14 julho 2007

 

Também o jornalismo precisa de serviço público


O programa Larry King Live de ontem teve edição especial para interrogar se há uma crise de saúde pública nos Estados Unidos, que para nós é proxy para discutir o modelo privatizado de saúde, por Portugal admirado. O tenebroso Larry King teve como adjunto o incompetente Dr. Sanjay Gupta (a tentar recuperar o verniz de objectividade que estalou nos debates com Michael Moore) e os intervenientes foram: familiares das vítimas das seguradoras, os seus advogados, um jornalista do New Republic, um especialista da era Clinton em saúde pública, uma representante das seguradoras e o presidente de uma associação de médicos.

Perante este aparato esperava-se algum progresso no debate sobre a saúde nos EUA, talvez o desenho de propostas, talvez algumas acusações que revelassem negligência ou culpa. Em vez disso, nos últimos segmentos das 6 partes de 4 minutos que compunham o programa, Larry King deu coragem à voz e admitiu o óbvio: “podemos agora dizer com confiança que há um crise.” 24 minutos de programa que estão resumidos nos primeiros 2 minutos de um filme de 2 horas e meia, Sicko.

E entre os pedaços desta lenta progressão de ideias, atrapalhada pelos constantes avisos do Dr. Gupta que o “problema é complexo”, a publicidade sorridente, musical, animada das seguradoras e farmacêuticas anunciava novos projectos não lucrativos de apoio aos seus segurados e clientes. Durante a totalidade do programa, nos intervalos que duraram quase tanto como o debate, só se assistiu a publicidade médica. Dizem eles que isto é informar.



   

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