10 dezembro 2007

 

Bufaria


Elas não davam por eles. Até um dia.

Até um dia como hoje, uma 2.ª feira triste como qualquer 2.ª feira. Colar cartazes na faculdade é permitido apenas nos “espaços oficiais”, que é como quem diz nos placards disponibilizados para o efeito.

Para além desta limitação espacial, havia a burocrática: os cartazes afixados têm que ter o carimbo da associação de estudantes. Ora pois, a associação de estudantes transformada em garante da decência da expressão estudantil...

No penúltimo de 8 edifícios que compõem a faculdade foram avisadas por uns colegas com cara de poucos amigos que precisavam de ter o carimbo da AE nos cartazes. Afixaram os cartazes ao lado de tantos outros sem carimbo.Já estavam no último edifício quando o segurança veio ter com elas e lhes diz que não podem afixar naquele sítio (no exterior do edifício) nem dentro de elevadores ou nas vidraças.

Elas explicaram que não tinham afixado em elevadores ou vidraças, que colaram nos sítios indicados para o efeito e onde também já estavam outros cartazes. O segurança encolheu os ombros e limitou-se a dizer que eram as ordens que tinha, e que lhe tinham dito que andavam a colar cartazes naqueles sítios. Elas perguntaram quem é que definia as regras de afixação de cartazes – faculdade ou universidade? Apareceu o chefe para explicar – Serviços Técnicos de Apoio!

À parte o espanto, faltava saber como é que eles souberam precisamente onde as encontrar. Fecharam-se em copas mas percebeu-se que alguém lhes sussurrou a informação.

Comments:
E que cartazes colavam elas?
 
cartazes de um debate sobre solidariedade com a palestina.
 
'Eles andem aí'.Quando a farsa democrática se gastar,não se admirem q logo no outro dia temos as pides,cias,dinas,etc e tal.E,os democratas d'hoje fuherzinhos à maneira se santa comba,pra defender essa subgente q se dá pelo nome de empreendedores...
 
Eheheh.... Permite-me que te diga que és demasiado ingénua, Feminine; essas coisas fazem-se pela calada, pela clandestinidade, tipo mal a fac abre, o people entra por sítios estratégicos, em equipas de não mais do que dois elementos (um vigia) e de forma dissimulada, subtil, espalha cartazes por tudo quanto é sítio, do bar central ao gabinete do reitor.

Assim é que se faz uma boa acção de luta e de propaganda política, surpreendendo os incautos com a audácia e rapidez do movimento panfletário, esmagando-os com a pujança da nossa mensagem impressa... Ou será que o passado histórico das lutas estudantis não te ensinou nada?...

De qualquer modo, saudações revolucionárias e... um atrevido... beijinho pequeno-burguês.

L.
 
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