26 janeiro 2008
A corrida
O sistema eleitoral Americano é barroco, ornado em festa, rituais e histórias. A campanha das primárias começou em Junho e meio ano depois não se aprendeu nada. A nomeação continua indeterminada e o debate marca passo. A soma dos representantes que vão ao congresso em Agosto, é feita com fórmulas bizarras. (Ajuda ver o gráfico de resumo da CNN)
A cada dia novas sondagens alteram a hierarquia dos candidatos que ganham e perdem pontos como nos segundos entusiasmantes de uma corrida. Sobre estas irregularidades estatísticas os comentadores colam conteúdos, sugerindo que cada ponto ganho ou perdido tem um motivo, e cada etapa uma narrativa. Vejam-se os Democratas. Começou com a vitória anunciada da Clinton, contra a surpreendente vitória de Obama no Iowa. Durante uma semana foi retratado o merecido triunfalismo de Obama e o contrastante desespero da Clinton. Depois Clinton ganha New Hampshire, e passamos para uma história de uma Clinton nova e humanizada e de um Obama que imita os heróicos gestos de Martin Luther King, Jr. Obama perde o Nevada e a história para as primárias da Carolina de Sul é a campanha suja dos Clintons a querer fazer notar a juventude e negritude de Obama.
E apesar da banalidade, é emocionante. A emoção está na forma atlética do exercício. Os candidatos participam em 4 ou 5 encontros por dia, entre 3 cidades, às vezes em mais de um estado. Repetem-se nas frases e ideias sem raciocínio, mas sempre com sorrisos frescos e conversam com quem lhes estende a mão. É um mar de diferença para Portugal onde os políticos que julgam ter uma visão tão mais elevada do que a populaça, preferiam dispensar a troca de suores e hálitos da rua.
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