16 dezembro 2007

 

Um ladrão de bicicletas na Madeira


P - Tem criticado muito o Governo por aquilo que chama de obsessão do défice. Acha que não fazem sentido as preocupações que o Governo central, desde os tempos de Durão Barroso e de Manuela Ferreira Leite, do seu partido tem tido com essa questão? Teria sido possível uma política alternativa?

R - Acho, e devia ter sido. Primeiro, sob o ponto de vista dos princípios, sou um neokeynesiano. Entendo que a política fiscal e a política financeira são um instrumento da economia, que a economia tem de se desenvolver, e que é pelo aumento da velocidade da circulação da moeda que se faz a sua distribuição, o que permite mais consumo, mais investimento e mais emprego, permitindo ao Estado não ter de recorrer a aumentos de impostos para adquirir receitas. Estes senhores estão a fazer tudo ao contrário. Pergunta se Portugal poderia ter outra política face à União Europeia? Foi mal negociado. Na primeira audiência em que o primeiro-ministro fez o favor de me receber, disse-lhe que não era possível um país como Portugal descer em três anos o défice para os objectivos definidos e que isso seria feito à custa de um grande sacrifício, de fortes traumas sociais e de muito desemprego. Portugal não podia aceitar. E na altura ainda tínhamos o direito de veto no seio da União Europeia... Uma política destas pode dar resultado num país mais rico, mas Portugal tinha de negociar o reequilíbrio do défice em dez anos. Não conseguiram.

(entrevista a Alberto João Jardim no DN)



   

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