12 janeiro 2008

 

A greve dos não produtivos


A Writers Guild of America, o sindicato dos argumentistas da televisão e cinema, está em greve desde 5 de Novembro de 2007. O sindicato exige uma percentagem sobre os rendimentos dos programas difundidos nos novos media, i.e. internet, cabo “on-demand” e telefone multimédia. O impacto da greve assiste-se na programação: os “late-shows” de variedades do horário nobre foram suspensos por quase dois meses e agora regressaram com improviso dos apresentadores (David Letterman é o único com argumentistas porque chegou a acordo com o sindicato), as séries deixaram de filmar novos episódios e repetem antigos. O vazio na programação foi preenchido por uma praga de concursos, reality shows e desporto. As produtoras cinematográficas abriram os baús e usam argumentos esquecidos. A cerimónia de prémios Globos de Ouro foi cancelada quando os actores em solidariedade com os argumentistas recusaram-se a aparecer.

Os produtores associados têm no seu sítio online um contador com os custos da greve e, dirigido aos grevistas, assinalam quanto lhes está a custar a paragem: 195 milhões de dólares em salários. A convidar divisões de classe, os produtores indicam também 336 milhões de dólares de perdas para os outros assalariados dos programas e filmes cancelados ou suspensos. O custo da greve pode ainda ser ampliado com as perdas das indústrias subsidiárias, estimado em 500 milhões a 2 de Janeiro. Os produtores não partilham contas do que eles estão a perder em lucros...



Vivemos na sociedade do espectáculo, onde o produto é virtual, a engenharia é digital e o ditador é a propriedade intelectual. E contudo neste mundo novo, pós-pós-moderno, o trabalho paraliza a etérea máquina. Uma greve de colarinho branco tem um impacto tremendo sobre a indústria no coração do império.

Comments:
Sera que a revolucao vai comecar nas artes? Quem diria!...
 
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