24 outubro 2007

 

A alegria do poder


Distingue-se dos políticos do passado. É diferente da bonacheirona moleza de Mário Soares. É diferente da hirta e esforçada marcha de Cavaco Silva. É diferente da oleosa conspiração de Santana Lopes. É diferente da curvada magnanimidade de António Guterres. José Sócrates personifica o entusiasmo e o amor-próprio contra tudo e todos.

Eu diria que o nosso primeiro-ministro é feliz. Ele acha que está a fazer grandes coisas para o país, talvez até para o mundo. O seu sítio da net comprova-o ao gritar os sucessos da sua liderança, com uma convicção que só pode chocar aos portugueses que vivem a depressão dos dias. Conta o plano tecnológico. Conta o três por cento do défice. Conta o Tratado de Lisboa.

Estas vitórias impressionam profundamente o político, e envenenam o homem. Sócrates espera que o país partilhe com ele estas alegrias. Porque estão os trabalhadores a protestar nas ruas, quando ele lhes oferece educação e computadores portáteis embrulhadinhos? Porque se revoltam os funcionários públicos quando a despesa do Estado foi controlada? Porque os jornalistas não louvam um primeiro-ministro que projecta o país internacionalmente com um novo tratado europeu?

Diz-se que cada país tem os líderes que merece. Porque é que os portugueses escolhem ditadores?

Comments:
O que nós precisamos é do grande democrata Fidel. Ah não, parece que esse já lerpou, nesse caso venha o Raul.
 
Sim,pelo menos já há as escutas telefónicas,a visita aos sindicatos para proteger os manifestantes que vão vaiar a preciosidad,os judas q se orientam,o pina moura da Iberdrola,o mesquita da Sé,o matacáceres,a maria de belém-estes é que têm o pergaminho democrata original.Ao viajante pergunto-lhe com uma reflexão que nem o grande filósofo portuga q tá em França e diligente defensor do ps faz:acha que estando a 'trabalhar' para as corporações q,lembro-lhe,não têem nenhuma representação nem nomeação democrática é ser democrata?É isto olhar pela sociedade e trabalhar pelo colectivo?Bem pode refletir enquanto passeia em fato treino numa catedral qq de consumo...
 
Essa de ditadores não faz sentido nenhum,eu vivi no tempo do Estado Novo sei bem distinguir o sistema em que vivemos do tempo da ditadura.Pode chamar-se autoritário ao 1º ministro,mas ele não foi para o cargo que desempenha por imposição ao Povo e ao Pais.Utilizar os termos ditadura,tiques fascizantes e outros mimos só contribui para relativizar o fascismo,esse período negro da nossa história.
 
Anónimo: algum sentido faz já que admites que é autoritário.

Quanto a Sócrates não ter ido para o cargo que foi por imposição, calminha ai. Ele e Santana foram escolhidos (falta saber por quem) para um debate semanal, acabando por ser os seguintes primeiros-ministros (interessante que em diferentes programas na comunicação social não há representação do PCP e do BE).

Depois foi eleito por um programa que sistematicamente não cumpre.

Pode não o ser, mas já faltou mais...
 
Meu caro amigo,mais autoritário que o Socrates já lá esteve um,por acaso passados 10 anos foi eleito Presidente da República,e nunca teve programas semanais ou mensais de debates na televisão,coisa que não lhe agrada muito.É muito censurável que não cumpra o programa eleitoral,infelizmente não é o primeiro nem o último.Mas tudo isto que eu aqui escrevo não me leva a pensar de forma nenhuma que venha por aí o fascismo,o meu amigo deve ser muito novo,ou então muito esquecido
 
Não sei se foi mais autoritário. Como é hábito, os governos PSs conseguiram ir bem mais longe do que os governos PSDs (veja lá a memória não lhe falte...).

É preciso pedir pedir desculpa por ser funcionário público, é preciso pedir desculpa por ser professor, é preciso pedir desculpa por ter uma doença.

