26 novembro 2007

 

Dias e dias


Pelo menos uma em cada três mulheres no mundo inteiro já foi espancada, abusada sexualmente ou violentada de alguma forma. Para as mulheres entre os 15 e os 44 anos, a violência é a maior causa de morte e de incapacitação. Violações e agressões domésticas são factores de maior risco que o cancro ou acidentes de viação.

Ontem foi o dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres. Não há nenhum país no mundo em que as mulheres estejam livres de maus tratos, seja no emprego, em casa ou na rua. Dados da Organização Mundial de Saúde denunciam que mais de 50% das mulheres no Bangladesh, Etiópia, Perú e Tanzânia são sujeitas a violência física ou sexual pelos companheiros, no Reino Unido 30% e nos EUA 22%. O Japão foi o único de 10 países onde “apenas” 20% das mulheres reportaram casos de violência doméstica. Estimativas mundiais apontam que uma em cada cinco mulheres serão vítimas de violação (ou tentativa de) nalgum momento da sua vida, incluindo nos países ditos desenvolvidos. Também se sabe que sexo forçado (não somente violação) aumenta o risco de contração de sida. Mais de um quarto das pessoas infectadas são mulheres entre os 15 e os 24 anos.

Trinta e nove mulheres morreram em Portugal no ano passado vítimas de violência doméstica. Entre Novembro de 2005 e Novembro de 2006 foram registadas 43 tentativas de homicídio de mulheres em âmbito familiar. Em todo o ano de 2006 houve 15 mil queixas de agressão. As denúncias ocorrem, em média, ao fim de dez anos de sofrimento em silêncio.

Os dados são conhecidos e as campanhas de alerta são muitas. Mas não basta a consciencialização, é preciso agir!

Comments:
interessante é que pelo menos em portugal o número de denúncias tem aumentado não porque haja mais casos mas porque as pessoas já estão mais alertadas para isso, há maior sensibilização.

creio ainda q ísto está tb relacionado com o facto de a violência doméstica ser actualmente um crime público, isto é, qualquer pessoa pode apresentar queixa, vítima ou não.

mas, claro, ainda há muito a fazer para mudar o estado das coisas.
 
Prefiro ver o copo meio vazio... As leis e campanhas tem ajudado a denunciar, o que e' muito importante. Mas e' preocupante que o numero de vitimas nao esteja a diminuir. As leis estao longe de resolver a opressao dos homens sobre as mulheres.
 
Devemos ver o copo meio vazio.

A questão neste tipo de fenómenos é são difíceis de medir e de saber a sua evolução. Não faço ideia da evolução nos últimos anos.

Já a subida das queixas é certamente resultante de uma maior consciencialização e a formalização de queixas um primeiro passo de acção. Muito a contragosto de alguns como o responsável pelo complexo de Fátima, para o qual um murro de três em três anos é aceitável...
 
As leis e as campanhas sobre o assunto não podem resolver coisa nenhuma porque há outras leis e outras campanhas, mais poderosas do que aquelas, que causam a opressão do homem sobre a mulher.
Em vez de se perder energia e tempo em fazer-se leis e campanhas sobre o assunto, devia-se era modificar/transformar (e não reformar)as leis que causam a dita opressão.
 
eu tinha feito um comentário a seguir à dolores mas n ficou registado. dizia mais ou menos isto:

concordo com o que dizes. aliás, já aqui se tinha falado sobre o número de leis que há para defenderem/promoverem a igualdade entre géneros não ser uma medida dessa mesma igualdade.

e é tb na desigualdade de poder que assenta a violência doméstica.
 
Mystique,

Ninguém vai fazer leis para defender/promover a igualdade entre os géneros. O que é preciso é fazer leis para não defender/promover a desiguldade entre géneros.
Parece a mesma coisa, não parece!? Mas não é.
 
mas já fizeram: olha a lei da paridade!
 
E o que resolveu a lei da paridade?
 
eu n estou a dizer que resolveu. o fazer leis não resolve por si os problemas, por isso é que eu dizia atrás que o número de leis sobre um problema não mede por si só o grau de avanço na resolução desse mesmo problema.
 
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