15 junho 2007
Sétimo dia
As missas de sétimo dia não sabia para que serviam. Para encomendar a alma dos defuntos a um deus – talvez. Para os familiares se reunirem e se apoiarem – muito provável. Mas celebradas em simultâneo, não fazia ideia…
Uma pessoa entra, já um pouco atrasada, e ouve por sorte o nome do defunto em questão a ser pronunciado pelo padre. Segue-se outro nome e fica-se na dúvida se mais terão sido proferidos.
O ritual é desconhecido para ateias que nunca foram introduzidas aos passos e contrapassos da liturgia. Por causa das coisas, fica-se sentada enquanto os outros à volta se sentam e levantam por um ritmo alheio.
Para além da tristeza do ambiente, fica uma sensação de despropósito. Falar do santo António em missa de sétimo dia era inevitável. Era o dia do dito santo e até se podia puxar a coisa de modo a dar ânimo a quem tinha recentemente perdido alguém. Mas não. Em vez disso, ela ouve com estupefacção que o tal António é o que tem mais devotos logo a seguir à nossa senhora. Que tem mais igrejas a ele dedicadas que qualquer outro santo. Que ele foi o primeiro santo canonizado (reconhecido pela igreja como tal), que os outros eram todos nomeados pelo povo, embora este também o tenha sido.
Fica no ar a dúvida sobre se a igreja terá um ranking destas coisas…
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