22 fevereiro 2007

 

Contra a execução de três resistentes iraquianas


"As execuções dos que eles chamam 'terroristas' e 'criminosos' têm ocorrido às dúzias desde há um ano para cá. Uma execução pública teve lugar em Mossul, no norte do Iraque, há dois meses. Todavia, é a primeira vez que se ouve falar da condenação de mulheres à morte". Haifa Zangana, escritora e resistente iraquiana

Wassan Talib, de 31 anos, Zainab Fadhil, de 25 anos, e Liqa Omar Muhammad, de 26 anos, podem ser enforcadas a qualquer momento, todas condenadas por “atentado contra bens públicos” por um governo que nem sequer é capaz de fornecer energia eléctrica mas enche as ruas de cadáveres. Estão em Bagdade, na prisão de Al-Kadhimiya. Duas delas têm filhos pequenos consigo. A filha de um ano de Liqa nasceu na prisão. As três mulheres negam as acusações que lhes podem valer a forca.

O parágrafo 156 do Código Penal Iraquiano, nos termos do qual foram julgadas, diz: “A pessoa que voluntariamente cometer um acto com intenção de violar a independência do país ou a sua unidade ou a segurança do seu território e que, pela sua natureza, originar essa violação é punível com pena de morte”. O governo “fantoche” acusa estas mulheres pelos crimes que ele próprio comete.

Nenhuma das três mulheres foi autorizada a comunicar com um advogado. Os julgamentos a que foram sujeitas são ilegais à luz das leis internacionais. As três mulheres são prisioneiras de guerra, cujos direitos são protegidos pela Terceira Convenção de Genebra. Executá-las seria, não apenas ilegal e sumário, mas completamente imoral. A civilização mundial reprova a pena de morte, mas os líderes feudais do Iraque fazem das suas execuções um espectáculo público.

Num país onde é evidente não existir um Estado nem um sistema judicial, a ocupação e o seu governo fantoche servem-se, como todos os regimes repressivos na história, de falsos tribunais para exterminar quem se lhes opuser. Não pode haver um julgamento legal onde não existem as condições civilizacionais para um processo justo, no mínimo com a presença e a segurança de haver advogados.

As mulheres iraquianas são o legado da vida da nação iraquiana. Ao contrário, o governo instalado pelos EUA, com o seu carácter retrógrado, apenas impõe uma cultura da morte. No Iraque, que era o país mais progressista da região quanto aos direitos das mulheres, a invasão dos EUA fez eliminar todas as protecções legais. Os EUA e os seus conspiradores locais, provocando a existência de centenas de milhares de viúvas e reduzindo a vida no Iraque a uma luta pela sobrevivência, colocaram as mulheres na sua mira e agora no cadafalso.

As mulheres são sempre as primeiras e as últimas vítimas da guerra. Nós admiramos os inumeráveis actos de resistência das mulheres iraquianas, pela sua reacção à cultura de violações, torturas e assassinatos dos EUA e das tropas iraquianas, pela força moral com que continuam a gerar a vida no meio do genocídio promovido pelo Estado, pela dignidade com que tentam assegurar alguma normalidade aos seus filhos e famílias, pela coragem com que sepultam os maridos, os filhos, as filhas ou os irmãos, ou pela acção directa com que enfrentam uma ocupação militar ilegal e falhada.

Exigimos a libertação de Wassan, de Zainab e de Liqa, e de todos os presos políticos do Iraque. Apelamos a todas as pessoas, organizações, parlamentos, trabalhadores, sindicatos e Estados para que deixem de reconhecer este governo iraquiano, sectário e favorável à ocupação. Apelamos a que se promovam de imediato protestos em todas as embaixadas do Iraque no mundo. Não há honra nenhuma no assassínio de mulheres. A ocupação é a pior das formas de ditadura. Não são estas três mulheres quem deveria ser acusado em tribunal; é, isso sim, este governo e o seu promotor estrangeiro.

Hana Albayaty
Ian Douglas
Abdul Ilah Albayaty
Iman Saadoon
Dirk Adriaensens
Ayse Berktay

É vital denunciar a condenação à morte das resistentes iraquianas. Importa repudiar mais esta barbaridade, informar o maior número de pessoas de mais este horror e compelir as autoridades iraquianas a revogar a sentença. Mais informações em Tribunal Iraque.

Comments:
é cada vez mais óbvio que a ocupação americana do iraque não trouxe nada de bom para o povo iraquiano.

uma mão cheia de privilegiados enchem os bolsos de dinheiro e as mãos de sangue.

as mulheres são um grupo particularmente vulnerável (veja-se a notícia do DN de hoje (http://dn.sapo.pt/2007/02/24/internacional/cem_anos_prisao_para_militar_violou_.html).

mas tão capazes de resistir e combater a opressão.
 
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