11 outubro 2007
Música de cavaquinho...
Segundo me contaram, Sua Excelência, o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva por terras de Açores terá elogiado o modelo de desenvolvimento regional. Especificamente, terá referido a baixa taxa de desemprego como exemplo a seguir. Ora, tal equivale a subscrever a forte intervenção estatal da região, a única força que inverte as usuais dificuldades económicas insulares. Ali, até as vacas não mexem o rabo se o Estado não mandar...
Certamente terá tido o conselho de um professor universitário reformado de seu nome Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. Uns dizem que era bom (macro-)economista. Outros sempre denunciaram a sua miopia para além da inflação. Talvez com a idade tenha passado a ver melhor...
Pena que o outrora Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva não possuisse de tal perspicácia. Num momento de raras oportunidades, em que teve dez anos para fazer de Portugal o que bem lhe apetecesse e com amplos recursos financeiros, apenas indicou o caminho do abismo. Muitas das sementes do actual desastre residem nesse período. Privatizou propositadamente às cegas, não investiu nas pessoas ou nas máquinas, não reformulou a organização do trabalho, tudo isto num contexto de crescente competitividade. Em suma, lançou-se a destruição do aparelho produtivo português.
Os portugueses, esses, continuam entregues à sua sorte, à sorte do que cada um consiga fazer por si.
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