01 junho 2007

 

Faz falta? A quê?


Há já uns dias que se vêm pelas ruas de Lisboa os cartazes da campanha de José Sá Fernandes às eleições intercalares para a edilidade. Tenho desde já de reconhecer a minha incapacidade de encontrar uma imagem decente da tal propaganda, exceptuando esta roubada do Jornal de Notícias. Nem na página oficial do candidato consegui encontrar o material, é com certeza defeito meu, e por isso me fustigo desde já.

De qualquer modo, circulando por Lisboa somos repetidamente agredidos por aquelas letras brancas sobre fundo verde, a dizer "O Zé faz falta". Mas a assinatura vai variando, desde Alexandra Lencastre a Virgílio Castelo (será que vão aproveitar para reatar as brincadeirinhas, agora que o Piet Hein está fora da jogada?), de Rita Blanco a Gonçalo Ribeiro Telles (!), passando pelo Miguel Esteves Cardoso ou o António Barreto. E penso eu (é certamente outro problema meu, e mais uma vez fustigar-me-ei devidamente pelo atrevimento), faz falta para quê? Pensando que são eleições municipais para Lisboa, será que há falta de almeidas nas ruas, e ele vai dar uma mãozinha com a vassoura? Ou vai andar numa daquelas scooters com aspirador para limpar o produto sólido do metabolismo que os canídeos insistem em espalhar pelos passeios? Não, já sei, certamente irá vestir uma daquelas fatiotas verdes e multar carros mal estacionados, como aqueles senhores da EMEL que têm o privilégio de ser mal pagos e enxovalhados todos os dias. Ah!, esperem, aqueles ramos das árvores da Avenida da Liberdade que estão a precisar de uma poda, já estou a ver o Zé de serrote na mão...Assim sim, alguém que sirva Lisboa.

É notória e crescente a falta de conteúdo no debate político dos últimos anos, e o crescimento dessa indústria de "marketing político", pouco ou nada diferente nos métodos do marketing tradicional, apenas contribui para estupidificar ainda mais a conversa. Num candidato que fala constantemente de cidania e participação democrática, de trazer os cidadãos e a "gente" para a política, usar um "sound bite" tão fácil como este é no mínimo...curioso, já que não me ocorre uma palavra melhor (incoerente, populista, demagógico, foleiro, eleitoralista, oco).

Comments:
Que ao menos houvesse uma subversaozinha! Entrar no discurso dominante mas mina-lo, ridiculariza-lo, conseguir um formalismo com conteudo. Com a desculpa que a politica e' assim, e que as regras do jogo estao fixas, fortifica-se esta tendencia para a aridez.

O BE e' esta nomenclatura do fulano, idoneo, etico, rigoroso. O PC e' a nomenclatura da "luta". Tudo tao previsivel... que chatice.
 
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