada ronda de comentários dos participantes engrossava o elogio dirigido aos presentes e a si próprios. Embriegado pelo optimismo, Murteira Nabo soltou a língua. Lembrou que há três anos a Galp estava em aparente crise mas que hoje e apesar da fraca prestação da economia portuguesa, cintila de crescimento e lucro.
Magicamente, entre 2005 e 2006 a contribuição percentual do sector “energético” nas exportações nacionais duplicou. Magicamente, o principal mercado para estas exportações foram os EUA.
O que aconteceu de tão decisivo nesse ano de 2005? O Ministro da Economia, Manuel Pinho, sentado no paínel dos Prós e Contras escolheu Murteira Nabo na audiência dos Prós e Contras para Presidir à gasolineira. Em 2005 também, o furacão Katrina dizimou a cidade de Nova Orleães e o grosso das refinarias Norte Americanas, localizadas no Golfo para aceder facilmente ao Atlântico e ao petróleo Texano. Da noite para o dia, Portugal sem petróleo tornou-se exportador de gasolinas. Produzir furacões para eliminar a concorrência é um modelo de gestão dramático e arriscado, e que não consta dos manuais. E nos EUA, poucos reconhecem que por detrás da calamidade natural estava a genialidade de um português. Ontem nos Prós e Contras a verdade sobre o empreendedorismo nacional foi revelada.
Avaliação
A ministra da educação foi convidada a ir à Assembleia da República (AR) para esclarecer a AR sobre determinados assuntos. Resolveu ignorar a maioria das perguntas dos deputados, respondendo com o que bem lhe apetecia. O CDS-PP ainda terá tido a sorte de ver a ministra responder-lhe a três das nove perguntas. Já PCP e BE não tiveram a mesma sorte...
Ana Drago disse que a ministra "não quer ou não sabe dar respostas". Em qualquer avaliação tal corresponde a um CHUMBO! (in Sapo).
Revisão da matéria dada
Evidente, meu caro Watson
"Os funcionários públicos gozavam de muitos privilégios face aos trabalhadores do sector privado" Vital Moreira (in Público)
Agora estamos todos (não bem todos...) na miséria fransciscana.
Ciência?
"A empresa de robótica Boston Dynamics disponibilizou no YouTube um vídeo onde mostra por que ganhou os 10 milhões do prémio DARPA (a principal agência de investigação e desenvolvimento do Departamento de Defesa dos EUA)": "Robô quadrúpede consegue andar, correr e saltar." (Vídeo no Público)
Agora só falta instalar as armas e está pronto...
Brincando, brincando...
Uma série de meninos encontraram-se para brincar às secretas. Entre outras coisas engraçadíssimas, o menino/ministro Rui Pereira disse que a punição da apologia ao terrorismo "só será transformado em lei [crime] quando essas directivas estiverem aprovadas. "Estaremos atentos à evolução europeia", disse. "Não podemos ficar quietos."
Tão urgente que o assunto é, que fica à espera dos ditames de Bruxelas. Assim, ao menos podem preparar os memorandos necessários para avisar as polícias que desta vez não necessitam de ir às escolas...
(Genial, genial também é esta: "[O ministor u]sou para o referir a expressão inglesa pelo qual é conhecido, visto ser difícil a tradução plena em português: "Conspiracy".")
À mesa...
Num restaurante, amigos sentam-se à mesa e preparam-se para fazer o pedido. Cada um já sabe, à bela tradição portuguesa, parte da conta será dividida.
O social-democrata defende que os pratos poderão ser divididos, mas quem quiser comer entradas que as pague à parte. Cafés e sobremesas, a mesma medida. No final, perde-se meia-hora a fazer as contas às entradas, cafés e outros bens que tais. Alguns dos convivas, entretanto, saíram para fumar uns cigarros e ficou-se sem saber em que pé ficou a conta. O "tesoureiro" paga a diferença.
O conservador não acha nada bem dividir a conta, cada um que pague o que comer. O vinho, no entanto, não se pudendo medir ao copo, será dividido. As garrafas de vinho passam a noite retidas num lado da mesa.
O comunista aposta no consenso. Tudo será dividido mas há que organizar um sistema. 3 pratos para cada 2 pessoas? Quantas entradas? Meia hora mais tarde, "toda a gente a favor"? A ninguém é permitido comer um prato sozinho e o vinho é tudo menos consensual.
Facebook, cara de pau
Colonos israelitas que ocupam ilegalmente a Palestina ganharam o direito de indicar no Facebook que habitam em Israel. Esta nova modalidade inclui os colonatos de Maale Adumim, Beitar Illit e Ariel na Cisjordânia. Um dos colonos disse: “Não vivemos na Palestina, ninguém vive na Palestina”. E assim, passa a ser território israelita.
O Facebook achou que os colonos tinham pedido pouco e ofereceu também a Israel a cidade de Hebron, onde vivem 400 israelitas e 150 000 palestinianos.
Numa altura em que Israel aterroriza os palestinianos, esta decisão é indicativa da política do Facebook. Tal como já tinha sido indicativo o “incidente” que levou o movimento de esquerda MoveOn a ser censurado nas páginas do Facebook. Ou o facto de um dos três membros do conselho da administração, Peter Thiel, ser um neoconservador, que se descreve como “Reaganite/Thatcherite”.
Querem apagar a Palestina do mapa, de papel e virtual, mas entretanto resistente, a Palestina existe!
Rigor
António Mexia, Presidente da EDP, diz nos Prós e Contras que as pessoas têm de reconhecer que estão constantemente a ser avaliadas - pequeno silêncio e o enfâse - há quem queira ser avaliado, diz o gestor. É a orgulhosa convicção atirada ao serviço público que no sector privado há rigor e exigência.
