04 dezembro 2007
O Chavez e a bomba nuclear
A ideologia é um hábito. Quando nos sentamos, cruzamos a perna ou para a esquerda ou para a direita. Ouvimos a mesma ladainha na rádio, e logo sabemos completar a cantiga. Todos os dias de cabeça baixa, palmilhamos o mesmo roteiro para o emprego. A repetição oferece conforto e segurança. A par com esses hábitos do corpo, há os hábitos da mente e a ideologia.
Ainda que antagonistas lancem acusações cruzadas de neo-liberalismos, islamofascismos, ou outros tantos ismos, o hábito mental de hoje é a “presunção de culpabilidade.” Chavez é culpado de ser ditador. Não o é ainda, então diz-se que exibe tendências. É um ditador em intenções, as nossas, e urge julgá-lo e condená-lo antes do facto. O Irão é culpado de ter armas nucleares. Não as tem, alias nem as tenta ter. Mas fica determinado que o Irão ameaça o mundo livre com um holocausto nuclear e por esse crime sem provas é eleito pária da comunidade internacional.
Como chegámos a esta habilidade de antecipar o criminoso antes do crime? Fomos habituados ao raciocínio. A invasão e ocupação do Iraque foi justificada como uma “preemptive war,” um acto de auto-defesa contra um ataque imaginário. As novas leis anti-terrorismo no Reino Unido e nos EUA permitem a prisão sem julgamento fundada em intuições policiais que dispensam exame jurídico. As detenções em Guantánamo e nas misteriosas bases e caves da tortura espalhadas pelo mundo, escusam-se ao escrutínio público. Garantem depois que estas detenções salvam-nos de atentados que ficam por realizar.
E assim repete-se: criminosos sem crimes, criminosos reflexos do preconceito, munidos de intenções que são nossas.
Comments:
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a pouca distância do pensar-crime, portanto.
não havia um filme de polícias que evitavam que os crimes acontecessem?
voi lá!
não havia um filme de polícias que evitavam que os crimes acontecessem?
voi lá!
Cabral, há uns meses uma data de gente foi espancada e presa pela PSP porque previu intenções: A Polícia já sabia da intenção de atacar a sede.
Isto vai desde as nações até aos cidadãos.
Jean-Charles Menezes foi brutalmente assassinado com 8 tiros na cara à queima roupa, sem aviso, quando estava sentado no metro a caminho do emprego porque " sabiam da sua intenção de fazer explodir "
O Minority Report está aí.
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Isto vai desde as nações até aos cidadãos.
Jean-Charles Menezes foi brutalmente assassinado com 8 tiros na cara à queima roupa, sem aviso, quando estava sentado no metro a caminho do emprego porque " sabiam da sua intenção de fazer explodir "
O Minority Report está aí.
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