26 janeiro 2008
Choque monetário
O PS fez-se às eleições com a promessa de um choque tecnológico. Os eleitores, masoquistas, aceitaram submeter-se ao choque. Estes doutores ministros do terror, que encerram urgências, experimentam agora novos choques.
A decisão do governo de reduzir o rendimento da série B (a antiga) dos certificados de aforro é um choque monetário. Pelas contas do Diário Económico o rendimento passa de 3.72 para 2.79% uma quebra de 25%, mas contabilizando as novas regras dos prémios de permanência a 10 anos vai de 5.27% para 3.67% uma quebra de 30%. Quem fez contas à vida com as tabelas antigas foi subitamente roubado.
A motivação das finanças é explícita. O Estado decidiu que deve pagar menos pelas suas dívidas, contra aquilo que tinha acordado com os seus devedores. O Estado português não o faz com a dívida externa que contrata nos mercados financeiros internacionais, fá-lo com os contribuintes mais pobres nacionais. Assim garante os equilíbrios orçamentais do futuro.
Diz-se também que foi manobra para dar negócio à banca porque os certificados de aforro rendiam mais que os depósitos a prazo da banca. E assim a decisão premeia a banca que perante o aumento das taxas de juro internacionais nos últimos 3 anos pouco aumentou as taxas das poupanças.
Serve também o raciocínio de que este é um estimulo para o consumo. Mas penalizando desta forma a poupança e a riqueza das famílias, quem vai querer consumir? Nos EUA um partido dominado por uma ala neo-conservadora revê o código fiscal para devolver retroactivamente impostos e estimular o consumo. Em Portugal um partido socialista faz contas de merceeiro e trata a populaça com choques.
Comments:
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Pois.. Não me parece que o estimulo ao consumo tenha sido propriamente a bandeira política deste Governo, pois não? Que chatice.. O Governo vai ter de encontrar outra explicação.
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