10 dezembro 2007

 

Lars and the Real Girl (2007)


Vista a trailer, o filme não promete muito. Um jovem recolhido no olhar e no agasalho com que se defende do frio, janta com familiares acompanhado por uma boneca manequim. Esclarece que é a sua nova namorada. A primeira reacção do espectador só pode ser: “ai mau Maria, mas o que é isto?” Afinal, isto é um bom filme.

Nos últimos tempos a minha observação etnográfica das Américas está obsessivamente centrada na solidão que esta gente vive, num país demasiado grande. Subindo os pontos cardeais, a espreitar o Canadá, a malha urbana estende-se para dar arrumação a florestas, lagos, e planícies geladas. O que não se entende visualmente é que o espaço humano está ligado ao espaço físico. Longe das grandes cidades, o amplo estender da terra impõe uma dolorosa solidão.

Esta é uma história feliz. O jovem alienado não entra num shopping do Nebraska e assassina 8 pessoas. Antes, vai descobrindo o amor daqueles que o rodeiam através da mediação de uma "sex doll" comprada online. Porque os amigos, familiares, e os mais indiferentes conhecidos aceitam o absurdo de que a boneca é real, Lars aprende que o seu absurdo nunca será motivo de condenação. O calor dos outros é a única cura contra a ansiedade. A solidariedade é a única arma contra o medo. No fundo é um filme político.



   

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