27 fevereiro 2007

 

Oscars ou Razzies?


Não houve nem grandes surpresas nem grandes discursos nos oscars de ontem. Os agradecimentos foram até bastante mediocres e insonsos. Nem uma dentada política, como às vezes alguém se atreve.

Dentro do esperado, destaco três dos prémios. O de melhor actriz principal foi para a raínha. De facto, pela maneira como estavam a falar, mais parecia que tinham atribuído o oscar à Elizabeth Windsor do que à Helen Mirren. Estes americanos adoram a monarquia!

O melhor director lá foi para o Scorsese. Puseram o Spielberg, o Coppola e o Lucas, os três a dar-lhe o prémio. E no fim davam-lhe palmadinhas nas costas. Aquilo parecia mesmo do género "va lá, depois destes anos todos, tu até mereces ser um dos nossos".

Mas o mais deprimente, mesmo que previsível, foi o Inconvinient Truth do Al Gore que levou não só o de melhor documentário como o de melhor música original! Nesta última categoria derrotou três canções que estavam nomeadas pelo Dream Girls – um musical! Como é que é possível? Não sei... E ganhou o documentário contra, entre outros, dois filmes sobre o Iraque. Como se não bastasse, tudo agradecia ao Al Gore, a grande inspiração que ele é e que salvar a Terra não é ser-se azul ou vermelho, mas verde, não é uma questão política é moral, blá blá blá. As crianças iraquianas que se lixem, o nosso quase presidente é que é importante.

A verdade incoveniente que se esqueceram de mencionar é a hipocrisia disto tudo. O Sr Gore esteve na Casa dos Representantes durante 8 anos e mais outros 9 no Senado e ainda foi vice-presidente dos EUA por mais 8 anos. E nessa altura, o que é que fez pelo ambiente? Escreveu um livro! E se, como gosta tanto de dizer, já anda nesta luta há 30 anos, eu pergunto o que é que ao fim deste tempo todo conseguiu? É que se foi só um filme, em slides powerpoint, e umas aulinhas aqui e ali pagas a peso de ouro, então isso mostra bem o empenho que o Sr tem tido na crise climática.

Enfim, pelos prémios da gala, aquilo foi mais razzies que oscars! Fiquei foi com vontade de ver os documentários do Iraque: Iraq in fragments e My country, my country.

Comments:
Viva Dolores,

Só posso discutir a cerimónia em si e a carreira de Scorsese porque este ano, infelizmente, estive desligado do cinema.

A cerimónia foi mesmo fraca em dois sentidos. Está cada vez mais formatada e nem há espaço para o improviso e para a emoção (dispensa-se a gratuita) e porque perdeu aquele brilho de magia e imponência. Acho que já nem Billy Cristal salvava a cerimónia...

Quanto a Scorsese sempre achei que este não precisava do Óscar até porque sempre gostei daquela rebeldia e a aura de eterno injustiçado. Mas, a julgar pela reacção do próprio, foi um sonho alcançado. Não faço ideia se foi pelo filme certo (GoodFellas ou Taxi Driver talvez sejam bem melhores) e não sou a favor da política de compensações mas, como não vi o filme, não posso ser afirmativo.

Cumprimentos,
 
O facto de "Taxi Driver" e "Raging Bull" nao terem levado Oscar, e este rip-off do cinema de Hong Kong apanhar com a estatueta e' um crime por si so'.

Em relacao 'a banda sonora do "Inconvenient Truth", foi mais um Lifetime Achievement Award do que outra coisa, aproveitaram se calhar a deixa para nao premiar a Dreamgirls e evitar confusoes com Motowns ou outras semelhantes,... talvez...
 
Lá estás tu a dizer mal. Se quando ele (Gore) veio cá até exigiu andar a passear em carro eléctrico (ou parecido). Pelo preço que cobra bem podia comprar vários...
 
a mim não me choca que ele peça o tal carrito eléctrico.

choca-me bastante o que a dolores resumiu bem: se anda nesta luta há 30 anos, só conseguiu um filme? e as conferências, pelo que ouvi dizer da que deu aqui em lisboa, só por convite e sem direito a tirar fotografias ou filmar.

isto cheira-me a direitos de autor e a negócio com o tema ambientalista do século.
 
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