06 janeiro 2008

 

Louvor Americano


Os Estados Unidos são tudo o que Portugal devia ser. Sendo esta frase feita por um esquerdista convém lê-la com indirectas intenções.

Portugal não será a Califórnia ou a West Coast da Europa, ou outras múltiplas variações ao tema que têm fascinado a nossa fantasista elite. Tais associações só podem ser paródia de quem desconhece a economia do Oeste Americano (armamento e petróleo) e de quem pretende desfigurar o atraso económico português.

Onde Portugal devia ser mais Americano é no populismo. Apesar de uns pozinhos de indisciplinada inventividade, muitos vindos de um Portugal emigrado (Saramago, Rego, etc...), a cultura portuguesa é ditada por um vigilante e reacionário elitismo. A sua expressão máxima é o endeusamento da língua portuguesa. Os currículos escolares e até a TV, aceitam o papel de taxidermistas da língua. Apregoa-se o “falar bem português” como acto de conservação e usa-se o prontuário e a gramática como armas na luta de classes. O professor e o educado ensinam a ralé a falar, e tudo o que vem de baixo sobe conspurcado e inaceitável. O professor não tem nada a aprender com o dia-a-dia da população, e as suas soluções linguísticas para específicos e novos contextos sociais. O professor estuda a biblioteca para destilar um álcool puro de português e depois engarrafa as regras para engrossar a língua da malta.

Nos EUA admite-se que a língua seja aquilo que se fala e escreve lá por baixo. A American Dialect Society todos os anos elege uma ou várias palavras do ano, que surgiram em uso corrente e público mas que ainda não se registaram em dicionários. 2007: “Sub-prime”; 2006: “pluttoed”; 2005: “truthiness”. A expressão linguística é uma invenção social, e devíamos ser indiferentes quanto à origem de classe, género ou idade. Porque não é a imposta uniformidade da língua que garante a compreensão. Para nos entendermos precisamos somente de conversar e para isso é melhor despir o colete do cânone.

Comments:
Os puristas da língua horrorizam-me pois penso sempre que se exstissem ao tempo da primeira dinastia nós hoje falariamos (e escreveriamos) em latim.
Que horror...
 
Depende da situação...não me considero um purista da lingua, mas ainda assim garanto que NUNCA irei aplicar o tal acordo ortográfico e que só me dá vontade de correr ao estalo os putos k exkrevem tudo kom "k" e kom "x" mesmo que tal não implique economia de tempo ou de espaço.
 
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