Para confirmar o mito nem preciso evocar a história dos vários tachos, panelas e cataplanas com que os gestores portugueses mudam de empresa e gabinete mas mantêm o salário, em confortável convívio com o poder público e partidário. Falemos do Jardim do Liberalismo e do Empreendedorismo, dos EUA, onde Stan O’Neall depois de ter estoirado 7.9 biliões de dólares à Merrill Lynch, partiu para a reforma com 159 milhões de dólares de indemnização. Também eu quero um pouco desta meritocracia.
17 março 2008
Banco central salva-nos!!!
O público já cá esteve...
O melhor programa da rádio é o Fórum da TSF. O melhor programa da TV (em cabo) é o Opinião Pública da SIC Notícias. Ambos oferecem a rara jóia da opinião sem freios, grosseiramente talhada. Os contributos populares que telefonam comungam na rabugenta indignação de quem está fechado em casa e se sente por isso mesmo excluído da acção diária da vida pública. O tema de hoje no Opinião Pública são os trinta anos de poder madeirense de Alberto João. E aqueles que o chamam um inferior ditador latino-Americano falam ao lado que quem vê um visionário homem do povo.
Enquanto o público profere telefonicamente, a repórter e o convidado da Sic Notícias escrevinham umas notas nervosas, cabeça baixa para esconder os movimentos involuntários da face: o espanto nos olhos arregalados, o torcer do lábio revoltado e o enrugar horrorizado da testa. O público fala sem interrupção. A conversa entre o repórter e o convidado do programa não é uma interacção com o público anónimo e voluntarioso, eles reservam uma conversa sua com perguntas e respostas estudadas. Estes programas que formalmente seriam momentos de oscultação popular sem mediação, de multiplicação das vozes, tornam-se um espelho do desprezo político pelo popular. O povo fala alto, zangado, e ouve-se, mas ninguém segue a conversa.
15 março 2008
De mãos nuas?
A súcia de parasitas que manda em Portugal tem governo, fazedores-de-opinião e polícias no bolso como eficazes cães-de-guarda para disciplinar quem trabalha. Exemplos acumulam-se e, ao contrário do que alguns (inclusivamente à esquerda) defendem, não se os podem separar.
O governo tem preparado a entrega de numerosas áreas económicas para os grandes grupos económicos em oposição aos pequenos capitalistas até aqui prevalentes. Das actividades da ASAE, à Saúde com as suas parcerias Público-Privadas, ou o encerramento de lares tudo caminha na mesma direcção. Mais importante, perante a crise que já vai longa, o governo tem garantido a disponibilidade do músculo necessário para reprimir protestos mais efusivos.
Os fazedores-de-opinião para além de mentiras, distracções ou mesmo de agressões mais gratuitas (como se pôde ver aquando da recente manif de professores), tentam constantemente condicionar as reacções à política governamental. As polícias, essas, têm feito visitas de cortesia a sindicatos, condenado sindicalistas, reprimido manifs e piquetes de greve (1 e 2).
Perante este exército bem armado e financiado, encontramo-nos de mãos nuas com os nossos calos e tendinites. Por enquanto...
Ou talvez não...
Em abono da verdade, sindicatos, partidos de esquerda e movimentos sociais têm tentado inverter a tendência. De vez em quando melhor, de vez em quando pior, a resistência tem procedido das mais diferentes formas. Tal tem atrasado a implementação da agenda parasítica, mas tem sido incapaz de criar os seus próprios espaços alternativos, de construir dinâmicas criativas.
Muito também por culpa de cada um de nós. Mais importante do que participar em manifestações e quejandos, muitos portugueses perderam a capacidade de indignação e de lutar no dia-a-dia. Todas as coisas pequenas à nossa volta que determinam a forma como vivemos. Qual de nós nunca viu comportamentos indecentes, corruptos ou desumanos contra si ou outros e foi-se ficando... Só isso permite que PSD e PS vão fornecendo com impunidade os banquetes a uns, enquanto nós agradecemos pelas migalhas que nos cabem.
Reclamar as nossas vidas implica um compromisso com a dignidade que queremos para estas e o respeito que exigimos para todos. Por emprego e pela estabilidade de um projecto de vida, contra a discriminação e opressão.
14 março 2008
Grande bronca
O banco de investimento Bear Stearns, um dos gigantes, caiu redondo com a crise financeira. A JPMorgan e a Reserva Federal Americana correm para amparar. A realeza bancária e o organismo público cooperantes pela verticalidade da finança.
Depois de jogarem os seus fundos na ânsia de margens sempre crescentes, a finança recebe fundos públicos para compensar as perdas. Os que ainda tem liquidez apostam o dinheiro no petróleo e nas matérias primas, produzindo inflação para todos.
Argumentam os analistas que proteger a finança da bancarrota é necessário para evitar a recessão. Mas o que causa a recessão é a exigência financeira que as más hipotecas sejam pagas, e o aumento de custos industriais nascidos da escalada dos preços das matérias primas. A recessão é um custo do programa de salvação financeiro.
No altar capitalista, o habitual ritual, empregos e poder de compra são sacrificados em homenagem ao capital.
Perigo!
13 março 2008
Intelligent Design for dummies
12 março 2008
Dúvidas I
Jovem e agora o que vais fazer com o teu futuro, com a tua vida?
Tenho apenas uma palavra para te dizer:
Dúvidas II
Em alternativa, jovem, tens sempre a possibildade de te alistar...
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