07 janeiro 2008
Charlie Wilson’s War (2007)
Adivinhar as intenções de um autor, como todas as outras artes mágicas, é convidar o engano. As intenções do autor raramente contam na interpretação do público, e mais importante, não têm que contar, senão respiramos espartilhados.
Charlie Wilson's War, ou Jogos de Poder no título português, pode até pretender ser uma simpática e carinhosa narrativa sobre um político menor que, por acidente, assoma o palco da história e tem nele um papel cimeiro. Charlie Wilson, um congressista vindo de uma parte menor do Texas, terá sido o responsável pelo aumento do orçamento de contra-insurgência que sustentou a Jihad contra o exército vermelho no Afeganistão dos anos 80. Como é sabido o caldeirão que em lume alto cozinhou os novos inimigos prediletos do império: os Taliban e a Al Qaeda.
Aos meus olhos as peripécias de Wilson não o consagram nem absolvem. Wilson é um sujeitinho menor sem brilhantismo ou humanidade, levado pela força das vontades dos outros: uma magnata texana da extrema-direita cristã, um agente da CIA sedento de protagonismo, e o Presidente Paquistanês que quer cobrar portagem ao financiamento dos mujahedin. A política não é aqui inocente, nem bem intencionada vítima das circunstâncias. A política é meramente um veículo onde se inscrevem vontades ditatoriais. A política é patética. A política é podre.
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