06 abril 2006

 

Uma vez mais terrorismo social



Terrorismo – “é o uso de violência, física ou psicológica, por indivíduos, ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida. Entende-se, no entanto, que uma dada ordem pública também possa ser terrorista na medida em que faça uso dos mesmos meios, a violência, para atingir seus fins.” (Wikipedia)*

aqui escrevi sobre as últimas modalidades de terrorismo social praticado pelo Governo de Sócrates.

No entanto, tal parece não os satisfazer. O mandato ainda vai no princípio e sem eleições à vista, preparam-se para continuar a bater nos mesmos. Agora o Governo propõe-se livrar-nos de uns tantos milhares de “perniciosos” funcionários públicos. Antes das reuniões com os parceiros sociais os números em avaliação foram ventilados para a comunicação social como arma de intimidação de trabalhadores e sindicatos – já que objectivos dos futuros organismos continuam por definir. Como só uma parte destes trabalhadores será efectivamente considerada supranumerária, todos são convidados a portarem-se bem nos próximos tempos. Na prática, isto apenas é uma medida de terrorismo social. Os que saiem são rotulados como redundantes, enquanto os que ficam devem agradecer a benevolência.

Mas de quantos funcionários estamos a falar? A tabela apresenta os dados por diferentes ministérios. São mais de 75 mil trabalhadores em avaliação dos 181 mil considerados. A percentagem de trabalhadores em avaliação chega a mais de 90% dos trabalhadores do quadro em diferentes ministérios!

Toda esta forma de agir só pode lançar o pânico entre os trabalhadores envolvidos. Para além disso, o problema central da Administração Pública continua por resolver. Muitos dos que agora são ameaçados com a porta da rua não foram os que criaram estruturas duplas ou triplas para fazer as mesmas coisas ao longo dos anos. Não foram também eles que em vez de aproveitarem os funcionários existentes, preferem pagar somas milionárias a empresas privadas por trabalhos regulares. Diga-se também que o senso comum de que o funcionário público não quer trabalhar por preguiça é falso. Tal é devido a chefias corruptas e incompetentes que não distribuem tarefas pelos funcionários e chegam a castigar quem tenha iniciativa. Após anos desta vergonha é natural que se fomentem vícios.

É natural que muitos dos que votaram no Partido dito Socialista se sintam agora defraudados. Pode ser que agora se indignem e lutem por um país melhor. Pode ser que na próxima eleição se lembrem e não contribuam para o centrão que há décadas nos leva ao desastre. Olhem para outras alternativas (mesmo que tímidas) à esquerda, ou então que criem outras, mas que não se deixem voltar a enganar. Quem se deixa enganar uma vez está desculpado, quem se deixa enganar duas vezes é ingénuo, mas quem se deixa enganar outra vez está a pedir...

* Esta definição é questionável nomeadamente por não esclarecer a questão do “terror”, raiz da palavra, mas por hoje aceitemo-la.



   

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