Muita coisa não é de facto nova, mas Sócrates teve a capacidade de o levar a outro nível. Juntem-lhe uma máquina de propaganda notável e ainda o pormenor de ter sido nebulosamente catapultado para a esfera dos primeiro-ministeriáveis.

Ir à televisão para Sócrates é o deleite, para poder menosprezar e insultar o que diz a oposição.

PS - Que eu saiba aqui ninguém falou de fascismo.
 
Para a generalidade dos que trabalham para o Estado, não há falta de produtividade, o que há é uma inexplicável avareza do Estado, que só pede às pessoas trabalho, em vez de distribuir a riqueza que tem, com défice ou sem défice. Veja-se o caso dos professores: têm um horário de trabalho de 35 horas semanais, das quais passam em média 14 nas escolas e 21 em casa ou na rua, a "prepararem as aulas". O Ministério da Educação propõe-lhes que dêem mais oito horas por semana à escola, nomeadamente para substituírem os colegas que faltam (note-se que, se não faltassem, não havia tal necessidade). Os sindicatos acham que tal é "degradar a função docente" - ou que já não o será se essas horas a mais, embora dentro do horário, forem pagas como trabalho extraordinário. E, por isso, fazem greve.

Já Manuel Antunes - que, no Serviço de Cirurgia Cardiotorácica da Universidade de Coimbra, tem sido um raro exemplo de eficiência - propõe uma solução diferente e tão ao arrepio destes tempos de generalizada onda de exigências sem contrapartidas, que mais parece uma provocação pública. Diz ele que a solução é "produzir melhor com o mesmo ou com menos dinheiro", parando de "desperdiçar" os recursos que existem. E dá um exemplo concreto: mais uma hora por dia nas salas de operações subiria a produtividade em 20 por cento.
Mas quem é que aceita propostas destas?
 
È verdade que Cavaco e Sócrates são ambos autoritários e de direita mas a política de Sócrates está à direita de cavaco.
Já não sou novo, vivi no tempo da ditadura fascista, provavelmente morrerei em ditadura burguesa, mas o socialismo é possivel e no dia 7 de Novembro irei dar vivas à Revolução Russa.
FR
 
Quem controla quem na dupla Socrates Cavaco ainda não deu muito para perceber,são autoritários mas não são ditadores.Sempre será melhor morrer em ditadura burguesa do que morrer ao ser torturado pela PIDE.Ao longo da história da humanidade os povos tem com avanços e recuos procurado uma forma melhor de viverem em sociedade,portanto acredito que o socialismo é possível,e neste nosso tempo se olharmos para o que se passa em alguns paises da America Latina,vimos que se está a fazer a humanidade avançar
 
Gostaria, apenas, de responder ao viajante por que é um bom exemplo da campanha sistemática que se está a levar a cabo contra os professores. Afirmar coisas sem conhecimento de causa é grave, é muito grave. Não vou generalizar, nem para um lado nem para outro, mas eu sou uma professora normal numa escola pública normal e trabalho bem MAIS que 35 horas semanais. Quem me dera ser controlada nas horas que trabalho e trabalhar só as 35... Se calhar não estava domingo à tarde a trabalhar para a escola.
E, só para seu conhecimento, eu tenho 27h marcadas no horário nas quais tenho de estar na escola obrigatoriamente. Quase o dobro das 14 que afirmou... E passo lá muitas mais. Mas é verdade, passo muitas horas a trabalhar em casa, porque em casa tenho um computador meu, e os meus livros e as condições de trabalho que a escola não me oferece. E quanto às aulas de substituição, isso seria outra discussão. Nada tem a ver com as horas que se trabalham, porque há muitos professores que preferem ter mais horas lectivas do que uma hora de substituição que seja, pelo menos nos moldes propostos pelo ME. E talvez fosse interessante que quem não é professor tentasse perceber porquê em vez de afirmar que "essa gente não quer é trabalhar".
Não digo que seja verdade para todos os professores, mas quando se fazem afirmações gratuitas contra um grupo vasto e extraordinariamente diversificado, não custa estar informado...
 
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