25 fevereiro 2007

 

A ameaça nuclear (americana)


No quarto aniversário da invasão do Iraque revivemos as mesmas mentiras e ameaças de há quatro anos, só com uma diferença: a palavra Iraque é substituída por Irão. O neoconservador fanático Dick Cheney reafirmou este fim de semana que se for preciso os EUA usarão a força militar contra o Irão. As “evidências sólidas” que a Casa Branca dispõe são as de que “agentes iranianos estão envolvidos em redes de apoio à insurgência iraquiana e que trabalham com indivíduos e grupos no Iraque”. Bush garante que vão encontrar e destruir essas “redes”, entenda-se o Irão.

Os fundamentalistas da Casa Branca insinuam relações obscuras entre o Irão e o terrorismo e querem fazer esquecer os factos. O Irão tem-se oposto à AlQaeda, condenou os ataques de 11 de Setembro e apoiou os EUA na guerra do Afeganistão. Segundo o NY Times, o LA Times e oficiais militares britânicos, o Irão não fornece armas a países estrangeiros. Não possui nenhuma arma nuclear nem nunca ameaçou construir uma. A CIA estima que mesmo que haja vontade política para tal só serão capazes de ter uma bomba nuclear em 2017.

Ao contrário de Israel e dos EUA, o Irão cumpre as regras do Tratado de Não Proliferação Nuclear, aliás foi um dos primeiros signatários. Permitiu livres inspecções no país até 2003, altura em que os EUA lhes impuseram medidas punitivas. Mesmo assim, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, durante os últimos três anos o Irão permitiu os seus inspectores “irem a qualquer lado, verem o que quer que seja”. Ao contrário de Israel, a quinta maior potência militar do mundo, com armas nucleares a mirar alvos no médio oriente, com o cadastro do maior número de violações das resoluções da ONU e que exerce a mais longa ocupação da história, o Irão tem obedecido às resoluções internacionais e não ocupa nenhum território que não o seu próprio.

O que se sabe, mas não se diz, é que os EUA já começaram a equipar as suas bases navais no Mediterrâneo oriental. Também se sabe que em 2004 o conselho de segurança da presidência americana redigiu a directiva 35 intitulada Autorização para o Lançamento de Armas Nucleares. É a primeira vez desde a guerra fria que Washington discute abertamente o recurso ao nuclear. O Arab Times do Kuwait, amigos bem informados de Bush, prevê que o ataque ao Irão acontecerá antes do final de Abril.

O Iraque foi só o primeiro passo para a desestabilização do médio oriente e o controlo do petróleo. Passamos agora para a segunda fase. A maior parte da humanidade foi contra a invasão do Iraque e também o será no caso do Irão. Mas, como corajosamente aponta John Pilger no artigo onde encontrei a denúncia destes factos, jornalistas, artistas, escritores e outros intelectuais, que gostam tanto de falar em “liberdade de expressão”, estão mais uma vez silenciosos. Estão à espera de quê? Que uma bomba em forma de cogumelo rebente no médio oriente?

Comments:
mas esta guerra já estava "calendarizada" desde antes da invasão do Iraque! Basta ir ao mapa e ver o "eixo" que vai de Riade até Kabul!
Com as reservas de petróleo a baixar o futuro é a guerra permanente! Até que algo os impeça de continuarem...
 
O público Americano está a ser preparado para esta guerra, e os democratas estão demasiado entretidos a especular sobre candidatos presidenciais para invalidar a ofensiva retórica. Seguir para o Irão seria a solução desejável se o Iraque se pacificasse, o que não vai acontecer. Assim não há tropas para uma ocupação. Sobram os ataques aéreos sobre alvos alegadamente militares (com o precedente da destruição Israelita em 1980 de um reactor nuclear Iraquiano em desenvolvimento) e novos e mais duros regimes de sanções com carimbo da ONU. A opção é pela fome, bombardeamento e envenamento com munições de urânios empobrecidos, a morte lenta. Um novo tipo de guerra que foi amplamente testado no Iraqu.
 
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