05 fevereiro 2008
Neo-colonialismo
A Taça das Nações Africanas reúne 16 das melhores equipas do continente. O futebol praticado, do melhor que tenho visto, varia de técnico ao musculado, até a rápido. O fantástico futebol de excelentes jogadores é comandado por treinadores na sua maioria europeus. Estes novos colonizadores são na sua maioria franceses (7) e alemães (3), mais um holandês e outro brasileiro. Apenas 4 treinadores principais são africanos (a lista completa encontra-se em baixo).
Estes novos colonizadores são trazidos e pagos a peso de ouro pela vontade das próprias federações africanas, muitas vezes numa semi-continuidade da herança colonial. Mas nem todos são iguais. Uns adquiriram ao longo dos anos um profundo conhecimento do futebol africano, alguns por paixão, uns por dinheiro, outros por incapacidade de encontrar outros destinos. No entanto, já pouco ou nada têm para dar a um futebol que se foi modificando também pela sua influência. Agora, limitam-se a saltar de equipa em equipa, despedidos por insucesso numa equipa, mas rapidamente contratados pela seguinte.
Outros são apenas recém-convertidos mercenários. Desde que pagos suficiente dinheiro, aceitam empregos para o qual não estão talhados, levando ao falhanço um futebol para o qual nada têm a dar. Exemplos crassos são o de Berti Vogts para a Nigéria (!!!) ou o de Carlos Alberto Parreira para a África do Sul.
Entretanto, a liderança africana fica adiada para melhores tempos, até que os olhos se abram ou os bolsos fiquem vazios. Que pelo menos os exemplos das quatro excepções não fiquem esquecidos já que qualquer uma jogou belíssimo futebol. O sólido Egipto continua para as meias-finais, enquanto Angola caiu só nos quartos-de-final frente ao ex-campeão africano (o Egipto). A Zâmbia chegou a lutar pelo apuramento para as eliminatórias mas acabou por ficar-se pela fase de grupos, enquanto o Sudão, apesar de sempre goleado, apresentou um futebol extremamente apelativo.
Gana: Claude Le Roy (França); Guiné: Robert Nouzaret (França); Marrocos: Henri Michel (França); Namíbia: Arie Schans (Holanda); Nigéria: Berti Vogts (Alemanha); Costa do Marfim: Gerard Gili (França); Mali: Jean-François Jodar (França); Benim: Reinhard Fabisch (Alemanha); Egypt: Hassan Shehata (EGIPTO); Camarões: Otto Pfister (Alemanha); Zâmbia: Patrick Phiri (ZÂMBIA); Sudão: Mohamed Abdallah (SUDÃO); Tunísia: Roger Lemerre (França); Senegal: Henri Kasperczak (França); Africa do Sul: Carlos Alberto Parreira (Brasil); Angola: Luis Oliveira Gonçalves (ANGOLA).
Comments:
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Realmente é um escândalo. Ainda por cima tantos treinadores franceses...
Queria ver como é que era se a selecção francesa alinhasse com tantos jogadores africanos... ups!
Queria ver como é que era se a selecção francesa alinhasse com tantos jogadores africanos... ups!
Não há relação entre os assuntos.
Num, escolhe-se o país porque se nasceu lá ou passou muito tempo da infância.
No outro, o que interessa é que mesmo após a descolonização quem comanda continua a ser o branco europeu, por o preto não ter supostamente capacidade. Depois vão mudando de equipa, como se não houvesse outros para treinar.
Não é questão de somenos...
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Num, escolhe-se o país porque se nasceu lá ou passou muito tempo da infância.
No outro, o que interessa é que mesmo após a descolonização quem comanda continua a ser o branco europeu, por o preto não ter supostamente capacidade. Depois vão mudando de equipa, como se não houvesse outros para treinar.
Não é questão de somenos...
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