02 dezembro 2007
Mani-festa
Há maneiras de ver: perspectivas. Há quem olhe para o futuro do presente. Há quem vistorie o passado. Há quem espreite entre países ou entre classes, olhar à volta.
Tive uma visão. Podia ter sido uma imagem na torrada ou uma luz no chuveiro, não foi, mas a medida paranormal foi semelhante. Vi que esta é uma era excepcional.
Todos os tempos têm de ser excepcionais para que se contem histórias. O que o nosso tem de extraordinário é uma explosão de indisciplina, vinda da cavernosa base da pirâmide social. Em França de novo motins. Em meses recentes renovaram-se lutas laborais. Na última década a Internet e novos meios de comunicação audiovisuais cresceram politicamente, piratas e profanos. A começa-se a ouvir uma multiplicação de vozes, de mulheres, gays, emigrantes e até a classe operária é rearmada pela desconstrução e reconstrução da identidade.
Os políticos como os ideólogos, com os diáconos e os polícias vêem só as línguas de fumo que vêm e vão. Longe da sua vista há um rastilho a consumir-se, por debaixo dos seus pés. Ai está, estava a olhar por baixo.
Comments:
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Felizmente que foi uma visão. Nós, portugueses, temos a mania das visões, e depois fazemos romarias a Fátima e regressamos as caravelas imperiais.
Com que raio chamas os motins em França, lutas laborais,a internet e uma associação puramente académica para "rearmar" a classe operária uma "explosão de indisciplina?"
E se há aqui alguma "indisciplina", ela vem é de cima:compra da justiça, corrupção, fuga de impostos, compadrios, cunhas.
Com que raio chamas os motins em França, lutas laborais,a internet e uma associação puramente académica para "rearmar" a classe operária uma "explosão de indisciplina?"
E se há aqui alguma "indisciplina", ela vem é de cima:compra da justiça, corrupção, fuga de impostos, compadrios, cunhas.
O tempo nunca faz pausas e nao acredito que se repita, algo muda, o que? aonde? Hoje ha' que procurar nos sitios improvaveis. Muitas destas explosoes parecem inconsequentes, sem programa, mas revelam que a malha da opressao nao aperta assim tao forte e definitiva. Para ser ainda mais polemico: a democracia funciona mas nao nos locais provaveis e parlamentares.
Compreendo que ligar uma associacao formalmente academica a foco de revolta e' 'a primeira vista fantasista. Falta o contexto de saber que estes academicos nao sao como os outros, nao o sao ha muito tempo, nao querem referencias em jornais ou livros, usam as ciencias sociais como argumento de autoridade para lutas sociais e de comunidades.
Compreendo que ligar uma associacao formalmente academica a foco de revolta e' 'a primeira vista fantasista. Falta o contexto de saber que estes academicos nao sao como os outros, nao o sao ha muito tempo, nao querem referencias em jornais ou livros, usam as ciencias sociais como argumento de autoridade para lutas sociais e de comunidades.
Parecem inconsequentes........................mas serão mesmo? Ou será que são consequentes e estão mesmo todos ligados?
A democracia funciona em todos os locais; resta saber se o parlamento e os "prováveis" fazem parte da democracia.
Mas o meu comentário foi sobre ao que chamas "disciplina". Se os motins em França são uma "indisciplina", então a não existência de motins seria "disciplina."
Da mesma maneira, "disciplina" é a classe laboral não lutar.
A democracia funciona em todos os locais; resta saber se o parlamento e os "prováveis" fazem parte da democracia.
Mas o meu comentário foi sobre ao que chamas "disciplina". Se os motins em França são uma "indisciplina", então a não existência de motins seria "disciplina."
Da mesma maneira, "disciplina" é a classe laboral não lutar.
Indisciplina e' lutar, e tambem nao seguir o padrao habitual da luta. Escrever cartas aos deputados e' uma forma muito disciplinada de luta, que o tempo e o cansaco provam ser inconsequente.
Sobre "o padrão habitual da luta", "we cannot know which spark will ignite the fire" Daniel Bensaïd.
e a seguir: "Be ready for the improbable, for the unexpected, for what happens" D.Bensaïd
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