10 julho 2007

 

Vidas em saldo


Sabemos que no capitalismo, a vida humana, tal como as bananas, tem um valor monetário. Também sabemos que esse valor depende de quem és, onde nasceste, que cor de pele tens. Mas qual é a variação de preços? Algum palpite?

As guerras mais recentes ajudam-nos a fazer as contas. Quando as tropas americanas mataram 19 civis e deixaram feridos outros 50 em Jalalabad no Afeganistão por “uso excessivo de força”, o Pentágono pagou 2000 dólares por morto a cada família. No Iraque, a média é de 2500 dólares por cada inocente. Esse foi o pagamento pelo massacre em Haditha, fossem as vítimas bebés, homens ou mulheres. Para conhecer o valor da vida de um americano podemos olhar para o 11 de Setembro de 2001. O governo calculou que cada morto valia 1.8 milhões de dólares. Mas até neste caso, o custo variou, dependendo da estimativa dos rendimentos futuros perdidos com o falecimento da vítima.

Apesar do baixo custo da vida dos iraquianos, o total dos “pagamentos de consolação” (o nome é oficial) já vai em 32 milhões de dólares. Portanto, o número de vítimas colaterais... é fazer as contas, como diria o agora Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

É com estas contabilidades que o Estado americano pensa a guerra e elimina qualquer consideração sobre as pessoas e locais. Gerir a guerra é como gerir um negócio e o lucro faz-se com cadáveres. É arrepiante.

Comments:
Mas o segredo do negócio é:

- Só pagar em casos muito específicos;

- Custos públicos (guerra, pagamentos pagos pelo Estado);

- Lucros privados
 
32 000 000 $ / 2500 $ por pessoa = 13 mil pessoas indeminizadas.

Ora, da última vez que verifiquei o número de mortos pelas forças americanas ia em 180 mil (fora os cerca de 600 mil de forma indirecta), dados do John Hopkins Institute.

Isso significa que as famílias de 1 em 14 civis directamente assassinados pelas forças americanas recebem como compensação o equivalente ao salário de 3 dias de um mercenário da Blackwater.
 
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