24 junho 2007

 

O crime já não está na lei


A Interrupção Voluntária da Gravidez foi regulamentada. Na passada 5.ª feira (21 de Junho) saiu em Diário da República a Portaria n.º 741-A/2007 que vem estabelecer como se deve processar a IVG e o acompanhamento das mulheres que querem fazer um aborto, tanto em estabelecimentos públicos como em privados.

Há muito que muitas e muitos de nós esperavam este momento. Apesar de só entrar em vigor no dia 15 de Julho, e das dificuldades que há muito se suspeita virem a existir na sua aplicação, o crime já não está na lei.

Mesmo assim, mesmo perante este passo tão importante nos direitos das mulheres a nível nacional, lá voltam as vozes do costume. Paulo Portas veio assim protestar contra o facto da Portaria não contemplar a mostra da ecografia à mulher grávida que quer fazer um aborto. Esta proposta, da autoria de Cavaco Silva, foi assim recusada pelo Governo que classificou tal possibilidade como “emocional”. PP, no seu populismo fácil, lá veio dizer que “a vida é feita de emoções” e que a regulamentação da lei vinha transformar a IVG num direito absoluto, o que não corresponderia ao que as pessoas que votaram sim a 11 de Fevereiro desejavam.

Curioso… PP votou não, mas sabe o que o “sim” quer. Só que o seu altruísmo e capacidade de sentir empatia com os outros vai por água abaixo no mesmo minuto: é que se PP imaginasse o que está em jogo quando uma mulher toma uma decisão como a de interromper a gravidez, ficava caladinho e deixava de brincar com as emoções de mais de metade da população do país.



   

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