06 janeiro 2007

 

Crime e Castigo


Se algumas dúvidas restassem, o vídeo exibido nas televisões até ao enjoo deixa claro que a execução de Saddam Hussein foi na verdade um linchamento xiita, em nome do governo americano. Saddam não foi enforcado pelos crimes que terá cometido. Aliás, ele ainda estava a ser julgado por muitos deles (porquê então esta execução apressada? Até parece que têm alguma coisa a esconder). O seu enforcamento foi a imputação de mais um crime sobre o Iraque ocupado. A sua morte é só mais uma para juntar aos 650 mil massacrados por Bush e Blair.

Bush tratou logo de dizer que este foi um passo para a democratização do Iraque. Não surpreende, afinal ele é o homem que mais sentenças de morte assinou enquanto governador do Texas. 152 execuções em seis anos, é o peso que Bush leva nas costas. E se isto constitui democratização, bem se vê o que o ocidente quer para o médio oriente.

Em Março passam quatro anos do início da guerra. É preciso denunciar os verdadeiros criminosos: Bush e Blair. Não esqueçamos também a cumplicidade activa do governo português, desde o estalajadeiro Durão Barroso, até ao uso da base das Lajes e o envio de GNRs para o Iraque. A luta dos iraquianos por um país livre e independente continua. É altura da população portuguesa se juntar a eles e aos milhares de europeus e americanos que neste início de ano protestam com uma mensagem clara: retirada imediata do Iraque.


Comments:
Viva,

Como já tive oportunidade de escrever envergonho-me de ser contemporâneo deste acontecimento - destas imagens - que, de facto, vão marcar o Iraque mas duvido que a caminho da democratização.

É verdade que tudo corre mal no Iraque mas, apesar de ter sido sempre contra a intervenção, acho que retirar agora deixa tudo muito mais caótico do que já estava e é essencial que isso não aconteça.

Se este fosse o momento zero, ou seja, se esquecermos momentaneamente (só por instantes) o que já aconteceu, era importante que houvesse uma colaboração internacional para estabilizar o país. Deixar o Iraque como está parece-me nefasto.

Bom ano de 2007
 
não sei é se os iraquianos lutam exactamente por "um país"... Aquela salganhada parece-me mais uma luta por 3, 4 ou 5 países diferentes! veja-se:

3. Curdistão ao norte, "Sunistão" ao centro e Shiistão ao Sul
4. Curdistão ao norte, "Sunistão" ao centro e Província Iraniana ao Sul
5. Iraque, Califado Islâmico Radical
6. Iraque, "Império shiita" sobre os demais, etc, etc, etc!
 
as lutas, atentados e mortos que enchem os telejornais são apresentadas como entre xiitas e sunitas. mas cada vez mais parece que é de resistência contra a ocupação e contra os que com ela colaboram.

saiam os ocupantes e dê-se ao povo iraquiano o direito de decidir sobre a sua vida.
 
A demarcação entre xiitas e sunitas é facilmente exagerada pelos media que querem simplificar para comunicar e pelos Americanos que querem um cenário gerível.

Ao longo destes quatro anos muitas mentiras e mitos tem caido. Não penso só nas armas de destruição massiça mas também na alegada presença da Al Qaeda no Iraque e no papel do Al Zarqawi no movimento de resistência. Como se tem visto era uma ilusão que Zarqawi constitui-se liderança, a sua morte em nada adiantou a causa Americana. O mesmo estatuto tem a ideia de um imperio xiita. Os ingleses que estão colocados no sul do país tem negociado continuamente com o Irão no sentido de este intervir por canais religiosos para conter a resistência no Iraque. E o Irão tem colaborado, o que é inconsistente com a ideia de um império xiita. Visitantes Iraquianos ao nosso pais, por ocasiao da iniciativa "tribunal do Iraque", exprimiram que há uma grande colaboração atravessando linhas étnicas e religiosas.

É grave engano andar a ver imperialistas onde não os há, no risco de nos esquecermos que eles existem aqui ao lado.
 
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