16 setembro 2007

 

Ler devagar


Há uns anos atrás, Ian McEwan, o escritor inglês, fez uma experiência não-científica interessante. Ele e o filho foram para um parque de Londres distribuir livros de graça. Em cinco minutos foram-se 30 romances, todos recebidos por mulheres, excepto um. Só um homem não resistiu à borla. A conclusão inevitável: “Quando as mulheres pararem de ler, o romance morre”.

Mas em Portugal nem com as mulheres a gente se safa. Portugal está no grupo dos países europeus que menos lêem, na companhia da Espanha e da Grécia. 67% dos portugueses não lê um livro há mais de um ano.

Paradoxalmente em Portugal até se compram muitos livros. Gastámos em média 65 euros per capita em 2002, ou seja 4.7 livros nesse ano. No topo está a Bélgica com 7.9 livros comprados, enquanto que no outro extremo temos os gregos com 1.4 livros. O mistério resolve-se quando descobrimos que só uma elite de 15% da população portuguesa faz compras e usufrui da leitura. E se as editoras andam bem, já as nossas bibliotecas não existem. Temos o menor número de livros emprestados: 0.3 por pessoa por ano (a média europeia é 5.8).

O Sr. Engenheiro que oferece computadores à fartura, podia ir para a rua distribuir livros. Sempre saía mais barato e a malta agradecia.

(mais dados no artigo de Kovac & Sebart, Publishing Research Quarterly, 2006)

Comments:
Afirmam os entendidos que os portugueses lêem pouco. Muito pouco. Tal afirmação não corresponde à verdade. Conheço muita gente que se farta de ler os manuais de instruções dos aparelhos domésticos. Eu próprio nesta altura estou a ler um manual com cerca de 60 páginas de um televisor LCD que acabo de adquirir. Inclusivamente tenho a opção de o ler ou em inglês, em espanhol, em alemão, em italiano e até em polaco. Mas há mais, o meu filho anda também a ler o manual de instruções da PlayStation 3 e a minha mulher a ler o manual do telemóvel Nokia que lhe ofereci. Ultimamente tenho visto também muita gente a ler os manuais dos GPS que ultilizam nos automóveis para lhes indicar diariamente o caminho para o emprego e o regresso para casa. Não sei mesmo se, por acaso não faz parte das intenções da Ministra da Educação e da Ministra da Cultura ou mesmo de todo este Governo, introduzir este tipo de literatura nos novos manuais escolares em vez de andarmos para aí a insistir nos livros de filosofia, história ou sociologia que não garantem qualquer tipo de futuro. Se por acaso alguém tiver também um manual de instruções deste governo mais actualizado e, não aquele que foi divulgado durante a camapanha eleitoral das últimas legislativas, agradecia que me informasse.
 
Ò Dolores,se pensas que as mulheres portuguesas leem pouco por falta de livros talvez fosse melhor leres menos(sem ofensa).Começa por acordar ,veste os filhos e vai leva-los à escola(livra-te de perderes o autocarro),8(oito)horas no trabalho e ja os podes ir buscar de novo.Agora sò te falta passar a ferro ao mesmo tempo que fazes o jantar e a maquina de lavar trabalha...pronto o teu marido já chegou,jantam,um de voces lava a louça enquanto o outro esta finalmente uns momentos com os miudos,depois juntam-se na sala aproveitas uma hora ou duas que te restam(se fores ler chamo-te estupida).Se tu e o teu marido/companheiro quiserem/puderem aindam queimam mais uma hora para adormecerem com um sorriso.Encaixa aqui um livro daqueles que nao se leia na retrete e faras um prodigio.Da maneira como falas da a ideia que o nao ler è genetico...
 
busilis: dp de ler o teu comentáiro reli o post da dolores e em sítio algum depreendi que as mulheres portuguesas leiam pouco por falta de livros. a analogia é que as mulheres lêem mais romances que os homens, e portanto seria de esperar daí que os níveis de leitura dos portugueses fossem razoáveis (já nem digo elevados). só que estes são de facto muito baixos, e a explicação reside mais nas condições socio-económicas que na questão do género.
 
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